NOTÍCIAS POLÍTICAS

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marcelo l.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#1276 Mensagem por marcelo l. » Sex Out 28, 2011 10:41 am

Para que não se diga que o Alon é pig, ele já foi assessor do Aldo Rebelo.

http://www.blogdoalon.com.br/2011/10/em ... -2710.html

O produto imediato do envelhecimento é o foco permanente numa agenda negativa, inclusive pela abundância de matéria-prima. E realmente não tem faltado notícia ruim. Mas há outras razões, inclusive a tendência presidencial a anular os ministros

O ministro do Esporte perdeu sustentação e o desfecho ficou óbvio. Mas o problema é estrutural. Ou Dilma Rousseff promove alguma reengenharia nos ministérios ou irá de crise em crise. Sempre esperando pela próxima explosão.

A administração dela é uma construção herdada. Um governo velho, de presidente nova. Isso já foi tratado aqui, como risco, e os fatos se encarregam de materializar a previsão.

"O que poderia ter sido" não é instrumento de análise política, mas talvez Dilma tenha cedido demais ao continuísmo. Na hora pode ter soado confortável, mas as consequências aparecem agora.

As forças políticas empenhadas na vitória dela tinham essa expectativa. Quem é governo e trabalha para eleger o candidato do governo espera continuar. É humano.

Há maneiras e maneiras de promover essa continuidade. A opção de Dilma foi preservar verticalmente as máquinas. Não mexeu nelas, ou mexeu pouco.

Poderia ter promovido algum rodízio, fazer uma rotação de cabeças para abrir espaço. Manter todo mundo mas rodar as cadeiras. Para permitir a abertura das porteiras. A oxigenação nos escalões inferiores. Não fez. Porque não quis ou não pôde, tanto faz.

E desde que o mundo é mundo o poder envelhecido apresenta certas características.

Agora Dilma anda às voltas com o desafio de consertar o avião em pleno voo, quando antes poderia ter reparado a aeronave em terra. E o problema não está apenas na remoção dos focos de irregularidades.

Está na dificuldade de exibir marcas novas, de abrir novos horizontes, de mostrar disposição para atacar frentes até agora intocadas.

Pois se as pesquisas mostram alguma folga na imagem presidencial trazem também desconforto com o desempenho de áreas sensíveis.

Um produto imediato do envelhecimento é o foco numa agenda negativa, que bebe de diversas fontes, inclusive pela abundância de matéria-prima.

Mas há outras razões, inclusive a tendência presidencial a anular os ministros. Eles hoje em dia parecem ter mais medo de errar do que vontade de acertar.

A máquina de produzir notícias positivas, que funcionava tão bem com Luiz Inácio Lula da Silva, parece algo emperrada.

Há alguma lógica nisso, pois Dilma opera a reconcentração de poder numa Esplanada que recebeu pulverizada. E Dilma não é Lula. Não tem a perícia do antecessor na comunicação.

Cada um com suas características, mas de qualquer modo tem faltado à presidente certa habilidade essencial ao governante: montar uma máquina que seja dela e ao mesmo tempo agregue força e brilho à chefe.

Falta certa capacidade de usar em proveito próprio o ativo alheio.

Como andam?

Escrevi dias atrás que a crise do Esporte é também uma oportunidade, como diz o chavão.

Que talvez esteja na hora de olhar para o andamento geral das coisas relativas à Copa do Mundo e às Olimpíadas.

Tem sido um problema nas trocas ministeriais. Ministros vão, ministros vêm, mas nunca se olha com atenção específica para o trabalho deles, para além até da busca de possíveis encrencas.

Troca-se o ministro e o trabalho da pasta some do noticiário. Como se o único interesse da sociedade estivesse na regularidade da aplicação do dinheiro.

O programa Segundo Tempo, por exemplo. Talvez seja boa ocasião para avaliar não apenas se está sendo operado com correção, mas também os resultados.

Ele já tem quase uma década. O que efetivamente produziu? Aliás, o que pretendia produzir? Ninguém sabe, ninguém viu.

Os últimos governos, tucanos e petistas, mais estes que aqueles, foram pródigos em alavancar políticas públicas voltadas à chamada inclusão social.

Uma característica desses programas é distribuir dinheiro público. Pois uma função do Estado é cobrar de quem tem para ajudar quem não tem.

Mas não se vê maior esforço para avaliar resultados e medir o retorno do que foi investido. Uma pena.

A realocação de recursos de programas que não funcionam seria uma bela maneira de achar dinheiro para coisas que eventualmente poderiam funcionar.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#1277 Mensagem por marcelo bahia » Sex Out 28, 2011 12:17 pm

Essas denúncias de corrupção no Exército aumentam ainda mais a pressão pelo êxito na operação de pacificação do alemão. Hoje além desta notícia, saiu a informação de que começou a haver furtos dentro do complexo. :? Se o EB não conseguir controlar a criminalidade, vai ter um revés importante na boa imagem que goza frente à maioria da população. É hora do braço forte começar a falar mais alto do que a mão amiga. Espero que os generais e o MD estejam sientes disso.
Do R7 | 28/10/2011 às 08h48

Procuradoria militar pede condenação de 12 militares acusados de desviar mais de R$ 2 milhões

Oito coronéis estão entre os acusados do esquema no Hospital Central do Exército

A Procuradoria de Justiça Militar no Rio de Janeiro pediu, na última quinta-feira (27), a condenação de 12 militares envolvidos em crimes de desviar, entre os anos de 1994 e 1996, mais de R$ 2 milhões (valor não atualizado) do HCE (Hospital Central do Exército), em Benfica, na zona norte do Rio. Oito coronéis, dois tenentes-coronéis e dois capitães estão entre os acusados.

Segundo o MPM (Ministério Público Militar), os militares denunciados fraudaram os processos licitatórios para supostamente quitar dívidas com fornecedores. Para isso superfaturaram o valor de produtos; emitiram notas referentes a artigos que não entraram no estoque do hospital; e autorizaram o pagamento sem a prestação do serviço.

O Inquérito Policial Militar foi instaurado em janeiro de 1997, devido aos relatos do deputado federal Alexandre Cardoso e de notícias veiculadas na imprensa sobre irregularidades no HCE.

As irregularidades tornaram-se ainda mais evidentes quando confrontadas aos dados das declarações de Imposto de Renda de cada envolvido e às movimentações de suas respectivas contas-correntes. Por exemplo, apenas um dos militares chegou a movimentar mais de R$ 500 mil em dois anos.

Apesar das tentativas de alguns denunciados negarem suas participações no esquema, 10 dos 12 acusados admitiram a ocorrência de irregularidades nas licitações do HCE. Por isso, segundo o MPM, é pedida a condenação dos acusado, com a pena de três a 15 anos de reclusão, para cada envolvido.
Diplomata Alemão: "- Como o senhor receberá as tropas estrangeiras que apoiam os federalistas se elas desembarcarem no Brasil??"

Floriano Peixoto: "- Com balas!!!"
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#1278 Mensagem por rodrigo » Sex Out 28, 2011 1:02 pm

Para que não se diga que o Alon é pig, ele já foi assessor do Aldo Rebelo.
Rezavam todo dia para São Enver Hoxha. Até botarem a mão na mais valia.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#1279 Mensagem por Guerra » Sex Out 28, 2011 2:04 pm

marcelo bahia escreveu:Essas denúncias de corrupção no Exército aumentam ainda mais a pressão pelo êxito na operação de pacificação do alemão. Hoje além desta notícia, saiu a informação de que começou a haver furtos dentro do complexo. :? Se o EB não conseguir controlar a criminalidade, vai ter um revés importante na boa imagem que goza frente à maioria da população. É hora do braço forte começar a falar mais alto do que a mão amiga. Espero que os generais e o MD estejam sientes disso.
Deveriam estar cientes antes de entrar nessa furada.
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#1280 Mensagem por rodrigo » Sex Out 28, 2011 3:07 pm

É tiro pra todo lado. Não são só os golpistas da imprensa que querem derrubar a tia, a esquerda legítima também flerta com a idéia. :lol:

http://carosamigos.terra.com.br/index/index.php/artigos-e-debates/2022-brasil-crise-e-corrupcao-direita-e-esquerda

Brasil: Crise e corrupção, direita e esquerda

Por Osvaldo Coggiola

No dia 24 de agosto deste ano, vinte mil pessoas marcharam em Brasília dentro da semana de lutas convocada pela CSP-Conlutas, Intersindical e MST. O número mostrou a (limitada) capacidade de mobilização do dividido sindicalismo classista e combativo do país. Pelos mesmos dias, uma marcha na mesma cidade dos “movimentos sociais” pró-governo reuniu (com apoio e verbas oficiais, claro) setenta mil pessoas. Isto, no entanto, demonstrou menos a capacidade de manipulação popular do governo “petista” do que a castração e cooptação de que foram objeto as organizações operárias, juvenis e populares ao longo da última década.

A “faxina” de Dilma em meia dúzia de ministérios não ampliou de modo significativo a base política “dilmista” ou petista (a principal incorporação ao gabinete, a de Celso Amorim na Defesa, é a de um burocrata serviçal do Estado ao longo de todos os governos das últimas três décadas, incluída a ditadura militar) e foi feita ao preço de escancarar uma corrupção generalizada, potencialmente capaz de suscitar uma crise política maior, em um país em que as crises políticas vinculadas à corrupção tornaram-se corriqueiras desde a chamada “democratização” (queda de Collor, compra de votos parlamentares por FHC, anões do orçamento, mensalão, e um longuíssimo etecétera).

No escândalo que custou o posto ao ministro de Turismo, quase todos os 36 funcionários de primeiro escalão do ministério detidos pela PF por monumental desvio de verbas, estão íntima e estreitamente vinculados à gestão das obras para a Copa 2014 e as Olimpíadas, dois grandes trunfos propagandísticos do governo, com gastos previstos de mais de R$ 40 bilhões. Na substituição do ministro peemedebista, a liderança do PMDB entregou à Dilma, manifestando desleixo, a lista de seus 79 parlamentares federais (“pesca algum aí”, lhe disseram). Dilma acabou escolhendo um maranhense (portanto, sarneyzista) e depois compareceu ao congresso do PMDB onde, sentada ao lado do capo nordestino, desculpou-se pelos eventuais percalços causados ao partido dos corruptos pela “faxina”. No mesmo momento, o 4° congresso do PT caracterizou os abalos de gabinete provocados pela corrupção como fruto de uma “conspiração midiática” para desestabilizar a base governamental (como se a mídia burguesa, por piores que sejam suas intenções – e geralmente são – pudesse simples e magicamente inventar corrupção onde ela não existe) e, de cambulhada, aproveitou para “lavar a honra” do seu sempre eventualmente necessário “rei do caixa 2”, José Dirceu (o mensalão ficou assim reduzido ao “valerioduto”, com o bode expiatório que lhe empresta o nome condenado na Justiça). O avanço de Dilma sobre a base ex-tucana através da mão estendida para o PSD do prefeito paulistano Gilberto Kassab é uma manobra de alcance político duvidoso em um quadro de potencial crise política grave.

O motor do impasse político é a crise capitalista mundial, declarada morta em 2009, mas que demonstrou uma invejável saúde em 2010, com a falência das finanças públicas da União Européia e dos EUA e a queda espetacular das Bolsas. A exposição do Brasil à crise mundial se mede pela acelerada internacionalização, comercial e financeira, de sua economia na última década. A corrente de comércio (importações + exportações) que em 2000 situava-se em R$ 100 bilhões, alcançou R$ 383 bilhões em 2010, se encaminhando para o meio trilhão neste ano. O “Fundo Soberano” brasileiro já perdeu mais de R$ 2 bilhões (mas de US$ 1 bilhão), só neste ano, devido à queda das Bolsas.

As remessas de lucros ao exterior, por sua vez, se situam nos níveis de 2008, superando os US$ 34 bilhões (74% do total corresponde a empresas estrangeiras que fizeram investimentos diretos no Brasil). O déficit em conta corrente do país já supera, neste ano, US$ 30 bilhões. A manutenção das reservas vincula-se ao saldo positivo da conta capital, de US$ 80 bilhões. O que mantém os recordes de fluxo de capitais externos ao país são as elevadas taxas de juros, assim como os recordes nas exportações e no superávit na balança comercial, projetado para US$ 30-35 bilhões neste ano, enquanto os investimentos externos (de caráter especulativo, chamados pelos economistas de “aplicação disfarçada em renda fixa”) estão projetados para ultrapassar US$ 70 bilhões.

O saldo comercial favorável se apóia em fatores conjunturais, em especial a alta das commodities agrícolas e minerais. Um fator decisivo é o crescimento do comércio com a China, que pulou de US$ 2 bilhões em 2000 para US$ 56 bilhões em 2010. Mas a economia chinesa (com uma enorme bolha especulativa, inclusive imobiliária, interna) não é imune à crise mundial, e já desenha um movimento de desaceleração; a alta das commodities, por sua vez, inclui um importante componente especulativo. Contra esse pano de fundo, a situação das contas nacionais é explosiva, uma explosão só adiada pelo “boom externo”: Brasil gastou, nos últimos anos, em média, mais de R$ 200 bilhões anuais (entre 40% e 50% do orçamento federal) em juros e amortização da dívida pública, que continua crescendo, já ultrapassando R$ 3 trilhões (R$ 2,4 trilhões a dívida interna; mais de R$ 600 bilhões a dívida externa), ou seja, quase um PIB. Nos quatro mandatos de FHC e Lula (1995-2010) os gastos com a dívida somaram mais de R$ 6,8 trilhões, dois PIBs. A situação piora aceleradamente. Entre janeiro e junho de 2011, o governo gastou R$ 364 bilhões com juros, amortizações e refinanciamento da dívida: esses gastos representam 53% do orçamento executado em 2011, previsto para pouco menos de R$ 650 bilhões.

À tendência estrutural para a deterioração das contas públicas soma-se agora a crise mundial. O “pacote anti-cíclico” do governo, com a queda em meio ponto das taxas de juros e o aumento do IPI para veículos importados (11% do consumo de veículos em 2005, quase 36% em 2011), saudados pela “esquerda” como medidas antiimperialistas (e que só beneficiam os monopólios pseudo-nacionais) provocaram uma violenta desvalorização do real (alta do dólar) que far-se-á sentir de imediato no “setor produtivo”, cuja dependência externa para o consumo de máquinas e equipamentos pulou de 20% em 2005 para quase 36% em 2011. Para compensar, o plano “Brasil Maior” anunciou uma renúncia fiscal (“incentivos”) de R$ 25 bilhões, beneficiando os capitalistas, comprimindo ainda mais as finanças e os gastos públicos, já submetidos a um recorte de R$ 50 bilhões no início do mandato de Dilma Roussef. Nos dois anos precedentes, o governo destinou R$ 635 bilhões para pagar a dívida pública, contra R$ 166,6 bilhões pagos aos servidores públicos (quatro vezes menos).

Todos os gastos públicos (saúde, educação, transporte, previdência e assistência social) estão sendo fortemente afetados, com destaque para os salários do setor público que, devido ao crescente “superávit primário” (para pagar a dívida pública), foram comprimidos de 56% da receita corrente líquida (em 1995) para pouco mais de 30% (em 2010). O gasto com reforma agrária é o mais baixo da década, ridículos R$ 526 milhões em 2010, contra um bilhão no último ano do mandato de FHC (graças a isso, depois de uma década de “governo popular”, menos de 1% dos proprietários detém 44,5% das terras, as melhores, segundo o último Censo Agrário do IBGE). Os gastos com desapropriações caíram para R$ 60 milhões, com Dilma, a quantia mais baixa em décadas. A parte dos salários na renda nacional (um índice enganoso, pois parte dos lucros capitalistas são computados como salários, sem falar no espantoso gap salarial brasileiro, um dos maiores do mundo) se mantém constante em 43% (percentual equivalente ao de 1995), enquanto os lucros de empresas, bancos e proprietários de terras (outro índice enganoso, pois computa os “lucros” de centenas de milhares de autônomos, considerados “microempresários”, e da agricultura familar) foi de 31,2% para 32,6%, no mesmo período. Nos grandes centros capitalistas, a participação dos salários na renda nacional é de, no mínimo, 50% (superando folgadamente 60% na Suíça ou nos países escandinavos).

O terceiro mandato do PT e sua Frente Popular consegue até agora evitar uma luta geral, uma “indignação” pelas reivindicações salariais, sociais, educacionais (10% do PIB para a educação, já) e agrárias, graças à cooptação das lideranças, mas também a concessões, com vistas a dividir os movimentos e frentes de luta. Isto é bem visível no setor público. A burocracia governista (CUT) controla a CONDSEF e CNTSS, em cujos encontros burocratas governamentais defenderam, sem problemas, a “avaliação do desempenho” orientada a acabar com a estabilidade do servidor público.

A Fasubra decretou greve nas universidades. O movimento foi intenso e muito rapidamente a quase totalidade das 51 instituições federais aderiu. A greve dos técnico-administrativos das universidades evidenciou uma prática: ignorar olimpicamente as demandas dos trabalhadores que não se renderem à “mesa de negociação permanente”. O governo se coloca diante da opinião pública como aquele que está aberto ao diálogo, não havendo razão para que qualquer categoria precise usar do instrumento da greve. A prática da “negociação permanente” mostrou o que ela é: engodo sem finalização. Passados mais de 115 dias, a 26 de setembro, a greve acabou, sem reajuste salarial. Os Hospitais Universitários estão a caminho da privatização e as universidades ficaram mais vulneráveis diante da sanha do capital.

O Andes-SN, depois de algumas greves parciais de professores (em duas universidades federais, e várias universidades estaduais), e depois de decidir estado de greve (com assembléias nas universidades federais) assinou em finais de agosto acordo emergencial com o governo. Este rejeitou a reivindicação de reajuste linear de 14,7% dos SPFs: o acordo prevê reajuste de 4% sobre o total da remuneração dos docentes do magistério superior e do ensino básico, técnico e tecnológico (a partir de março de 2012, e com uma inflação prevista de 6,3% para 2011) e a incorporação ao salário das principais gratificações de mérito e produtividade. Mantiveram-se em pé a luta pela reestruturação da carreira (o governo aceitou negociações em um GT com data limite de funcionamento) e a luta contra a MP 525, que amplia a contratação de professores “substitutos” (precarização trabalhista) no quadro da expansão do ensino superior do Reuni.

As lutas do primeiro semestre de 2011 (na construção civil e nas obras do PAC, no Norte-Nordeste; nos bombeiros de RJ, na educação em diversos estados, na administração em Rio Grande do Norte, no funcionalismo municipal de Fortaleza e Salvador, nas universidades federais e estaduais, na saúde em Alagoas e São Paulo, em fábricas químicas e metalúrgicas) se desenvolveram de modo isolado, sem coordenação, não digamos nacional, mas sequer estadual ou intersetorial. As burocracias das grandes centrais, CUT e Força Sindical, dedicaram seus esforços a defender ou ampliar as benesses originadas no Estado (contribuições compulsórias do salário e outras) para suas burocracias nacionais ou suas mini-burocracias estaduais, regionais e municipais. A perspectiva de uma luta geral dos trabalhadores organizados deve superar as atuais direções, ou se presenteará, inevitavelmente, na forma de explosões parciais e desorganizadas.

A clarificação política no interior da esquerda é o fator decisivo. Na véspera do 4º congresso do PT, a sua (única) tendência “de esquerda” (a Articulação de Esquerda) dividiu-se, pouco pesando no evento, realizado de 2 a 4 de setembro. Neste, foram feitas concessões cosméticas a certa “moralização”, quando responsáveis regionais e municipais queixaram-se de que a grande maioria dos filiados de suas áreas de atuação (o partido tem 1,4 milhão de filiados) simplesmente ignoram sua condição de filiados (por que será, hein?). Esta é uma situação geral nas siglas de aluguel (que só existem para receber o “fundo partidário” e cobrar pelo uso da sigla a candidatos a corruptos), nos partidos burgueses e até em alguma seita de esquerda que não passa de sigla de aluguel. Tais siglas devem sua legalidade aos préstimos de escritórios especializados na falsificação de fichas de inscrição (o método é usado também em eleições sindicais). A corrupção brasileira, gigantesca no Estado, penetrou todo o tecido político-social.

A reforma política em preparação deixaria com possibilidade de atuação só os partidos vinculados ao capital. No PT, em troca da pseudo-moralização mencionada, o congresso adotou mecanismos que enterram as eleições prévias para candidatos (majoritários ou proporcionais), em perfeita sintonia com a “reforma política” reacionária. A política do governo Dilma foi apoiada, inclusive a política externa, que iniciou uma virada pró-imperialista, isolando o Irã (sob pretexto de “direitos humanos” e do programa nuclear, exatamente os argumentos do imperialismo). A defesa da Palestina na ONU é um discurso complementado pelo entrelaçamento entre as indústrias militares brasileira e israelense, sob cobertura do TLC Mercosul / Israel.

No PSOL, a carismática puxa-votos Heloísa Helena picou a mula em direção do “partido de Marina Silva”, que caiu fora do PV, tentando pegar carona na onda ecológico/feminina com que os Estados capitalistas do mundo todo procuram dissimular sua irremediável decrepidez (uma burla à luta histórica e mundial das mulheres exploradas e dos lutadores pelo meio ambiente). Com bastante atraso, pois esse bonde já foi ocupado pelo governo federal, com a titular do Executivo, e o apoio parlamentar do PV capitalista. Para o PSOL (e a esquerda do PT, ou o que sobrou dela) resta buscar outro rumo (classista) ou assistir à história desde a sacada. Uma esquerda classista e revolucionária só poderia ser o fruto do balanço fundo da esquerda que foi incapaz de delimitar-se e enfrentar o capital.


Osvaldo Coggiola é historiador, economista e professor da Universidade de São Paulo
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#1281 Mensagem por GustavoB » Sex Out 28, 2011 5:42 pm

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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#1282 Mensagem por marcelo l. » Sáb Out 29, 2011 12:06 pm

rodrigo escreveu:
Para que não se diga que o Alon é pig, ele já foi assessor do Aldo Rebelo.
Rezavam todo dia para São Enver Hoxha. Até botarem a mão na mais valia.
Corrupção ocorre, no caso brasileiro é previsível, infelizmente, as críticas da Caritas sobre a inexplicável demora do governo em criar uma lei para controlar essa relação entre ONGs e governo, afinal são mais de 200 mil ONGs criadas no país, soma-se a isso a falta de lei do lobby, falta de contratação para órgãos de controladorias (só ver que o governo apesar do destaque dado no "plano de janeiro" - aquele lixo - de cortar 6 bi em desvios nada foi feito, nem se contratou e ainda se contigenciou quem faz esse "serviço".

E ainda tem as escolhas duvidosas para ministros do STF, todos tratam criminosos de colarinho branco como minorias com uma honrosa exceção. Não dá para dizer que em um ano faria-se milagres, mas a escolha do Toffoli e seus votos dá para ver que o governo "acredita" :lol: que o problema é localizado quando a imprensa pega, se colar o discurso que é conspiração do PIG melhor ainda fica o ministro e rouba mais pouco, a imprensa toda pega no pé, o ministro cai, sob um novo que finge o problema é só pessoas e assim caminha Brasília.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#1283 Mensagem por Guerra » Sáb Out 29, 2011 8:25 pm

O Barco esta afundando. Sinceramente não pensei que começaria logo no primeiro ano de governo
Aprovação cai, mas Dilma é 2ª mais popular na América Latina

A aprovação dos brasileiros em relação ao governo caiu entre 2010 e 2011, embora a presidente Dilma Rousseff apareça em segundo lugar entre os líderes mais admirados pelos latino-americanos, segundo pesquisa de opinião da ONG Latinobarómetro. O levantamento, divulgado nesta sexta-feira, perguntou aos brasileiros se aprovam a forma como a presidente está liderando o País. A aprovação caiu de 86% em 2010 para 67% em 2011, segundo a ONG, com sede em Santiago, no Chile.

A Latinobarómetro encomendou a pesquisa em 19 países da América Latina. No Brasil, o levantamento foi realizado pelo Ibope. A queda na aprovação do governo brasileiro, de 19 pontos percentuais, é a segunda maior registrada entre os países pesquisados, perdendo apenas para o Chile, onde a popularidade teve uma redução de 27 pontos.

Questionados se o Brasil "governa para o bem do povo", 52% dos entrevistados deram uma resposta positiva em 2011, contra 68% no ano passado. Quando questionados sobre "o que falta na democracia", 48% dos entrevistados de todos os países responderam "reduzir a corrupção". No Brasil, este item aparece como a principal preocupação diante da pergunta sobre democracia.

Dilma x Obama
Os entrevistados de todos os países também avaliaram os líderes da região e de outras partes do mundo, a partir de uma lista apresentada pelos pesquisadores, em uma escala de zero a dez, sendo zero "muito ruim" e dez, "muito boa". O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, recebeu a avaliação mais alta (6,3), com Dilma em segundo (6,0). As menores avaliações ficaram com o ex-presidente de Cuba Fidel Castro (4,1) e com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez (4,4).

No levantamento, o Brasil foi apontado pelos entrevistados como o país de maior liderança na região, deixando os EUA em segundo lugar e a Venezuela em terceiro. No Uruguai e na Argentina, segundo o estudo da Latinobarómetro, mais da metade dos habitantes acham que o Brasil é o principal líder da América Latina.

Os países da América Central são os que menos sinalizam o Brasil como líder regional. O Brasil também é definido, na pesquisa, como o "país mais amigo da América Latina". Quando a questão é sobre qual "país modelo" deve ser seguido, o Brasil aparece em terceiro lugar. Neste quesito, os Estados Unidos aparecem em primeiro e a Espanha, em segundo. A China ficou em quarto lugar, com a França em quinto e a Venezuela em sexto.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#1284 Mensagem por Boss » Sáb Out 29, 2011 8:45 pm

Só caiu a aprovação entre Lula e Dilma (óbvio que ia acontecer), não da presidenta em sim. 67% de aprovação é "barco afundando" ? [003]
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Carlos Mathias

Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#1285 Mensagem por Carlos Mathias » Sáb Out 29, 2011 9:23 pm

Acho que na verdade o Guerra expressou um desejo. :roll:
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#1286 Mensagem por Sterrius » Sáb Out 29, 2011 11:34 pm

Qualquer indice de aprovação acima de 50% é excelente. No Brasil que o povo ficou mal acostumado com lideres tendo mais de 60-70% de aprovação.

Mesmo lula encarou altos e baixos de aprovação apesar de não me lembrar dele cair abaixo de 50%. Principalmente primeiro mandato em que não se tinha muita coisa pra mostrar.
Bender

Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#1287 Mensagem por Bender » Dom Out 30, 2011 2:08 am

O Barco esta afundando. Sinceramente não pensei que começaria logo no primeiro ano de governo
O Obama já esta no terceiro ano de governo Guerra.

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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#1288 Mensagem por Matheus » Dom Out 30, 2011 5:55 am

O Guerra vai se unir ao Dieneces na luta pela Liberdade, pela Família e por Deus! (Coturno noturno + movimento "Cansei"! [003] )
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#1289 Mensagem por Boss » Dom Out 30, 2011 12:54 pm

Odiar o PT ainda vai, o ruim é gostar do PSDB. :mrgreen: (não que o Guerra goste).
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#1290 Mensagem por Slotrop » Dom Out 30, 2011 3:06 pm

O problema é querer acabar com o PT sem existir nenhum substituto a vista, vamos de Marina?
O Troll é sutil na busca por alimento.
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