África do Sul nega visto ao Dalai Lama
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4 de Outubro, 2011
Em comunicado a partir de Nova Deli, o gabinete de comunicação do líder espiritual do Tibete afirmou que o Dalai Lama pretendia deslocar-se à África do Sul na quinta-feira, no entanto, o visto necessário para entrar no país não lhe foi concedido pelo governo sul-africano.
O líder tibetano no exílio pretendia deslocar-se àquele país africano para estar presente na celebração do 80º aniversário de Desmond Tutu, um bispo da Igreja anglicana consagrado com o Nobel da Paz pela sua luta contra o Apartheid.
Activistas dos direitos humanos manifestaram já a sua indignação face à recusa do Governo sul-africano, que acusam de ter cedido a pressões vindas da China, um dos seus maiores parceiros comerciais.
Estas acusações foram já recusadas pelas autoridades sul-africanas.
O Dalai Lama é encarado pelas autoridades chinesas como um líder separatista, cujo objectivo é a independência do Tibete.
O Dalai Lama reiterou em diversas ocasiões que pretende uma maior autonomia do tibete relativamente à China e não a independência e separação total.
SOL
GEOPOLÍTICA
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Re: GEOPOLÍTICA
O poder de persuasão da China se faz sentir...
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: GEOPOLÍTICA
A ameaça da Nato para o Brasil é autentico disparate , e Portugal foi um dos fundadores .
O Brasil tem outro tipo de ameaças e vem dos seus vizinhos ,e não da Guiana Francesa .
O Brasil tem outro tipo de ameaças e vem dos seus vizinhos ,e não da Guiana Francesa .
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Re: GEOPOLÍTICA
Também não acho um disparate.
Pode até parecer um hoje mas quem sabe do futuro? Não é melhor se preparar?
[]'s
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Re: GEOPOLÍTICA
Depende só do Brasil, se existir vontade do governo equipar nossas FAs não há ameaça, mas se decidir continuar com a política do "deitado em berço esplêndido" até a Venezuela é uma ameaça.
Saudações
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"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: GEOPOLÍTICA
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: GEOPOLÍTICA
Dez Livros sobre Política Internacional
http://todososfogos.blogspot.com/
O Homem, o Estado e a Guerra, Kenneth Waltz.
As relações internacionais nasceram como disciplina acadêmica após a I Guerra Mundial, mas dialogam com uma tradição muito mais antiga de filosofia e ciência política que no Ocidente remonta à Grécia clássica. Este livro é um estupendo apanhado teórico de três maneiras de se pensar a guerra, da Antiguidade ao fim da década de 1950, quando foi publicado: correntes que acreditam que a violência é parte inescapável da natureza humana, os que defendem que a guerra é característica de alguns tipos de Estado mas não de todos, e o que Waltz chamou de “terceira imagem”, e que localiza a origem primordial dos conflitos na maneira como a política internacional está estruturada como sistema, mais do que nos componentes individuais que a compõem. Desenvolveu essa idéia em seu livro posterior e mais famoso, ainda que em minha avaliação esta seja sua obra-prima.
After Victory, G. John Ikenberry.
Por que países vitoriosos em grandes guerras se dão ao trabalho de construir instituições internacionais que irão regular e limitar sua vontade, em vez de simplesmente impô-la pela força bruta? Ikenberry analisa três grandes momentos de redesenho da ordem mundial: o Congresso de Viena após a derrota de Napoleão (1815) e as conferências que se seguiram às duas guerras mundiais do século XX. Sua conclusão é que arranjos “quase-constitucionais” são vantajosos para as potências vitoriosas, que abrem mão de parte de seu poder em troca da estabilidade de longo prazo trazidas por regras e normas. Ele contrasta essa situação com o pós-Guerra Fria, onde não houve negociações semelhantes.
After Hegemony, Robert Keohane.
Na década de 1970, os Estados Unidos viviam sérias crises, pela derrota no Vietnã, pela estagnação econômica e inflação, pelos conflitos sociais internos e o escândalo do Watergate. Muitos acreditavam que o declínio do país seria também o das instiuições internacionais, mas Keohane argumenta que não, teorizando sobre por que é racional cooperar, mesmo na ausência de uma potência hegemônica que garanta o sistema.
Ascensão e Queda das Grandes Potências, Paul Kennedy.
Outro clássico oriundo da preocupação com o declínio dos Estados Unidos. Kennedy examina 500 anos de história e identifica o padrão da “sobreextensão imperial”: grandes potências expandem-se, passam a gastar cada vez mais com poder militar, para garantir seus domínios, e se vêem envolvidas em conflitos tão numerosos e diversos que terminam por perder recursos econômicos e capacidade de manterem-se competitivas tecnologica e cientificamente. A melhor introdução para a história diplomática das grandes potências (“Diplomacia”, de Henry Kissinger, é rival à altura).
O Mundo Pós-Americano, Fareed Zakaria.
Se você quer entender a ascensão dos BRICS, este é o livro, que se concentra na Índia (vista como futura aliada dos Estados Unidos) e na China (desafiadora e rival). Zakaria é indiano radicado nos EUA e argumenta que Washington tem que aprender a conviver com a inevitável perda de sua hegemonia, até porque continuará a ser um país muito importante. Ele acabou de lançar a 2ª edição do livro. Em ótima entrevista à Globo News, explica suas idéias.
A Grande Transformação: as origens de nossa época, Karl Polanyi.
Nascido na porção húngara do império Hapsburgo, Polanyi escreveu durante a Segunda Guerra Mundial, tentando entender como o mundo chegara à beira do apocalipse após um século de paz. Sua conclusão: a crise social ocasionada pela expansão da Revolução Industrial e da economia de mercado, com as pressões para transformar em mercadorias três pilares da vida cotidiana – terra, mão-de-obra e moeda. O resultado foi o surgimento de um “duplo movimento” de contenção, de criar proteções sociais domésticas (por meio de reformas na sociedade e aumento das tarifas) ou mercados externos protegidos (imperialismo, colônias). A rivalidade internacional crescente solapou as instituições do século XIX e com frequência adquiriu tons totalitários, com o nazi-fascismo e o comunismo. Polanyi propõe uma versão democrática, antecipando o Estado de Bem-Estar Social do pós-guerra.
As Origens Sociais da Ditadura e da Democracia, Barrington Moore Jr.
Outra brilhante análise das grandes crises da primeira metade do século XX. Barrington Moore identifica diversas trajetórias pelas quais nações agrárias tornaram-se potências industriais, observando que a democracia só prosperou onde a classe média burguesa tomou o poder pelas armas e a agricultura assumiu feição capitalista, livre de amarras feudais (Inglaterra, França e EUA). Onde a burguesia era frágil, tornou-se sócia minoritária dos grandes senhores de terra, com modelos de desenvolvimento liderados pelo Estado autoritário (Alemanha e Japão) ou sucumbiu diante de revoluções comunistas (Rússia e China). Este trabalho seminal gerou diversos estudos que procuram aplicar, complementar ou refutar suas teses, sobretudo pela análise de potências médias, com trajetórias menos turbulentas. Sugiro “Nacionalism: five roads to modernity”, Liah Grenfeld, "Os Alemães", Norbert Elias, “Economic Origins of Ditactorship and Democracy”, de Daron Acemoglu e James Robinson e “Modelos de Democracia”, de Arent Lijphart.
Genocídio, Samantha Power
Este estudo inovador sobre o pior crime inventado pelo século XX é aula magna de política internacional e comparada, jornalismo de guerra e análise primorosa dos novos atores como organizações não-governamentais de direitos humanos, cadeias de mídia e complexas redes transnacionais que atuam em casos de invervenções. Para quem se interessar pelo tema, recomendo também "Activists Beyond Borders" de Margareth Keck e Kattryn Sikkink, e “The First Casualty”, de Phillip Knightley.
The Sino-Soviet Split, Lorenz Luthi.
Muitos dos livros acima abordam a Guerra Fria e suas crises, como a divisão da Alemanha, as guerras do Vietnã e da Coréia, o impasse nuclear em Cuba etc. Mas só este o faz da perspectiva das duas grandes potências comunistas, mostrando como as disputas por influência nos novos países surgidos da descolonização afro-asiática e divergências ideológicas sobre como lidar com os EUA e o Ocidente levaram à ruptura e uma quase-guerra entre ambas. Brilhante trabalho de pesquisa nos arquivos recém-abertos e belo exemplo dos novos trabalhos sobre história internacional, de ênfase mais cosmpolita que as tradicionais análises baseadas na política externa de um só país.
Latin America´s Cold War, Hal Brands*.
Minha lista não estaria completa sem uma recomendação sobre a América Latina e este lançamento recente, que já resenhei no blog, é fruto de excelente pesquisa em vários arquivos nacionais, de um jovem autor que promete muito. Em linha semelhante, mas dedicado a outro continente, é “States and Power in Africa”, de Jeffrey Herbst, que mistura teoria de relações internacionais e política comparada para analisar a dinâmica diplomática dos novos Estados surgidos naquela região com a descolonização.
Edit :
* (meu) É autor Dilemmas of Brazilian Grand Strategy.
http://todososfogos.blogspot.com/
O Homem, o Estado e a Guerra, Kenneth Waltz.
As relações internacionais nasceram como disciplina acadêmica após a I Guerra Mundial, mas dialogam com uma tradição muito mais antiga de filosofia e ciência política que no Ocidente remonta à Grécia clássica. Este livro é um estupendo apanhado teórico de três maneiras de se pensar a guerra, da Antiguidade ao fim da década de 1950, quando foi publicado: correntes que acreditam que a violência é parte inescapável da natureza humana, os que defendem que a guerra é característica de alguns tipos de Estado mas não de todos, e o que Waltz chamou de “terceira imagem”, e que localiza a origem primordial dos conflitos na maneira como a política internacional está estruturada como sistema, mais do que nos componentes individuais que a compõem. Desenvolveu essa idéia em seu livro posterior e mais famoso, ainda que em minha avaliação esta seja sua obra-prima.
After Victory, G. John Ikenberry.
Por que países vitoriosos em grandes guerras se dão ao trabalho de construir instituições internacionais que irão regular e limitar sua vontade, em vez de simplesmente impô-la pela força bruta? Ikenberry analisa três grandes momentos de redesenho da ordem mundial: o Congresso de Viena após a derrota de Napoleão (1815) e as conferências que se seguiram às duas guerras mundiais do século XX. Sua conclusão é que arranjos “quase-constitucionais” são vantajosos para as potências vitoriosas, que abrem mão de parte de seu poder em troca da estabilidade de longo prazo trazidas por regras e normas. Ele contrasta essa situação com o pós-Guerra Fria, onde não houve negociações semelhantes.
After Hegemony, Robert Keohane.
Na década de 1970, os Estados Unidos viviam sérias crises, pela derrota no Vietnã, pela estagnação econômica e inflação, pelos conflitos sociais internos e o escândalo do Watergate. Muitos acreditavam que o declínio do país seria também o das instiuições internacionais, mas Keohane argumenta que não, teorizando sobre por que é racional cooperar, mesmo na ausência de uma potência hegemônica que garanta o sistema.
Ascensão e Queda das Grandes Potências, Paul Kennedy.
Outro clássico oriundo da preocupação com o declínio dos Estados Unidos. Kennedy examina 500 anos de história e identifica o padrão da “sobreextensão imperial”: grandes potências expandem-se, passam a gastar cada vez mais com poder militar, para garantir seus domínios, e se vêem envolvidas em conflitos tão numerosos e diversos que terminam por perder recursos econômicos e capacidade de manterem-se competitivas tecnologica e cientificamente. A melhor introdução para a história diplomática das grandes potências (“Diplomacia”, de Henry Kissinger, é rival à altura).
O Mundo Pós-Americano, Fareed Zakaria.
Se você quer entender a ascensão dos BRICS, este é o livro, que se concentra na Índia (vista como futura aliada dos Estados Unidos) e na China (desafiadora e rival). Zakaria é indiano radicado nos EUA e argumenta que Washington tem que aprender a conviver com a inevitável perda de sua hegemonia, até porque continuará a ser um país muito importante. Ele acabou de lançar a 2ª edição do livro. Em ótima entrevista à Globo News, explica suas idéias.
A Grande Transformação: as origens de nossa época, Karl Polanyi.
Nascido na porção húngara do império Hapsburgo, Polanyi escreveu durante a Segunda Guerra Mundial, tentando entender como o mundo chegara à beira do apocalipse após um século de paz. Sua conclusão: a crise social ocasionada pela expansão da Revolução Industrial e da economia de mercado, com as pressões para transformar em mercadorias três pilares da vida cotidiana – terra, mão-de-obra e moeda. O resultado foi o surgimento de um “duplo movimento” de contenção, de criar proteções sociais domésticas (por meio de reformas na sociedade e aumento das tarifas) ou mercados externos protegidos (imperialismo, colônias). A rivalidade internacional crescente solapou as instituições do século XIX e com frequência adquiriu tons totalitários, com o nazi-fascismo e o comunismo. Polanyi propõe uma versão democrática, antecipando o Estado de Bem-Estar Social do pós-guerra.
As Origens Sociais da Ditadura e da Democracia, Barrington Moore Jr.
Outra brilhante análise das grandes crises da primeira metade do século XX. Barrington Moore identifica diversas trajetórias pelas quais nações agrárias tornaram-se potências industriais, observando que a democracia só prosperou onde a classe média burguesa tomou o poder pelas armas e a agricultura assumiu feição capitalista, livre de amarras feudais (Inglaterra, França e EUA). Onde a burguesia era frágil, tornou-se sócia minoritária dos grandes senhores de terra, com modelos de desenvolvimento liderados pelo Estado autoritário (Alemanha e Japão) ou sucumbiu diante de revoluções comunistas (Rússia e China). Este trabalho seminal gerou diversos estudos que procuram aplicar, complementar ou refutar suas teses, sobretudo pela análise de potências médias, com trajetórias menos turbulentas. Sugiro “Nacionalism: five roads to modernity”, Liah Grenfeld, "Os Alemães", Norbert Elias, “Economic Origins of Ditactorship and Democracy”, de Daron Acemoglu e James Robinson e “Modelos de Democracia”, de Arent Lijphart.
Genocídio, Samantha Power
Este estudo inovador sobre o pior crime inventado pelo século XX é aula magna de política internacional e comparada, jornalismo de guerra e análise primorosa dos novos atores como organizações não-governamentais de direitos humanos, cadeias de mídia e complexas redes transnacionais que atuam em casos de invervenções. Para quem se interessar pelo tema, recomendo também "Activists Beyond Borders" de Margareth Keck e Kattryn Sikkink, e “The First Casualty”, de Phillip Knightley.
The Sino-Soviet Split, Lorenz Luthi.
Muitos dos livros acima abordam a Guerra Fria e suas crises, como a divisão da Alemanha, as guerras do Vietnã e da Coréia, o impasse nuclear em Cuba etc. Mas só este o faz da perspectiva das duas grandes potências comunistas, mostrando como as disputas por influência nos novos países surgidos da descolonização afro-asiática e divergências ideológicas sobre como lidar com os EUA e o Ocidente levaram à ruptura e uma quase-guerra entre ambas. Brilhante trabalho de pesquisa nos arquivos recém-abertos e belo exemplo dos novos trabalhos sobre história internacional, de ênfase mais cosmpolita que as tradicionais análises baseadas na política externa de um só país.
Latin America´s Cold War, Hal Brands*.
Minha lista não estaria completa sem uma recomendação sobre a América Latina e este lançamento recente, que já resenhei no blog, é fruto de excelente pesquisa em vários arquivos nacionais, de um jovem autor que promete muito. Em linha semelhante, mas dedicado a outro continente, é “States and Power in Africa”, de Jeffrey Herbst, que mistura teoria de relações internacionais e política comparada para analisar a dinâmica diplomática dos novos Estados surgidos naquela região com a descolonização.
Edit :
* (meu) É autor Dilemmas of Brazilian Grand Strategy.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
Re: GEOPOLÍTICA
Aponte para nós, qual a ameaça proveniente dos nossos vizinhos?gaia escreveu:A ameaça da Nato para o Brasil é autentico disparate , e Portugal foi um dos fundadores .
O Brasil tem outro tipo de ameaças e vem dos seus vizinhos ,e não da Guiana Francesa .
É fato de que a OTAN se constituiu no consórcio de agressão do século XXI. Suas vítimas são as nações fracas, em termos militares e econômicos, dotadas de fartos recursos energéticos (petróleo) e naturais.
Está na história meu caro. Basta abrir os olhos, para vê-la passar.
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Re: GEOPOLÍTICA
BRASIL | 11.10.2011
Com abstenções no Conselho de Segurança, Brasil tenta agradar a todos
O Conselho de Segurança da ONU, em Nova York
O Brasil busca há anos ocupar uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, mas se abstém em votações cruciais, como nos casos da Síria e da Líbia. Afinal, quais são as ambições da política externa brasileira?
A diplomacia brasileira intriga a comunidade internacional. O país ganha importância no cenário econômico global e se afirma como potência emergente disposta a reequilibrar as forças da política mundial. Nesse sentido, pleiteia há anos um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Mas quando chega a hora de votar resoluções de primeira importância, como as sanções contra o regime sírio, no início de outubro, ou a intervenção militar na Líbia, em março, a resposta é a mesma: abstenção.
Por trás da aparente falta de decisão, no entanto, está uma posição muito clara, analisa o sociólogo Thomas Fatheuer, ex-diretor da fundação alemã Heinrich Böll no Rio de Janeiro. "A mensagem do Brasil é: 'nós não temos nenhum inimigo'". A estratégia da diplomacia brasileira, segundo ele, é assumir a posição de intermediador para encontrar soluções negociadas e, com isso, também proteger-se de todos os lados.
"O Brasil é muito cauteloso quando se trata de condenar outros países, principalmente do [hemisfério] sul. Os brasileiros sempre acusaram os Estados Unidos de terem uma política externa ambígua, por condenar alguns países e outros não", argumenta Fatheuer.
O zelo vale especialmente para o mundo árabe, onde a diplomacia brasileira cuida para não construir uma imagem de inimigo. "O Brasil se mostra conciliador e com isso também envia aos povos árabes um sinal de que tem uma posição independente e não quer ficar à sombra dos Estados Unidos", diz Fatheuer.
Com Dilma, o Brasil aprovou investigação sobre direitos humanos no Irã
As boas relações diplomáticas garantem também bons negócios: em 2010 as exportações brasileiras para o Oriente Médio cresceram quase 40%, somando mais de 10,5 bilhões de dólares, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Aliada à política de cultivo de amizades está a tradição brasileira de rejeitar instrumentos de intervenção, baseada no próprio passado do país. "O histórico de intervenções militares na América Latina é muito negativo, então o Brasil se recusa a ir por esse caminho por acreditar que isso vá agravar ainda mais os conflitos", diz Amâncio Jorge de Oliveira, presidente da comissão de pesquisa do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP).
Mais pelos direitos humanos
O papel de mediador moderado desaponta, porém, aqueles que esperavam uma postura mais ativa em relação à defesa dos direitos humanos durante o governo da presidente Dilma Rousseff. Para Oliveira, a abstenção do Brasil no caso da Síria foi uma reação errada e tardia.
"Foi um erro estratégico do Brasil nesse momento. Não só pela questão de se posicionar a favor do respeito aos direitos humanos, mas também por uma questão tática, de mostrar ao mundo que, em situações como essa, o Brasil consegue tomar decisões rápidas e na direção certa", avalia o pesquisador.
As expectativas de que o governo Dilma Rousseff atuaria de forma mais firme na defesa dos direitos humanos aumentaram quando, em março, o Brasil votou a favor da investigação da situação dos direitos humanos no Irã. A decisão marcou uma ruptura com a política externa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, no qual o Brasil se abstivera, por exemplo, de votar uma proposta que condenava violações de direitos humanos no Irã, poucos meses antes.
Mas com as novas abstenções nos casos da Líbia e da Síria, a diplomacia brasileira deu sinais de voltar à linha branda seguida durante a era Lula. Na perspectiva do governo, entretanto, abstenção não significa indecisão. Para o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Tovar Nunes, ela significa uma posição clara de descontentamento com a proposta apresentada, mas, diferentemente do voto contra, permite que o tema continue em discussão.
"Nós entendemos que, em relação à Síria, por se tratar de um país estratégico, onde a escalada da violência ou a instabilidade podem se alastrar para outros países da região, a cautela tem que ser maior. Nosso desejo era ter um pouco mais de tempo no Conselho de Segurança para extrair uma manifestação consensual", explica Nunes.
O Brasil tinha reservas especialmente em relação ao artigo 41 da resolução sobre a Síria, que previa a imposição de medidas não militares contra o país árabe, como sanções econômicas e diplomáticas. O artigo acabou levando ao veto da resolução por parte de China e Rússia no dia 4 de outubro.
Aliados do Sul
A tendência do Brasil de votar alinhado com seus parceiros no Brics ou no Ibas (Rússia, Índia, China e África do Sul) no âmbito das Nações Unidas leva a crer que o país busca aproximação com seus parceiros do Sul, ao mesmo tempo em que se afasta dos Estados Unidos e da União Europeia.
O governo brasileiro reconhece que busca parceiros junto à força alternativa representada pelos países emergentes, mas nega haver qualquer intenção de se afastar das potências tradicionais. "Nós temos, sim, procurado nos coordenar com Índia e África do Sul, primeiro por uma razão muito objetiva: são três democracias multiétnicas de três continentes diferentes e que não são membros permanentes do Conselho de Segurança. Então essas credenciais levam esses parceiros a procurar fórmulas consensuais que ofereçam soluções em situações de conflito", diz Nunes.
O porta-voz destaca o peso dos parceiros europeus nos setores comercial e de defesa, como, por exemplo, a França, país com o qual o Brasil intensificou a cooperação no setor de defesa a partir de 2009. "Você não faz isso com um país de quem queira se afastar", ponderou Nunes.
Líbia: sem arrependimentos
Outra controversa abstenção do Brasil no Conselho de Segurança da ONU foi na votação da Resolução 1973 sobre a intervenção militar na Líbia, em março. O Brasil se recusou a votar, conforme justificativa oficial, por entender que a força só deveria ser empregada em último caso. O país não se opôs à ação da Otan, mas "lavou as mãos".
Hoje, mesmo com o ditador Muammar Kadafi deposto e o Conselho Nacional de Transição rebelde reconhecido em quase todo o mundo como autoridade legítima na Líbia, o Brasil não se arrepende da decisão. Segundo o embaixador, se houvesse nova votação hoje, o país se absteria novamente.
"A resolução 1973 não era para promover a queda de nenhum regime. O objetivo era a proteção de civis, e nós não estamos seguros de que a força tenha sido utilizada somente para isso. Acreditamos que o uso da força não é recomendável quando extrapola o mandato do Conselho de Segurança. Além disso, o uso da força para proteção de civis muitas vezes redunda em morte de civis. Os casos do Afeganistão e do Iraque são bastante eloquentes a esse respeito", diz Nunes.
Por uma vaga permanente
O Brasil já foi eleito dez vezes para mandatos de dois anos como membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, e desde o governo Fernando Henrique Cardoso pleiteia assento permanente no fórum. Os membros permanentes são Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China, que têm direito de veto em qualquer medida votada pelo órgão.
Críticos no meio diplomático chegaram a sugerir que as abstenções brasileiras em votações para condenar violação de direitos humanos no Irã, Mianmar, Cuba, Líbia e, mais recentemente, Síria poderiam prejudicar as ambições do país.
Para Fatheuer, porém, a entrada do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança não pode ser uma "recompensa por bom comportamento" aos olhos de alguns países. "É preciso observar que houve um reequilíbrio nas forças internacionais. Os países do Sul, especialmente os países do Brics, têm hoje simplesmente uma grande influência na política internacional e isso precisa se refletir no Conselho de Segurança."
O fato de o Brasil ter bom relacionamento com Estados Unidos e União Europeia, além de não ter inimigos em nenhuma parte do mundo, poderia dar ao país o papel low profile que ele tanto busca no cenário internacional: o de mediador para soluções negociadas em situações de conflito.
Autora: Francis França
Revisão: Alexandre Schossler
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Com abstenções no Conselho de Segurança, Brasil tenta agradar a todos
O Conselho de Segurança da ONU, em Nova York
O Brasil busca há anos ocupar uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, mas se abstém em votações cruciais, como nos casos da Síria e da Líbia. Afinal, quais são as ambições da política externa brasileira?
A diplomacia brasileira intriga a comunidade internacional. O país ganha importância no cenário econômico global e se afirma como potência emergente disposta a reequilibrar as forças da política mundial. Nesse sentido, pleiteia há anos um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Mas quando chega a hora de votar resoluções de primeira importância, como as sanções contra o regime sírio, no início de outubro, ou a intervenção militar na Líbia, em março, a resposta é a mesma: abstenção.
Por trás da aparente falta de decisão, no entanto, está uma posição muito clara, analisa o sociólogo Thomas Fatheuer, ex-diretor da fundação alemã Heinrich Böll no Rio de Janeiro. "A mensagem do Brasil é: 'nós não temos nenhum inimigo'". A estratégia da diplomacia brasileira, segundo ele, é assumir a posição de intermediador para encontrar soluções negociadas e, com isso, também proteger-se de todos os lados.
"O Brasil é muito cauteloso quando se trata de condenar outros países, principalmente do [hemisfério] sul. Os brasileiros sempre acusaram os Estados Unidos de terem uma política externa ambígua, por condenar alguns países e outros não", argumenta Fatheuer.
O zelo vale especialmente para o mundo árabe, onde a diplomacia brasileira cuida para não construir uma imagem de inimigo. "O Brasil se mostra conciliador e com isso também envia aos povos árabes um sinal de que tem uma posição independente e não quer ficar à sombra dos Estados Unidos", diz Fatheuer.
Com Dilma, o Brasil aprovou investigação sobre direitos humanos no Irã
As boas relações diplomáticas garantem também bons negócios: em 2010 as exportações brasileiras para o Oriente Médio cresceram quase 40%, somando mais de 10,5 bilhões de dólares, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Aliada à política de cultivo de amizades está a tradição brasileira de rejeitar instrumentos de intervenção, baseada no próprio passado do país. "O histórico de intervenções militares na América Latina é muito negativo, então o Brasil se recusa a ir por esse caminho por acreditar que isso vá agravar ainda mais os conflitos", diz Amâncio Jorge de Oliveira, presidente da comissão de pesquisa do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP).
Mais pelos direitos humanos
O papel de mediador moderado desaponta, porém, aqueles que esperavam uma postura mais ativa em relação à defesa dos direitos humanos durante o governo da presidente Dilma Rousseff. Para Oliveira, a abstenção do Brasil no caso da Síria foi uma reação errada e tardia.
"Foi um erro estratégico do Brasil nesse momento. Não só pela questão de se posicionar a favor do respeito aos direitos humanos, mas também por uma questão tática, de mostrar ao mundo que, em situações como essa, o Brasil consegue tomar decisões rápidas e na direção certa", avalia o pesquisador.
As expectativas de que o governo Dilma Rousseff atuaria de forma mais firme na defesa dos direitos humanos aumentaram quando, em março, o Brasil votou a favor da investigação da situação dos direitos humanos no Irã. A decisão marcou uma ruptura com a política externa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, no qual o Brasil se abstivera, por exemplo, de votar uma proposta que condenava violações de direitos humanos no Irã, poucos meses antes.
Mas com as novas abstenções nos casos da Líbia e da Síria, a diplomacia brasileira deu sinais de voltar à linha branda seguida durante a era Lula. Na perspectiva do governo, entretanto, abstenção não significa indecisão. Para o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Tovar Nunes, ela significa uma posição clara de descontentamento com a proposta apresentada, mas, diferentemente do voto contra, permite que o tema continue em discussão.
"Nós entendemos que, em relação à Síria, por se tratar de um país estratégico, onde a escalada da violência ou a instabilidade podem se alastrar para outros países da região, a cautela tem que ser maior. Nosso desejo era ter um pouco mais de tempo no Conselho de Segurança para extrair uma manifestação consensual", explica Nunes.
O Brasil tinha reservas especialmente em relação ao artigo 41 da resolução sobre a Síria, que previa a imposição de medidas não militares contra o país árabe, como sanções econômicas e diplomáticas. O artigo acabou levando ao veto da resolução por parte de China e Rússia no dia 4 de outubro.
Aliados do Sul
A tendência do Brasil de votar alinhado com seus parceiros no Brics ou no Ibas (Rússia, Índia, China e África do Sul) no âmbito das Nações Unidas leva a crer que o país busca aproximação com seus parceiros do Sul, ao mesmo tempo em que se afasta dos Estados Unidos e da União Europeia.
O governo brasileiro reconhece que busca parceiros junto à força alternativa representada pelos países emergentes, mas nega haver qualquer intenção de se afastar das potências tradicionais. "Nós temos, sim, procurado nos coordenar com Índia e África do Sul, primeiro por uma razão muito objetiva: são três democracias multiétnicas de três continentes diferentes e que não são membros permanentes do Conselho de Segurança. Então essas credenciais levam esses parceiros a procurar fórmulas consensuais que ofereçam soluções em situações de conflito", diz Nunes.
O porta-voz destaca o peso dos parceiros europeus nos setores comercial e de defesa, como, por exemplo, a França, país com o qual o Brasil intensificou a cooperação no setor de defesa a partir de 2009. "Você não faz isso com um país de quem queira se afastar", ponderou Nunes.
Líbia: sem arrependimentos
Outra controversa abstenção do Brasil no Conselho de Segurança da ONU foi na votação da Resolução 1973 sobre a intervenção militar na Líbia, em março. O Brasil se recusou a votar, conforme justificativa oficial, por entender que a força só deveria ser empregada em último caso. O país não se opôs à ação da Otan, mas "lavou as mãos".
Hoje, mesmo com o ditador Muammar Kadafi deposto e o Conselho Nacional de Transição rebelde reconhecido em quase todo o mundo como autoridade legítima na Líbia, o Brasil não se arrepende da decisão. Segundo o embaixador, se houvesse nova votação hoje, o país se absteria novamente.
"A resolução 1973 não era para promover a queda de nenhum regime. O objetivo era a proteção de civis, e nós não estamos seguros de que a força tenha sido utilizada somente para isso. Acreditamos que o uso da força não é recomendável quando extrapola o mandato do Conselho de Segurança. Além disso, o uso da força para proteção de civis muitas vezes redunda em morte de civis. Os casos do Afeganistão e do Iraque são bastante eloquentes a esse respeito", diz Nunes.
Por uma vaga permanente
O Brasil já foi eleito dez vezes para mandatos de dois anos como membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, e desde o governo Fernando Henrique Cardoso pleiteia assento permanente no fórum. Os membros permanentes são Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China, que têm direito de veto em qualquer medida votada pelo órgão.
Críticos no meio diplomático chegaram a sugerir que as abstenções brasileiras em votações para condenar violação de direitos humanos no Irã, Mianmar, Cuba, Líbia e, mais recentemente, Síria poderiam prejudicar as ambições do país.
Para Fatheuer, porém, a entrada do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança não pode ser uma "recompensa por bom comportamento" aos olhos de alguns países. "É preciso observar que houve um reequilíbrio nas forças internacionais. Os países do Sul, especialmente os países do Brics, têm hoje simplesmente uma grande influência na política internacional e isso precisa se refletir no Conselho de Segurança."
O fato de o Brasil ter bom relacionamento com Estados Unidos e União Europeia, além de não ter inimigos em nenhuma parte do mundo, poderia dar ao país o papel low profile que ele tanto busca no cenário internacional: o de mediador para soluções negociadas em situações de conflito.
Autora: Francis França
Revisão: Alexandre Schossler
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Re: GEOPOLÍTICA
Assim q o pré-sal passar a produzir em massa, passaremos a ser um alvo das nações poderosas caso não "dancemos conforme a sua musica". Dai a necessidade de FFAA fortes, bem armadas e treinadas.
Povo que não tem virtude, acaba por ser escravo.
- soultrain
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Re: GEOPOLÍTICA
Concordo, é um disparate, é um cenário mas é um disparate. Dos vizinhos tambem, a ameaça mais premente é interna apoiada não por países mas por grandes corporações, como por exemplo o destacamento de uma parte do território.gaia escreveu:A ameaça da Nato para o Brasil é autentico disparate , e Portugal foi um dos fundadores .
O Brasil tem outro tipo de ameaças e vem dos seus vizinhos ,e não da Guiana Francesa .
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"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
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Re: GEOPOLÍTICA
Ameaça é proveniente de quem tem poder de destruir e invadir. Nenhum vizinho da AS tem essa capacidade em relação ao Brasil. Logo, só podemos pensar de hipóteses dos grandes atores do cenário internacional. Seja os EUA, a OTAN, Rússia, China.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
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Re: GEOPOLÍTICA
Não precisam invadir, o Brasil é uma democracia com o mercado aberto, basta jogar uma pilha de dinheiro e em poucos anos tem o que se quer sem dar um tiro. Basta jogar dinheiro em algumas instituições chave, fica bem baratinho.
É mais caro, mas em ultimo caso, quanto acha que custa subsidiar a campanha de um partido amigo para ganhar? Acha que vai ser a primeira vez? Lembra-se do wiki leaks sobre as ultimas eleições no Brasil? Quanto acha que era necessário para efectivamente ganhar? 1 b de USD? 2? E quanto vale o pré sal? Bom investimento não?
[[]]'s
É mais caro, mas em ultimo caso, quanto acha que custa subsidiar a campanha de um partido amigo para ganhar? Acha que vai ser a primeira vez? Lembra-se do wiki leaks sobre as ultimas eleições no Brasil? Quanto acha que era necessário para efectivamente ganhar? 1 b de USD? 2? E quanto vale o pré sal? Bom investimento não?
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"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
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Re: GEOPOLÍTICA
terra.com.br
China adverte para 'guerra comercial' após decisão sobre iuane
11 de outubro de 2011
PEQUIM, 12 Out 2011 (AFP) -A aprovação no Senado dos Estados Unidos do projeto de lei que visa punir a China por manipular sua moeda é "uma distorção grave das regras da OMC", declarou nesta quarta-feira o ministério chinês das Relações Exteriores.
"É uma distorção grave das regras (da Organização Mundial do Comércio), que não vai resolver os problemas da economia e do desemprego" nos Estados Unidos, mas que "bloqueará os esforços em prol de uma forte recuperação no mundo", destaca o site do ministério.
"O Senado americano criou uma verdadeira bomba-relógio capaz de provocar uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo", estimou a agência oficial Nova China.
"Como no passado, o Senado optou pelo remédio equivocado para curar um problema econômico crônico" nos EUA, afirmou a agência, em referência ao superávit comercial chinês com os Estados Unidos.
Os senadores americanos "fazem da China um bode expiatório dos problemas internos do país antes das eleições presidenciais do próximo ano", denuncia a agência.
O Senado americano aprovou nesta terça-feira um projeto que busca penalizar a China por manipular o valor do iuane para inflar suas exportações.
Com o projeto, os senadores buscam levar o Tesouro a acusar formalmente Pequim de manipular sua moeda, e prevêem sanções.
China adverte para 'guerra comercial' após decisão sobre iuane
11 de outubro de 2011
PEQUIM, 12 Out 2011 (AFP) -A aprovação no Senado dos Estados Unidos do projeto de lei que visa punir a China por manipular sua moeda é "uma distorção grave das regras da OMC", declarou nesta quarta-feira o ministério chinês das Relações Exteriores.
"É uma distorção grave das regras (da Organização Mundial do Comércio), que não vai resolver os problemas da economia e do desemprego" nos Estados Unidos, mas que "bloqueará os esforços em prol de uma forte recuperação no mundo", destaca o site do ministério.
"O Senado americano criou uma verdadeira bomba-relógio capaz de provocar uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo", estimou a agência oficial Nova China.
"Como no passado, o Senado optou pelo remédio equivocado para curar um problema econômico crônico" nos EUA, afirmou a agência, em referência ao superávit comercial chinês com os Estados Unidos.
Os senadores americanos "fazem da China um bode expiatório dos problemas internos do país antes das eleições presidenciais do próximo ano", denuncia a agência.
O Senado americano aprovou nesta terça-feira um projeto que busca penalizar a China por manipular o valor do iuane para inflar suas exportações.
Com o projeto, os senadores buscam levar o Tesouro a acusar formalmente Pequim de manipular sua moeda, e prevêem sanções.
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
- soultrain
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Re: GEOPOLÍTICA
Escolham: China ou EUA?
11/10/11 00:01 | Gideon Rachman
A luta pelo poder e influência entre a China e os Estados Unidos será o drama geopolítico determinante dos próximos 100 anos.
A disputa já coloca os países asiáticos perante escolhas incómodas, apanhados entre os dois gigantes globais.
O Senado americano devia ter aprovado recentemente uma lei que permite aplicar taxas alfandegárias aos produtos chineses. Embora a corrente proteccionista na América tenha abrandado ligeiramente, a atitude de confronto por parte dos EUA coloca um dilema aos países vizinhos da China, principal parceiro comercial do Japão, Índia, Austrália, Coreia do Sul e de grande parte da nações do Sudeste asiático. A questão que se coloca é que a relação militar destes com os EUA continua a ser extremamente importante. Por quanto tempo poderão os seus interesses económicos e estratégicos seguir caminhos distintos?
Por pouco tempo, se atentarmos a um recente editorial no Diário do Povo. O jornal oficial do Partido Comunista Chinês teve por alvo "certos países, que se julgam livres de fazer o que entenderem enquanto conseguirem equilibrar as relações com a China e a ajuda militar dos EUA". É provável que o editorial seja uma reacção às declarações proferidas pelo Japão e pelas Filipinas, comprometendo-se a reforçar a cooperação naval, o que constitui um desafio implícito às reivindicações territoriais de Pequim no Mar do Sul da China.
A ironia está no facto de o tom ameaçador da China levar os seus vizinhos a fazer exactamente o contrário, isto é, a correr para os braços do "Tio Sam". Até recentemente, Pequim geria de forma inteligente o jogo da paciência, usando a sua crescente robustez económica para atrair os países vizinhos para a sua esfera de influência. Faria mais sentido a China manter uma "política de paciência", até porque vai ser a maior economia global em 2020. Como poder político e militar estão intimamente ligados ao poder económico, a hegemonia dos EUA no Pacífico poderá tornar-se insustentável.
Actualmente, Washington pede emprestado 40 cêntimos de cada dólar que gasta. Ora, a China é o principal comprador de dívida americana, por isso, é legítimo dizer que são os chineses quem está a financiar indirectamente o domínio militar americano no Pacífico. Estrategas americanos alertam para os planos de desenvolvimento militar chinês, incluindo uma nova geração de mísseis, que constitui uma séria ameaça às bases aéreas e aos porta-aviões que os americanos usam como pilar estratégico do seu domínio militar no Pacífico.
A interpretação menos positiva da actuação da China tem a ver com a crescente influência das forças nacionalistas e dos militares em Pequim. Uma geração mais nova está a chegar ao poder, convencida de que o seu país tem sido perseguido pelo mundo exterior devido à sua fragilidade. O actual contraste entre o desempenho económico da China e dos Estados Unidos também ajudou ao reforço da confiança e assertividade chinesas.
Existe também uma interpretação mais benigna: os interesses económicos da China não se confinam ao território nacional, sendo por isso natural - senão inevitável - que reforce o investimento militar e defenda os seus interesses de forma mais musculada. No entanto, não é provável que o governo chinês reclame para si o domínio regional de uma forma agressiva, como receiam os seus vizinhos.
Apesar das tensões, as relações diplomáticas mantêm-se. No próximo mês, Barack Obama receberá as principais potências da região, nomeadamente a China, na cimeira do Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico, que terá lugar no Havai, terra natal do Presidente americano. Obama deveria organizar uma viagem a Pearl Harbour para todos recordarem os perigos dos erros estratégicos no Pacífico.
Tradução de Ana Pina
____
Gideon Rachman, Colaborador do "Financial Times"
11/10/11 00:01 | Gideon Rachman
A luta pelo poder e influência entre a China e os Estados Unidos será o drama geopolítico determinante dos próximos 100 anos.
A disputa já coloca os países asiáticos perante escolhas incómodas, apanhados entre os dois gigantes globais.
O Senado americano devia ter aprovado recentemente uma lei que permite aplicar taxas alfandegárias aos produtos chineses. Embora a corrente proteccionista na América tenha abrandado ligeiramente, a atitude de confronto por parte dos EUA coloca um dilema aos países vizinhos da China, principal parceiro comercial do Japão, Índia, Austrália, Coreia do Sul e de grande parte da nações do Sudeste asiático. A questão que se coloca é que a relação militar destes com os EUA continua a ser extremamente importante. Por quanto tempo poderão os seus interesses económicos e estratégicos seguir caminhos distintos?
Por pouco tempo, se atentarmos a um recente editorial no Diário do Povo. O jornal oficial do Partido Comunista Chinês teve por alvo "certos países, que se julgam livres de fazer o que entenderem enquanto conseguirem equilibrar as relações com a China e a ajuda militar dos EUA". É provável que o editorial seja uma reacção às declarações proferidas pelo Japão e pelas Filipinas, comprometendo-se a reforçar a cooperação naval, o que constitui um desafio implícito às reivindicações territoriais de Pequim no Mar do Sul da China.
A ironia está no facto de o tom ameaçador da China levar os seus vizinhos a fazer exactamente o contrário, isto é, a correr para os braços do "Tio Sam". Até recentemente, Pequim geria de forma inteligente o jogo da paciência, usando a sua crescente robustez económica para atrair os países vizinhos para a sua esfera de influência. Faria mais sentido a China manter uma "política de paciência", até porque vai ser a maior economia global em 2020. Como poder político e militar estão intimamente ligados ao poder económico, a hegemonia dos EUA no Pacífico poderá tornar-se insustentável.
Actualmente, Washington pede emprestado 40 cêntimos de cada dólar que gasta. Ora, a China é o principal comprador de dívida americana, por isso, é legítimo dizer que são os chineses quem está a financiar indirectamente o domínio militar americano no Pacífico. Estrategas americanos alertam para os planos de desenvolvimento militar chinês, incluindo uma nova geração de mísseis, que constitui uma séria ameaça às bases aéreas e aos porta-aviões que os americanos usam como pilar estratégico do seu domínio militar no Pacífico.
A interpretação menos positiva da actuação da China tem a ver com a crescente influência das forças nacionalistas e dos militares em Pequim. Uma geração mais nova está a chegar ao poder, convencida de que o seu país tem sido perseguido pelo mundo exterior devido à sua fragilidade. O actual contraste entre o desempenho económico da China e dos Estados Unidos também ajudou ao reforço da confiança e assertividade chinesas.
Existe também uma interpretação mais benigna: os interesses económicos da China não se confinam ao território nacional, sendo por isso natural - senão inevitável - que reforce o investimento militar e defenda os seus interesses de forma mais musculada. No entanto, não é provável que o governo chinês reclame para si o domínio regional de uma forma agressiva, como receiam os seus vizinhos.
Apesar das tensões, as relações diplomáticas mantêm-se. No próximo mês, Barack Obama receberá as principais potências da região, nomeadamente a China, na cimeira do Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico, que terá lugar no Havai, terra natal do Presidente americano. Obama deveria organizar uma viagem a Pearl Harbour para todos recordarem os perigos dos erros estratégicos no Pacífico.
Tradução de Ana Pina
____
Gideon Rachman, Colaborador do "Financial Times"
"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
NJ