Acho que essa matéria não foi postada aqui no DB:
Gripen NG: devagar mas sempre adiante
Escrito por Felipe Salles
Sáb, 13 de Agosto de 2011 02:23
Ainda recobrando do impacto de sua desclassificação na megaconcorrência indiana, os suecos acharam por bem trazer o único protótipo do Gripen NG a Paris. Mas como todo mundo sabe que os primeiros dias das feiras são os realmente importantes, no fim da quarta-feira o avião já decolaria de volta para casa. ALIDE falou com o Gerente de imprensa da Gripen, Lasse Jansson, pra saber como anda o desenvolvimento do Gripen NG e suas perspectivas comerciais para o futuro.
"O programa de testes continua em andamento. No dia 19 de maio último o Gripen Demo voltou a voar, agora com seus novos painel digital e aviônicos. Estes equipamentos que já tinham sido testados anteriormente à exaustão em terra, foram instalados na cabine traseira do Gripen Demo com equipamentos originais mantidos na dianteira. Até agora, já ocorreram mais de 200 voos, vinte dois quais com os novos sistemas eletrônicos embarcados. O Demo passou assim a dispor de dois sistemas de aviônicos totalmente independentes.
Essa metodologia de teste que os próprios americanos devem usar nos voos previstos para o programa de modernização do F-22 Raptor. Ainda não foi anunciado uma data prevista para o anuncio da compra dos novos Gripen E/F pela Força Aérea Sueca, mas a Suécia esta plenamente comprometida com este programa até pelo menos 2040. Contrariando uma informação anterior, Jansson contou que a Força Aérea da Suécia tem sim demanda para que seus caças fiquem por mais tempo em voo, assim os tanques maiores do NG na ótica dos suecos não se traduziriam necessariamente em um alcance maior como seria no Brasil.
A Força Aérea Sueca pode esperar, por isso eles estão aguardando a formalização de um pedido estrangeiro antes de colocar seus próprios pedidos do novo avião. Mas está claro que o desenvolvimento simultâneo do modelo nacional e daquele para exportação faz todo o sentido. O ritmo de desenvolvimento poderia se acelerado mas na falta de clientes com pressa não existe qualquer razão para esta pressa.
Sobre as lições aprendidas nas operações na costa da Líbia, Lasse Jansson contou que por lá a missão de reconhecimento é uma missão das mais importantes, que os suecos estão realizando muito mais reabastecimentos em voo do que o que estão habituados na Suécia, e que estão aprendendo o que é operar desde bases aéreas estrangeiras.
A empresa Saab, por sua vez, não está de forma alguma envolvida no apoio a esta missão no exterior. Quando dois F-16 se envolveram em acidentes fechando por um dia inteiro a pista da base usada pelos suecos, os Gripens operaram normalmente, decolando da taxiway paralela à pista. A Força Aérea Sueca está aprendendo muito nesta operação e este aprendizado será posteriormente repassado à Saab. De maneira a não desgastar apenas alguns poucos aviões da frota de Gripens os aviões e os tripulantes vem sendo rotacionados de forma contínua entre a Suécia e a base aérea de Sigonella [GE: 37°24'25.71"N 14°54'48.53"L] na Itália.
Perguntado sobre como correram os testes da concorrência MMRCA da Índia, Jansson disse que os testes correram muito bem para a Saab, o Gripen Demo se comportou muito bem nos testes em altitude e também na base aérea com alta temperatura. O Gripen Demo operou no aeródromo de Leh [GE: 34° 8'3.24"N 77°33'5.07"L], a mais de 3000 metros de altitude por dois períodos dentro das três semanas que o avião passou na Índia. Os avaliadores indianos tiram importantes pontos da proposta sueca devido ao seu radar AESA Raven ES-05 que embora "tenha tido um desempenho operacional melhor do que o radar planejado para o Eurofighter em 2015 ainda gerou duvidas
por não estar com o financiamento do seu desenvolvimento totalmente garantido.
Por sinal nenhum dos aviões selecionados tem um radar AESA operacional ainda", alfinetou Jansson, completando que até a data da entrevista "o Gripen era o único caça operacional a já ter disparado um míssil Meteor".
Este período do Gripen Demo na Índia não atrapalhou o andamento do programa de testes, inclusive ele foi útil para reforçar diante dos indianos a determinação sueca de oferecer um verdadeiro pacote de transferência de tecnologia (ToT). Durante o andamento desta concorrência a Saab abriu naquele país, exatamente como fez no Brasil, um centro de pesquisa e desenvolvimento.
Voltando ao tema armamento, Jansson contou que a certificação do A-Darter no Gripen C é um tema da Força Aérea sulafricana, inclusive um dos aviões biplaces daquela força aérea foi completamente instrumentado para realizar estes testes adequadamente. No campo de testes de Vidsel, no norte da Suécia [GE: 65°52'34.21"N 20° 8'57.38"L], foi empregado um Gripen D para validar o lançamento das novas Small Diameter Bomb (SDB) pelo caça. Falando sobre o escritório montado no Reino Unido para desenvolver o Sea Gripen o executivo contou que essa atividade deve seguir até o ponto da decisão de "construção" do novo modelo, que deve ocorrer dentro de um prazo de dois anos após seu início.
A linha de produção do Gripen está garantida até meados de 2015 apenas atendendo os pedidos atuais da Suécia, Tailândia e África do Sul. Sobre a conversão de Gripen A/B para Gripen C/D, Lasse explicou que isso se limitou a um lote de 31 C/Ds suecos que foram construídos usando componentes retirados de 31 A/Bs retirados de serviço. Perguntado sobre a procedência das células dos caças vendidos à Tailândia, Lasse Jansson confirmou que estes Gripen C/D eram 100% novos e não apenas células de A/B modernizadas, e que seis deles ja tinham sido entregues ao cliente até a data. Um segundo lote de mais seis aviões foi encomendado e ainda existe uma oportunidade para a encomenda de um terceiro lote para o país asiático.
Como outras perspectivas de vendas futuras, a Gripen identifica o RFI recém-emitido pela Bulgária, um negócio governo-a-governo que já foi respondido pelos suecos. Os suíços resolveram retomar a concorrência, que originalmente visava substituir os seus F-5E/F e agora visa uma solução menos pontual, com os suecos disputando o contrato contra o Rafale e o Eurofighter. Neste país a decisão se vai ser ofertado o NG ou o C/D só será tomada assim que os suíços identifiquem o seu prazo esperado para entrega dos novos aviões.
Além disso, ainda existe demanda clara na Croácia e a Romênia, que acabou não comprando os F-16, como anunciado originalmente na imprensa. Do outro lado da Europa, Holanda e Dinamarca ainda não consolidaram sua opção final pelo F-35.
No mundo dos aviões de alerta antecipado a Saab vendeu três células de Saab 340 com o radar Erieye para os Emirados Árabes Unidos, dois S-100B Argus de segunda mão (ex-Força Aérea Sueca) para a Tailândia mais algumas unidades baseadas no Saab 2000 para um cliente não identificado. Outra janela de oportunidade sendo explorada agora é a conversão destes turboélices em aeronave de patrulha marítima, sendo que não existe risco de se ficar sem células porque o braço de leasing da Saab é o proprietário de mais de 100 células de SF-340/S-2000, muitos deles ainda em serviço comercial pelo mundo.
Base Militar