Noticias do desenvolvimento nacional que fazem a diferença
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Noticias do desenvolvimento nacional que fazem a diferença
Ao Senado, Mercadante expõe os planos do MCT
Enviado por luisnassif, qui, 15/09/2011 - 10:28
Por jefcandido
Do Gizmodo Brasil
Muito além do iPad made in Brazil: Os planos de Mercadante para a tecnologia do País
Pedro Burgos
Parece que nos últimos meses Aloízio Mercadante virou o Ministro dos Tablets. Metade das vezes em que ele aparece nos jornais é para dar uma nova data para o iPad Made in Brazil ou estimar em quanto os preços vão cair. Lendo os jornais, parece que ontem não foi diferente: em audiência da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, ele deu uma nova data para o mítico tablet-de-Jundiaí, e há motivos para duvidar novamente. O que muitos ignoram é que a tábua da Apple ocupou uns 20 segundos da fala de horas do ministro. Aos senadores, ele explicou os planos do governo para melhorar a nossa mão-de-obra, premiar bons estudantes, atrair investimentos e virar uma potência em tecnologia. Há um bocado de blablablá de político, é claro, mas alguns dados e programas estratégicosrevelam um plano consistente e promissor. Estou sendo otimista demais? Acompanhamos a audiência e destacamos os principais momentos da fala de Mercadante:
[O texto abaixo foi selecionado, cortado e colado, conforme taquigrafado pelo Senado, levemente editado para clareza (São todas as palavras do ministro). Você pode ler e ouvir a reunião da CAE aqui.]
Investimento em Pesquisa
Vejam que a Coréia investe 2,5% do PIB em pesquisa e desenvolvimento; o Japão, 2,7 do PIB e assim por diante; o Brasil apenas 0,57%, e aqui se incluirmos a Petrobras. Se tirarmos a Petrobras, cai para 0,3. Então, o Estado brasileiro está dentro de um padrão bastante razoável de esforço e investimento em P&D. Nós precisamos criar uma cultura dainovação no setor privado, que está longe disso, por muitas razões que mencionarei ao longo da exposição.
Este aqui é a nossa formação de jovens na graduação. Nós tínhamos 320 mil jovens formandos em 2000; hoje estamos indo para um milhão de jovens formandos. Nós triplicamos, numa década, o volume de formação na graduação. Vocês viram o ranking. O Brasil só tem 26% dos jovens no ensino universitário. É um nível ainda muito baixo para os países em desenvolvimento. E o mais grave é na Engenharia. Nós só formamos 47 mil engenheiros em 800 mil formandos. A Coreia forma um engenheiro para quatro formandos. O Brasil forma um engenheiro para 50 formandos. E caiu a participação relativa das engenharias.
O Governo vai lançar um programa especial para as engenharias, que é um grande desafio que temos pela frente.
Bolsas para estudo no exterior
Este é um programa novo da Presidenta Dilma, que acho que fará muita diferença na história da ciência, da tecnologia e da inovação do Brasil. A meta é atingirmos 75 mil bolsas de estudo, só o Governo, um investimento de R$3 bilhões e 200 milhões, nos próximos três anos, 27 mil e 100 alunos de graduação.
Aqui, quem são os alunos que podem ter acesso ao programa Ciência sem Fronteiras, que é basicamente para áreas de ciências básicas, engenharias e áreas tecnológicas.
A Capes e o CNPq continuarão dando bolsas de estudo para as humanidades e outras áreas, mas o foco é onde há deficiência. Então, são os alunos que tiraram mais de 600 pontos no Enem, que ganharam medalhas nas olimpíadas ou que estão nos programas de iniciação científica. São os melhores alunos do Brasil. A ideia é: os melhores alunos do Brasil nas 50 melhores universidades do mundo, em cada uma das áreas escolhidas, que são as áreas estratégicas de ciências básicas, engenharia e tecnológicas. Nós já lançamos o edital agora, em 1º de setembro, para quatro mil alunos de graduação.Já encaminhamos 200 de pós-graduação. Na graduação, estamos fazendo bolsa de um ano. Queremos que o aluno tenha experiência internacional, mas volte para o Brasil. Se você o mandaele ficar quatro, cinco anos, ele dificilmente volta para o Brasil. Então, a ideia é um compromisso com o País.
Esse programa, apesar de não ter tido grande divulgação na imprensa – alguns veículos deram importância – já tivemos de acesso ao portal, só do CNPq, quatro milhões e meio de acessos. Portanto, mostra que os alunos estão muito interessados, há um grande interesse. As principais revistas científicas internacionais divulgaram com grande destaque o programa. E os resultados estão aparecendo. Por exemplo, tínhamos 14 doutorandos no MIT. Fechamos um acordo para 200 vagas no MIT, 100 vagas em Oxford, 100 vagas em Cambridge. E assim por diante. NYU, 500 vagas. Na Fundação Fraunhofer da Alemanha, vamos assinar 400 vagas em setembro. Fechamos 200 vagas na Academia Chinesa de Ciências. Nas quatro melhores universidades da Coréia, e assim por diante. Nas melhores universidades da Alemanha. Então, estamos fechando acordos, ampliando significativamente o nosso programa de bolsa de estudos e isso fará uma grande diferença, eu diria, na história do Brasil, pelo impacto, pelo volume. E estamos buscando parceria com o setor privado para chegar a cem mil bolsas.
Investimentos estrangeiros no Brasil
Quero falar de algumas cadeias estratégicas e qual o esforço que estamos fazendo.
Na área de tecnologia de informação e comunicação, o Brasil, hoje, é o sétimo mercado do mundo. Faturamos, aqui, US$165 bilhões por ano. Somos o terceiro mercado em computadores, hoje; passamos o Japão. Este ano, o Brasil vai ser o terceiro país onde mais se vende computadores. Somos o quinto mercado de celulares. Estamos com 200 milhões de celulares no mercado. Somos o nono país em expansão de conexão de banda larga. No entanto, temos um déficit de US$19 bilhões. O investimento em P&D é muito baixo. São dados de 2005. Cresceu, mas é muito baixo.
Então, qual é o foco? Fortalecer a indústria nacional, aumentar os gastos em P&D aqui no País, fortalecer a cadeia produtiva, especialmente de componentes, softwares, games e componentes.
A GE está vindo com investimentos de US$150 milhões em três anos no Fundão; a IBM também US$250 milhões; essas duas empresas são os dois primeiros centros de P&D no Hemisfério Sul. Em cem anos, nunca tinham investido em nenhum país do Hemisfério Sul e estão vindo para o Brasil. A MC2 também, agora, entrou com US$100 milhões. A ZTE com US$200 milhões na região de Hortolândia. A Highway é um programa que ainda não foi detalhado, só anunciado. A Foxconn é uma negociação que está bastante avançada, é um projeto estruturante de grande porte, é uma empresa que já tinha sete mil empregos no Brasil, já produz para a Nokia, para a Sony e para várias outras empresas, e estão criando a primeira planta da Apple fora da China. Já está em produção, como dissemos, o IPod, no Brasil, agora em setembro; já está sendo produzido em Jundiaí, e até dezembro estará entregando os IPads da Apple no mercado brasileiro.
Além disso, estamos negociando um investimento estruturante para produzir tela de display. Só quatro países do mundo fazem isso e todos na Ásia. É um investimento de grande porte. Temos aí um contrato de sigilo nas negociações, mas eu poderia adiantar que está bastante adiantado, estamos bastante otimistas com a possibilidade de trazermos um investimento estruturante.Um investimento como esse é três vezes maior do que uma indústria automobilística. Portanto, estará para a história do Brasil como esteve a indústria automotiva nos anos 50. Muda a estrutura da indústria de tecnologia de informação e comunicação.
No Plano Brasil Maior, todos os programas que fizemos – Capital de Giro, Investimento, PSI – focaram nesse setor como setor estratégico. A desoneração da folha de pagamento ajuda a trazer a indústria de games e software. Já temos 506 mil trabalhadores na indústria de software no Brasil. E vamos agora anunciar, ainda este mês, um grande investimento na área de games, uma grande empresa que está vindo para o Brasil. Portanto, é um esforço grande para desenvolver essa área.
Fábrica de semicondutores
Esse aqui é o Ceitec. Essa é a foto real. É a fábrica de semicondutores que foi construída pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. Queremos colocar para rodar essa fábrica em outubro. Ali queremos formar recursos humanos. Só vinte países produzem semicondutores. E ninguém vai entregar essa tecnologia de graça. Não há essa possibilidade. O Brasil tem de possuir uma estratégia a exemplo do que fez a Embraer. O Brigadeiro Montenegro trouxe o reitor do ITA, montou o ITA e depois começamos a produzir o Xingu, depois o Brasília e, hoje, temos aviões modernos, somos a terceira empresa de aviação no mundo.
Não há outro caminho. A Ceitec vai produzir chip do boi, chip para Casa da Moeda, chip para rastreabilidade de automóvel, mas vai desenvolver recursos humanos, vai estimular a vinda de design house, e vamos ter um saldo importante na nossa indústria.
Paralelamente, estamos negociando com o setor privado a possibilidade de investimento em semicondutores. Temos algumas conversas avançadas.
Algumas indústrias estão trazendo design house para o Brasil. Por exemplo, a Semp Toshiba anunciou uma parceria com Toshiba na área de design house. Estamos, também, com empresa encapsuladora de chips. Vou dar um dado bem interessante. Para se importar uma tonelada de chips, paga-se US$350 mil. Precisa-se de 21 mil toneladas de minério de ferro ou 1.700 toneladas de soja para pagar uma tonelada de chips. O que são chips? Inteligência aplicada, basicamente conhecimento e recursos humanos.
A fábrica fica em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Quem a está dirigindo é o Cylon[NOTA: o sobrenome é Gonçalves, a humanidade está a salvo, aparentemente], quem dirigiu a construção do Sincroton em Campinas, com o professor Rogério Cerqueira Leite, é um físico de grande renome. Estamos na expectativa de começar a rodar. Vamos demorar de um ano a um ano e meio para aprendermos a fazer chips. Mas com essa fábrica, que estará para a história do chip como esteve o Brasília e o Xingu, vamos começar o processo de aprendizado, vamos formar recursos humanos.
Não é uma fábrica que vai começar tendo lucro. É uma fábrica cujo papel é um laboratório-fábrica de formar recursos humanos estratégicos. E na outra ponta com Ciências sem Fronteiras, estamos fazendo parcerias para colocar engenheiros nas linhas de frente. Uma fábrica de chips moderna precisa de mil engenheiros eletrônicos na linha de produção. Então, não é um desafio qualquer, mas é uma grande possibilidade histórica.
Smart Grid
O grande desafio, agora, é o smart grid, quero dizer uma rede elétrica inteligente em distribuição de energia. Haverá um dispositivo digital, um computador na entrada da sua casa – não um computador, mas um equipamento inteligente – que vai organizar a distribuição de energia. Se se vai lavar a louça, ele vai ligar a máquina uma hora da manhã; a de roupa, às duas horas da manhã; e a geladeira vai desligar no pico. Quer dizer, vai haver uma Internet das coisas inteligentes. Com isso, nós vamos estimular a energia solar doméstica e industrial, porque o excedente de energia voltará para a rede, porque não se consegue armazená-la, e isso será abatido da conta de energia. Então, o smart grid vai dar um grande salto na energia fotovoltaica e na energia elétrica.
Agora nós estamos sendo procurado por grandes empresas, principalmente da Espanha, da Ásia, da China e do Japão, as maiores do mundo, com grande interesse em investir no Brasil, e a Aneel está bem avançada já no edital do Smart Grid. Isso aqui vai mudar a estrutura, a eficiência energética, vai aumentar a eficiência, vai economizar energia, vai racionalizar o sistema e vai impulsionar a eólica e a solar, principalmente a solar em que o Brasil tem um potencial fantástico. É uma energia limpa. Agora, nós precisamos desenvolver tecnologia própria.
Minérios para fabricação de eletrônicos
Outro esforço que nós estamos fazendo aqui é para que o Brasil volte a produzir terras raras. Nós éramos produtores no início do século; depois o Japão entrou, a Índia, e, hoje, a China tem 97% da produção de terras raras. São 17 minerais estratégicos. Então, por exemplo, os rotores de eólica são terra rara; carro elétrico, terra rara; silício, terra rara. O Brasil tem grandes jazidas de terras raras. Se nós entrarmos nesse mercado – a Vale tem demonstrado interesse em entrar, e nós estamos negociando fortemente com a Vale a sua entrada nesse segmento -, nós vamos aumentar muito a nossa competitividade nessa área eólica, fotovoltaica e em toda essa indústria portadora de futuro, porque, hoje, a China tem praticamente monopólio da oferta de terras raras. Então, esse é um grande esforço do Ministério.
Tecnologia para acessibilidade
Para concluir, nós estamos desenvolvendo aqui um Programa de Tecnologia Assistida. Esperamos lançá-lo ainda em setembro. Nós pesquisamos com 10 países todos os equipamentos que existem para as pessoas com deficiência – todos! Desde da muleta de carbono até a coisa mais simples, como uma régua que vai ler em Braille, que vai passando pelo livro, tecnologia para pessoas tetrapégicas, quadriplégicas; enfim, muita… O que tem de mais moderno? São mais ou menos 1.200 produtos. Nós vamos lançar uma linha da Finep para a indústria desenvolver essa tecnologia no Brasil, linha de crédito do Banco do Brasil para a compra dos equipamentos pela população de baixa renda, o SUS vai anunciar o que é que vai comprar das áreas-chave, e nós queremos atingir uma população de 20 milhões de pessoas que precisam desse tipo de resposta.
Competições de conhecimento
Estamos avançando na área de comunicação para tentar difundir mais ciência e tecnologia, criar uma cultura da inovação, da tecnologia e da ciência na juventude do Brasil. A Olimpíada de Matemática e de Ciência já é um êxito. Queremos organizar, no ano que vem, a Olimpíada de Tecnologia da Informação.
Nós temos aqui 20 milhões de jovens que participam da Olimpíada de Matemática. Nós damos cinco mil medalhas e bolsas de iniciação científica. Nós tínhamos que dar 10 mil, 30 mil, mas não temos recursos. Queremos abrir agora também na área de TI.
Nós temos aqui toda a área nuclear, o programa espacial, a área de energia limpa, tecnologia da informação, enfim. O Brasil precisa investir mais em ciência, tecnologia e inovação se não quisermos ser um país exportador de commodities. Não podemos ser apenas um país exportador de commodities, por mais convidativos que estejam os preços das commodities. Nós precisamos ser um país industrial, moderno, com valor agregado, olhar para os setores exportadores de futuro, impulsionar nova economia brasileira. E esse é o papel central do nosso Ministério.
De onde virá o dinheiro?
Royalties do petróleo. Sei que é um debate delicado, complexo, tem que ser feito com muito equilíbrio, mas, se derrubarem o veto, o Ministério perderia 900 milhões, este ano, e 12 bilhões e 200 milhões, em nove anos, sem contar o pré-sal – sem contar o pré-sal! Qual é a ponderação que faço? Tem que dividir melhor os royalties, o Brasil tem que pensar os royalties, tem que partilhar melhor com Estados e Municípios, preservando os Estados produtores, porque eles não têm o ICMS na origem, tem que ter bom senso, equilíbrio. Acho que o Senado é a Casa do Pacto Federativo e saberá resolver essa questão.
Mas o que nós pedimos é que tenha uma ênfase em educação, ciência e tecnologia. Por quê? Porque os royalties são uma fonte de receita não renovável. Nós não podemos pegar os royalties e pulverizar na máquina pública governadores, prefeitos, sem nenhuma condicionalidade, porque ele vai acabar. O mundo vai precisar de energias limpas. Qual é o lugar do Brasil no futuro? O que vamos deixar para a futura geração, que não vai ter os royalties do petróleo, não vai ter o pré-sal? Estamos antecipando uma riqueza das futuras gerações. Nós temos que desejar um País capaz de se desenvolver nas áreas tecnológicas, capaz de desenvolver as áreas de futuro, que gerem emprego, que deem sustentabilidade. Então, precisa ter, inclusive para os Municípios e para os Estados, condicionantes no repasse de recursos para investir naquilo que é o futuro. E eu destacaria especialmente nessas áreas de educação, ciência e tecnologia. Então, eu pediria muita atenção a esta discussão e que realmente o Senado busque o equilíbrio, não divida o Brasil em torno disso, mas não aceite a doença holandesa, não pulverize os recursos, porque se a gente olhar o que aconteceu com a Venezuela quando descobriu os grandes campos de petróleo, em 1974, Celso Furtado escreveu um livro dizendo: -Pode virar o primeiro país desenvolvido da América Latina- e eu diria -ou não-. Não precisamos repetir pelo menos os erros que os outros já repetiram. Precisamos focar e usar os recursos dos royalties para dar um salto estratégico no País. Eu diria que educação, ciência e tecnologia têm que ser a prioridade das prioridades, porque é isso que vai gerar uma economia sustentável, competitiva e portadora de futuro.
Senadores visitem, por exemplo, algumas cidades do litoral do Rio de Janeiro. O sujeito faz calçada, faz não sei o quê, desperdiça o recurso, não tem nenhum projeto… Você vai de um município onde há um desperdício completo de recursos públicos a outro município do lado que não tem nada. Quer dizer, é um critério completamente… Sete cidades têm 49% dos royalties do petróleo, e há um abuso completo, desperdício, falta de visão, falta de estratégia.
O Brasil precisa olhar para o futuro, usar os royalties, que são um passaporte para o futuro, se forem bem aplicados. Ou então será a condenação de sermos o que já somos: um país líder na economia do conhecimento natural. Somos o segundo maior produtor de alimentos, somos um grande produtor de minérios, seremos a sexta ou a sétima economia produtora de gás e petróleo, de derivados. Isso vai dar renda, vai dar riqueza, vai dar bem-estar, mas vamos perder aquilo que é o futuro, que é a economia do conhecimento, da informação, é a sociedade da inteligência, que é a sociedade verde e sustentável. E esse é o grande debate desta Casa, porque, se não olharmos o que já aconteceu com os países que produzem petróleo, se não olharmos os erros que foram cometidos… Pelo menos esses erros não podemos cometer. E vamos olhar para os países que tiveram uma boa resposta, como a Noruega, para ver qual é o caminho promissor.
E eu diria: formar uma poupança a longo prazo, priorizar sobretudo a educação, ciência e tecnologia. E não é para a União, não. É para o município, para o estado e para a União. Nós faríamos uma revolução educacional no problema estrutural mais grave do Brasil, que é a educação. E, se resolvermos a educação de qualidade, ciência e tecnologia, construímos outro País, porque desenvolvemos todas as outras áreas que precisamos de desenvolver.
Enviado por luisnassif, qui, 15/09/2011 - 10:28
Por jefcandido
Do Gizmodo Brasil
Muito além do iPad made in Brazil: Os planos de Mercadante para a tecnologia do País
Pedro Burgos
Parece que nos últimos meses Aloízio Mercadante virou o Ministro dos Tablets. Metade das vezes em que ele aparece nos jornais é para dar uma nova data para o iPad Made in Brazil ou estimar em quanto os preços vão cair. Lendo os jornais, parece que ontem não foi diferente: em audiência da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, ele deu uma nova data para o mítico tablet-de-Jundiaí, e há motivos para duvidar novamente. O que muitos ignoram é que a tábua da Apple ocupou uns 20 segundos da fala de horas do ministro. Aos senadores, ele explicou os planos do governo para melhorar a nossa mão-de-obra, premiar bons estudantes, atrair investimentos e virar uma potência em tecnologia. Há um bocado de blablablá de político, é claro, mas alguns dados e programas estratégicosrevelam um plano consistente e promissor. Estou sendo otimista demais? Acompanhamos a audiência e destacamos os principais momentos da fala de Mercadante:
[O texto abaixo foi selecionado, cortado e colado, conforme taquigrafado pelo Senado, levemente editado para clareza (São todas as palavras do ministro). Você pode ler e ouvir a reunião da CAE aqui.]
Investimento em Pesquisa
Vejam que a Coréia investe 2,5% do PIB em pesquisa e desenvolvimento; o Japão, 2,7 do PIB e assim por diante; o Brasil apenas 0,57%, e aqui se incluirmos a Petrobras. Se tirarmos a Petrobras, cai para 0,3. Então, o Estado brasileiro está dentro de um padrão bastante razoável de esforço e investimento em P&D. Nós precisamos criar uma cultura dainovação no setor privado, que está longe disso, por muitas razões que mencionarei ao longo da exposição.
Este aqui é a nossa formação de jovens na graduação. Nós tínhamos 320 mil jovens formandos em 2000; hoje estamos indo para um milhão de jovens formandos. Nós triplicamos, numa década, o volume de formação na graduação. Vocês viram o ranking. O Brasil só tem 26% dos jovens no ensino universitário. É um nível ainda muito baixo para os países em desenvolvimento. E o mais grave é na Engenharia. Nós só formamos 47 mil engenheiros em 800 mil formandos. A Coreia forma um engenheiro para quatro formandos. O Brasil forma um engenheiro para 50 formandos. E caiu a participação relativa das engenharias.
O Governo vai lançar um programa especial para as engenharias, que é um grande desafio que temos pela frente.
Bolsas para estudo no exterior
Este é um programa novo da Presidenta Dilma, que acho que fará muita diferença na história da ciência, da tecnologia e da inovação do Brasil. A meta é atingirmos 75 mil bolsas de estudo, só o Governo, um investimento de R$3 bilhões e 200 milhões, nos próximos três anos, 27 mil e 100 alunos de graduação.
Aqui, quem são os alunos que podem ter acesso ao programa Ciência sem Fronteiras, que é basicamente para áreas de ciências básicas, engenharias e áreas tecnológicas.
A Capes e o CNPq continuarão dando bolsas de estudo para as humanidades e outras áreas, mas o foco é onde há deficiência. Então, são os alunos que tiraram mais de 600 pontos no Enem, que ganharam medalhas nas olimpíadas ou que estão nos programas de iniciação científica. São os melhores alunos do Brasil. A ideia é: os melhores alunos do Brasil nas 50 melhores universidades do mundo, em cada uma das áreas escolhidas, que são as áreas estratégicas de ciências básicas, engenharia e tecnológicas. Nós já lançamos o edital agora, em 1º de setembro, para quatro mil alunos de graduação.Já encaminhamos 200 de pós-graduação. Na graduação, estamos fazendo bolsa de um ano. Queremos que o aluno tenha experiência internacional, mas volte para o Brasil. Se você o mandaele ficar quatro, cinco anos, ele dificilmente volta para o Brasil. Então, a ideia é um compromisso com o País.
Esse programa, apesar de não ter tido grande divulgação na imprensa – alguns veículos deram importância – já tivemos de acesso ao portal, só do CNPq, quatro milhões e meio de acessos. Portanto, mostra que os alunos estão muito interessados, há um grande interesse. As principais revistas científicas internacionais divulgaram com grande destaque o programa. E os resultados estão aparecendo. Por exemplo, tínhamos 14 doutorandos no MIT. Fechamos um acordo para 200 vagas no MIT, 100 vagas em Oxford, 100 vagas em Cambridge. E assim por diante. NYU, 500 vagas. Na Fundação Fraunhofer da Alemanha, vamos assinar 400 vagas em setembro. Fechamos 200 vagas na Academia Chinesa de Ciências. Nas quatro melhores universidades da Coréia, e assim por diante. Nas melhores universidades da Alemanha. Então, estamos fechando acordos, ampliando significativamente o nosso programa de bolsa de estudos e isso fará uma grande diferença, eu diria, na história do Brasil, pelo impacto, pelo volume. E estamos buscando parceria com o setor privado para chegar a cem mil bolsas.
Investimentos estrangeiros no Brasil
Quero falar de algumas cadeias estratégicas e qual o esforço que estamos fazendo.
Na área de tecnologia de informação e comunicação, o Brasil, hoje, é o sétimo mercado do mundo. Faturamos, aqui, US$165 bilhões por ano. Somos o terceiro mercado em computadores, hoje; passamos o Japão. Este ano, o Brasil vai ser o terceiro país onde mais se vende computadores. Somos o quinto mercado de celulares. Estamos com 200 milhões de celulares no mercado. Somos o nono país em expansão de conexão de banda larga. No entanto, temos um déficit de US$19 bilhões. O investimento em P&D é muito baixo. São dados de 2005. Cresceu, mas é muito baixo.
Então, qual é o foco? Fortalecer a indústria nacional, aumentar os gastos em P&D aqui no País, fortalecer a cadeia produtiva, especialmente de componentes, softwares, games e componentes.
A GE está vindo com investimentos de US$150 milhões em três anos no Fundão; a IBM também US$250 milhões; essas duas empresas são os dois primeiros centros de P&D no Hemisfério Sul. Em cem anos, nunca tinham investido em nenhum país do Hemisfério Sul e estão vindo para o Brasil. A MC2 também, agora, entrou com US$100 milhões. A ZTE com US$200 milhões na região de Hortolândia. A Highway é um programa que ainda não foi detalhado, só anunciado. A Foxconn é uma negociação que está bastante avançada, é um projeto estruturante de grande porte, é uma empresa que já tinha sete mil empregos no Brasil, já produz para a Nokia, para a Sony e para várias outras empresas, e estão criando a primeira planta da Apple fora da China. Já está em produção, como dissemos, o IPod, no Brasil, agora em setembro; já está sendo produzido em Jundiaí, e até dezembro estará entregando os IPads da Apple no mercado brasileiro.
Além disso, estamos negociando um investimento estruturante para produzir tela de display. Só quatro países do mundo fazem isso e todos na Ásia. É um investimento de grande porte. Temos aí um contrato de sigilo nas negociações, mas eu poderia adiantar que está bastante adiantado, estamos bastante otimistas com a possibilidade de trazermos um investimento estruturante.Um investimento como esse é três vezes maior do que uma indústria automobilística. Portanto, estará para a história do Brasil como esteve a indústria automotiva nos anos 50. Muda a estrutura da indústria de tecnologia de informação e comunicação.
No Plano Brasil Maior, todos os programas que fizemos – Capital de Giro, Investimento, PSI – focaram nesse setor como setor estratégico. A desoneração da folha de pagamento ajuda a trazer a indústria de games e software. Já temos 506 mil trabalhadores na indústria de software no Brasil. E vamos agora anunciar, ainda este mês, um grande investimento na área de games, uma grande empresa que está vindo para o Brasil. Portanto, é um esforço grande para desenvolver essa área.
Fábrica de semicondutores
Esse aqui é o Ceitec. Essa é a foto real. É a fábrica de semicondutores que foi construída pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. Queremos colocar para rodar essa fábrica em outubro. Ali queremos formar recursos humanos. Só vinte países produzem semicondutores. E ninguém vai entregar essa tecnologia de graça. Não há essa possibilidade. O Brasil tem de possuir uma estratégia a exemplo do que fez a Embraer. O Brigadeiro Montenegro trouxe o reitor do ITA, montou o ITA e depois começamos a produzir o Xingu, depois o Brasília e, hoje, temos aviões modernos, somos a terceira empresa de aviação no mundo.
Não há outro caminho. A Ceitec vai produzir chip do boi, chip para Casa da Moeda, chip para rastreabilidade de automóvel, mas vai desenvolver recursos humanos, vai estimular a vinda de design house, e vamos ter um saldo importante na nossa indústria.
Paralelamente, estamos negociando com o setor privado a possibilidade de investimento em semicondutores. Temos algumas conversas avançadas.
Algumas indústrias estão trazendo design house para o Brasil. Por exemplo, a Semp Toshiba anunciou uma parceria com Toshiba na área de design house. Estamos, também, com empresa encapsuladora de chips. Vou dar um dado bem interessante. Para se importar uma tonelada de chips, paga-se US$350 mil. Precisa-se de 21 mil toneladas de minério de ferro ou 1.700 toneladas de soja para pagar uma tonelada de chips. O que são chips? Inteligência aplicada, basicamente conhecimento e recursos humanos.
A fábrica fica em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Quem a está dirigindo é o Cylon[NOTA: o sobrenome é Gonçalves, a humanidade está a salvo, aparentemente], quem dirigiu a construção do Sincroton em Campinas, com o professor Rogério Cerqueira Leite, é um físico de grande renome. Estamos na expectativa de começar a rodar. Vamos demorar de um ano a um ano e meio para aprendermos a fazer chips. Mas com essa fábrica, que estará para a história do chip como esteve o Brasília e o Xingu, vamos começar o processo de aprendizado, vamos formar recursos humanos.
Não é uma fábrica que vai começar tendo lucro. É uma fábrica cujo papel é um laboratório-fábrica de formar recursos humanos estratégicos. E na outra ponta com Ciências sem Fronteiras, estamos fazendo parcerias para colocar engenheiros nas linhas de frente. Uma fábrica de chips moderna precisa de mil engenheiros eletrônicos na linha de produção. Então, não é um desafio qualquer, mas é uma grande possibilidade histórica.
Smart Grid
O grande desafio, agora, é o smart grid, quero dizer uma rede elétrica inteligente em distribuição de energia. Haverá um dispositivo digital, um computador na entrada da sua casa – não um computador, mas um equipamento inteligente – que vai organizar a distribuição de energia. Se se vai lavar a louça, ele vai ligar a máquina uma hora da manhã; a de roupa, às duas horas da manhã; e a geladeira vai desligar no pico. Quer dizer, vai haver uma Internet das coisas inteligentes. Com isso, nós vamos estimular a energia solar doméstica e industrial, porque o excedente de energia voltará para a rede, porque não se consegue armazená-la, e isso será abatido da conta de energia. Então, o smart grid vai dar um grande salto na energia fotovoltaica e na energia elétrica.
Agora nós estamos sendo procurado por grandes empresas, principalmente da Espanha, da Ásia, da China e do Japão, as maiores do mundo, com grande interesse em investir no Brasil, e a Aneel está bem avançada já no edital do Smart Grid. Isso aqui vai mudar a estrutura, a eficiência energética, vai aumentar a eficiência, vai economizar energia, vai racionalizar o sistema e vai impulsionar a eólica e a solar, principalmente a solar em que o Brasil tem um potencial fantástico. É uma energia limpa. Agora, nós precisamos desenvolver tecnologia própria.
Minérios para fabricação de eletrônicos
Outro esforço que nós estamos fazendo aqui é para que o Brasil volte a produzir terras raras. Nós éramos produtores no início do século; depois o Japão entrou, a Índia, e, hoje, a China tem 97% da produção de terras raras. São 17 minerais estratégicos. Então, por exemplo, os rotores de eólica são terra rara; carro elétrico, terra rara; silício, terra rara. O Brasil tem grandes jazidas de terras raras. Se nós entrarmos nesse mercado – a Vale tem demonstrado interesse em entrar, e nós estamos negociando fortemente com a Vale a sua entrada nesse segmento -, nós vamos aumentar muito a nossa competitividade nessa área eólica, fotovoltaica e em toda essa indústria portadora de futuro, porque, hoje, a China tem praticamente monopólio da oferta de terras raras. Então, esse é um grande esforço do Ministério.
Tecnologia para acessibilidade
Para concluir, nós estamos desenvolvendo aqui um Programa de Tecnologia Assistida. Esperamos lançá-lo ainda em setembro. Nós pesquisamos com 10 países todos os equipamentos que existem para as pessoas com deficiência – todos! Desde da muleta de carbono até a coisa mais simples, como uma régua que vai ler em Braille, que vai passando pelo livro, tecnologia para pessoas tetrapégicas, quadriplégicas; enfim, muita… O que tem de mais moderno? São mais ou menos 1.200 produtos. Nós vamos lançar uma linha da Finep para a indústria desenvolver essa tecnologia no Brasil, linha de crédito do Banco do Brasil para a compra dos equipamentos pela população de baixa renda, o SUS vai anunciar o que é que vai comprar das áreas-chave, e nós queremos atingir uma população de 20 milhões de pessoas que precisam desse tipo de resposta.
Competições de conhecimento
Estamos avançando na área de comunicação para tentar difundir mais ciência e tecnologia, criar uma cultura da inovação, da tecnologia e da ciência na juventude do Brasil. A Olimpíada de Matemática e de Ciência já é um êxito. Queremos organizar, no ano que vem, a Olimpíada de Tecnologia da Informação.
Nós temos aqui 20 milhões de jovens que participam da Olimpíada de Matemática. Nós damos cinco mil medalhas e bolsas de iniciação científica. Nós tínhamos que dar 10 mil, 30 mil, mas não temos recursos. Queremos abrir agora também na área de TI.
Nós temos aqui toda a área nuclear, o programa espacial, a área de energia limpa, tecnologia da informação, enfim. O Brasil precisa investir mais em ciência, tecnologia e inovação se não quisermos ser um país exportador de commodities. Não podemos ser apenas um país exportador de commodities, por mais convidativos que estejam os preços das commodities. Nós precisamos ser um país industrial, moderno, com valor agregado, olhar para os setores exportadores de futuro, impulsionar nova economia brasileira. E esse é o papel central do nosso Ministério.
De onde virá o dinheiro?
Royalties do petróleo. Sei que é um debate delicado, complexo, tem que ser feito com muito equilíbrio, mas, se derrubarem o veto, o Ministério perderia 900 milhões, este ano, e 12 bilhões e 200 milhões, em nove anos, sem contar o pré-sal – sem contar o pré-sal! Qual é a ponderação que faço? Tem que dividir melhor os royalties, o Brasil tem que pensar os royalties, tem que partilhar melhor com Estados e Municípios, preservando os Estados produtores, porque eles não têm o ICMS na origem, tem que ter bom senso, equilíbrio. Acho que o Senado é a Casa do Pacto Federativo e saberá resolver essa questão.
Mas o que nós pedimos é que tenha uma ênfase em educação, ciência e tecnologia. Por quê? Porque os royalties são uma fonte de receita não renovável. Nós não podemos pegar os royalties e pulverizar na máquina pública governadores, prefeitos, sem nenhuma condicionalidade, porque ele vai acabar. O mundo vai precisar de energias limpas. Qual é o lugar do Brasil no futuro? O que vamos deixar para a futura geração, que não vai ter os royalties do petróleo, não vai ter o pré-sal? Estamos antecipando uma riqueza das futuras gerações. Nós temos que desejar um País capaz de se desenvolver nas áreas tecnológicas, capaz de desenvolver as áreas de futuro, que gerem emprego, que deem sustentabilidade. Então, precisa ter, inclusive para os Municípios e para os Estados, condicionantes no repasse de recursos para investir naquilo que é o futuro. E eu destacaria especialmente nessas áreas de educação, ciência e tecnologia. Então, eu pediria muita atenção a esta discussão e que realmente o Senado busque o equilíbrio, não divida o Brasil em torno disso, mas não aceite a doença holandesa, não pulverize os recursos, porque se a gente olhar o que aconteceu com a Venezuela quando descobriu os grandes campos de petróleo, em 1974, Celso Furtado escreveu um livro dizendo: -Pode virar o primeiro país desenvolvido da América Latina- e eu diria -ou não-. Não precisamos repetir pelo menos os erros que os outros já repetiram. Precisamos focar e usar os recursos dos royalties para dar um salto estratégico no País. Eu diria que educação, ciência e tecnologia têm que ser a prioridade das prioridades, porque é isso que vai gerar uma economia sustentável, competitiva e portadora de futuro.
Senadores visitem, por exemplo, algumas cidades do litoral do Rio de Janeiro. O sujeito faz calçada, faz não sei o quê, desperdiça o recurso, não tem nenhum projeto… Você vai de um município onde há um desperdício completo de recursos públicos a outro município do lado que não tem nada. Quer dizer, é um critério completamente… Sete cidades têm 49% dos royalties do petróleo, e há um abuso completo, desperdício, falta de visão, falta de estratégia.
O Brasil precisa olhar para o futuro, usar os royalties, que são um passaporte para o futuro, se forem bem aplicados. Ou então será a condenação de sermos o que já somos: um país líder na economia do conhecimento natural. Somos o segundo maior produtor de alimentos, somos um grande produtor de minérios, seremos a sexta ou a sétima economia produtora de gás e petróleo, de derivados. Isso vai dar renda, vai dar riqueza, vai dar bem-estar, mas vamos perder aquilo que é o futuro, que é a economia do conhecimento, da informação, é a sociedade da inteligência, que é a sociedade verde e sustentável. E esse é o grande debate desta Casa, porque, se não olharmos o que já aconteceu com os países que produzem petróleo, se não olharmos os erros que foram cometidos… Pelo menos esses erros não podemos cometer. E vamos olhar para os países que tiveram uma boa resposta, como a Noruega, para ver qual é o caminho promissor.
E eu diria: formar uma poupança a longo prazo, priorizar sobretudo a educação, ciência e tecnologia. E não é para a União, não. É para o município, para o estado e para a União. Nós faríamos uma revolução educacional no problema estrutural mais grave do Brasil, que é a educação. E, se resolvermos a educação de qualidade, ciência e tecnologia, construímos outro País, porque desenvolvemos todas as outras áreas que precisamos de desenvolver.
Re: Noticias do desenvolvimento nacional que fazem a diferen
Voto de confiança no Brasil
Depois de trabalhar por 21 anos em renomados centros internacionais de pesquisa, o físico brasiliense retorna ao País
Há alguns meses, o físico de partículas Eduardo do Couto e Silva, 44 anos, surpreendeu seus colegas no Laboratório Nacional da Universidade de Stanford (Califórnia), ao anunciar que voltaria ao Brasil. Os demais cientistas estranharam a decisão porque ele havia recém-criado na instituição um grupo de pesquisa de ponta para buscar vestígios de matéria escura – o ingrediente que forma a maior parte do Universo, mas permanece um mistério para a ciência – em uma mina de níquel no Canadá, projeto que parecia consolidar definitivamente uma vitoriosa carreira internacional.
Trabalhando no mesmo laboratório, ao lado de alguns ganhadores do Prêmio Nobel, Silva desempenhou papel-chave na construção e no lançamento do Telescópio Fermi, equipamento revolucionário que consegue visualizar ao mesmo tempo grande parte do Universo e busca, por meio da detecção de raios gama, explicar a composição da mesma matéria escura. O currículo do cientista, que deixou o Brasil em 1989, depois de concluir sua graduação na Universidade de Brasília (UnB), inclui ainda uma longa passagem pelo Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern), instituição de excelência mundial em física nuclear.
Na sua primeira entrevista desde que assumiu, há duas semanas, o posto de especialista visitante no Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), associação civil que tem a missão de realizar estudos que possam orientar as políticas de ciência e tecnologia do país, o físico, nascido em Brasília, explica o que o motivou a retornar ao país e conta quais são seus planos: “Eu vim para aprender o que é fazer ciência no Brasil”.
Por que o senhor decidiu voltar para o Brasil?
Eu posso buscar a resposta em Gonçalves Dias, na Canção do Exílio: “Não permita Deus que eu morra sem que eu volte para lá”. Foi uma questão pessoal, portanto. Depois de muito tempo, surgiu a vontade de estar perto da família. Além disso, o Brasil é uma democracia bem estabelecida que nos últimos anos adquiriu estabilidade econômica. Hoje, temos condições de planejar, e existe uma vontade do governo brasileiro de levar a agenda de ciência e tecnologia para frente.
E por que a volta ocorreu agora exatamente?
Voltar muito antes talvez não fizesse sentido, porque eu precisava adquirir experiência. Eu cheguei ao ápice da minha carreira profissional neste último ano e precisava disso para validar tudo o que eu tinha aprendido. Ao mesmo tempo, em 2007, eu me envolvi com os Conselhos de Cidadãos, fóruns criados pelo governo brasileiro para se aproximar da sociedade civil no exterior. Ali, tive contato com sociólogos e pessoas de outras áreas, e aquilo despertou um sentimento de brasilidade em mim. Além disso, depois de tantos anos fora do Brasil, você começa a se perguntar se está ou não na hora de voltar. Existe uma idade para voltar, e acho que já estava passando da idade.
Como seus colegas reagiram à sua decisão?
Muitos olharam para mim e pensaram: “O Eduardo planejou montar um grupo de pesquisa nos últimos anos, conseguiu criar esse grupo, está num dos centros intelectuais mais importantes do mundo, tem uma carreira bem definida e está jogando tudo fora”. Eu estou saindo por uma questão pessoal, e isso é complicado para as pessoas entenderem, principalmente para os americanos, que se movem muito em função do emprego. E eu não tinha emprego quando tomei a decisão.
O senhor não sabia o que faria aqui?
O CGEE não tinha me dado uma resposta quando eu falei para os americanos que eu queria voltar. E aí as pessoas se assustaram mais ainda. Chegaram ao ponto de me perguntar se eu tinha consultado um psicólogo.
E consultou?
(Risos) O que teve de gente dando palpite como psicólogo, você não imagina. Mas não é uma decisão que você toma da noite para o dia. Ela vai amadurecendo. Mas muita gente não aceitou. Eu ouvi de físicos proeminentes: “Foi seu maior erro profissional”. E eu falei: “Espero poder voltar aqui e mostrar para você que não foi”. Mas também houve um grupo reduzido de pessoas, cientistas eminentes, que me falaram: “Eduardo, é um passo muito grande. E quando fazemos algo assim e dá certo, isso acaba tendo um significado e um impacto muito profundos”.
O que o senhor está fazendo ou pretende fazer no CGEE?
Nos últimos anos, eu fazia menos pesquisa e me dedicava muito ao gerenciamento e ao planejamento de projetos, e tomei gosto por isso. O CGEE é uma referência no país ao fazer estudos prospectivos que podem subsidiar as políticas de ciência, tecnologia e inovação. Eu venho para participar de equipes que já fazem trabalhos assim, vou colaborar. Mas, na verdade, eu vim para aprender o que é fazer ciência e tecnologia no Brasil. Seria pretensão dizer: “Olha, eu fiz isso nos Estados Unidos, na Europa, a gente tem de fazer isso aqui”. Não funciona assim. São realidades diferentes. E existe uma diferença entre colaborar e ajudar. O Brasil não precisa da minha ajuda.
Não?
O Brasil está muito bem. Ele precisa da minha colaboração, talvez. E ainda precisamos descobrir qual é a melhor área para eu participar.
E o que o senhor já percebeu sobre a ciência no país? Fazer ciência no Brasil é interessante? Vale a pena, por exemplo, vir estudar aqui?
Fazer pós-doutorado no Brasil está muito atraente, pela posição que o país começa a assumir no cenário internacional. Eu acho que, na próxima década, passaremos a nos preocupar com problemas maiores em ciência e tecnologia. Eu acredito em colaborações internacionais, em projetos de grande porte e acho que o Brasil vai chegar a esse patamar. Se esse for o caminho que o Brasil escolher, acho que posso contribuir. Se não for, mesmo assim, minha experiência pode ser útil.
Além de trabalhar com projetos de pesquisa de ponta na Universidade de Stanford, o senhor se dedicava muito à divulgação científica. Ela é fundamental para que as pessoas percebam a importância dos investimentos em ciência, não?
Eu posso dar um exemplo. Quando você digita no computador http para ir a um site, talvez você não saiba, mas aquilo ali foi desenvolvido em um laboratório de partículas, o Cern. Foi um protocolo criado para a comunicação entre os pesquisadores. E veja o que virou. Mas isso não pode ser escrito em um projeto. Você não envia ao governo uma proposta para criar um laboratório porque ele vai dar na internet. Quando você faz pesquisa fundamental, há uma série de benefícios que surgem, às vezes de forma imediata, outras depois de 20 anos. Quando a mecânica quântica foi desenvolvida, ninguém sabia que ela daria origem aos transístores, que permitiram a construção dos computadores. O público precisa ter noção do que é pesquisa fundamental. Ela leva você à fronteira do conhecimento, e isso é fundamental para países que ambicionam a liderança científica e tecnológica.
Também em Stanford, o senhor teve uma importante participação na construção do Telescópio Fermi. Ele já nos trouxe resultados?
É bom que você tenha perguntado se já nos trouxe resultado, porque o que se espera é que os resultados demorem. Mas, por incrível que pareça, trouxe. Antes, porém, preciso explicar um pouco sobre os raios gama, que é o que estamos estudando. Eles têm um comprimento de onda muito curto, mais ou menos igual às distâncias interatômicas, e são muito mais penetrantes que os raios X. Se você quiser observá-los com um telescópio comum, terá dificuldade, porque eles atravessam a matéria. Para detectá-los, precisávamos de uma tecnologia totalmente nova, que veio da área de detecção de partículas. O primeiro grande resultado foi alcançado antes de ligarmos o Fermi: colocamos as comunidades de astrofísica e de física de partículas para trabalhar juntas.
E depois de lançado, que resultados o Fermi trouxe?
Existem galáxias cujo núcleo de repente entra em ignição e emite jatos de raio gama poderosíssimos, que percorrem distâncias surpreendentes sem serem perturbados. O que promove isso? Algumas teorias dizem que buracos negros rodando em alta velocidade fornecem a energia para essa ignição. Esses objetos eram estudados de forma pontual, porque você tinha de estar apontando para eles na hora da ignição. Já o Fermi tem um campo de visão muito amplo, ele vê grande parte do Universo ao mesmo tempo. Antes dele, conhecíamos cerca de 70 desses objetos, hoje temos milhares, em apenas dois anos de funcionamento. Outra área interessante é a de pulsares. No fim da vida de uma estrela, ela se transforma numa estrela de nêutrons que, em certos casos, pode emitir radiação com frequência bem definida. De onde vem essa radiação? Não se sabe. Até 2008, só conhecíamos seis pulsares emitindo raios gama. Depois do Fermi, eles são quase uma centena. Dentro de cinco ou 10 anos, poderemos juntar essas informações e dizer se foi uma descoberta importante, mas ainda estamos garimpando.
E a busca por matéria escura?
O Fermi é um dos instrumentos mais importantes na detecção de matéria escura. Nosso Universo é constituído basicamente por três coisas: a matéria como essa que conhecemos aqui; a matéria escura, que não emite luz e não sabemos ainda o que é; e tem ainda outra coisa, responsável pela expansão do Universo, que chamamos de energia escura. A matéria escura e a energia escura correspondem a 96% do Universo. A gente acredita que a matéria escura possa ter origem em partículas que ainda não foram descobertas, e existe uma corrida grande para encontrá-las, seja num laboratório de partículas, seja no espaço, seja nesse experimento que eu estava trabalhando até recentemente, que busca a matéria escura em uma mina de níquel no Canadá. Agora, se você não vê essa matéria, como é que você pode medi-la? É que, como ela é matéria, ela tem o efeito gravitacional, e medindo esse efeito você infere sua existência. No nosso caso, a teoria diz que, se há uma partícula que forma a matéria escura, ela vai se encontrar com sua antipartícula e produzir energia. E essa energia vai emitir raios gama. É dessa maneira que a gente vai detectá-la com o Fermi. Verdade ou não, não sei. Estamos correndo atrás.
Para muitos leigos, o fato de a ciência não conhecer o que forma a maior parte do Universo é a evidência da existência de Deus. Como o senhor lida com isso?
Sua pergunta parece ser: como são os conceitos de Deus e de religiosidade para um cientista que trabalha com a origem e a evolução do Universo? É complexo, primeiro porque a gente tem de estabelecer os limites. O que é a origem do Universo para nós, físicos? A gente acredita no big bang. Mas uma coisa sutil e importante sobre o processo do big bang é que o espaço e o tempo foram criados naquele momento. Se espaço e tempo foram criados, você não pode me perguntar o que havia antes. Ah, mas isso é um subterfúgio dos pesquisadores? Não é. Isso é uma teoria consistente, pela qual você consegue explicar a origem e a evolução do Universo. Então, quando você me pergunta o que acontece antes ou além disso, você está me fazendo uma pergunta fora da física, metafísica, que, como físico, não posso responder. Mas como Eduardo, como ser humano, eu posso. Eu acredito que exista algo mais, além da física. Eu não tenho vergonha de admitir isso. Eu acho que o ser humano deve ser algo mais do que aquilo que conseguimos medir aqui, pelas próprias coisas que a gente vê na natureza. A gente se maravilha com várias coisas complicadas de explicar. Talvez eu acredite nisso porque ainda não vi a explicação. Talvez, um dia, quando a explicação me for dada, eu não acredite mais, mas hoje eu acredito.
Se lhe oferecessem a oportunidade de desenvolver qualquer projeto no Brasil, o senhor teria algo para propor agora?
Se eu tivesse um projeto para propor, eu estaria acreditando que conheço mais sobre a realidade da ciência brasileira do que eu realmente sei. Eu preciso de um tempo no Brasil para entender quais são as reais necessidades. De repente, eu não preciso construir nada, eu só preciso colaborar com o que já existe. Mas tenho ideias, obviamente. Eu trabalhei em colaborações internacionais, em centros renomados de instrumentação, tenho experiência técnica em administração, em planejamento. Lendo relatórios da Sociedade Brasileira de Física você vê que um dos grandes desafios do Brasil é a instrumentação científica, que tem uma relação muito forte com o desenvolvimento da indústria, que leva à questão da inovação, que, por sua vez, é outro problema. Outro desafio para o Brasil é o de recursos, de pessoal altamente qualificado. Tudo isso pode ser tratado num ambiente parecido com o que eu vivia lá fora. Um centro de instrumentação de excelência poderia ser um negócio bacana. Mas será que isso é o que o Brasil precisa? Eu não sei, eu não tenho a pretensão de dizer isso. Gostaria de fazer um estudo para saber se é isso que o Brasil precisa? Se for de interesse do Brasil, sim. (Correio Braziliense).
Fonte: Jornal da Ciência
Depois de trabalhar por 21 anos em renomados centros internacionais de pesquisa, o físico brasiliense retorna ao País
Há alguns meses, o físico de partículas Eduardo do Couto e Silva, 44 anos, surpreendeu seus colegas no Laboratório Nacional da Universidade de Stanford (Califórnia), ao anunciar que voltaria ao Brasil. Os demais cientistas estranharam a decisão porque ele havia recém-criado na instituição um grupo de pesquisa de ponta para buscar vestígios de matéria escura – o ingrediente que forma a maior parte do Universo, mas permanece um mistério para a ciência – em uma mina de níquel no Canadá, projeto que parecia consolidar definitivamente uma vitoriosa carreira internacional.
Trabalhando no mesmo laboratório, ao lado de alguns ganhadores do Prêmio Nobel, Silva desempenhou papel-chave na construção e no lançamento do Telescópio Fermi, equipamento revolucionário que consegue visualizar ao mesmo tempo grande parte do Universo e busca, por meio da detecção de raios gama, explicar a composição da mesma matéria escura. O currículo do cientista, que deixou o Brasil em 1989, depois de concluir sua graduação na Universidade de Brasília (UnB), inclui ainda uma longa passagem pelo Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern), instituição de excelência mundial em física nuclear.
Na sua primeira entrevista desde que assumiu, há duas semanas, o posto de especialista visitante no Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), associação civil que tem a missão de realizar estudos que possam orientar as políticas de ciência e tecnologia do país, o físico, nascido em Brasília, explica o que o motivou a retornar ao país e conta quais são seus planos: “Eu vim para aprender o que é fazer ciência no Brasil”.
Por que o senhor decidiu voltar para o Brasil?
Eu posso buscar a resposta em Gonçalves Dias, na Canção do Exílio: “Não permita Deus que eu morra sem que eu volte para lá”. Foi uma questão pessoal, portanto. Depois de muito tempo, surgiu a vontade de estar perto da família. Além disso, o Brasil é uma democracia bem estabelecida que nos últimos anos adquiriu estabilidade econômica. Hoje, temos condições de planejar, e existe uma vontade do governo brasileiro de levar a agenda de ciência e tecnologia para frente.
E por que a volta ocorreu agora exatamente?
Voltar muito antes talvez não fizesse sentido, porque eu precisava adquirir experiência. Eu cheguei ao ápice da minha carreira profissional neste último ano e precisava disso para validar tudo o que eu tinha aprendido. Ao mesmo tempo, em 2007, eu me envolvi com os Conselhos de Cidadãos, fóruns criados pelo governo brasileiro para se aproximar da sociedade civil no exterior. Ali, tive contato com sociólogos e pessoas de outras áreas, e aquilo despertou um sentimento de brasilidade em mim. Além disso, depois de tantos anos fora do Brasil, você começa a se perguntar se está ou não na hora de voltar. Existe uma idade para voltar, e acho que já estava passando da idade.
Como seus colegas reagiram à sua decisão?
Muitos olharam para mim e pensaram: “O Eduardo planejou montar um grupo de pesquisa nos últimos anos, conseguiu criar esse grupo, está num dos centros intelectuais mais importantes do mundo, tem uma carreira bem definida e está jogando tudo fora”. Eu estou saindo por uma questão pessoal, e isso é complicado para as pessoas entenderem, principalmente para os americanos, que se movem muito em função do emprego. E eu não tinha emprego quando tomei a decisão.
O senhor não sabia o que faria aqui?
O CGEE não tinha me dado uma resposta quando eu falei para os americanos que eu queria voltar. E aí as pessoas se assustaram mais ainda. Chegaram ao ponto de me perguntar se eu tinha consultado um psicólogo.
E consultou?
(Risos) O que teve de gente dando palpite como psicólogo, você não imagina. Mas não é uma decisão que você toma da noite para o dia. Ela vai amadurecendo. Mas muita gente não aceitou. Eu ouvi de físicos proeminentes: “Foi seu maior erro profissional”. E eu falei: “Espero poder voltar aqui e mostrar para você que não foi”. Mas também houve um grupo reduzido de pessoas, cientistas eminentes, que me falaram: “Eduardo, é um passo muito grande. E quando fazemos algo assim e dá certo, isso acaba tendo um significado e um impacto muito profundos”.
O que o senhor está fazendo ou pretende fazer no CGEE?
Nos últimos anos, eu fazia menos pesquisa e me dedicava muito ao gerenciamento e ao planejamento de projetos, e tomei gosto por isso. O CGEE é uma referência no país ao fazer estudos prospectivos que podem subsidiar as políticas de ciência, tecnologia e inovação. Eu venho para participar de equipes que já fazem trabalhos assim, vou colaborar. Mas, na verdade, eu vim para aprender o que é fazer ciência e tecnologia no Brasil. Seria pretensão dizer: “Olha, eu fiz isso nos Estados Unidos, na Europa, a gente tem de fazer isso aqui”. Não funciona assim. São realidades diferentes. E existe uma diferença entre colaborar e ajudar. O Brasil não precisa da minha ajuda.
Não?
O Brasil está muito bem. Ele precisa da minha colaboração, talvez. E ainda precisamos descobrir qual é a melhor área para eu participar.
E o que o senhor já percebeu sobre a ciência no país? Fazer ciência no Brasil é interessante? Vale a pena, por exemplo, vir estudar aqui?
Fazer pós-doutorado no Brasil está muito atraente, pela posição que o país começa a assumir no cenário internacional. Eu acho que, na próxima década, passaremos a nos preocupar com problemas maiores em ciência e tecnologia. Eu acredito em colaborações internacionais, em projetos de grande porte e acho que o Brasil vai chegar a esse patamar. Se esse for o caminho que o Brasil escolher, acho que posso contribuir. Se não for, mesmo assim, minha experiência pode ser útil.
Além de trabalhar com projetos de pesquisa de ponta na Universidade de Stanford, o senhor se dedicava muito à divulgação científica. Ela é fundamental para que as pessoas percebam a importância dos investimentos em ciência, não?
Eu posso dar um exemplo. Quando você digita no computador http para ir a um site, talvez você não saiba, mas aquilo ali foi desenvolvido em um laboratório de partículas, o Cern. Foi um protocolo criado para a comunicação entre os pesquisadores. E veja o que virou. Mas isso não pode ser escrito em um projeto. Você não envia ao governo uma proposta para criar um laboratório porque ele vai dar na internet. Quando você faz pesquisa fundamental, há uma série de benefícios que surgem, às vezes de forma imediata, outras depois de 20 anos. Quando a mecânica quântica foi desenvolvida, ninguém sabia que ela daria origem aos transístores, que permitiram a construção dos computadores. O público precisa ter noção do que é pesquisa fundamental. Ela leva você à fronteira do conhecimento, e isso é fundamental para países que ambicionam a liderança científica e tecnológica.
Também em Stanford, o senhor teve uma importante participação na construção do Telescópio Fermi. Ele já nos trouxe resultados?
É bom que você tenha perguntado se já nos trouxe resultado, porque o que se espera é que os resultados demorem. Mas, por incrível que pareça, trouxe. Antes, porém, preciso explicar um pouco sobre os raios gama, que é o que estamos estudando. Eles têm um comprimento de onda muito curto, mais ou menos igual às distâncias interatômicas, e são muito mais penetrantes que os raios X. Se você quiser observá-los com um telescópio comum, terá dificuldade, porque eles atravessam a matéria. Para detectá-los, precisávamos de uma tecnologia totalmente nova, que veio da área de detecção de partículas. O primeiro grande resultado foi alcançado antes de ligarmos o Fermi: colocamos as comunidades de astrofísica e de física de partículas para trabalhar juntas.
E depois de lançado, que resultados o Fermi trouxe?
Existem galáxias cujo núcleo de repente entra em ignição e emite jatos de raio gama poderosíssimos, que percorrem distâncias surpreendentes sem serem perturbados. O que promove isso? Algumas teorias dizem que buracos negros rodando em alta velocidade fornecem a energia para essa ignição. Esses objetos eram estudados de forma pontual, porque você tinha de estar apontando para eles na hora da ignição. Já o Fermi tem um campo de visão muito amplo, ele vê grande parte do Universo ao mesmo tempo. Antes dele, conhecíamos cerca de 70 desses objetos, hoje temos milhares, em apenas dois anos de funcionamento. Outra área interessante é a de pulsares. No fim da vida de uma estrela, ela se transforma numa estrela de nêutrons que, em certos casos, pode emitir radiação com frequência bem definida. De onde vem essa radiação? Não se sabe. Até 2008, só conhecíamos seis pulsares emitindo raios gama. Depois do Fermi, eles são quase uma centena. Dentro de cinco ou 10 anos, poderemos juntar essas informações e dizer se foi uma descoberta importante, mas ainda estamos garimpando.
E a busca por matéria escura?
O Fermi é um dos instrumentos mais importantes na detecção de matéria escura. Nosso Universo é constituído basicamente por três coisas: a matéria como essa que conhecemos aqui; a matéria escura, que não emite luz e não sabemos ainda o que é; e tem ainda outra coisa, responsável pela expansão do Universo, que chamamos de energia escura. A matéria escura e a energia escura correspondem a 96% do Universo. A gente acredita que a matéria escura possa ter origem em partículas que ainda não foram descobertas, e existe uma corrida grande para encontrá-las, seja num laboratório de partículas, seja no espaço, seja nesse experimento que eu estava trabalhando até recentemente, que busca a matéria escura em uma mina de níquel no Canadá. Agora, se você não vê essa matéria, como é que você pode medi-la? É que, como ela é matéria, ela tem o efeito gravitacional, e medindo esse efeito você infere sua existência. No nosso caso, a teoria diz que, se há uma partícula que forma a matéria escura, ela vai se encontrar com sua antipartícula e produzir energia. E essa energia vai emitir raios gama. É dessa maneira que a gente vai detectá-la com o Fermi. Verdade ou não, não sei. Estamos correndo atrás.
Para muitos leigos, o fato de a ciência não conhecer o que forma a maior parte do Universo é a evidência da existência de Deus. Como o senhor lida com isso?
Sua pergunta parece ser: como são os conceitos de Deus e de religiosidade para um cientista que trabalha com a origem e a evolução do Universo? É complexo, primeiro porque a gente tem de estabelecer os limites. O que é a origem do Universo para nós, físicos? A gente acredita no big bang. Mas uma coisa sutil e importante sobre o processo do big bang é que o espaço e o tempo foram criados naquele momento. Se espaço e tempo foram criados, você não pode me perguntar o que havia antes. Ah, mas isso é um subterfúgio dos pesquisadores? Não é. Isso é uma teoria consistente, pela qual você consegue explicar a origem e a evolução do Universo. Então, quando você me pergunta o que acontece antes ou além disso, você está me fazendo uma pergunta fora da física, metafísica, que, como físico, não posso responder. Mas como Eduardo, como ser humano, eu posso. Eu acredito que exista algo mais, além da física. Eu não tenho vergonha de admitir isso. Eu acho que o ser humano deve ser algo mais do que aquilo que conseguimos medir aqui, pelas próprias coisas que a gente vê na natureza. A gente se maravilha com várias coisas complicadas de explicar. Talvez eu acredite nisso porque ainda não vi a explicação. Talvez, um dia, quando a explicação me for dada, eu não acredite mais, mas hoje eu acredito.
Se lhe oferecessem a oportunidade de desenvolver qualquer projeto no Brasil, o senhor teria algo para propor agora?
Se eu tivesse um projeto para propor, eu estaria acreditando que conheço mais sobre a realidade da ciência brasileira do que eu realmente sei. Eu preciso de um tempo no Brasil para entender quais são as reais necessidades. De repente, eu não preciso construir nada, eu só preciso colaborar com o que já existe. Mas tenho ideias, obviamente. Eu trabalhei em colaborações internacionais, em centros renomados de instrumentação, tenho experiência técnica em administração, em planejamento. Lendo relatórios da Sociedade Brasileira de Física você vê que um dos grandes desafios do Brasil é a instrumentação científica, que tem uma relação muito forte com o desenvolvimento da indústria, que leva à questão da inovação, que, por sua vez, é outro problema. Outro desafio para o Brasil é o de recursos, de pessoal altamente qualificado. Tudo isso pode ser tratado num ambiente parecido com o que eu vivia lá fora. Um centro de instrumentação de excelência poderia ser um negócio bacana. Mas será que isso é o que o Brasil precisa? Eu não sei, eu não tenho a pretensão de dizer isso. Gostaria de fazer um estudo para saber se é isso que o Brasil precisa? Se for de interesse do Brasil, sim. (Correio Braziliense).
Fonte: Jornal da Ciência
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Re: Noticias do desenvolvimento nacional que fazem a diferen
Eu tinha muita desconfiança em relação ao Ministro Mercadante, mas ele tem se saido muito melhor do eu esperava e é disparado um dos melhores ministros do atual governo.
"O que tem que ser feito, tem que ser bem feito, tem que ser perfeito.
Uma vez PE, sempre PE!"
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Re: Noticias do desenvolvimento nacional que fazem a diferen
Concordo, eu mesmo já disse em outro tópico que ele vem fazendo um excelente trabalho.brasil70 escreveu:Eu tinha muita desconfiança em relação ao Ministro Mercadante, mas ele tem se saido muito melhor do eu esperava e é disparado um dos melhores ministros do atual governo.
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Re: Noticias do desenvolvimento nacional que fazem a diferen
Governo desonera fornecedores da Defesa
Enviado por luisnassif, qui, 15/09/2011 - 10:00
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Do Valor Econômico
Empresas consideradas estratégicas para defesa terão isenção de impostos
Por Sergio Leo | De Brasília
Empresas classificadas como estratégicas para a defesa nacional ganharão um pacote de incentivos, com isenção do pagamento de IPI e PIS/Cofins, segundo medida provisória em fase final de revisão na Casa Civil da Presidência. A MP, que será enviada ao Congresso nos próximos dias, complementa a decisão, divulgada com o plano Brasil Maior, de dar preferência a fornecedores nacionais para ministérios como o da Defesa, que poderá pagar até 25% a mais nas compras dessas empresas.
Entre as empresas que o governo espera ver beneficiadas com os incentivos, estão - além das companhias de menor porte fornecedoras das Forças Armadas, como a Avibrás - gigantes como a Embraer e a Odebrecht, que criou este ano uma subsidiária só para o setor de defesa, reunindo suas participações em empresas de tecnologia aeroespacial, sistemas de segurança e construção de submarinos.
A isenção será concedida por cinco anos aos projetos de fabricação submetidos ao Ministério da Defesa e aprovados pelo governo. A medida provisória, elaborada por cinco ministérios (Defesa, Planejamento, Fazenda, Desenvolvimento e Ciência e Tecnologia), estabelece que as empresas beneficiárias devem ter controle de capital nacional, instalar-se no país e se comprometer com investimento em ciência e tecnologia.
As empresas candidatas ao regime tributário especial a ser criado terão de ter brasileiros em pelo menos dois terços de seu capital e do conselho de administração, e comprovar a existência de acordo de parceria com instituição científica ou tecnológica brasileira.
Os responsáveis pela MP comparam o regime a uma "golden share", que permitirá ao governo maior controle sobre investimentos e produção de material de defesa, como equipamentos aéreos, navais e terrestres, de comunicação e inteligência com usos militares.
Entre os técnicos que lidam com o tema, é lembrado o exemplo da ex-subsidiária da Petrobras responsável pela produção de combustível sólido para o programa brasileiro de satélites, a Petroflex. Privatizada, a companhia foi vendida à Suzano e, depois, adquirida por um grupo alemão, Lanxess, que interrompeu a fabricação de um dos componentes essenciais para o combustível sólido.
Além de aumentar a competitividade das companhias nacionais existentes, o governo quer estimular empresas estrangeiras a procurar sócios nacionais para investir em transferência tecnológica nos produtos a serem fornecidos para as Forças Armadas e setores de segurança dos governos estaduais.
Os fabricantes nacionais se queixam de que os concorrentes estrangeiros são isentos de imposto, enquanto os produtores nacionais são submetidos a uma carga tributária de até 40% - que seria reduzida ou eliminada com a medida provisória a ser editada nos próximos dias.
"É uma decisão que vai mudar o perfil do modelo de negócios no setor", comemorou o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luis Carlos Aguiar. A redução da carga tributária para o setor é um "diferencial importante", avaliou Aguiar.
"O mercado de defesa no Brasil deve ser um dos mais abertos à participação estrangeira", comentou o executivo, lembrando que, para a venda de aviões Super Tucanos nos Estados Unidos, foi obrigado a entrar em licitação como fornecedor de uma empresa americana, autorizada a participar da concorrência governamental.
Com a aprovação do incentivo fiscal para a indústria de defesa, as empresas do setor passam a alimentar a expectativa que o governo crie uma solução para o maior obstáculo encontrado pelos fornecedores das Forças Armadas, ou seja, a incerteza sobre a manutenção dos recursos orçamentários. O planejamento dos investimentos no setor é afetado pela descontinuidade na liberação de verbas para os projetos. Segundo Aguiar, o contingenciamento tem afetado até recursos com empenho garantido
Enviado por luisnassif, qui, 15/09/2011 - 10:00
Por raquel_
Do Valor Econômico
Empresas consideradas estratégicas para defesa terão isenção de impostos
Por Sergio Leo | De Brasília
Empresas classificadas como estratégicas para a defesa nacional ganharão um pacote de incentivos, com isenção do pagamento de IPI e PIS/Cofins, segundo medida provisória em fase final de revisão na Casa Civil da Presidência. A MP, que será enviada ao Congresso nos próximos dias, complementa a decisão, divulgada com o plano Brasil Maior, de dar preferência a fornecedores nacionais para ministérios como o da Defesa, que poderá pagar até 25% a mais nas compras dessas empresas.
Entre as empresas que o governo espera ver beneficiadas com os incentivos, estão - além das companhias de menor porte fornecedoras das Forças Armadas, como a Avibrás - gigantes como a Embraer e a Odebrecht, que criou este ano uma subsidiária só para o setor de defesa, reunindo suas participações em empresas de tecnologia aeroespacial, sistemas de segurança e construção de submarinos.
A isenção será concedida por cinco anos aos projetos de fabricação submetidos ao Ministério da Defesa e aprovados pelo governo. A medida provisória, elaborada por cinco ministérios (Defesa, Planejamento, Fazenda, Desenvolvimento e Ciência e Tecnologia), estabelece que as empresas beneficiárias devem ter controle de capital nacional, instalar-se no país e se comprometer com investimento em ciência e tecnologia.
As empresas candidatas ao regime tributário especial a ser criado terão de ter brasileiros em pelo menos dois terços de seu capital e do conselho de administração, e comprovar a existência de acordo de parceria com instituição científica ou tecnológica brasileira.
Os responsáveis pela MP comparam o regime a uma "golden share", que permitirá ao governo maior controle sobre investimentos e produção de material de defesa, como equipamentos aéreos, navais e terrestres, de comunicação e inteligência com usos militares.
Entre os técnicos que lidam com o tema, é lembrado o exemplo da ex-subsidiária da Petrobras responsável pela produção de combustível sólido para o programa brasileiro de satélites, a Petroflex. Privatizada, a companhia foi vendida à Suzano e, depois, adquirida por um grupo alemão, Lanxess, que interrompeu a fabricação de um dos componentes essenciais para o combustível sólido.
Além de aumentar a competitividade das companhias nacionais existentes, o governo quer estimular empresas estrangeiras a procurar sócios nacionais para investir em transferência tecnológica nos produtos a serem fornecidos para as Forças Armadas e setores de segurança dos governos estaduais.
Os fabricantes nacionais se queixam de que os concorrentes estrangeiros são isentos de imposto, enquanto os produtores nacionais são submetidos a uma carga tributária de até 40% - que seria reduzida ou eliminada com a medida provisória a ser editada nos próximos dias.
"É uma decisão que vai mudar o perfil do modelo de negócios no setor", comemorou o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luis Carlos Aguiar. A redução da carga tributária para o setor é um "diferencial importante", avaliou Aguiar.
"O mercado de defesa no Brasil deve ser um dos mais abertos à participação estrangeira", comentou o executivo, lembrando que, para a venda de aviões Super Tucanos nos Estados Unidos, foi obrigado a entrar em licitação como fornecedor de uma empresa americana, autorizada a participar da concorrência governamental.
Com a aprovação do incentivo fiscal para a indústria de defesa, as empresas do setor passam a alimentar a expectativa que o governo crie uma solução para o maior obstáculo encontrado pelos fornecedores das Forças Armadas, ou seja, a incerteza sobre a manutenção dos recursos orçamentários. O planejamento dos investimentos no setor é afetado pela descontinuidade na liberação de verbas para os projetos. Segundo Aguiar, o contingenciamento tem afetado até recursos com empenho garantido
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Re: Noticias do desenvolvimento nacional que fazem a diferen
Parabéns à Embrapa! Grande conquista, que trará benefícios econômicos, sociais, ambientais...
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Edição do dia 15/09/2011
15/09/2011 21h28 - Atualizado em 15/09/2011 21h28
Conselho aprova o feijão transgênico desenvolvido por cientistas brasileiros
O produto deverá demorar três anos para chegar aos produtores.
O Conselho Técnico Nacional de Biossegurança - órgão consultivo do governo para produtos geneticamente modificados - aprovou hoje o feijão transgênico, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
O produto resiste a uma das maiores doenças da cultura do feijão: o mosaico dourado, transmitido pela mosca branca.
O feijão transgênico ainda irá passar por alguns procedimentos técnicos e as sementes deverão chegar aos produtores em três anos.
Fonte: JN/G1
http://g1.globo.com/jornal-nacional/not ... eiros.html
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Edição do dia 15/09/2011
15/09/2011 21h28 - Atualizado em 15/09/2011 21h28
Conselho aprova o feijão transgênico desenvolvido por cientistas brasileiros
O produto deverá demorar três anos para chegar aos produtores.
O Conselho Técnico Nacional de Biossegurança - órgão consultivo do governo para produtos geneticamente modificados - aprovou hoje o feijão transgênico, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
O produto resiste a uma das maiores doenças da cultura do feijão: o mosaico dourado, transmitido pela mosca branca.
O feijão transgênico ainda irá passar por alguns procedimentos técnicos e as sementes deverão chegar aos produtores em três anos.
Fonte: JN/G1
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Re: Noticias do desenvolvimento nacional que fazem a diferen
Essa não pode passar despercebida, é realmente importante. O resultado colheremos no médio/longo prazo.Luiz Bastos escreveu:Governo desonera fornecedores da Defesa
Enviado por luisnassif, qui, 15/09/2011 - 10:00
Por raquel_
Do Valor Econômico
Empresas consideradas estratégicas para defesa terão isenção de impostos
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Re: Noticias do desenvolvimento nacional que fazem a diferen
Porquê não exatamente?cabeça de martelo escreveu:Comida transgénica? Não obrigado!!!
Leandro G. Card
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Re: Noticias do desenvolvimento nacional que fazem a diferen
Acho que falta a criação de um ou mais programas com grandes desafios tecnológicos, com investimento constante, com agências que teriam função gestora, capazes de coordenar diversos centros de pesquisa e de desenvolvimento, acadêmicos, privados, militares, estatais, com objetivos e cronogramas bem definidos. Exemplo: um caça de 5ª geração para a FAB e MB ou um novo lançador de satélites.
Temos que nos meter em algo assim porque isso gera um desdobramento imenso.
Mas não dependeria apenas do Ministério da Ciência e Tecnologia...
abcs
Temos que nos meter em algo assim porque isso gera um desdobramento imenso.
Mas não dependeria apenas do Ministério da Ciência e Tecnologia...
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Editado pela última vez por AlbertoRJ em Sex Set 16, 2011 11:36 am, em um total de 1 vez.
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Re: Noticias do desenvolvimento nacional que fazem a diferen
Na minha opinião não são seguros. É por não confiar na industria alimentar e na forma como são produzidos dos legumes, as frutas, os animais, etc; é que eu tenho uma horta. A minha filhota só soube o que era fruta ou legumes que não os da horta, agora aos 6 meses quando entrou para a creche.LeandroGCard escreveu:Porquê não exatamente?cabeça de martelo escreveu:Comida transgénica? Não obrigado!!!
Leandro G. Card
Re: Noticias do desenvolvimento nacional que fazem a diferen
Se com o tomate é assim, que dizer da vaca?
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Re: Noticias do desenvolvimento nacional que fazem a diferen
O tomate me comer eu deixo, mas pepino não, por favor
Tenho pavor de peninos canibais trangenicos
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Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
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Re: Noticias do desenvolvimento nacional que fazem a diferen
Eu acho que são seguros, pelo menos na fase "pré-indústria". Eu até tenho um pé atrás com a indústria, questão de lucros etc. Mas na instiuição de pesquisa eu confio. Entre agrotóxicos e uma modificação genética que atinge unicamente a resistência a determinada praga, prefiro esta última. Mas há alternativas, como manejo integrado de pragas (p.ex. uma praga que não afeta a lavoura, mas que se alimenta das pragas que a danificam).cabeça de martelo escreveu:Na minha opinião não são seguros. É por não confiar na industria alimentar e na forma como são produzidos dos legumes, as frutas, os animais, etc; é que eu tenho uma horta. A minha filhota só soube o que era fruta ou legumes que não os da horta, agora aos 6 meses quando entrou para a creche.LeandroGCard escreveu:Porquê não exatamente?
Leandro G. Card
Re: Noticias do desenvolvimento nacional que fazem a diferen
Uma vez assisti uma palestra, onde um farmacêutico afirmou que a maior parte dos produtos cosméticos eram liberados, no mercado, sem prévia verificação e aprovação. Não sei se isso se aplica ao setor alimentício, mas sei que, pelo menos para exportação, temos produtos fiscalizados