Giap
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Re: Giap
Fallaci - Então, general, quanto tempo essa guerra ainda vai durar? Quanto tempo essa pobre gente será levada a se sacrificar, a sofrer e a morrer?
Giap - Quanto tempo for necessário; dez, quinze, vinte, cinqüenta anos. Até que cheguemos à vitória total, como disse nosso presidente Ho Chi Minh.
Eis aqui o que derrotou os americanos. Assim como os americanos derrotaram os ingleses na Guerra de Independência o "TEMPO" é uma arma sem igual mesmo para os ricos pois o dinheiro não é infinito.
O General Von Clausewitz - disse que " a estratégia é o uso da batalha para o objetivo da Guerra". De fato, a estratégia oferece táticas, os meios para combater a probabilidade de vencer segundo a direção dos exércitos e seu encontro no lugar de combate. Por um lado, a estratégia se apropria do sucesso de cada batalha e o usa como base. As exigências da estratégia silenciam-se face uma vitória tática e adaptam-se à situação recém criada."
Oh, essa não é uma guerra que poderá ser resolvida em poucos anos. Numa guerra contra os Estados Unidos, é preciso de tempo, tempo... Os americanos serão derrotados com o tempo, ao ficarem cansados. E para cansá-los teremos que prosseguir, perseverar... por muito tempo. É o que fizemos sempre, porque a senhora sabe, somos uma nação pequena. Não somos nem trinta milhões, metade da Itália; não éramos nem um milhão no começo da era cristã, quando os mongóis chegaram. depois de conquistar a Europa e a Ásia os mongóis chegaram até aqui. E nós, que não éramos nem um milhão de pessoas, conseguimos derrotá-los. Eles vieram até aqui por três vezes, os mongóis, e nas três oportunidades nós os derrotamos. Não tínhamos os seus recursos, mesmo assim nós resistimos e repetimos a nós mesmos - todo o povo precisa lutar. O que foi válido em 1200 ainda é válido no século XX. O problema é o mesmo. Somos bons soldados porque somos vietnamitas.
"Se homens degradam nossa honra viril, então devem ser capazes de recobrá-la; não quero dizer por meios de condições de paz e seus fracos meios; a guerra abre um amplo campo para meios vigorosos, e, para ser franco acerca dos mais íntimos pensamentos de minha alma, para mim eles são os mais poderosos de todos; eu despertaria as bestas preguiçosas com estalos de chicotes e lhes ensinaria romper os grilhões em que se deixaram colocar pela covardia e pelo medo,"
General Von Clausewitz
Mas agora eu lhe mostor que os americanos já foram derrotados - militar e politicamente. E para mostrar-lhe sua derrota militar volto à sua derrota política, que está na base de tudo. Os norte-americanos cometeram um erro muito grave ao escolher o Vietnã do Sul como campo de batalha.
"A Guera é a continuação da politica por outros meios."
Interessante não é mesmo senhor general Giap.
Giap - Quanto tempo for necessário; dez, quinze, vinte, cinqüenta anos. Até que cheguemos à vitória total, como disse nosso presidente Ho Chi Minh.
Eis aqui o que derrotou os americanos. Assim como os americanos derrotaram os ingleses na Guerra de Independência o "TEMPO" é uma arma sem igual mesmo para os ricos pois o dinheiro não é infinito.
O General Von Clausewitz - disse que " a estratégia é o uso da batalha para o objetivo da Guerra". De fato, a estratégia oferece táticas, os meios para combater a probabilidade de vencer segundo a direção dos exércitos e seu encontro no lugar de combate. Por um lado, a estratégia se apropria do sucesso de cada batalha e o usa como base. As exigências da estratégia silenciam-se face uma vitória tática e adaptam-se à situação recém criada."
Oh, essa não é uma guerra que poderá ser resolvida em poucos anos. Numa guerra contra os Estados Unidos, é preciso de tempo, tempo... Os americanos serão derrotados com o tempo, ao ficarem cansados. E para cansá-los teremos que prosseguir, perseverar... por muito tempo. É o que fizemos sempre, porque a senhora sabe, somos uma nação pequena. Não somos nem trinta milhões, metade da Itália; não éramos nem um milhão no começo da era cristã, quando os mongóis chegaram. depois de conquistar a Europa e a Ásia os mongóis chegaram até aqui. E nós, que não éramos nem um milhão de pessoas, conseguimos derrotá-los. Eles vieram até aqui por três vezes, os mongóis, e nas três oportunidades nós os derrotamos. Não tínhamos os seus recursos, mesmo assim nós resistimos e repetimos a nós mesmos - todo o povo precisa lutar. O que foi válido em 1200 ainda é válido no século XX. O problema é o mesmo. Somos bons soldados porque somos vietnamitas.
"Se homens degradam nossa honra viril, então devem ser capazes de recobrá-la; não quero dizer por meios de condições de paz e seus fracos meios; a guerra abre um amplo campo para meios vigorosos, e, para ser franco acerca dos mais íntimos pensamentos de minha alma, para mim eles são os mais poderosos de todos; eu despertaria as bestas preguiçosas com estalos de chicotes e lhes ensinaria romper os grilhões em que se deixaram colocar pela covardia e pelo medo,"
General Von Clausewitz
Mas agora eu lhe mostor que os americanos já foram derrotados - militar e politicamente. E para mostrar-lhe sua derrota militar volto à sua derrota política, que está na base de tudo. Os norte-americanos cometeram um erro muito grave ao escolher o Vietnã do Sul como campo de batalha.
"A Guera é a continuação da politica por outros meios."
Interessante não é mesmo senhor general Giap.
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Re: Giap
Conhecimento auferidos pela 1ª comitiva militar do Exército Brasileiro ao Vietnã.
Coronel Luiz Alberto Alves Rolla - Comando Militar do Nordeste - Fonte: http://www.cmne.eb.mil.br.
A vivência prática acumulada pelas Forças Armadas Vietnamitas, ao longo de dois séculos de guerra, adquirida nos Teatros de Operações (TO), contra poderosos e diferentes inimigos, fez com que a Nação do Vietnã passasse a ser conhecida mundialmente.
Para contrapor-se às políticas imperialistas dos países do continente asiático e ao domínio colonialista e expansionista das grandes potências (respectivamente: na Idade Antiga, com a invasão dos mongóis; na Idade Média, com a violação do seu território pelos chineses e japoneses; na Idade Moderna, com a tentativa de colonização dos franceses e , finalmente, na Era Contemporânea, com a invasão do império norte-americano), as Forças Armadas Vietnamitas desenvolveram uma Doutrina Militar própria: a Doutrina do Combate de Longa Duração.
As Forças Vietnamitas, ao longo dos tempos, travaram inúmeros combates em que impuseram derrotas a potências militares incontestavelmente superiores, utilizando-se da Doutrina do Combate de Longa Duração. Isto permitiu e possibilitou o desenvolvimento de técnicas e táticas de Combate de Resistência, nos níveis estratégico e tático.
Considerando esse contexto, e visando a uma aproximação com a nação Vietnamita, em particular com as suas Forças Armadas, a Força Terrestre do Brasil, por proposta do Comando de Operações Terrestres (COTer), planejou a criação da 1ª Comitiva Militar do Exército Brasileiro, enviada posteriormente em visita ao Vietnã.
A missão precípua da comitiva era buscar, inicialmente, uma aproximação com a Força Terrestre Vietnamita, tendo por finalidade agendar, em futuro próximo, visitas e reuniões de intercâmbio doutrinário em que seriam trocados conhecimentos militares nos níveis estratégico, operacional e tático, com ênfase nas áreas de inteligência, operações e emprego de tropa (pequenas frações) em região de cobertura vegetal (floresta tropical).
Do estudo prévio realizado pela comitiva e de comum acordo com o Secretário Geral da Embaixada do Vietnã, organizou-se um roteiro para a visita oficial.
A comitiva desembarcou, inicialmente, na capital Hanói, centro político daquele país, permanecendo naquela cidade por três jornadas, tendo cumprido a seguinte agenda: audiência oficial com o Embaixador Alcides Prates, na Embaixada Brasileira; visita à cidade de Há Long Bay e ao Museu do então Presidente Ho Chi Minh. Visitou, ainda, duas Grandes Unidades, os Quartéis-Generais da Forças Armadas Vietnamitas e da 308º Divisão de Exército, e o Museu de História Militar.
Na quarta jornada, a comitiva se deslocou para a cidade de Ho Chi Minh, antiga Saigon, centro econômico do país, permanecendo por três jornadas, onde visitou o Quartel-General da 7ª Zona Militar, o Museu de História da 2ª Guerra da Indochina (Guerra do Vietnã) e os túneis subterrâneos de Cu Chi.
Fazendo uma retrospectiva da visita, poder-se-ia apresentar, inicialmente, com a finalidade de ambientar o leitor deste artigo, as características da área.
O Vietnã está localizado na península da Indochina, nome consagrado em função da situação geográfica dos países que estão situados entre a Índia e a China.
O Vietnã está incrustado no epicentro da Ásia. Ao norte, faz fronteira com a República Popular da China; a leste, liga-se à Ásia Insular; e a oeste, faz fronteira com o Laos e o Camboja.
Sua formação é alongada de norte para sul, tomando um formato semelhante à letra "S" sendo o norte mais largo, estreitando-se à medida que se aproxima da parte meridional do país.
Pode-se comparar as dimensões territoriais do Vietnã, que apresenta uma área de 329.566 km², ao estado de Goiás, que possui uma área de 341.289 km². A orografia vietnamita assemelha-se ao relevo da Região do Estado do Rio de Janeiro, com uma zona de planície costeira ao longo dos 3000 Km de litoral, esbarrando com a Serra de Anamita mais ao interior do país, muito semelhante à Serra do Mar brasileira, onde predomina uma vasta área montanhosa sob cobertura vegetal.
Nos pontos abaixo, as semelhanças com o Brasil são mais intensas:
A hidrografia do Vietnã apresenta duas grandes bacias: uma localizada ao norte do rio Vermelho; e outra, ao sul, com um grande emaranhado de canais: a bacia do Delta do rio Mekong.
O clima é Equatorial com intensas chuvas, muito semelhante ao clima dominante na Região Amazônica, com eventuais furacões e fortes tempestades na Região do Pacífico Sul.
A vegetação abriga um tipo de floresta tropical idêntica à cobertura vegetal da Região Amazônica, igualmente as zonas de mata fechada e àrvores.
O litoral ao norte é escarpado, com formações de corais e águas calmas, enquanto o litoral sul é plano, com grande extensões de praias, sendo o mar extremamente agitado, apresentando onda fortes e gigantescas.
Pode-se afirmar que o Vietnã possui as mesmas características geográficas do Brasil, no que se refere aos aspectos de geologia, orografia, hidrografia, clima, vegetação e o litoral, pois apresenta uma posição relativa entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio, próximo à linha do Equador.
Quanto às peculiaridades históricas, o que chamou a atenção da comitiva foi o envolvimento da Nação Vietnamita em inúmeras guerras, desde a Idade Antiga até a Era contemporânea.
Uma das características inegáveis da história do Vietnã, claramente reconhecida pelos historiadores, é que, desde a fundação do primeiro Estado Vietnamita (no século II a.C. com a Dinastia Qin), até 1975 (fim da Guerra do Vietnã), a Nação conviveu com a ocupação estrangeira; consequentemente, lutou incessante e incansavelmente.
O marco inicial da formação da nação do Vietnã deu-se com a guerra de resistência incrementada contra a Dinastia Qin ( 215-210 a.C.) e só veio a ser consolidada com o término do colonialismo francês, na célebre batalha de Diên Bien Phu em 1954.
Foram vinte e dois séculos de guerra contra mongóis, japoneses, chineses, franceses e norte-americanos. Ao longo deste vasto período de guerras, a Nação Vietnamita criou uma doutrina militar própria de combate de residtência, aprimorando-a, aperfeiçoando-a e adaptando-a ao longo do tempo conforme o inimigo ou potência que enfrentou.
A chamada Guerra da Indochina, travada desde 1946 até boa parte da segunda metade do século XX, é a que mais chama a atenção dos estudiosos dos conflitos do após Segunda Guerra Mundial (II GM).
A Guerra da Indochina é alvo de estudos nos bancos escolares de muitos estabelecimentos de ensino militar, em função de vários aspectos: pelo fato de ser o conflito bélico mais longo após a II GM; pelo incremento de táticas e técnicas de combate empregadas por ambos os exércitos rivais, com uso de pequenas frações e de tropas especiais; pela aparição e utilização de novas armas; pelos combates travados nos mais diferentes tipos de terreno, com combates em áreas urbanas e rural, de montanha e de selva, além dos combates em localidade; pela crueldade dos combates, etc.
A Guerra da Indochina divide-se em duas guerras distintas: a 1ª e a 2ª Guerra da Indochina respectivamente, também chamadas de Guerra Vietminh (que durou de 1946 até 1954), contra as Forças Armadas Francesas; e a Guerra Vietcong, ou Guerra do Vietnã ( que durou de 1964 até 1975), contra as Forças Armadas norte-americanas.
Descrever qualquer aspecto da história militar do Vietnã e não fazer menção ao ilustre e maior estrategista de guerra de resistência da era moderna, General VO NGUYEN GIAP, seria deixar de relembrar o pai, criador e mentor da "Guerra de Longa Duração".
Podem-se resumir os feitos do General Giap na 1ª Guerra da Indochina, nas célebres palavras do então general Christian De Castries, das Forças Armadas Francesas, comandante da fortaleza de "Dien Bien Phu", que resistiu ao cerco vietnamita por 169 dias.
Descrever em poucas palavras a 2ª Guerra da Indochina (Guerra do Vietnã) seria lembrar o artifício utilizado pelas forças vietnamitas na criatividade da construção de 250 Km de túneis subterrâneos não contínuos, criando e incrementando novas técnicas e táticas de combate.
Os famosos túneis de Cu Chi fizeram a diferença no teatro de operações no Vietnã, ferramenta sábia e inteligente que foi utilizada pelos estrategistas vietnamitas contra aas tropas norte-americanas.
Os combatentes vietnamitas, com tipo físico franzino diante dos soldados americanos de estatura e envergadura muito superior, souberam explorar esta vantagem marcante, o que lhes permitiu camuflar e ocultar suas pequenas frações (grupos de combate) em verdadeiros "bunkers" subterrâneos, locais onde jamais os americanos ousaram pisar, muitos menos penetrar.
Também não se poderia deixar de lembrar o grande feito em matéria de apoio logístico incrementado pelas tropas vietnamitas.
A famosa "Trilha Ho Chi Minh", por onde eram transportados cerca de 60 toneladas de suprimentos por mês, das mais diversas classes, numa distância aproximada de 1.600 km, foi sem sombra de dúvida, fator de desequilíbrio no combate, o que possibilitou a vitória das Forças Armadas Vietnamitas.
Finalmente, e como conclusão deste artigo, pode-se-ia afirmar que, a par dos ensinamentos auferidos pela comitiva que visitou o vietnã, no ano próximo passado, o primeiro passo do nosso objetivo foi alcançado, o de consolidar uma aproximação com as Forças Armadas Vietnamitas, visando a uma integração e troca de conhecimentos sobre a Doutrina de Resistência. Fruto de nossa visita, o Governo do Vietnã, já incrementou e implantou uma Aditância militar junto à embaixada Vietnamita em Brasília.
Coronel Luiz Alberto Alves Rolla - Comando Militar do Nordeste - Fonte: http://www.cmne.eb.mil.br.
A vivência prática acumulada pelas Forças Armadas Vietnamitas, ao longo de dois séculos de guerra, adquirida nos Teatros de Operações (TO), contra poderosos e diferentes inimigos, fez com que a Nação do Vietnã passasse a ser conhecida mundialmente.
Para contrapor-se às políticas imperialistas dos países do continente asiático e ao domínio colonialista e expansionista das grandes potências (respectivamente: na Idade Antiga, com a invasão dos mongóis; na Idade Média, com a violação do seu território pelos chineses e japoneses; na Idade Moderna, com a tentativa de colonização dos franceses e , finalmente, na Era Contemporânea, com a invasão do império norte-americano), as Forças Armadas Vietnamitas desenvolveram uma Doutrina Militar própria: a Doutrina do Combate de Longa Duração.
As Forças Vietnamitas, ao longo dos tempos, travaram inúmeros combates em que impuseram derrotas a potências militares incontestavelmente superiores, utilizando-se da Doutrina do Combate de Longa Duração. Isto permitiu e possibilitou o desenvolvimento de técnicas e táticas de Combate de Resistência, nos níveis estratégico e tático.
Considerando esse contexto, e visando a uma aproximação com a nação Vietnamita, em particular com as suas Forças Armadas, a Força Terrestre do Brasil, por proposta do Comando de Operações Terrestres (COTer), planejou a criação da 1ª Comitiva Militar do Exército Brasileiro, enviada posteriormente em visita ao Vietnã.
A missão precípua da comitiva era buscar, inicialmente, uma aproximação com a Força Terrestre Vietnamita, tendo por finalidade agendar, em futuro próximo, visitas e reuniões de intercâmbio doutrinário em que seriam trocados conhecimentos militares nos níveis estratégico, operacional e tático, com ênfase nas áreas de inteligência, operações e emprego de tropa (pequenas frações) em região de cobertura vegetal (floresta tropical).
Do estudo prévio realizado pela comitiva e de comum acordo com o Secretário Geral da Embaixada do Vietnã, organizou-se um roteiro para a visita oficial.
A comitiva desembarcou, inicialmente, na capital Hanói, centro político daquele país, permanecendo naquela cidade por três jornadas, tendo cumprido a seguinte agenda: audiência oficial com o Embaixador Alcides Prates, na Embaixada Brasileira; visita à cidade de Há Long Bay e ao Museu do então Presidente Ho Chi Minh. Visitou, ainda, duas Grandes Unidades, os Quartéis-Generais da Forças Armadas Vietnamitas e da 308º Divisão de Exército, e o Museu de História Militar.
Na quarta jornada, a comitiva se deslocou para a cidade de Ho Chi Minh, antiga Saigon, centro econômico do país, permanecendo por três jornadas, onde visitou o Quartel-General da 7ª Zona Militar, o Museu de História da 2ª Guerra da Indochina (Guerra do Vietnã) e os túneis subterrâneos de Cu Chi.
Fazendo uma retrospectiva da visita, poder-se-ia apresentar, inicialmente, com a finalidade de ambientar o leitor deste artigo, as características da área.
O Vietnã está localizado na península da Indochina, nome consagrado em função da situação geográfica dos países que estão situados entre a Índia e a China.
O Vietnã está incrustado no epicentro da Ásia. Ao norte, faz fronteira com a República Popular da China; a leste, liga-se à Ásia Insular; e a oeste, faz fronteira com o Laos e o Camboja.
Sua formação é alongada de norte para sul, tomando um formato semelhante à letra "S" sendo o norte mais largo, estreitando-se à medida que se aproxima da parte meridional do país.
Pode-se comparar as dimensões territoriais do Vietnã, que apresenta uma área de 329.566 km², ao estado de Goiás, que possui uma área de 341.289 km². A orografia vietnamita assemelha-se ao relevo da Região do Estado do Rio de Janeiro, com uma zona de planície costeira ao longo dos 3000 Km de litoral, esbarrando com a Serra de Anamita mais ao interior do país, muito semelhante à Serra do Mar brasileira, onde predomina uma vasta área montanhosa sob cobertura vegetal.
Nos pontos abaixo, as semelhanças com o Brasil são mais intensas:
A hidrografia do Vietnã apresenta duas grandes bacias: uma localizada ao norte do rio Vermelho; e outra, ao sul, com um grande emaranhado de canais: a bacia do Delta do rio Mekong.
O clima é Equatorial com intensas chuvas, muito semelhante ao clima dominante na Região Amazônica, com eventuais furacões e fortes tempestades na Região do Pacífico Sul.
A vegetação abriga um tipo de floresta tropical idêntica à cobertura vegetal da Região Amazônica, igualmente as zonas de mata fechada e àrvores.
O litoral ao norte é escarpado, com formações de corais e águas calmas, enquanto o litoral sul é plano, com grande extensões de praias, sendo o mar extremamente agitado, apresentando onda fortes e gigantescas.
Pode-se afirmar que o Vietnã possui as mesmas características geográficas do Brasil, no que se refere aos aspectos de geologia, orografia, hidrografia, clima, vegetação e o litoral, pois apresenta uma posição relativa entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio, próximo à linha do Equador.
Quanto às peculiaridades históricas, o que chamou a atenção da comitiva foi o envolvimento da Nação Vietnamita em inúmeras guerras, desde a Idade Antiga até a Era contemporânea.
Uma das características inegáveis da história do Vietnã, claramente reconhecida pelos historiadores, é que, desde a fundação do primeiro Estado Vietnamita (no século II a.C. com a Dinastia Qin), até 1975 (fim da Guerra do Vietnã), a Nação conviveu com a ocupação estrangeira; consequentemente, lutou incessante e incansavelmente.
O marco inicial da formação da nação do Vietnã deu-se com a guerra de resistência incrementada contra a Dinastia Qin ( 215-210 a.C.) e só veio a ser consolidada com o término do colonialismo francês, na célebre batalha de Diên Bien Phu em 1954.
Foram vinte e dois séculos de guerra contra mongóis, japoneses, chineses, franceses e norte-americanos. Ao longo deste vasto período de guerras, a Nação Vietnamita criou uma doutrina militar própria de combate de residtência, aprimorando-a, aperfeiçoando-a e adaptando-a ao longo do tempo conforme o inimigo ou potência que enfrentou.
A chamada Guerra da Indochina, travada desde 1946 até boa parte da segunda metade do século XX, é a que mais chama a atenção dos estudiosos dos conflitos do após Segunda Guerra Mundial (II GM).
A Guerra da Indochina é alvo de estudos nos bancos escolares de muitos estabelecimentos de ensino militar, em função de vários aspectos: pelo fato de ser o conflito bélico mais longo após a II GM; pelo incremento de táticas e técnicas de combate empregadas por ambos os exércitos rivais, com uso de pequenas frações e de tropas especiais; pela aparição e utilização de novas armas; pelos combates travados nos mais diferentes tipos de terreno, com combates em áreas urbanas e rural, de montanha e de selva, além dos combates em localidade; pela crueldade dos combates, etc.
A Guerra da Indochina divide-se em duas guerras distintas: a 1ª e a 2ª Guerra da Indochina respectivamente, também chamadas de Guerra Vietminh (que durou de 1946 até 1954), contra as Forças Armadas Francesas; e a Guerra Vietcong, ou Guerra do Vietnã ( que durou de 1964 até 1975), contra as Forças Armadas norte-americanas.
Descrever qualquer aspecto da história militar do Vietnã e não fazer menção ao ilustre e maior estrategista de guerra de resistência da era moderna, General VO NGUYEN GIAP, seria deixar de relembrar o pai, criador e mentor da "Guerra de Longa Duração".
Podem-se resumir os feitos do General Giap na 1ª Guerra da Indochina, nas célebres palavras do então general Christian De Castries, das Forças Armadas Francesas, comandante da fortaleza de "Dien Bien Phu", que resistiu ao cerco vietnamita por 169 dias.
"O mais doloroso para a honra nacional dos franceses é que a nossa derrota deu-se frente a gente nanica que combatia com sandálias de borracha e comia arroz com as mãos e seu comandante era ainda menor do que seus comandados, medindo apenas metro e meio."
Descrever em poucas palavras a 2ª Guerra da Indochina (Guerra do Vietnã) seria lembrar o artifício utilizado pelas forças vietnamitas na criatividade da construção de 250 Km de túneis subterrâneos não contínuos, criando e incrementando novas técnicas e táticas de combate.
Os famosos túneis de Cu Chi fizeram a diferença no teatro de operações no Vietnã, ferramenta sábia e inteligente que foi utilizada pelos estrategistas vietnamitas contra aas tropas norte-americanas.
Os combatentes vietnamitas, com tipo físico franzino diante dos soldados americanos de estatura e envergadura muito superior, souberam explorar esta vantagem marcante, o que lhes permitiu camuflar e ocultar suas pequenas frações (grupos de combate) em verdadeiros "bunkers" subterrâneos, locais onde jamais os americanos ousaram pisar, muitos menos penetrar.
Também não se poderia deixar de lembrar o grande feito em matéria de apoio logístico incrementado pelas tropas vietnamitas.
A famosa "Trilha Ho Chi Minh", por onde eram transportados cerca de 60 toneladas de suprimentos por mês, das mais diversas classes, numa distância aproximada de 1.600 km, foi sem sombra de dúvida, fator de desequilíbrio no combate, o que possibilitou a vitória das Forças Armadas Vietnamitas.
Finalmente, e como conclusão deste artigo, pode-se-ia afirmar que, a par dos ensinamentos auferidos pela comitiva que visitou o vietnã, no ano próximo passado, o primeiro passo do nosso objetivo foi alcançado, o de consolidar uma aproximação com as Forças Armadas Vietnamitas, visando a uma integração e troca de conhecimentos sobre a Doutrina de Resistência. Fruto de nossa visita, o Governo do Vietnã, já incrementou e implantou uma Aditância militar junto à embaixada Vietnamita em Brasília.
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Re: Giap
Existe um outro pessoa que eu coloco no mesmo nivel do Giap e que tambem foi um personagem importante na guerra fria o nome dele é Ahmad Shah Massoud o "Leão do norte" essa figura foi o responsavel pelas maiores baixas a URSS no Afeganistão, grandes historiadores mlitares inclusive o próprio Giap quando foi ao afeganistão na época em que a URSS a ocupava reconhecereu a sagaçidade de Massoud falou para o QG sovietico em Cabul no inicio dos anos 80 ainda no governo de leonid brezhnev(morreu em novembro de 1982) para não subestima-lo só que os russos não deram ouvidos por que os mujahadines não passava de um bando de barbudos religiosos andando de sandalias nas montanhas.
A URSS na guerra fez de tudo para denegrir a sua imagen chamava ele de bandido de quinta categoria, e olha que eu estudei bastante a campanha dos sovieticos no afeganistão que não foi nada mais que um Vietnam russo contribuindo bastante para sua queda ou seja não é o Vietnam o cemiterio de imperios e sim o Afeganistão, taticas russas no afeganistão foram muito mais brutais do que a dos americanos usaram contra o Vietnan tanto que morreu mais civis no afeganistão do que no Vietnam quando este estava em guerra contra os EUA e mesma assim a URSS não venceu a guerra, o Afeganistão para se ter uma ideia chegou numa época em taxa de mortalidade era maior do que a de nascença.
Muito das taticas que Massoud usou contra os sovieticos está sendo usado contra a OTAN sendo que massoud foi treinado pelos próprios amercanos olha só como o mundo dá voltas, o feitiço virou contra o feitiçeiro.
Não conheço nenhum país que subjugou o Afeganistão.
A URSS na guerra fez de tudo para denegrir a sua imagen chamava ele de bandido de quinta categoria, e olha que eu estudei bastante a campanha dos sovieticos no afeganistão que não foi nada mais que um Vietnam russo contribuindo bastante para sua queda ou seja não é o Vietnam o cemiterio de imperios e sim o Afeganistão, taticas russas no afeganistão foram muito mais brutais do que a dos americanos usaram contra o Vietnan tanto que morreu mais civis no afeganistão do que no Vietnam quando este estava em guerra contra os EUA e mesma assim a URSS não venceu a guerra, o Afeganistão para se ter uma ideia chegou numa época em taxa de mortalidade era maior do que a de nascença.
Muito das taticas que Massoud usou contra os sovieticos está sendo usado contra a OTAN sendo que massoud foi treinado pelos próprios amercanos olha só como o mundo dá voltas, o feitiço virou contra o feitiçeiro.
Não conheço nenhum país que subjugou o Afeganistão.
- cabeça de martelo
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Re: Giap
O Ahmad Shah Massoud foi morto por bombistas suicidas a mando dos Talibans à anos.
O Massoud nunca foi treinado pelos norte-americanos e que táticas é que o Massoud usava que estão a ser usadas pelos Talibans contra a coligação? Eles praticamente só mandam morteirada contra os quartéis da coligação, IED's e fazem ataques suicidas.
O Massoud nunca foi treinado pelos norte-americanos e que táticas é que o Massoud usava que estão a ser usadas pelos Talibans contra a coligação? Eles praticamente só mandam morteirada contra os quartéis da coligação, IED's e fazem ataques suicidas.
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Re: Giap
Ele foi morto pela Alqaida através de um jornalista disfarçado em 9 de setembro de 2001 dois dias antes dos ataques de 11 de setembro de 2001.O Ahmad Shah Massoud foi morto por bombistas suicidas a mando dos Talibans à anos.
Veja a campanha sovietica no vale do panjshir.e que táticas é que o Massoud usava que estão a ser usadas pelos Talibans contra a coligação?
- rodrigo
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Re: Giap
Os soviéticos não tiveram um front em casa. Aliás existia uma lenda que quem reclamava da guerra tinha um parente escolhido e enviado para lá.taticas russas no afeganistão foram muito mais brutais
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
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Re: Giap
Eu perguntei isso para os Russo no MP.net eles falaram que não passa de lenda.Aliás existia uma lenda que quem reclamava da guerra tinha um parente escolhido e enviado para lá.
Mas havia dissidencia sim contra a guerra só que era muito bem abafado o cara no máximo ia preso mas não pegava parentes para ir para guerra.