O retorno do programa Phalcon Echelon- A 60
Fonte: Plano Brasil
Autor: E. M. Pinto
No início dos anos 80, os engenheiros soviéticos equiparam um cargueiro Ilyushin-76 com um canhão laser, naquela altura, dois modelos da aeronave denominada A 60 “Falcon-Echelon” voaram e efetuaram testes do sistema aero embarcado de laser, cuja finalidade era abater mísseis e aeronaves hostis.
Alegadamente esta era uma tentativa soviética de se contrapor e apresentar a sua resposta ao que presumivelmente seria o contrapeso aos esforços dos EUA em construir uma frota de aeronaves com capacidade de abater mísseis intercontinentais, satélites e outras ameaças.
Porém o colapso da União Soviética resultou no cancelamento do programa A 60, muitos especialistas alegavam o seu fim ao fato de que lasers não seriam as armas mais eficazes contra a ameaça dos ICBMs, outro ponto que pesava contra os A60 era uma curiosa questão de ordem técnica.
Os Soviéticos nunca deixaram transparecer o efetivo poder de destruidor destas armas isto só veio a conhecimento do público através dos americanos cujas declarações indicavam que sistemas de lasers aero embarcados possuem uma limitada capacidade de disparo. Informações vinda dos EUA dão conta de que o seu sistema YAL-01, que baseia-se na plataforma de uma gigante aeronave 747, necessita transportar uma carga considerável de baterias que alimentam o canhão de luz.
Porém, mesmo par um 747 que transporta uma elevada carga de baterias, o fator carga/cadência é significativamente limitado a 10 disparos efetivos, após isto, a carga das baterias é exaurida e a recarga das mesmas exige um tempo maior que o necessário para a resposta a um ataque de ICBMs.
Apesar disso, as vantagens de uma aeronave desta seriam suficientes para justificar o seu emprego contra satélites e mesmo, alvos em terra.
O YAL-01 já efetuou inúmeros ensaios e testes de operação e ao contrário do A 60, não foi interrompido por cortes orçamentários, o que indica que os Americanos certamente estão dois passos a frente dos russos, herdeiros da URSS no que se refere a tecnologias de lasers embarcados. Portanto é presumível que um A-60 possuísse na altura do seu desenvolvimento uma relação carga/cadência bem inferior à do YAL-01 e que por esta razão o sistema por si só não seria viável.
Esta alegação dava força aos defensores dos sistemas baseados em terra, os quais poderiam ser alimentados por fontes geradoras de energia e que assim poderiam cumprir a função de abater mísseis em rota descendente com eficácia e sem limitação de cadência.
Estas afirmações embasaram as críticas ao programa A-60 que justificavam o fim do programa Falcon Echelon naquela altura.
Recentemente em 2006 a revista The Space Review, publicou imagens evidentes de que os militares russos haviam reavivado o projeto de laser da era soviética. Segundo a referida revista, o novo programa teria a função de danificar e mesmo abater satélites espiões e não mais servir de arma anti-ICBM.
A notícia foi tomada com certo ceticismo, pois não haviam evidências de que a aeronave estacionada no pátio da referida base aérea poderia estar operacional. Porém, pouco tempo depois, um dos modelos A-60 apareceu em fotos com inúmeras modificações na sua fuselagem, as aeronaves foram inclusive fotografadas em pátios sofrendo manutenções de técnicos e engenheiros.
Não demorou para surgir na internet imagens do A-60 que agora teria uma corcova protuberante logo acima e a atrás das asas.
Segundo alguns, seria a posição da torre basculante que sustentaria o canhão laser. Esta característica modificação, traria irremediavelmente uma consequente diferenciação do sistema americano, que utiliza o canhão no nariz da aeronave.
Para um leitor menos atento, esta modificação parece não dizer muito sobre o A-60, porém de fato, esta hipótese de abrigo para o canhão exclui por completo a alegação do uso da aeronave para destruição de alvos no solo uma vez que se direciona aos alvos acima da aeronave e na linha do horizonte.
Segundo o historiador Dwayne Allen Day, oficiais russos não escondiam que apesar de teoricamente “encerrado” o programa A-60, os ensaios de desenvolvimentos das armas laser nunca teriam sido interrompidos. Dwayne deu pistas de que segundo seus informantes os russos teriam desenvolvido com sucesso canhões de 1 MW de potência, para ele a arma destina-se a abater alvos aéreos e no espaço.
Toda a alegação sobre o programa viria a ser corroborada por uma declaração feita à agência de notícias Interfax, ano passado (2010). De acordo com um funcionários do departamento de defesa, o sistema A-60 é “projetado para transmitir a energia do laser para locais remotos, a fim de combater sistemas de infravermelho opto-eletrônica e demais ferramentas do inimigo.” Em outras palavras, o laser é suposto ser aplicado para cegar os satélites espiões.
Ficção? fantasia? nem tanto, em 1984, os soviéticos dispararam contra o space shuttle Challenger quando este efetuava uma órbita sobre o espaço aéreo soviético, segundo a revista Jane’s, os soviéticos estavam certos de que o ônibus espacial efetuava uma missão de espiongem. O episódio e suas consequências foi descrito pela Jane’s como um evento singular, o laser “causou avarias no Space Shuttle e causou danos e angústia a tripulação”, os equipamentos eletrônicos e câmeras do Challenger foram literalmente cegados pela arma.
Outro episódio, este mais recente, teria ocorrido em 2006, desta vez a China teria empregue lasers baseados em terra contra satélites americanos, o efeito teria sido o mesmo a cegueira dos “olhos” acima do céu.
Embora o governo russo não se pronunciasse sobre o tema, no verão de 2010, o Pravda levantou a polêmica declarando abertamente o desenvolvimento de um sistema de laser militar aerotransportado baseado no Ilyushin-76 e projetado para combater aeronaves de inteligência inimigas em diferentes ambientes, segundo o periódico, Vladimir Putin teria declarado o seu desejo em equipar Vants israelenses com sistemas embarcados de armas lasers que teriam a finalidade de destruir sistemas de reconhecimento e satélites se necessário.
Os Russos teriam abandonado a arma anti ICBM?
É possível, até porque não está claro ou desconhecemos por completo a eficácia destes sistemas como armas capazes de destruir mísseis e sistemas dotados de tecnologias anti laser, leia-se, materiais reflectores de ondas eletromagéticas e sistemas de reentrada giro rotatórios que dissociam a energia concentrada dos lasers.
Talvez a melhor aplicação destes sistemas resida mesmo na capacidade de danificar sistemas eletro ópticos ou até mesmo, sejam mais efetivos contra alvos fixos no solo os quais, ainda que protegidos, poderiam ser danificados devido aos efeitos da radiação nos arredores e entornos.
De toda a forma, não é evidente qual é o real nível tecnológico alcançado pelos russos no que se refere as armas de tecnologia de raios eletromagnéticos. Alguns analistas justificam o abandono do sistema como arma contra ICBMs as recentes declarações dos americanos de que o YAL-01 não teria a capacidade esperada de abater mísseis o que tem causado não só o atraso do programa como a crescente descrença no Pentágono do seu real efeito como arma.
De fato, apesar de muito mais avançado e dos declarados sucessos, o YAL-01 luta dentro dos corredores do Pentágono e do senado americano para sobreviver aos sucessivos cortes orçamentais impostos aos programas militares nas últimas administrações. O A-60 teria mais sorte?
Pelo que tudo indica os Russos estariam voltando o seu programa claramente para a função de aeronave anti satélite e sistemas de reconhecimento e inteligência. Novas imagens e informações recentes dão conta de que o sistema é planejado para integrar o futuro sistema de defesa antiaérea russa o que reacenderia o discurso dos que acreditam que o canhão laser poderia ser usado como arma para interceptar mísseis e aeronaves, pessoalmente não estou certo disso, acredito mais no seu emprego contra sistemas opto eletrônicos.
Novas informações dão conta de que muito provavelmente a plataforma utilizada para embarcar os sistemas de laser russos seria o novo Il 476, aeronave com maior autonomia e capacidade de carga que o Il 76.
A-60: Ficção Científica Trinta Anos Atrás...
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