Estudo de caso: Um míssil antinavio para a FAB
Moderadores: Glauber Prestes, Conselho de Moderação
- Brasileiro
- Sênior
- Mensagens: 9408
- Registrado em: Sáb Mai 03, 2003 8:19 pm
- Agradeceu: 237 vezes
- Agradeceram: 541 vezes
Estudo de caso: Um míssil antinavio para a FAB
Todos nós sabemos que a FAB precisa há muito tempo de um meio para ataque anti-navio. Isso não era possível tanto pela falta de uma aeronave apropriada (A-1 não tem radar, F-5 não aguneta e o Mirage-2000 não deve ir longe) quanto pela própria falta do míssil.
Agora, com a chegada do A-1M e do P-3 temos a possibilidade de estrear esta capacidade na FAB.
Coincidentemente, os mísseis anti-navio mais 'prováveis' tem as mesmas origens dos caças do programa F-X2: Estados Unidos, França e Suécia.
Vejamos:
-Suécia: RBS-15
Massa: 800 kg
Comprimento: 4.33 m
Diâmetro: 50 cm
Cabeça de guerra: 200 kg HE blast and pre-fragmented
Alcance: 250 km
-França: AM-39 Exocet
Massa: 670 kg
Comprimento: 4,7 m
Diâmetro: 34,8 cm
Cabeça de guerra: 165 kg
Alcance: 70 km
-EUA:
Massa: 691 kg
Comprimento: 3.8 m
Diâmetro: 0.34 m
Cabeça de guerra: 221 kg
Alcance: 150 km.
Todos eles são suportados pelos possíves meios lançadores, A-1M, P-3 e FX-2 e poderiam ser integrados a eles, além também do AF-1M e de seu futuro substituto.
Talvez a FAB ainda espere a escolha do FX-2 para definir seu futuro míssil de acordo com o futuro caça. O mesmo míssil deverá ser utilizado pela MB em seu também futuro caça, que deverá ser versão naval do modelo escolhido pela FAB.
Há também a questão logística e de experiência em uso da Marinha sobre o AM-39 e uma possível versão aerolançada do MAN-1, que deverá ser idêntica àquele.
abraços]
Agora, com a chegada do A-1M e do P-3 temos a possibilidade de estrear esta capacidade na FAB.
Coincidentemente, os mísseis anti-navio mais 'prováveis' tem as mesmas origens dos caças do programa F-X2: Estados Unidos, França e Suécia.
Vejamos:
-Suécia: RBS-15
Massa: 800 kg
Comprimento: 4.33 m
Diâmetro: 50 cm
Cabeça de guerra: 200 kg HE blast and pre-fragmented
Alcance: 250 km
-França: AM-39 Exocet
Massa: 670 kg
Comprimento: 4,7 m
Diâmetro: 34,8 cm
Cabeça de guerra: 165 kg
Alcance: 70 km
-EUA:
Massa: 691 kg
Comprimento: 3.8 m
Diâmetro: 0.34 m
Cabeça de guerra: 221 kg
Alcance: 150 km.
Todos eles são suportados pelos possíves meios lançadores, A-1M, P-3 e FX-2 e poderiam ser integrados a eles, além também do AF-1M e de seu futuro substituto.
Talvez a FAB ainda espere a escolha do FX-2 para definir seu futuro míssil de acordo com o futuro caça. O mesmo míssil deverá ser utilizado pela MB em seu também futuro caça, que deverá ser versão naval do modelo escolhido pela FAB.
Há também a questão logística e de experiência em uso da Marinha sobre o AM-39 e uma possível versão aerolançada do MAN-1, que deverá ser idêntica àquele.
abraços]
----------------
amor fati
amor fati
- henriquejr
- Sênior
- Mensagens: 5448
- Registrado em: Qui Mai 25, 2006 11:29 am
- Localização: Natal/RN
- Agradeceu: 384 vezes
- Agradeceram: 432 vezes
Re: Estudo de caso: Um míssil antinavio para a FAB
Se não me engano a FAB já adquriu junto aos EUA um lote de misseis AGM-84 Harpoon II, para equipar os P-3AM. Creio que se decidir utilizar um míssil anti-navio no A-1M, previsto desde a implantação deste caça, deva ser utilizado o mesmo míssil, por questão de padronização.
.
- knigh7
- Sênior
- Mensagens: 18744
- Registrado em: Ter Nov 06, 2007 12:54 am
- Localização: S J do Rio Preto-SP
- Agradeceu: 1964 vezes
- Agradeceram: 2490 vezes
Re: Estudo de caso: Um míssil antinavio para a FAB
Brasileiro,
Vc está meio atrasado.
A FAB já encomendou o Harpoon...
Vc está meio atrasado.
A FAB já encomendou o Harpoon...
- Penguin
- Sênior
- Mensagens: 18983
- Registrado em: Seg Mai 19, 2003 10:07 pm
- Agradeceu: 5 vezes
- Agradeceram: 374 vezes
Re: Estudo de caso: Um míssil antinavio para a FAB
No futuro, se houver investimentos e encomendas, podera existir uma versao aerotransportada do MAN-1.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
Carlo M. Cipolla
- LeandroGCard
- Sênior
- Mensagens: 8754
- Registrado em: Qui Ago 03, 2006 9:50 am
- Localização: S.B. do Campo
- Agradeceu: 69 vezes
- Agradeceram: 812 vezes
Re: Estudo de caso: Um míssil antinavio para a FAB
Acho que a médio prazo pode ser por aí.Penguin escreveu:No futuro, se houver investimentos e encomendas, podera existir uma versao aerotransportada do MAN-1.
Mesmo a FAB já tendo encomendado o Harpoon, alguém acha que será em número suficiente para uma guerra moderna, com os navios equipados para suportar ataques de saturação? Em caso de crise o estoque teria que ser aumentado em muito, e não haveria como fazer isso a menos que a guerra fosse contra um inimigo dos EUA, à mandado deles, hipótese improvável para dizer o mínimo.
Além disso, com as especificações já divulgadas para o MAN-1 ele será um míssil superfície-superfície completamente obsoleto, tanto que a própria MB já deixou claro que não vai usá-lo nas novas fragatas mas apenas nos navios mais antigos, e por isso na verdade sua produção apenas na versão naval sequer se justifica. Por outro lado, se usado em grandes salvas à partir de aviões ele poderia ser uma arma eficiente, e assim nada mais lógico que seja desenvolvida e encomendada uma versão naval, que estaria então à disposição da FAB.
De certa forma é pena, porque ainda assim o MAN-1 de lançamento aéreo seria um dos piores mísseis deste tipo disponíveis no mercado, mas a opção seria ter alguma coisa melhor, mas apenas para dizer que se tem, pois seria em números absolutamente insuficientes para uma dissuasão crível ou uma guerra.
Leandro G. Card.
- JT8D
- Sênior
- Mensagens: 1164
- Registrado em: Sex Mai 04, 2007 1:29 pm
- Agradeceu: 194 vezes
- Agradeceram: 100 vezes
Re: Estudo de caso: Um míssil antinavio para a FAB
Leandro, você poderia explicar porque o MAN-1 é tão ruim assim?LeandroGCard escreveu:Acho que a médio prazo pode ser por aí.Penguin escreveu:No futuro, se houver investimentos e encomendas, podera existir uma versao aerotransportada do MAN-1.
Mesmo a FAB já tendo encomendado o Harpoon, alguém acha que será em número suficiente para uma guerra moderna, com os navios equipados para suportar ataques de saturação? Em caso de crise o estoque teria que ser aumentado em muito, e não haveria como fazer isso a menos que a guerra fosse contra um inimigo dos EUA, à mandado deles, hipótese improvável para dizer o mínimo.
Além disso, com as especificações já divulgadas para o MAN-1 ele será um míssil superfície-superfície completamente obsoleto, tanto que a própria MB já deixou claro que não vai usá-lo nas novas fragatas mas apenas nos navios mais antigos, e por isso na verdade sua produção apenas na versão naval sequer se justifica. Por outro lado, se usado em grandes salvas à partir de aviões ele poderia ser uma arma eficiente, e assim nada mais lógico que seja desenvolvida e encomendada uma versão naval, que estaria então à disposição da FAB.
De certa forma é pena, porque ainda assim o MAN-1 de lançamento aéreo seria um dos piores mísseis deste tipo disponíveis no mercado, mas a opção seria ter alguma coisa melhor, mas apenas para dizer que se tem, pois seria em números absolutamente insuficientes para uma dissuasão crível ou uma guerra.
Leandro G. Card.
[]´s,
JT
- Brasileiro
- Sênior
- Mensagens: 9408
- Registrado em: Sáb Mai 03, 2003 8:19 pm
- Agradeceu: 237 vezes
- Agradeceram: 541 vezes
Re: Estudo de caso: Um míssil antinavio para a FAB
Então eu devo estar bem atrasado, porque não vi em lugar nenhum, seja em notícia ou nos posts do Talharim.knigh7 escreveu:Brasileiro,
Vc está meio atrasado.
A FAB já encomendou o Harpoon...
De qualquer forma, vai só para o P-3, não? Ou o A-1M também sai ganhando?
abraços]
----------------
amor fati
amor fati
- knigh7
- Sênior
- Mensagens: 18744
- Registrado em: Ter Nov 06, 2007 12:54 am
- Localização: S J do Rio Preto-SP
- Agradeceu: 1964 vezes
- Agradeceram: 2490 vezes
Re: Estudo de caso: Um míssil antinavio para a FAB
O Harpoon será apenas para os P-3.
Com a integracào do Scipio do AMX ele estará adequado para lancamento de mísseis anti-navio. Talvez a FAB opte pelo MAN, já que ele será empregado no A-4.
Com a integracào do Scipio do AMX ele estará adequado para lancamento de mísseis anti-navio. Talvez a FAB opte pelo MAN, já que ele será empregado no A-4.
- knigh7
- Sênior
- Mensagens: 18744
- Registrado em: Ter Nov 06, 2007 12:54 am
- Localização: S J do Rio Preto-SP
- Agradeceu: 1964 vezes
- Agradeceram: 2490 vezes
Re: Estudo de caso: Um míssil antinavio para a FAB
Nem precisa do Leandro: o próprio gerente do projeto (Alte Fiúza) reconhece que ele será obsoleto:(ainda morro com essas coisas )JT8D escreveu:Leandro, você poderia explicar porque o MAN-1 é tão ruim assim?LeandroGCard escreveu:Acho que a médio prazo pode ser por aí.
Mesmo a FAB já tendo encomendado o Harpoon, alguém acha que será em número suficiente para uma guerra moderna, com os navios equipados para suportar ataques de saturação? Em caso de crise o estoque teria que ser aumentado em muito, e não haveria como fazer isso a menos que a guerra fosse contra um inimigo dos EUA, à mandado deles, hipótese improvável para dizer o mínimo.
Além disso, com as especificações já divulgadas para o MAN-1 ele será um míssil superfície-superfície completamente obsoleto, tanto que a própria MB já deixou claro que não vai usá-lo nas novas fragatas mas apenas nos navios mais antigos, e por isso na verdade sua produção apenas na versão naval sequer se justifica. Por outro lado, se usado em grandes salvas à partir de aviões ele poderia ser uma arma eficiente, e assim nada mais lógico que seja desenvolvida e encomendada uma versão naval, que estaria então à disposição da FAB.
De certa forma é pena, porque ainda assim o MAN-1 de lançamento aéreo seria um dos piores mísseis deste tipo disponíveis no mercado, mas a opção seria ter alguma coisa melhor, mas apenas para dizer que se tem, pois seria em números absolutamente insuficientes para uma dissuasão crível ou uma guerra.
Leandro G. Card.
[]´s,
JT
vou colocar a entrevista inteira:
http://www.defesanet.com.br/naval/notic ... -DE-CASTROEntrevista com o Vice-Almirante (RM1) RONALDO FIÚZA DE CASTRO
O VA (RM1) Ronaldo Fiúza de Castro é o Gerente do Projeto de Desenvolvimento do míssil nacional superfície-superfície (SSM – do inglês “Surface-to-Surface Missile”) pela Marinha do Brasil (MB)
VA (RM1) Ronaldo Fiúza de Castro é o Gerente do Projeto de Desenvolvimento do míssil nacional superfície-superfície (SSM – do inglês “Surface-to-Surface Missile”) pela Marinha do Brasil (MB). Esse projeto é considerado um dos mais importantes em curso atualmente na nossa Marinha, perdendo apenas para o do Submarino Nuclear. Antes de iniciar a entrevista o Alte. Fiúza deixou bem claro que ele não está emitindo opiniões e posições da Marinha, ele só exporia as suas opiniões pessoais e comentaria sobre fatos concretos.
DEFESANET: Alte Fiúza, por que o senhor solicitou que fosse realizada esta entrevista?
Alte. Fiúza: É a oportunidade de esclarecer alguns pontos relacionados a este projeto que estão sendo divulgados pela imprensa. Tudo o que será comentado aqui são fatos concretos e as opiniões e posicionamentos pessoais meus.
DEFESANET: Qual é, então, o objeto do Projeto do Míssil Nacional?
Alte. Fiúza: O Objeto deste projeto é um míssil anti-navio produzido no Brasil que possa ser lançado dos lançadores existentes atualmente da MB. O alcance desse míssil será compatível com os sensores de bordo, atualmente isto significa cerca de 60 km. Isto é, as características do míssil devem ser aproximadamente as do EXOCET MM40 Bk I.
DEFESANET: Quando foi que a MB decidiu partir para o projeto de um míssil SSM nacional ?
Alte. Fiúza: O projeto do míssil anti-navio nacional é uma idéia muito antiga. No final da década de 1970, o Alte Branco, então Diretor da antiga DACM (Diretoria de Armamento e Comunicações da Marinha) resolveu que era necessário formar uma equipe para tratar de um projeto de um míssil nacional. Vários Oficiais foram naquela época enviados para se especializarem no assunto. Eu acabei escolhido para, em 1980, ir cursar mestrado em engenharia aeronáutica no MIT na área de controle, navegação e guiagem de mísseis.
DEFESANET: O que foi feito na ocasião?
Alte. Fiúza: A idéia, em 1982, quando voltei dos USA, era a mesma de hoje em dia: produzir um míssil que tivesse o alcance de nossos sensores. Algo em torno de 30 milhas náuticas (cerca de 60 km).Este tipo de míssil sempre será necessário em qualquer Marinha, é quase que uma continuação do conceito de “Bateria Principal” nos navios antigos. É lógico que países do Primeiro Mundo e Marinhas mais ricas podem se dar ao luxo de alcances maiores e mísseis mais caros, esperando uma possível OTHT (Over-The-Horizon Targeting) oferecidas por outros meios, mas sempre haverá lugar num navio patrulha ou escolta de um míssil anti-navio barato que possa engajar alvos dentro do seu horizonte radar .
Havia, naquele momento, o oferecimento de uma empresa israelense de se montar uma fábrica para produzir o míssil GABRIEL III no Brasil. Contudo, como era apenas uma transferência de “know-how” e não de “know-why”, a MB decidiu não prosseguir com as negociações. Posteriormente, os israelenses partiram para negociar com a África do Sul e lá fizeram o míssil SKORPION.
DEFESANET: Mas essa fábrica não poderia ser encarada como um primeiro passo na direção do SSM nacional?
Alte. Fiúza: Certamente seria um passo, mas provavelmente não nos levaria a lugar algum. Há uma história bastante elucidativa a esse respeito: Na década de 1950, a MB comprou uma fábrica de torpedos MK 15 que era capaz de fazer tudo daquele torpedo. Entravam os insumos e saia o produto acabado. Essa fábrica funcionou durante algum tempo em Niterói. Contudo, ela fabricou apenas cerca de 50 unidades e a MB decidiu que não havia mais necessidade de produzir outros. A fábrica produziu então material de teste, bancadas e até brindes. Depois, por falta de demanda, ficou em estado vegetativo. Quando chegou a hora de partir para o MK 16, lançado por submarinos, fomos incapazes de fazer o salto tecnológico necessário. Faltava-nos o conhecimento da engenharia de projeto. Só sabíamos construir bem feito aquilo que tinha sido programado.
DEFESANET: O senhor então não acredita em transferência de tecnologia?
Alte. Fiúza: É claro que acredito! Porém transferência de tecnologia só acontece num momento mágico em que há alguém que sabe o bastante para ter uma dúvida e existe um outro alguém, mais experiente, que fornece a resposta correta. Só nessas condições haverá de fato uma transferência de conhecimento. Não adianta mandarem livros, manuais ou darem cursos teóricos se esta premissa não for atendida. Na ocasião, os israelenses deixaram claro que não iriam responder a qualquer pergunta técnica sobre a engenharia de projeto de mísseis.
DEFESANET: O que aconteceu a partir de então?
Alte. Fiúza: Por vários motivos, a MB continuou adquirindo seus Exocet, exatamente como havia feito desde 1975. Até que em 2001, a MB recebeu uma carta da MBDA avisando que o míssil tipo MM38 que possuíamos não seria mais apoiado pela empresa. Isso depois de muito alardearem sobre as vantagens de seus novos mísseis com especificações acima do que precisamos e por volta de 3 vezes mais onerosos. Isso gerou uma desconfortável sensação de impotência na MB e decidiu-se que o projeto do míssil nacional finalmente seria retomado. A MB teria que se desfazer de seus MM38 apesar de serem ainda perfeitamente adequados às tarefas, ameaças e cenários (TAC) esperados. Porém, como a confiabilidade e disponibilidade deles iriam despencar, a MB decidiu adquirir, numa primeira hora, novos mísseis. Foi então que a Marinha se conscientizou que não poderia mais continuar dependendo das condições de lucratividade de empresas estrangeiras em relação a sua arma mais letal. A situação não ficou mais crítica para a MB, pois o MM38 teve uma sobrevida graças, aliás, a Marinha Francesa.
DEFESANET: A decisão, então, foi Estratégica?
Alte. Fiúza: O preço de mísseis, como o de qualquer arma importante, é político. O que um Estado está disposto a pagar a outro Estado para ter uma arma? No caso de fornecedores como a antiga URSS, esse preço era aderir a uma ideologia, no caso dos USA era aceitar uma graduação tecnológica determinada por eles e no caso dos europeus era pagar preços exorbitantes por material de, digamos, “penúltimo” estado da arte. Por isso, a decisão de produzir ou não uma arma no seu próprio País é naturalmente estratégica.
DEFESANET: Como, então, se iniciou essa empreitada?
Alte. Fiúza: Houve primeiramente um projeto chamado de “munição inteligente” que se desenvolveu entre 2003 e 2005. Nesse projeto foram levantados todos os passos da sequência reversível e, principalmente da sequência irreversível de lançamento do míssil. Isso permitiu que o IPqM (Instituto de Pesquisas da Marinha) com supervisão da DSAM (Diretoria de Sistemas de Armas da Marinha, órgão que sucedeu a DACM) adaptasse um lançador de MM38 para lançar o MM40. Um lançamento foi realizado com sucesso no final de 2005. Esse projeto nos deu segurança para partir com confiança para o projeto nacional. Além disso, como passamos a dominar a interface entre o míssil e o sistema de lançamento, temos como iniciar o projeto.
DEFESANET: Qual foi o próximo passo?
Alte. Fiúza: Bem, a MB aceitou descartar os mísseis MM38, mas resolveu “forçar a barra” e dizer a MBDA que iria nacionalizar o motor foguete, parte perecível mais crítica do míssil. Daí, ela deixou claro que a empresa poderia aceitar colaborar no desenvolvimento e ser contratada para isso, ou se negar a fazer o que não impediria que a MB realizasse todos os esforços possíveis para montar esse componente. Com ou sem a MBDA, a MB iria fazer o seu míssil SSM. Felizmente, a MBDA resolveu colaborar, o que tem feito com grande competência e dignidade. Ela tem auxiliado nossas empresas a se capacitarem dentro dos rigorosos padrões da área de mísseis e nos introduzido a modernas ferramentas de gerenciamento. Entretanto, devo frisar que essa transferência de tecnologia só esta ocorrendo porque há profissionais com grande conhecimento a respeito de mísseis não só na MB, como também, nas empresas nacionais envolvidas.
DEFESANET: E quais empresas são essas?
Alte. Fiúza: De início, contratamos a Avibrás e a MBDA para que a primeira, com apoio da segunda, produza o motor foguete que será colocado nos Exocet da MB. Esse motor em nada é igual ao antigo, sua tecnologia é bem mais moderna mas ele deverá satisfazer aos requisitos de interface e desempenho para ser integrado ao MM-40.
A Mectron, por sua vez, está trabalhando, com uma cabeça telemétrica com apoio da MBDA.
A ARES está encarregada de produzir e desenvolver o lançador. Os sensores inerciais estão contratados junto ao CTMSP (Centro tecnológico da Marinha em S. Paulo) e a plataforma inercial será produzida pelo Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM). Estamos mantendo contato com empresas que trabalham na área de radiofreqüência para o projeto do “seeker” para substituir o antigo radar ADAC. Estamos, também, mantendo contato com uma grande empresa na área de integração de sistemas para nos auxiliar na supervisão do projeto e temos conversado com o pessoal do CTEX (Centro Tecnológico do Exército) no que tange às pilhas térmicas. A carga útil deve ser produzida pela FAJCMC, a fábrica de munições da MB. A Grande integradora, contudo, deverá ser a Avibrás. É também nossa intenção montar uma raia de testes adequada no Brasil.
DEFESANET: Então a MBDA esta contratada apenas para prestar assistência a essas empresas?
Alte. Fiúza: Não. Temos mais 2 contratos com a MBDA além do de cooperação técnica para desenvolvimento de um motor capaz de substituir o dos mísseis existentes na MB: 1) Contrato de Fornecimento de Motores Foguetes, pois foi acordado que parte dos mísseis da MB será remotorizada com motores fabricados por eles na França; e 2) Contrato para fornecimento de itens que a MB resolveu não partir de início para a sua nacionalização por serem sensíveis à área de segurança: iniciadores e mecanismos de segurança, por exemplo.
DEFESANET: Quais são os prazos e custos do projeto?
Alte. Fiúza: O prazo para se ter o míssil pronto é de 8 anos contados a partir de 2008. Quanto aos custos, prefiro não comentar a fim de poder melhor negociar com as empresas, porém quem tiver acesso ao SIGPLAN do Governo Federal, é só verificar os valores no projeto 1N56. No primeiro ano tivemos R$ 4 milhões e neste ano R$ 7 milhões não estão incluídos os custos do motor e cabeça telemétrica que fazem parte de um projeto separado de certificação dos atuais MM-40 Acredito que a quantidade de verba não seja problema no projeto, mas sim, poder usá-la no que for mais necessário, sempre dentro da sistemática estabelecida pela MB. Ou seja problemas, se existirem, serão de ordem burocrático-legal e não de ordem técnico-financeira. Daí nossa grande esperança na END principalmente na regulamentação do relacionamento Força-Empresa.
DEFESANET: A sua equipe é muito grande?
Alte. Fiúza: Pelo contrário, é estratégia do projeto mantê-la o mais enxuta possível. Somos 5 profissionais, todos contratados pela EMGEPRON. A sede da GEM (Gerência Especial de Mísseis), fica na DSAM.
DEFESANET: O que o senhor nos diz dos riscos do Projeto?
Alte. Fiúza: A parte do motor esta bastante adiantada. A cabeça telemétrica também corre a contento. As demais partes ainda estão no início. Entretanto, não acredito em obstáculos intransponíveis. Os riscos de não se chegar a um motor foguete utilizável são muito pequenos. O que pode haver são atrasos. Por exemplo, um dos componentes do propelente sólido, o PBH/OH era fabricado no Brasil pela Petroflex, empresa que pertencia à Petrobras. Porém ela foi vendida a um grupo estrangeiro que, por falta de interesse econômico, fechou a referida planta. Portanto, algo que antes era fabricado por uma empresa estatal deixou de estar disponível e agora estamos tendo que negociar com outros produtores, que mesmo fornecendo um produto de boa qualidade tem dificuldade em manter um padrão. Futuramente, a Avibrás deve partir para montar a sua própria planta de PBH/OH, mas problemas como esse são emblemáticos.
DEFESANET: Quando o senhor espera realizar os testes do motor?
Alte. Fiúza: São motores que queimarão por volta de 5 minutos. Isso é mais que quase todos os que já foram feitos no Brasil e comparável aos do VLS. Por questões de segurança, o primeiro teste deve ser realizado em terra. Esses testes devem ser realizados já no ano que vem.
DEFESANET: Finalmente, qual seria o seu lema nesse projeto?
Alte. Fiúza: Eu diria que não desejo reinventar a roda, mas se for impossível copiá-la, então, reinventá-la-emos.
- knigh7
- Sênior
- Mensagens: 18744
- Registrado em: Ter Nov 06, 2007 12:54 am
- Localização: S J do Rio Preto-SP
- Agradeceu: 1964 vezes
- Agradeceram: 2490 vezes
Re: Estudo de caso: Um míssil antinavio para a FAB
Olha,
O negócio é o seguinte: se a gente não arranja parceria de verdade com empresas externas com expertise (como foi com a Denel) e não põe muita grana, não tem jeito de não sair um Piranha ou um MAN da vida... ninguém faz milagre.
O negócio é o seguinte: se a gente não arranja parceria de verdade com empresas externas com expertise (como foi com a Denel) e não põe muita grana, não tem jeito de não sair um Piranha ou um MAN da vida... ninguém faz milagre.
- JT8D
- Sênior
- Mensagens: 1164
- Registrado em: Sex Mai 04, 2007 1:29 pm
- Agradeceu: 194 vezes
- Agradeceram: 100 vezes
Re: Estudo de caso: Um míssil antinavio para a FAB
Obrigado pela informação Knigh7. Realmente é complicado investir recursos escassos em algo que já vai nascer morto.
[]´s,
JT
[]´s,
JT
- Bolovo
- Sênior
- Mensagens: 28560
- Registrado em: Ter Jul 12, 2005 11:31 pm
- Agradeceu: 547 vezes
- Agradeceram: 442 vezes
Re: Estudo de caso: Um míssil antinavio para a FAB
Eu gosto do RBS-15. Mas como a MB está fazendo o Exocet tupiniquim, prefiro esse então.
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
- LeandroGCard
- Sênior
- Mensagens: 8754
- Registrado em: Qui Ago 03, 2006 9:50 am
- Localização: S.B. do Campo
- Agradeceu: 69 vezes
- Agradeceram: 812 vezes
Re: Estudo de caso: Um míssil antinavio para a FAB
De fato o RBS-15 é também meu paradigma para mísseis anti-navio subsônicos, e na minha opinião a MB deveria ter partido de especificações próximas às dele para o MAN-1, e esquecido do Exocet, que na para mim mesmo na versão MM-40 Block3 estará já obsoleto. Mas parece muito difícil para nossas FA´s se livrarem dos sistemas legacy, veja que a principal preocupação era que o novo míssil pudesse ser usado nos lançadores do MM-40 ou seja o lançador, componente menos crítico do sistema, é que acabou por limitar a capacidade do novo míssil, apenas por ser o que já estava instalado nos navios .Bolovo escreveu:Eu gosto do RBS-15. Mas como a MB está fazendo o Exocet tupiniquim, prefiro esse então.
De qualquer forma seria possível o desenvolvimento de uma versão simplificada e mais barata do MAN-1 (sem aletas dobráveis, sem necessidade de arrancada inicial mais forte do motor, com programação de vôo inicial mais simples, etc...) para uso em aeronaves de caça e ataque (A4-M, A1-M e F-X). Para esta função o alcance de 60 Km é adequado (a aeronave pode se ocultar abaixo do horizonte-radar até o lançamento) e a produção local independente permitiria que em caso de necessidade ele fosse produzido em grandes números e usado em ataques de saturação com seis, oito ou mais mísseis disparados de uma vez. Se a MB e a FAB perceberem isso e levarem o programa por este lado, então nem tudo terá sido um desperdício.
Leandro G. Card
- joao fernando
- Sênior
- Mensagens: 5208
- Registrado em: Ter Out 30, 2007 5:53 pm
- Localização: Santa Isabel - SP
- Agradeceram: 29 vezes
Re: Estudo de caso: Um míssil antinavio para a FAB
Prick, cade vc???
"DEFESANET: A decisão, então, foi Estratégica?
Alte. Fiúza: O preço de mísseis, como o de qualquer arma importante, é político. O que um Estado está disposto a pagar a outro Estado para ter uma arma? No caso de fornecedores como a antiga URSS, esse preço era aderir a uma ideologia, no caso dos USA era aceitar uma graduação tecnológica determinada por eles e no caso dos europeus era pagar preços exorbitantes por material de, digamos, “penúltimo” estado da arte. Por isso, a decisão de produzir ou não uma arma no seu próprio País é naturalmente estratégica"
"DEFESANET: A decisão, então, foi Estratégica?
Alte. Fiúza: O preço de mísseis, como o de qualquer arma importante, é político. O que um Estado está disposto a pagar a outro Estado para ter uma arma? No caso de fornecedores como a antiga URSS, esse preço era aderir a uma ideologia, no caso dos USA era aceitar uma graduação tecnológica determinada por eles e no caso dos europeus era pagar preços exorbitantes por material de, digamos, “penúltimo” estado da arte. Por isso, a decisão de produzir ou não uma arma no seu próprio País é naturalmente estratégica"
Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG