![Imagem](http://www.asasbrasil.com.br/flight/wp-content/uploads/2011/01/varig_old-300x213.jpg)
Quase sempre, quando há solenidade importante, com presença de autoridades, aparece um grupo de aposentados da Varig com cartazes afirmando que foram abandonados assim como foi a empresa. Uma série de 13 telegramas da Embaixada americana no Brasil, divulgada pelo Wikleaks, confirma esta de denúncia. Aliás, como grande parte dos vazamentos, trata-se de algo que todos sabiam. O governo hesitou entre salvar a Varig e entregá-la à iniciativa privada. Naquele momento, estava pressionado pela crise do mensalão e se recusou a repassar para a empresa R$1 bilhão, relativo à divida oficial com ela.
A crise aérea, com atrasos, greves de controladores e a incapacidade da Anac foram alguns dos temas dos telegramas críticos. De fato, o governo Lula não respondeu como devia às necessidades do setor. Nem as companhias, que ficam meio escondidas na história, mas também são responsáveis.
Um dos mais interessantes telegramas revela uma fonte do Planalto justificando ideologicamente o abandono da Varig: por que financiar a elite se os pobres andam de ônibus e metrô? Esta fonte não podia imaginar que o setor estava crescendo e os pobres, progressivamente, teriam acesso ao meio de transporte mais rápido. Se a justificativa for sincera, como explicar o foco no trem-bala agora, etapa em que grande parte das populações metropolitanas ainda sofre com o transporte cotidiano?
Foi um erro deixar a Varig morrer. Não sei se resistiria ao novo momento da aviação brasileira. Mas a verdade é que saneada, a empresa teria chance num mercado que cresce 20 por cento ao ano. Os americanos mencionam o mensalão e dúvidas sobre o papel no estado como elementos que inibiram o governo. Os aposentados e funcionários, as vezes, vão mais longe e insinuam que interesses comerciais também tiveram peso. É o tipo de história que ainda levará algum tempo para ser contada com precisão.
Por: Fernando Gabeira
Fonte: Estadao
http://www.asasbrasil.com.br/flight/?p=1380
Eu também tenho saudades da Varig.
Nos idos tempos em que trabalhava com serviços de Catering no AIEG em Manaus, apesar da impáfia e da falsa modestia das tripulações e mesmo do pessoal administrativo que trabalhava conosco, dava gosto de ver aquele povo todo, de andar e olhar imponente, altivo, orgulhoso do trabalho e da empresa. Como se fossem a maior e melhor empresa do mundo.
Naquela época, mesmo perto do começo de sua derrocada, a Varig sempre foi e creio continua sendo aos olhos de muitos brasileiros, um símbolo de tudo de bom que este país pode ser.
Lembro-me perfeitamente que a TAM tinha um único voo, num FOkker 100, e madrugada, com poucas pessoas,e que fazia mais paradas do que a linha de ônibus Interbairros. Era uma verdadeira maratona. E eu olhava para aquele pessoal as tres/quatro horas da manhã sem perder o sorriso e a pose, como bem ensinara o saudoso Cmte Rolim Amaro. Nem imaginávamos que um dia aquela empresa tão miúda poderia se quer chagar perto de ser como uma Varig da vida. Mas o tempo se encarregou de provar o contrário...
Infelizmente, os ensinamentos de Amaro parece terem sido esquecidos ou postos de lado, e a TAM anda a cometer os mesmos erros da Varig e que lhe levaram a falência.
Agora, também infelizmente, ao ver o mercado aéreo nacional graçando em recursos e investimentos no campo privado, com a nova onda de pax novos ricos e a classe mádia voltando a voar, parece-me que os conceitos de "boa viagem" quanto a conforto, atendimento e serviço de bordo ficaram perdidos no tempo e foram deixados para trás, junto com a Varig. É impressionante como somos tratados como gado dentro das aeronaves que voam nos céus brasileiros.
O lucro substituiu a gentileza e presteza, e o financismo tecnoburocrático despachou a satisfação de voar para as revistas de viagens.
Realmente. Voar no Brasil ficou muito mais fácil mesmo. Só não ficou melhor que pegar o ônibus das 6hs para ir pra casa.
abs