F-X2 e KC390 (segundo a Embraer):
Trechos de artigo com Fernando Ikedo, Diretor de Inteligência de Mercado para a área de Defesa da Embraer (23 de Fevereiro de 2011) (
http://www.alide.com.br/joomla/index.ph ... format=pdf ):
Ikedo contou que: “estamos a apenas um mês do anúncio público dos principais parceiros
responsáveis pelos motores aviônicos e demais sistemas da nova aeronave. A Embraer já fez
um documento de recomendações e sugestões e o encaminhou à FAB que está avaliando a
opinião da empresa antes de ‘bater o martelo’, contou Fernando Ikedo. Perguntado, o Diretor
da Embraer evitou dizer os nomes dos fabricantes dos motores alegando que “as turbinas terão
cerca de 30.000 libras de potência cada e que elas virão dos ‘suspeitos de sempre’”
Inquirido sobre o potencial de complementariedade entre os programas do KC390 e o F-X2
para a compra do próximo caça da FAB, Ikedo reiterou que “não existe absolutamente nada a
ver entre os dois programas, nenhuma intercessão”. Hoje a Embraer conta com 500
engenheiros dedicados ao programa, mas que esse número passará a 700 no final do ano e
em 2012 ele crescerá mais ainda. Argüido sobre comentários recentes vindos de Brasília
alegando que o Governo Americano teria condicionado o fornecimento das turbinas para o
KC390 à escolha do F-18 Super Hornet como vencedor no F-X2, Ikedo foi sucinto: “não ouvi
esta história, mas, acho isso muito improvável”
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Trechos de outra esclarecedora entrevista:
EMBRAER- Entrevista com Orlando Neto
Escrito por Felipe Salles
Ter, 07 de Dezembro de 2010 09:49
http://www.alide.com.br/joomla/index.ph ... lando-neto
Alguém achava que a Embraer nada mais tinha a aprender em termos de integração de sistemas? E nada a aprender em termos de estruturas?
A nossa conversa se iniciou com o programa F-X2, sempre com a preocupação de não comprometer as cláusulas de confidencialidade assinadas pela empresa com o Comando da Aeronáutica. Respondendo a nossa pergunta de abertura, Orlando Neto disse que a Embraer não se sentia “desconfortável” de ter que ficar participando desta concorrência “do banco”, e não no “campo”como costuma fazer normalmente. “Cada programa tem suas características próprias” disse ele. “Nós já fomos majoritários, minoritários... Pelo modelo adotado no F-X as decisões são todas da Força Aérea, nós entramos toda vez que ela quer nossa opinião. Não, a situação não é, nem um pouco desconfortável para nós.” Orlando contou ainda que as tecnologias sensíveis desejadas pela FAB e pela Embraer passam pelo conceito de autonomia industrial, envolvendo, entre outras, a capacidade de integração de radares e do programa de operações de vôo (flight operations program) para podermos dominar a integração de sistemas digitais complexos e tudo que for integração de sistemas. No plano de estruturas, o design de asas supercríticas e o projeto de estruturas complexas. Sobre o programa KC390, Orlando contou que ele se encontra rigorosamente dentro do cronograma. “Já passamos pelos estudos de concepção do produto, incluindo aí os estudos de túnel de vento. A fase de Definição Base durou um ano e se encerrou em abril de 2010. Um fruto imediato destes estudos foi o aumento da carga paga prevista do nosso avião, de 19 para 23 toneladas. Este anúncio tendo sido formalmente feito na feira britânica de Farnborough, em XXX deste ano. Agora está em curso o IDP (Initial Development Phase), onde são lançados os RFPs (Request For Proposals – Pedidos de Propostas) das empresas que desejam ser fornecedoras dos sistemas da nova aeronave cargueira. Em maio de 2011, essa fase se encerra, e começa a Joint Definition Phase (Fase de Definição Conjunta). É aqui que todos os fornecedores selecionados se encontrarão em São José dos Campos para uma reunião que estipulará com precisão os objetivos técnicos e comerciais exigidos de cada um deles, assim como as implicações e impactos do trabalho de um no do outro.
Sobre o Wing Center Box:
Perguntado sobre a dificuldade técnica e o risco ligado ao design da Wing Center Box e da grande porta traseira do novo modelo , Orlando foi enfático ao afirmar que a Embraer pode sim desenvolver estes itens sozinha , se necessário. O que eles não souberem fazer ainda pode sempre ser desenvolvido do zero ou comprado sob a forma de serviço de empresas que tenham esta experiência prévia. “Existe um pool de conhecimento muito grande de profissionais no mercado que estiveram envolvidos em programas de grandes cargueiros militares como os Hercules, C-17 e C-5... é apenas uma questão de localizar esta gente e colocá-los para trabalhar conosco”. Seguindo sozinha, a Embraer terá, sim, que fazer uso maior de ”gigs” e “rigs” (estruturas para testes em terra e bancadas de teste de eletrônicos) e de extensa maquetagem, para conseguir alcançar seus objetivos de desempenho sempre buscando constantemente usar estratégias que lhes permitam mitigar os riscos de cada nova etapa.”Tendo concluído, com sucesso, o projeto dos E-Jets para nós é muito fácil agora fazer tudo isso de novo. Mas, lá no início daquele programa, havia muitas dúvidas da nossa capacidade de chegar até o fim... Da mesma forma, agora, nós nos lançamos a fazer o KC390 e vai ser exatamente a mesma coisa”, concluiu, Orlando.
Maiores desafios:
Para ele, os maiores desafios do programa KC390 residem no Cargo Handling System (sistema de gerenciamento de carga), o Aerial Delivery System (sistema de lançamento aéreo de cargas – devido à significativa variação do centro de gravidade verificado durante o lançamento dos pallets de carga em vôo) e do Refueling System (sistema de REVO). Esta última, especialmente na recepção do combustível, já é uma tecnologia parcialmente dominada após a experiência da Embraer neste campo com o novo avião AEW da Índia. Por outro lado, no caso dos casulos com as mangueiras, que ficam pendurados nas asas, é uma daquelas áreas onde o parceiro internacional escolhido já chega ao projeto com muito conhecimento próprio para ajudar na sua integração.
Embargos:
Tendo em visto os recorrentes medos pelo Governo Federal sobre o emprego de material e sistemas de origem de americana dentro do programa F-X2, ALIDE perguntou ao Orlando se dentro do programa KC390 a Embraer teria sido direcionada a não propor o uso de sistemas norte-americanos. “Realmente, não nos foi pedido a exclusão de componentes americanos neste novo projeto. Por contrato, existem oito sistemas onde a palavra final é do Governo via a FAB, nos demais 18/20 sistemas que compõem o KC390 a escolha e e aprovação são exclusivamente da Embraer”, ele seguiu: ” é sempre bom lembrar que nossa relação de trabalho com a FAB é muito `amigável`. Quanto ao risco de um embargo, ele existe, mas é destas coisas que exige que aprendamos a navegar neste ambiente. E temos que admitir que é bem difícil fazer um avião atualmente sem qualquer componente americano”.