Legalização da maconha
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Re: Legalização da maconha
Repressão à Marcha da Maconha é nostalgia da ditadura
Homem é imobilizado pela Polícia Militar durante a Marcha da Maconha no último final de semana, em São Paulo (Eladio Machado/Terra)
Marcelo Semer
De São Paulo
Diferentemente de outras cidades, como Rio de Janeiro e Porto Alegre, a Marcha da Maconha em São Paulo foi palco de uma violência e intolerância raramente vistas.
Ao que se depreende das notícias veiculadas pela imprensa, a repressão não se deu pelo uso coletivo de entorpecentes, mas pela insistência dos manifestantes em querer simplesmente se manifestar.
A substância tóxica mais consumida parece ter sido mesmo o gás lacrimogênio, disparado a granel pela polícia, como se vê nas imagens de TV.
Será que podemos dizer que defender a legalização da maconha seja mesmo uma apologia ao uso das drogas?
Se a manifestação fosse de gestantes pela não criminalização do aborto, diríamos que se se tratava de uma apologia à interrupção da gravidez?
A democracia é construída por contrastes. É natural divergir e faz parte das regras respeitar o pluralismo.
Pode ser pluralismo defender algo que hoje é ilícito?
Pois é o que os ruralistas fizeram ao pleitear mudanças no Código Florestal. Com a significativa diferença de que com a revisão do Código, busca-se expressamente a anistia para todos aqueles que já cometeram os atos ilícitos de desmatamento.
O debate quanto à descriminalização dos entorpecentes, aliás, está em pauta no mundo inteiro. Por que estaria proibido por aqui?
A democracia fica menor cada vez que uma manifestação é reprimida a bala.
Nesses momentos, é impossível não se lembrar dos anos de ditadura e as tantas passeatas que foram interrompidas na base do cassetete.
De lá para cá, todavia, uma nova Constituição foi escrita e nos acostumamos a chamá-la de cidadã, justamente por assegurar o direito à reunião, à livre manifestação sem necessidade de autorização e à liberdade de expressão sem censura prévia.
Nada disso parece ter comovido as autoridades paulistas.
A nostalgia da repressão chega, curiosamente, em um momento de despertar da cidadania, em sua acepção mais legítima.
Estamos no limiar da construção de uma nova política, ainda que não saibamos exatamente qual será ela.
As redes sociais aproximam as pessoas de tal forma, que não estão mais sendo necessárias lideranças para convocar ou promover manifestações, suprindo, para o bem ou para o mal, uma enorme crise do sistema representativo, que atinge governos e oposições.
Os exemplos da Praça Tahir, e de vários outros pontos pelos quais sopraram os ventos da primavera árabe, mostraram a velocidade da disseminação nas redes sociais, e sua enorme influência na capacidade de mobilização. O Egito derrubou um ditador de décadas, sem um único líder governando as massas.
Até São Paulo provou um pouco dessa nova espontaneidade, com o churrasco da 'gente diferenciada'. Marcado por um convite no Facebook, agregou em cascata centenas de pessoas indignadas com o preconceito como motor de recusa a uma estação de Metrô.
Desde o dia 15 de maio, mais de uma centena de praças espanholas estão repletas de jovens, de desempregados e de aposentados, clamando por uma democracia real, que não os exclua das riquezas do país e não os marginalize nas decisões.
Reuniram-se sem líderes e sem partidos e passaram a cobrar perspectivas que a Espanha vem lhes negando: "Se não nos deixam sonhar, não os deixaremos dormir", dizem em um de seus mais repetidos slogans.
Dá pra pensar na nostalgia dos anos de chumbo?
Não há espaço nesse admirável mundo novo para uma democracia que interdite o debate, um Estado que decida apenas ouvindo suas elites, uma política que sirva para o enriquecimento de seus burocratas, e juízes que se estabelecem como censores.
Alguma coisa está fora da ordem e isso não é necessariamente ruim.
__________________
Marcelo Semer é Juiz de Direito em São Paulo. Foi presidente da Associação Juízes para a Democracia. Coordenador de "Direitos Humanos: essência do Direito do Trabalho" (LTr) e autor de "Crime Impossível" (Malheiros) e do romance "Certas Canções" (7 Letras). Responsável pelo Blog Sem Juízo.
Homem é imobilizado pela Polícia Militar durante a Marcha da Maconha no último final de semana, em São Paulo (Eladio Machado/Terra)
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De São Paulo
Diferentemente de outras cidades, como Rio de Janeiro e Porto Alegre, a Marcha da Maconha em São Paulo foi palco de uma violência e intolerância raramente vistas.
Ao que se depreende das notícias veiculadas pela imprensa, a repressão não se deu pelo uso coletivo de entorpecentes, mas pela insistência dos manifestantes em querer simplesmente se manifestar.
A substância tóxica mais consumida parece ter sido mesmo o gás lacrimogênio, disparado a granel pela polícia, como se vê nas imagens de TV.
Será que podemos dizer que defender a legalização da maconha seja mesmo uma apologia ao uso das drogas?
Se a manifestação fosse de gestantes pela não criminalização do aborto, diríamos que se se tratava de uma apologia à interrupção da gravidez?
A democracia é construída por contrastes. É natural divergir e faz parte das regras respeitar o pluralismo.
Pode ser pluralismo defender algo que hoje é ilícito?
Pois é o que os ruralistas fizeram ao pleitear mudanças no Código Florestal. Com a significativa diferença de que com a revisão do Código, busca-se expressamente a anistia para todos aqueles que já cometeram os atos ilícitos de desmatamento.
O debate quanto à descriminalização dos entorpecentes, aliás, está em pauta no mundo inteiro. Por que estaria proibido por aqui?
A democracia fica menor cada vez que uma manifestação é reprimida a bala.
Nesses momentos, é impossível não se lembrar dos anos de ditadura e as tantas passeatas que foram interrompidas na base do cassetete.
De lá para cá, todavia, uma nova Constituição foi escrita e nos acostumamos a chamá-la de cidadã, justamente por assegurar o direito à reunião, à livre manifestação sem necessidade de autorização e à liberdade de expressão sem censura prévia.
Nada disso parece ter comovido as autoridades paulistas.
A nostalgia da repressão chega, curiosamente, em um momento de despertar da cidadania, em sua acepção mais legítima.
Estamos no limiar da construção de uma nova política, ainda que não saibamos exatamente qual será ela.
As redes sociais aproximam as pessoas de tal forma, que não estão mais sendo necessárias lideranças para convocar ou promover manifestações, suprindo, para o bem ou para o mal, uma enorme crise do sistema representativo, que atinge governos e oposições.
Os exemplos da Praça Tahir, e de vários outros pontos pelos quais sopraram os ventos da primavera árabe, mostraram a velocidade da disseminação nas redes sociais, e sua enorme influência na capacidade de mobilização. O Egito derrubou um ditador de décadas, sem um único líder governando as massas.
Até São Paulo provou um pouco dessa nova espontaneidade, com o churrasco da 'gente diferenciada'. Marcado por um convite no Facebook, agregou em cascata centenas de pessoas indignadas com o preconceito como motor de recusa a uma estação de Metrô.
Desde o dia 15 de maio, mais de uma centena de praças espanholas estão repletas de jovens, de desempregados e de aposentados, clamando por uma democracia real, que não os exclua das riquezas do país e não os marginalize nas decisões.
Reuniram-se sem líderes e sem partidos e passaram a cobrar perspectivas que a Espanha vem lhes negando: "Se não nos deixam sonhar, não os deixaremos dormir", dizem em um de seus mais repetidos slogans.
Dá pra pensar na nostalgia dos anos de chumbo?
Não há espaço nesse admirável mundo novo para uma democracia que interdite o debate, um Estado que decida apenas ouvindo suas elites, uma política que sirva para o enriquecimento de seus burocratas, e juízes que se estabelecem como censores.
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Marcelo Semer é Juiz de Direito em São Paulo. Foi presidente da Associação Juízes para a Democracia. Coordenador de "Direitos Humanos: essência do Direito do Trabalho" (LTr) e autor de "Crime Impossível" (Malheiros) e do romance "Certas Canções" (7 Letras). Responsável pelo Blog Sem Juízo.
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Re: Legalização da maconha
GustavoB escreveu:Marcelo Semer é Juiz de Direito em São Paulo.
Coerente.GustavoB escreveu:Responsável pelo Blog Sem Juízo.
Incoerente é um juiz se manifestar contra a ação da PMSP, cumprindo decisão do Tribunal de Justiça, de proibir a manifestação. Ignoraram também o direito de ir e vir da população paulista, na principal avenida comercial da maior cidade brasileira. Será que ele é tolerante no descumprimento de suas decisões judiciais?
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Re: Legalização da maconha
A crítica direta foi sobre a proibição da manifestação. A polícia não tinha muito o que faze senão cumprir a ordem questionável vinda do judiciário.rodrigo escreveu:GustavoB escreveu:Marcelo Semer é Juiz de Direito em São Paulo.Coerente.GustavoB escreveu:Responsável pelo Blog Sem Juízo.
Incoerente é um juiz se manifestar contra a ação da PMSP, cumprindo decisão do Tribunal de Justiça, de proibir a manifestação. Ignoraram também o direito de ir e vir da população paulista, na principal avenida comercial da maior cidade brasileira. Será que ele é tolerante no descumprimento de suas decisões judiciais?
O problema da ação da polícia é que me parece que ela tomou parte do protesto. É como se ela estivesse lá para fazer 'contra-protesto' (à sua maneira, no direito do uso da força) e não para policiar. Na ordem (qustionável), a PM tinha de conter a marcha, mas na execução ela fez o seu próprio protesto, repetindo baderna igual a de duas torcidas organizadas e quem foi lá para protestar não encontrou pela frente a PM (que teoricamente é cega a qualquer ideologia, não fazendo distinção sobre se a marcha é sobre legalização de maconha, casamento gay, monarquia, etc), mas sim um outro bando que protestava ali a causa contrária.
abraços]
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amor fati
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Re: Legalização da maconha
A violencia usada pela PM paulista foi absurda e desproporcional, senti vergonha do meu país.
O Troll é sutil na busca por alimento.
Re: Legalização da maconha
25/05/2011 10h57 - Atualizado em 25/05/2011 10h57
PM afasta das funções comandantes de operação da Marcha da Maconha
Segundo a corporação, eles passaram a exercer atividades administrativas.
Governador de SP havia criticado ação e determinado apuração do caso.
Do G1 SP
Dois tenentes da Polícia Militar de São Paulo que comandaram a operação durante um protesto realizado na tarde de sábado (21) na Avenida Paulista, após a proibição pela Justiça da Marcha da Maconha, foram afastados de seus cargos em atividades operacionais, segundo nota divulgada pela PM na manhã desta quarta-feira (25). De acordo com a assessoria de imprensa da corporação, um deles era integrante da Força Tática e outro do Comando do Policiamento de Trânsito.
saiba mais
Governador diz não 'compactuar' com ação da PM durante ato na PaulistaPM irá apurar possível abuso policial em protesto na PaulistaPM usa gás lacrimogêneo para dispersar ato pró-maconhaPara conter as cerca de 500 pessoas que faziam manifestação por liberdade de expressão, policiais usaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Seis pessoas foram detidas e liberadas horas depois.
Segundo a PM, “os tenentes comandantes da operação foram colocados na realização de atividades internas e administrativas”. Eles devem ficar afastados dos cargos operacionais durante a sindicância instaurada pelo Comando da PM e pelo Comando de Policiamento da Capital para investigar se houve abusos durante o protesto.
Ainda segundo a PM, a sindicância não vai apenas apurar se houve desvio de conduta profissional dos policiais, mas também vai buscar “identificar manifestantes que não atuaram em conformidade a decisão judicial e portanto realizaram apologia à maconha”.
Crítica
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, criticou nesta segunda-feira (23) a ação da Polícia Militar durante o protesto e mandou apurar se houve abusos. “Não podemos permitir que em uma metrópole com 22 milhões de pessoas [manifestantes] tirem o direito de ir e vir, com ocupação de pista, de avenida. (...) Um erro não justifica o outro. A polícia tem competência, a polícia tem experiência para lidar com essas questões, para preservar o direito de ir e vir das pessoas sem cometer violência. Então nós não compactuamos com isso”, disse o governador.
PM afasta das funções comandantes de operação da Marcha da Maconha
Segundo a corporação, eles passaram a exercer atividades administrativas.
Governador de SP havia criticado ação e determinado apuração do caso.
Do G1 SP
Dois tenentes da Polícia Militar de São Paulo que comandaram a operação durante um protesto realizado na tarde de sábado (21) na Avenida Paulista, após a proibição pela Justiça da Marcha da Maconha, foram afastados de seus cargos em atividades operacionais, segundo nota divulgada pela PM na manhã desta quarta-feira (25). De acordo com a assessoria de imprensa da corporação, um deles era integrante da Força Tática e outro do Comando do Policiamento de Trânsito.
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Governador diz não 'compactuar' com ação da PM durante ato na PaulistaPM irá apurar possível abuso policial em protesto na PaulistaPM usa gás lacrimogêneo para dispersar ato pró-maconhaPara conter as cerca de 500 pessoas que faziam manifestação por liberdade de expressão, policiais usaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Seis pessoas foram detidas e liberadas horas depois.
Segundo a PM, “os tenentes comandantes da operação foram colocados na realização de atividades internas e administrativas”. Eles devem ficar afastados dos cargos operacionais durante a sindicância instaurada pelo Comando da PM e pelo Comando de Policiamento da Capital para investigar se houve abusos durante o protesto.
Ainda segundo a PM, a sindicância não vai apenas apurar se houve desvio de conduta profissional dos policiais, mas também vai buscar “identificar manifestantes que não atuaram em conformidade a decisão judicial e portanto realizaram apologia à maconha”.
Crítica
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, criticou nesta segunda-feira (23) a ação da Polícia Militar durante o protesto e mandou apurar se houve abusos. “Não podemos permitir que em uma metrópole com 22 milhões de pessoas [manifestantes] tirem o direito de ir e vir, com ocupação de pista, de avenida. (...) Um erro não justifica o outro. A polícia tem competência, a polícia tem experiência para lidar com essas questões, para preservar o direito de ir e vir das pessoas sem cometer violência. Então nós não compactuamos com isso”, disse o governador.
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Re: Legalização da maconha
Eu também, acho que nem na Jamaica existe passeata de maconheiro.senti vergonha do meu país.
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Re: Legalização da maconha
Não esperaria outra coisa de alguem com tendências claramente fascistas.rodrigo escreveu:Eu também, acho que nem na Jamaica existe passeata de maconheiro.senti vergonha do meu país.
Mas estás completamente enganado, movimentos pela liberação da maconha são comuns pelo mundo.
Cortar uma frase pela metade dessa forma leviana não é muito diferente de pegar uma frase de outro e incluir palavras próprias, comportamento bastante desprezível.
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Re: Legalização da maconha
É incrível a falta de vergonha na cara do digníssimo governador de SP. Afastar os dois tenentes? Ora, faça-me um favor! A tropa de choque da PMSP tem um comando. Qualquer idiota sabe que, ao determinar a intervenção, o comando sabia da publicidade que poderia haver. Se designaram dois oficiais com pouca habilidade de negociação para tal tarefa a culpa é do alto comando. Estes devem pagar o pato. Afasta-se os tenentes mas também o alto clero, que ganha para, entre outras coisas, zelar pela capacitação e treinamento da tropa sob seu comando. O resto é politicagem da mais torpe, usando homens que cumpriam ordens como bodes expiatórios.
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Re: Legalização da maconha
Totalmente de acordo!!Hader escreveu:É incrível a falta de vergonha na cara do digníssimo governador de SP. Afastar os dois tenentes? Ora, faça-me um favor! A tropa de choque da PMSP tem um comando. Qualquer idiota sabe que, ao determinar a intervenção, o comando sabia da publicidade que poderia haver. Se designaram dois oficiais com pouca habilidade de negociação para tal tarefa a culpa é do alto comando. Estes devem pagar o pato. Afasta-se os tenentes mas também o alto clero, que ganha para, entre outras coisas, zelar pela capacitação e treinamento da tropa sob seu comando. O resto é politicagem da mais torpe, usando homens que cumpriam ordens como bodes expiatórios.
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Diplomata Alemão: "- Como o senhor receberá as tropas estrangeiras que apoiam os federalistas se elas desembarcarem no Brasil??"
Floriano Peixoto: "- Com balas!!!"
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Re: Legalização da maconha
Estive na Holanda recentemente e fiquei perplexo com a regulação positiva que eles impõem à circulação da maconha. Pessoas de bem podem circular livremente com seus cigarros sem serem importunadas pela polícia, por traficantes, e sem terem que procurar no submundo seu cigarrinho. É muita hipocrisia um bando de gente que enche a cara de cerveja estar a favor da proibição da maconha. Acho que drogas como o crack deveriam ser proibidas, mas a maconha é brincadeira.
Sds.
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Re: Legalização da maconha
Bueno... Com respeito a marcha da maconha, sinceramente isso pouco me interessa. Cada um que julgue lá pelos seus critérios se isso - legalizar a maconha - é bom ou ruim. Porém, é revoltante o que a polícia fez para reprimir a passeata que até então era pacífica. As "viúvas" da "ditabranda" adoram ver polícia descendo o cacete, mas no momento que se encara a passeata ou qualquer outro ato de protesto, como um ato democrático, isso deveria ser considerado normal, já que a contestação da contra-parte (ou seja, os que são contra a marcha da legalização da maconha) também tem direito de sair às ruas. Neonazistas protestaram no vão do MASP dias atrás defendendo "a família", alguns foram presos (a polícia já os procurava por crimes de racismo, agressão, etc.), mas não se viu tamanha violência. Aliás, não houve repressão alguma.
O que me parece chocante, como bem disse o colega Brasileiro, é ver que a polícia de certa forma "tomou as dores" da passeata como uma afronta à sua autoridade, como se lá estivessem bandidos recém fugitivos de uma prisão de segurança máxima marchando em direção à polícia para provocá-los. Fico com a impressão mais nítida ainda que certos setores da sociedade brasileira tem problemas seríssimos com a Democracia e como se joga o jogo nesse sistema.
Aqui no fórum, com algumas cabeças arcaicas, velhas, mofadas, carcomidas pelo tempo, não esperava outra reação senão a de adjetivar protestos de qualquer natureza colocando todos que participam desses atos como eram os "subversivos" de outrora. No entanto, não esperava tais pensamentos colocados em prática ainda hoje, na vida real, como ocorreu em SP.
[]'s a todos.
O que me parece chocante, como bem disse o colega Brasileiro, é ver que a polícia de certa forma "tomou as dores" da passeata como uma afronta à sua autoridade, como se lá estivessem bandidos recém fugitivos de uma prisão de segurança máxima marchando em direção à polícia para provocá-los. Fico com a impressão mais nítida ainda que certos setores da sociedade brasileira tem problemas seríssimos com a Democracia e como se joga o jogo nesse sistema.
Aqui no fórum, com algumas cabeças arcaicas, velhas, mofadas, carcomidas pelo tempo, não esperava outra reação senão a de adjetivar protestos de qualquer natureza colocando todos que participam desses atos como eram os "subversivos" de outrora. No entanto, não esperava tais pensamentos colocados em prática ainda hoje, na vida real, como ocorreu em SP.
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Re: Legalização da maconha
Não importa, se a PM desceu o cacete só serviu para a questão ganhar mais destaque ainda. Cada vez que a PM der a esse tipo de coisa o 'destaque' que merece, ela vai se aparecer mais e mais gente vai buscar se informar, ler sobre o assunto, criar sua própria opinião, contra ou a favor.
Vai aparecer na capa da Veja "a marcha para a morte", mas o choque se terá criado. A marcha da maconha só pelo nome já é chocante, causa repugnação, curiosidade, aversão, apoio, medo, etc. E cada vez que ganhar destaque mais gente se perguntará 'que diabos é isso'.
Em ditaduras verdadeiras, quando uma manifestação qualquer acontece, o Estado bane e pune, e apartir do controle da mída tem a opção de esconder os movimentos e ninguém ficar sabendo, ou criar seus 'inimigos' diante da população. No nosso caso o Estado só tem a força policial, mas não tem capacidade de esconder, de dizer que está tudo uma beleza ou de apontar inimigos.
A polícia-manifestante, que saiu às ruas e fez um violento protesto contra a legalização da maconha (esquecendo-se de que era polícia e que por isso não pode ter opinião contra ou a favor, como instituição), agiu com firmeza, mas se esqueceu de que não é mais ditadura e que independentemente de sua opinião explícita, os fatos ganhariam notoriedade e, para bem ou para mal, causarão algum impacto e instigarão mais gente a procurar conhecer mais a realidade e a história para poder formar suas idéias.
abraços
Vai aparecer na capa da Veja "a marcha para a morte", mas o choque se terá criado. A marcha da maconha só pelo nome já é chocante, causa repugnação, curiosidade, aversão, apoio, medo, etc. E cada vez que ganhar destaque mais gente se perguntará 'que diabos é isso'.
Em ditaduras verdadeiras, quando uma manifestação qualquer acontece, o Estado bane e pune, e apartir do controle da mída tem a opção de esconder os movimentos e ninguém ficar sabendo, ou criar seus 'inimigos' diante da população. No nosso caso o Estado só tem a força policial, mas não tem capacidade de esconder, de dizer que está tudo uma beleza ou de apontar inimigos.
A polícia-manifestante, que saiu às ruas e fez um violento protesto contra a legalização da maconha (esquecendo-se de que era polícia e que por isso não pode ter opinião contra ou a favor, como instituição), agiu com firmeza, mas se esqueceu de que não é mais ditadura e que independentemente de sua opinião explícita, os fatos ganhariam notoriedade e, para bem ou para mal, causarão algum impacto e instigarão mais gente a procurar conhecer mais a realidade e a história para poder formar suas idéias.
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Re: Legalização da maconha
Slotrop escreveu:Não esperaria outra coisa de alguem com tendências claramente fascistas.
Perdeste a sutileza?Slotrop escreveu:Cortar uma frase pela metade dessa forma leviana não é muito diferente de pegar uma frase de outro e incluir palavras próprias, comportamento bastante desprezível.
"O correr da vida embrulha tudo,
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aperta e daí afrouxa,
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Re: Legalização da maconha
rodrigo escreveu:Slotrop escreveu:Não esperaria outra coisa de alguem com tendências claramente fascistas.Perdeste a sutileza?Slotrop escreveu:Cortar uma frase pela metade dessa forma leviana não é muito diferente de pegar uma frase de outro e incluir palavras próprias, comportamento bastante desprezível.
Se quer demonstrar teu ódio contra alguem o faça sem usar uma frase minha pela metade.
Exagerei um pouco na resposta, mas é cansativo esse comportamento da parte de muitos foristas(citar frases pela metade). E a falta de respeito nesse tópico em particular.
O Troll é sutil na busca por alimento.
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Re: Legalização da maconha
A sociedade sendo dominada por traficantes financiados por playboys irresponsaveis e os caras querem transformar o assunto como se a repressão fosse um atentado contra a democracia.GustavoB escreveu:Repressão à Marcha da Maconha é nostalgia da ditadura
Homem é imobilizado pela Polícia Militar durante a Marcha da Maconha no último final de semana, em São Paulo (Eladio Machado/Terra)
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Ao que se depreende das notícias veiculadas pela imprensa, a repressão não se deu pelo uso coletivo de entorpecentes, mas pela insistência dos manifestantes em querer simplesmente se manifestar.
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Será que podemos dizer que defender a legalização da maconha seja mesmo uma apologia ao uso das drogas?
Se a manifestação fosse de gestantes pela não criminalização do aborto, diríamos que se se tratava de uma apologia à interrupção da gravidez?
A democracia é construída por contrastes. É natural divergir e faz parte das regras respeitar o pluralismo.
Pode ser pluralismo defender algo que hoje é ilícito?
Pois é o que os ruralistas fizeram ao pleitear mudanças no Código Florestal. Com a significativa diferença de que com a revisão do Código, busca-se expressamente a anistia para todos aqueles que já cometeram os atos ilícitos de desmatamento.
O debate quanto à descriminalização dos entorpecentes, aliás, está em pauta no mundo inteiro. Por que estaria proibido por aqui?
A democracia fica menor cada vez que uma manifestação é reprimida a bala.
Nesses momentos, é impossível não se lembrar dos anos de ditadura e as tantas passeatas que foram interrompidas na base do cassetete.
De lá para cá, todavia, uma nova Constituição foi escrita e nos acostumamos a chamá-la de cidadã, justamente por assegurar o direito à reunião, à livre manifestação sem necessidade de autorização e à liberdade de expressão sem censura prévia.
Nada disso parece ter comovido as autoridades paulistas.
A nostalgia da repressão chega, curiosamente, em um momento de despertar da cidadania, em sua acepção mais legítima.
Estamos no limiar da construção de uma nova política, ainda que não saibamos exatamente qual será ela.
As redes sociais aproximam as pessoas de tal forma, que não estão mais sendo necessárias lideranças para convocar ou promover manifestações, suprindo, para o bem ou para o mal, uma enorme crise do sistema representativo, que atinge governos e oposições.
Os exemplos da Praça Tahir, e de vários outros pontos pelos quais sopraram os ventos da primavera árabe, mostraram a velocidade da disseminação nas redes sociais, e sua enorme influência na capacidade de mobilização. O Egito derrubou um ditador de décadas, sem um único líder governando as massas.
Até São Paulo provou um pouco dessa nova espontaneidade, com o churrasco da 'gente diferenciada'. Marcado por um convite no Facebook, agregou em cascata centenas de pessoas indignadas com o preconceito como motor de recusa a uma estação de Metrô.
Desde o dia 15 de maio, mais de uma centena de praças espanholas estão repletas de jovens, de desempregados e de aposentados, clamando por uma democracia real, que não os exclua das riquezas do país e não os marginalize nas decisões.
Reuniram-se sem líderes e sem partidos e passaram a cobrar perspectivas que a Espanha vem lhes negando: "Se não nos deixam sonhar, não os deixaremos dormir", dizem em um de seus mais repetidos slogans.
Dá pra pensar na nostalgia dos anos de chumbo?
Não há espaço nesse admirável mundo novo para uma democracia que interdite o debate, um Estado que decida apenas ouvindo suas elites, uma política que sirva para o enriquecimento de seus burocratas, e juízes que se estabelecem como censores.
Alguma coisa está fora da ordem e isso não é necessariamente ruim.
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A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!