General Augusto Heleno
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Re: General Augusto Heleno
Deprimente... um país como o Brasil ter servido de joguete por essas potências... eu vivi esta época (mais precisamente o final dela), e me lembro bem de como nosso país era manipulado pelas duas, e me envergonho de como colocamos o rabinho entre as pernas - por exemplo - quando o Sarney decretou a moratória da dívida e levamos um chute na bunda dos EUA, não tem coisa mais humilhante que levar chute na bunda...
Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!
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- Wingate
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Re: General Augusto Heleno
E os americanos estavam ainda "queimados" com a fracassada invasão de Cuba (fiasco da Baía dos Porcos) em abril de 1961.Pois é Ricardo, isso é uma grande besteira. Todos sabem que o golpe partiu de iniciativa própria dos militares brasileiros. Acontece que os EUA estavam se cagando de medo do golpe militar falhar porque eles sabiam que se o Brasil se tornasse comunista, nós não seríamos um republiqueta de bananas como Cuba, nós seríamos um gigante esfomeado como a China, e isso era algo que fazia todos os políticos americanos na época se mijarem de aflição e medo. Eis a razão deles terem oferecido apoio logístico, que foi recusado pelos militares, e terem posicionado uma frota aqui perto.
Wingate
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Re: General Augusto Heleno
Obrigado midnight por compartilhar o seu conhecimento conosco, em muito engrandece o FDB.
Há muito a ser desvendado sobre o golpe de 64, resta muitos "vilões" a serem inocentados e "mocinhos" condenados, espero que um dia a verdade venha à tona e de alguma forma, a justiça seja feita.
Os EUA estavam envolvidos de corpo e alma nesse golpe na defesa dos seus "interesses", como sempre.
Saudações
Há muito a ser desvendado sobre o golpe de 64, resta muitos "vilões" a serem inocentados e "mocinhos" condenados, espero que um dia a verdade venha à tona e de alguma forma, a justiça seja feita.
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Re: General Augusto Heleno
Em 1964, os USA tinham (e ainda tem) a maior e melhor frota de guerra do mundo. Isto somente já justifica o fato de o apoio deles ao golpe se traduzir em uma FT bem na nossa cara, sem que as ffaa's fiéis ao jango pudessem fazer muita coisa. Ela sozinha tinha mais qualidade em poder de fogo que todo o aparato do EB junto no CML.
Ora, como sabe, os militares desde a GM II sempre estiveram atrelados ideologicamente aos USA. Mas apesar disso, o golpe foi perpertrado com o intuito de combater uma possivel adesão do país ao socialismo, como na época parecia se ro caminho trilhado pelo GF.
O golpe de 64 foi muito mais uma resposta da teia social, politica e economica do pais, do que propriamente uma invenção dos militares. Se deu por um conjunto de fatores e atores dos quais as ffaa's forma a ponta de lança dos fatos. E como sempre no Brasil, no final das contas, levaram a culpa de tudo no final.
Os americanos, não tinham a intenção de invadir o Brasil com a 6a frota, e nem tinham capacidade para tal, no momento, mas tão somente dar o apoio logisitco necessário aos golpistas caso eventualmente o golpe viesse a evoluir para uma guerra civil, coisa que eles queriam evitar ao máximo, visto o exemplo da espanha, e à das já inúmeras guerras "comunistas" pelo mundo. Se isso acontessesse, atrairia a URSS para para cá diretamente.
Bom todos nós havemos de concordar que uma guerra civil bem no "quintal de casa", para os USA, e com um possivel envolvimento direto da URSS, e com o Vietnã já tomando os rumos que tomaria a guerra, era algo inadimissivel para eles. Aturar uma nova Cuba não estava nos planos yankees, ainda mais se trantando do Brasil. Perder este ponto estratégico da AS era impensável para os estrategistas americanos.
Neste sentido, a presença da 6a Frota deveria garantir antes de mais nada, a brevidade e a "finalização" do golpe no menor tempo possivel, com o apoio militar se necessário, para não haver qualquer possibilidade de brechas para uma participação da URSS no desenrolar dos fatos.
Por fim, é importante lembrar, que nossos militares, por maior atrelamento ideológico que tivessem com os USA, são antes de tudo nacionalistas extremados, no bom uso do termo. Jamais passaria pela cabela de qualquer gen, alte ou bgd admitir a intromissão ou o estacionamento de tropas estrangeiras no pais, a qualquer pretexto que fosse, mesmo americanas. Se tal coisa viesse a acontecer, com certeza tal "apoio" teria a mesma recepção de Floriano Peixoto. E com certeza os desdobramentos do golpe não seriam os que vimos até hoje.
abs
Ora, como sabe, os militares desde a GM II sempre estiveram atrelados ideologicamente aos USA. Mas apesar disso, o golpe foi perpertrado com o intuito de combater uma possivel adesão do país ao socialismo, como na época parecia se ro caminho trilhado pelo GF.
O golpe de 64 foi muito mais uma resposta da teia social, politica e economica do pais, do que propriamente uma invenção dos militares. Se deu por um conjunto de fatores e atores dos quais as ffaa's forma a ponta de lança dos fatos. E como sempre no Brasil, no final das contas, levaram a culpa de tudo no final.
Os americanos, não tinham a intenção de invadir o Brasil com a 6a frota, e nem tinham capacidade para tal, no momento, mas tão somente dar o apoio logisitco necessário aos golpistas caso eventualmente o golpe viesse a evoluir para uma guerra civil, coisa que eles queriam evitar ao máximo, visto o exemplo da espanha, e à das já inúmeras guerras "comunistas" pelo mundo. Se isso acontessesse, atrairia a URSS para para cá diretamente.
Bom todos nós havemos de concordar que uma guerra civil bem no "quintal de casa", para os USA, e com um possivel envolvimento direto da URSS, e com o Vietnã já tomando os rumos que tomaria a guerra, era algo inadimissivel para eles. Aturar uma nova Cuba não estava nos planos yankees, ainda mais se trantando do Brasil. Perder este ponto estratégico da AS era impensável para os estrategistas americanos.
Neste sentido, a presença da 6a Frota deveria garantir antes de mais nada, a brevidade e a "finalização" do golpe no menor tempo possivel, com o apoio militar se necessário, para não haver qualquer possibilidade de brechas para uma participação da URSS no desenrolar dos fatos.
Por fim, é importante lembrar, que nossos militares, por maior atrelamento ideológico que tivessem com os USA, são antes de tudo nacionalistas extremados, no bom uso do termo. Jamais passaria pela cabela de qualquer gen, alte ou bgd admitir a intromissão ou o estacionamento de tropas estrangeiras no pais, a qualquer pretexto que fosse, mesmo americanas. Se tal coisa viesse a acontecer, com certeza tal "apoio" teria a mesma recepção de Floriano Peixoto. E com certeza os desdobramentos do golpe não seriam os que vimos até hoje.
abs
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Re: General Augusto Heleno
Muito bem observado, FCarvalho. Servi o EB na década de 70 e ouvi de oficiais, não só uma vez, o que você mencionou acima.Por fim, é importante lembrar, que nossos militares, por maior atrelamento ideológico que tivessem com os USA, são antes de tudo nacionalistas extremados, no bom uso do termo. Jamais passaria pela cabela de qualquer gen, alte ou bgd admitir a intromissão ou o estacionamento de tropas estrangeiras no pais, a qualquer pretexto que fosse, mesmo americanas. Se tal coisa viesse a acontecer, com certeza tal "apoio" teria a mesma recepção de Floriano Peixoto. E com certeza os desdobramentos do golpe não seriam os que vimos até hoje.
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Re: General Augusto Heleno
Caro colega, Wingate. Para os nossos homens e mulheres de farda, graça a Deus, o que valeu em Guararpes vale até hoje. Seja para inimigos externos como para os internos também.Wingate escreveu:Muito bem observado, FCarvalho. Servi o EB na década de 70 e ouvi de oficiais, não só uma vez, o que você mencionou acima.Por fim, é importante lembrar, que nossos militares, por maior atrelamento ideológico que tivessem com os USA, são antes de tudo nacionalistas extremados, no bom uso do termo. Jamais passaria pela cabela de qualquer gen, alte ou bgd admitir a intromissão ou o estacionamento de tropas estrangeiras no pais, a qualquer pretexto que fosse, mesmo americanas. Se tal coisa viesse a acontecer, com certeza tal "apoio" teria a mesma recepção de Floriano Peixoto. E com certeza os desdobramentos do golpe não seriam os que vimos até hoje.
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Re: General Augusto Heleno
A intromissão americana é o blá-blá-blá da cartilha da esquerda. Ao contrário do Chile, onde houve intromissão mesmo, declarada e documentada, aqui no Brasil os americanos babaram para participar e foram gentilmente afastados. E quem tiver interesse que estude o episódio ocorrido na presidência de Geisel, entre Brasil e EUA.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Re: General Augusto Heleno
Gostei dessa entrevista
Bom mesmo!
Interessante é que tem muita coisa que falamos e falamos e falamos aqui nos nossos debates
[]s
CB_Lima
Bom mesmo!
Interessante é que tem muita coisa que falamos e falamos e falamos aqui nos nossos debates
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CB_Lima
CB_Lima = Carlos Lima
- rodrigo
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Re: General Augusto Heleno
PALAVRAS DE DESPEDIDA - GEN HELENO
Em meu nome e do Gen Mayer, agradeço a presença de todos.
Há exatos 16 511 dias, transpus o portão dos novos cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras.
Iniciava-se então o ciclo mais produtivo de minha vida. Tentarei, em alguns minutos, recordar, sumariamente, personagens, fatos e reflexões que marcaram de forma indelével essa trajetória.
Começo pelos meus 21 irmãos de Arma. Caminhamos juntos, desde a sábia escolha que fizemos, há 42 anos. Reunimos a melhor Turma de Cavalaria da história do Exército. Custo a acreditar que alguns cavalgam hoje nas pradarias eternas. Guedes, Gaspar, Vilarinho e Pedro Couto, guardo de vocês, que saíram de forma sem permissão, uma enorme e irremediável saudade.
Minha gratidão aos abnegados e brilhantes mestres e instrutores, muitos aqui presentes, que renovaram periodicamente meu horizonte de conhecimento, nas diversas escolas do nosso primoroso Sistema Militar de Ensino, oásis indiscutível da educação, em um País, onde esse tema só é prioritário nos palanques eleitorais.
Minha homenagem aos Oficiais Generais com quem convivi, ao longo desses 45 anos. Exemplos de dedicação, honradez e profissionalismo, eles são escolhidos por um Sistema de Promoções que não é infalível, por ser conduzido por seres humanos, entretanto é marcado pela honestidade de propósitos, pela isenção e pelo senso de justiça. Espero que não aceitemos jamais ingerências políticas nesse processo, sob pena de violarmos nossos valores mais caros.
Comandantes e comandados, por intenções, atos e palavras, escrevem a história militar. Fui brindado, de aspirante ao mais alto posto, pelo convívio com sucessivos comandantes, da mais alta estirpe. Não vou citá-los para evitar omissões. Eles me ensinaram, sobretudo, que nada substitui o exemplo. Com eles aprendi que o Chefe militar nem sempre consegue ser um líder, mas jamais pode abdicar de tentar sê-lo, obstinadamente.
Aos meus comandados, dedico uma reverência respeitosa. Eles foram a principal motivação da minha vida profissional. Obrigo-me a uma citação especial aos que me acompanharam nas duas mais difíceis e relevantes missões de minha carreira. No Haiti, como comandante de uma força de paz, em um país estrangeiro, numa situação real, e na Amazônia, onde a presença efetiva do Estado Brasileiro se resume, quase sempre, à estóica presença das Forças Armadas. Confirmei, nessas ocasiões, o valor do soldado brasileiro e a sabedoria do postulado que cultivei incansavelmente: ao subordinado devemos, antes de tudo, respeito e lealdade. Jamais violei esses princípios. Orgulho-me de poder encará-los, desde s empre, com a cabeça erguida, olhos nos olhos.
A meus últimos comandados, do Departamento de Ciência e Tecnologia, impõe-se uma explicação. Quando fui nomeado para chefiá-los, vocês ouviram, nos corredores do Quartel-General, que eu estava sendo colocado em uma geladeira profissional. Sem dúvida, o DCT nada tinha a ver com meu perfil e minhas aptidões. Por decisão do Comandante Supremo, eu me tornara o exemplo típico do homem errado no lugar errado. Como aprendi, desde cadete, que missão é para ser cumprida, procurei superar minhas notórias deficiências nessa área. Seguindo os passos de meus antecessores, busquei valorizar ainda mais o Engenheiro Militar e fazer com que o Exército avaliasse melho r a importância da Ciência e Tecnologia no mundo de hoje. Lutei para que a Força Terrestre se convencesse de que não haverá a tão sonhada transformação, sem um investimento maciço em autonomia e inovação tecnológica. A experiência, graças a vocês e ao ineditismo de tudo que conheci e aprendi, foi gratificante. Espero que colham os frutos desse trabalho.
Passo agora às jóias mais preciosas desse ciclo: meus filhos Renata e Mário Márcio. Vocês nos deram pouquíssimos problemas e infinitas alegrias, até pelas escolhas que fizeram no casamento. Por serem mais ajuizados do que eu, negaram-me a chance de aplicar os ensinamentos de Psicologia que a AMAN e a vida me transmitiram. Não seguirei a praxe de lhes pedir desculpas pela ausência. Eu e vocês ausentamo-nos quando as circunstâncias exigiram, sempre em busca do sucesso, que, felizmente, todos alcançamos. Meus adorados netos, Leonardo, Henrique e Luís Felipe enchem o presente de alegria e serão, por certo, os perp etuadores do clã, no futuro.
Sonia, você é única. Foi sempre o sustentáculo da família. Amor e emoção à flor da pele. Atua em todo o campo de batalha. Comanda o apoio logístico e faz a segurança da área de retaguarda. Às vezes defende o dispositivo e realiza contra-ataques de desaferramento. Tem ainda papel preponderante nas ações retardadoras e nos retraimentos e, fatalmente, será bastante exigida a partir de agora, na retirada. Devo-lhe parcela considerável do meu sucesso. Obrigado por tudo.
Propositalmente deixei por último meus pais. Sem eles, por motivos óbvios, nada disso teria acontecido.
Dona Edina, minha extremada mãe, professora por vocação, avó amantíssima. Tu foste a educadora clarividente que jamais transigiu com a displicência e exigiu-me, sempre, no limite da minha competência. Tu me mostraste que a vida é luta renhida e fez de mim um estudante diferenciado, não pela inteligência, mas sim pelo método e pela objetividade. Lembro de ti, intensamente, cada vez que devo superar-me e não foram poucas vezes.
Cel Ary, meu adorado pai. A saúde frustrou teus ideais de guerreiro e te transformou em um admirado professor. Partiste muito cedo, quando eu era um jovem tenente. Eras o meu amigo mais leal e sincero, meu companheiro de todas as horas, meu ombro acolhedor. Tua presença, tua gargalhada, teu assobio enchiam a casa. Personificavas a alegria de viver. Lutaste, em 1964, contra a comunização do país e me ensinaste a identificar e repudiar os que se valem das liberdades democráticas para tentar impor um regime totalitário, de qualquer matiz. Foste meu exemplo de dedicação profissional, retidão de caráter, honestidade ina balável, e amor ao Exército e ao Brasil.
Minhas senhoras e meus senhores.
Não vou agradecer ao Exército pelo muito que me proporcionou. Mantive com a Instituição uma relação de amor intenso, sem máculas, uma troca de energia e conhecimento, desinteressada e produtiva.
Se voltasse a passar pelo portão dos novos cadetes, faria tudo novamente. Talvez conseguisse ser mais solidário, mais atencioso, mais organizado, mais paciente, mais competente e mais uma infinidade de outros predicativos. Talvez por isso não nos deixem repetir o percurso. Perderia a graça.
Fui aconselhado, algumas vezes, a ser menos impetuoso e mais tolerante. Preferi, como Cervantes, seguir pela estreita senda da Cavalaria, e, como ele, desprezar certas honrarias para não abdicar de meus valores.
A partir de hoje, assistirei, da arquibancada, a mais um desafio inédito, que o nosso querido Brasil parece disposto a enfrentar: ser a primeira potência mundial a possuir Forças Armadas mal equipadas e muito mal remuneradas, no entanto altamente motivadas e extremamente competentes, como provam todos os dias, nas mais diferentes missões. Tomara que a experiência continue a dar certo.
Lembro apenas um pensamento de Rui Barbosa: “A Nação que confia mais nos seus direitos do que em seus soldados, engana a si mesma e cava sua ruína”
Ao meu dileto amigo Gen Mayer, faço votos de que continue se valendo da competência, do bom senso, da inteligência, da liderança e da capacidade de gerência que o trouxeram até aqui. O Departamento de Ciência e Tecnologia ganha hoje um grande chefe militar. Que Deus o proteja.
Aliás, devem estar surpresos por não ter falado em Deus até aqui. Não julguei necessário. Com Ele me entendo de modo especial. Não preciso de igrejas, de rezas, nem de reverendos. Bastam meus pensamentos, meus sentimentos e meus atos.
Obrigado a todos.
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Começo pelos meus 21 irmãos de Arma. Caminhamos juntos, desde a sábia escolha que fizemos, há 42 anos. Reunimos a melhor Turma de Cavalaria da história do Exército. Custo a acreditar que alguns cavalgam hoje nas pradarias eternas. Guedes, Gaspar, Vilarinho e Pedro Couto, guardo de vocês, que saíram de forma sem permissão, uma enorme e irremediável saudade.
Minha gratidão aos abnegados e brilhantes mestres e instrutores, muitos aqui presentes, que renovaram periodicamente meu horizonte de conhecimento, nas diversas escolas do nosso primoroso Sistema Militar de Ensino, oásis indiscutível da educação, em um País, onde esse tema só é prioritário nos palanques eleitorais.
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Comandantes e comandados, por intenções, atos e palavras, escrevem a história militar. Fui brindado, de aspirante ao mais alto posto, pelo convívio com sucessivos comandantes, da mais alta estirpe. Não vou citá-los para evitar omissões. Eles me ensinaram, sobretudo, que nada substitui o exemplo. Com eles aprendi que o Chefe militar nem sempre consegue ser um líder, mas jamais pode abdicar de tentar sê-lo, obstinadamente.
Aos meus comandados, dedico uma reverência respeitosa. Eles foram a principal motivação da minha vida profissional. Obrigo-me a uma citação especial aos que me acompanharam nas duas mais difíceis e relevantes missões de minha carreira. No Haiti, como comandante de uma força de paz, em um país estrangeiro, numa situação real, e na Amazônia, onde a presença efetiva do Estado Brasileiro se resume, quase sempre, à estóica presença das Forças Armadas. Confirmei, nessas ocasiões, o valor do soldado brasileiro e a sabedoria do postulado que cultivei incansavelmente: ao subordinado devemos, antes de tudo, respeito e lealdade. Jamais violei esses princípios. Orgulho-me de poder encará-los, desde s empre, com a cabeça erguida, olhos nos olhos.
A meus últimos comandados, do Departamento de Ciência e Tecnologia, impõe-se uma explicação. Quando fui nomeado para chefiá-los, vocês ouviram, nos corredores do Quartel-General, que eu estava sendo colocado em uma geladeira profissional. Sem dúvida, o DCT nada tinha a ver com meu perfil e minhas aptidões. Por decisão do Comandante Supremo, eu me tornara o exemplo típico do homem errado no lugar errado. Como aprendi, desde cadete, que missão é para ser cumprida, procurei superar minhas notórias deficiências nessa área. Seguindo os passos de meus antecessores, busquei valorizar ainda mais o Engenheiro Militar e fazer com que o Exército avaliasse melho r a importância da Ciência e Tecnologia no mundo de hoje. Lutei para que a Força Terrestre se convencesse de que não haverá a tão sonhada transformação, sem um investimento maciço em autonomia e inovação tecnológica. A experiência, graças a vocês e ao ineditismo de tudo que conheci e aprendi, foi gratificante. Espero que colham os frutos desse trabalho.
Passo agora às jóias mais preciosas desse ciclo: meus filhos Renata e Mário Márcio. Vocês nos deram pouquíssimos problemas e infinitas alegrias, até pelas escolhas que fizeram no casamento. Por serem mais ajuizados do que eu, negaram-me a chance de aplicar os ensinamentos de Psicologia que a AMAN e a vida me transmitiram. Não seguirei a praxe de lhes pedir desculpas pela ausência. Eu e vocês ausentamo-nos quando as circunstâncias exigiram, sempre em busca do sucesso, que, felizmente, todos alcançamos. Meus adorados netos, Leonardo, Henrique e Luís Felipe enchem o presente de alegria e serão, por certo, os perp etuadores do clã, no futuro.
Sonia, você é única. Foi sempre o sustentáculo da família. Amor e emoção à flor da pele. Atua em todo o campo de batalha. Comanda o apoio logístico e faz a segurança da área de retaguarda. Às vezes defende o dispositivo e realiza contra-ataques de desaferramento. Tem ainda papel preponderante nas ações retardadoras e nos retraimentos e, fatalmente, será bastante exigida a partir de agora, na retirada. Devo-lhe parcela considerável do meu sucesso. Obrigado por tudo.
Propositalmente deixei por último meus pais. Sem eles, por motivos óbvios, nada disso teria acontecido.
Dona Edina, minha extremada mãe, professora por vocação, avó amantíssima. Tu foste a educadora clarividente que jamais transigiu com a displicência e exigiu-me, sempre, no limite da minha competência. Tu me mostraste que a vida é luta renhida e fez de mim um estudante diferenciado, não pela inteligência, mas sim pelo método e pela objetividade. Lembro de ti, intensamente, cada vez que devo superar-me e não foram poucas vezes.
Cel Ary, meu adorado pai. A saúde frustrou teus ideais de guerreiro e te transformou em um admirado professor. Partiste muito cedo, quando eu era um jovem tenente. Eras o meu amigo mais leal e sincero, meu companheiro de todas as horas, meu ombro acolhedor. Tua presença, tua gargalhada, teu assobio enchiam a casa. Personificavas a alegria de viver. Lutaste, em 1964, contra a comunização do país e me ensinaste a identificar e repudiar os que se valem das liberdades democráticas para tentar impor um regime totalitário, de qualquer matiz. Foste meu exemplo de dedicação profissional, retidão de caráter, honestidade ina balável, e amor ao Exército e ao Brasil.
Minhas senhoras e meus senhores.
Não vou agradecer ao Exército pelo muito que me proporcionou. Mantive com a Instituição uma relação de amor intenso, sem máculas, uma troca de energia e conhecimento, desinteressada e produtiva.
Se voltasse a passar pelo portão dos novos cadetes, faria tudo novamente. Talvez conseguisse ser mais solidário, mais atencioso, mais organizado, mais paciente, mais competente e mais uma infinidade de outros predicativos. Talvez por isso não nos deixem repetir o percurso. Perderia a graça.
Fui aconselhado, algumas vezes, a ser menos impetuoso e mais tolerante. Preferi, como Cervantes, seguir pela estreita senda da Cavalaria, e, como ele, desprezar certas honrarias para não abdicar de meus valores.
A partir de hoje, assistirei, da arquibancada, a mais um desafio inédito, que o nosso querido Brasil parece disposto a enfrentar: ser a primeira potência mundial a possuir Forças Armadas mal equipadas e muito mal remuneradas, no entanto altamente motivadas e extremamente competentes, como provam todos os dias, nas mais diferentes missões. Tomara que a experiência continue a dar certo.
Lembro apenas um pensamento de Rui Barbosa: “A Nação que confia mais nos seus direitos do que em seus soldados, engana a si mesma e cava sua ruína”
Ao meu dileto amigo Gen Mayer, faço votos de que continue se valendo da competência, do bom senso, da inteligência, da liderança e da capacidade de gerência que o trouxeram até aqui. O Departamento de Ciência e Tecnologia ganha hoje um grande chefe militar. Que Deus o proteja.
Aliás, devem estar surpresos por não ter falado em Deus até aqui. Não julguei necessário. Com Ele me entendo de modo especial. Não preciso de igrejas, de rezas, nem de reverendos. Bastam meus pensamentos, meus sentimentos e meus atos.
Obrigado a todos.
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"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
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Re: General Augusto Heleno
Parabéns pelo texto deste grande brasileiro!
Vai fazer falta na "ativa" do exército.
Vai fazer falta na "ativa" do exército.
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Re: General Augusto Heleno
Melhor seria se fosse senador. como presidente do congresso, não iria sobrar muita gente por lá, e teriamos que construir um presidio federal só para os nossos congressistas e apaningüádos.
Ou então presidente da república. Também não iria ter espaço para demagogia no STF e no Congresso. Nacional.
abs.
Ou então presidente da república. Também não iria ter espaço para demagogia no STF e no Congresso. Nacional.
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Carpe Diem
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Re: General Augusto Heleno
Internos??? "Inimigos" internos é coisa pra polícia, no máximo as FA "interferem" a pedido da Justiça aos moldes do Rio de Janeiro, graças a Deus as FA amadureceram e abandonaram essa de "inimigo interno"!FCarvalho escreveu:Caro colega, Wingate. Para os nossos homens e mulheres de farda, graça a Deus, o que valeu em Guararpes vale até hoje. Seja para inimigos externos como para os internos também.Wingate escreveu: Muito bem observado, FCarvalho. Servi o EB na década de 70 e ouvi de oficiais, não só uma vez, o que você mencionou acima.
Wingate
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abs.
Gostei da frase do General, espero que isso tenha ressoado nos ouvidos da presidenta!!!A partir de hoje, assistirei, da arquibancada, a mais um desafio inédito, que o nosso querido Brasil parece disposto a enfrentar: ser a primeira potência mundial a possuir Forças Armadas mal equipadas e muito mal remuneradas, no entanto altamente motivadas e extremamente competentes, como provam todos os dias, nas mais diferentes missões. Tomara que a experiência continue a dar certo.
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Re: General Augusto Heleno
O General Heleno viajou na maionese. Um pais que ganha caças de graça como disse o Lula e tem o Ronaldinho para resolver questões internacionais não precisa de FA.rodrigo escreveu:A partir de hoje, assistirei, da arquibancada, a mais um desafio inédito, que o nosso querido Brasil parece disposto a enfrentar: ser a primeira potência mundial a possuir Forças Armadas mal equipadas e muito mal remuneradas, no entanto altamente motivadas e extremamente competentes, como provam todos os dias, nas mais diferentes missões. Tomara que a experiência continue a dar certo.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
- FCarvalho
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Re: General Augusto Heleno
J.Ricardo, os "inimigos internos" para os militares dos anos 60/70 tinha uma conotação politico-partidária no uso do termo. Hoje já não mais.J.Ricardo escreveu:Internos??? "Inimigos" internos é coisa pra polícia, no máximo as FA "interferem" a pedido da Justiça aos moldes do Rio de Janeiro, graças a Deus as FA amadureceram e abandonaram essa de "inimigo interno"!
Mas chamo a atenção para o mesmo termo que hoje em dia é usado no sentido jurídico, como manda a CF 1988. O "Inimigo Interno" atual se revela dentro de nossas fronteiras, como sendo qualquer situação ou pessoa(s) que venha a compor contra nossos valores e instituições. E muitas vezes, na verdade na maioria das vezes, não se trata de mero caso de policia.
A bem da verdade, existem muitos mais "inimigos internos" hoje no Brasil do que décadas atrás. Cito: analfabetismo, miséria, fome, saúde, relativismo ético/moral, egocentrismo, corrupção, desemprego, programas assistencialistas, alienação politica, (in)justiça, Estado paternalista, etc...
Só por meio destes exemplos pode-se percerber que nossas ffaa's tem hoje muito mais inimigos internos do que seus parços recursos podem combater.
abs.
Carpe Diem