Mundo Árabe em Ebulição

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#541 Mensagem por P44 » Qui Fev 24, 2011 10:54 am

Bourne escreveu:Até há poucos dias a UE era bem próxima de Kahdafi. A ponto da França quase tirar a virgindade do Rafale. Como as coisas mudam rápido.
É....a hipocrisia suprema se revelando, como de habitual...e ficam muito enxofrados pelo Lula ter feito acordos com o Khadaffi??? e meia-europa? e os próprios EUA???????

Ainda há pouco tempo o Kadaffi esteve em Portugal e foi recebido com todas as honras e mordomias!!!!

Epá poupem-me, as virgens ofendidas de hoje são as mesmas que ontem só lhe faziam vénias.

entretanto o barril de brent já vai nos 114 dólares...continuem a apoiar revoltosos que quem se lixa é o zé povinho de sempre

e já agora, ás virgens ofendidas...ONDE ANDAM OS APELOS DOS EUA Á REVOLTA DO POVO DA ARÁBIA SAUDITA , pelo derrube de um dos regimes mais retrógados que há memória??????




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#542 Mensagem por P44 » Qui Fev 24, 2011 10:58 am

Anton escreveu:Como disseram é tudo intere$$e e política.
Se amanhã o Ahmadinejad falar que Israel é a melhor democracia do mundo e puxar saco do gringos, na certa o Abama vai estar lá abertando a mão dele e fazendo altos elegios a história da civilização persa. :twisted: :twisted:
Ora aí está a maior das verdades.

Tanta hipocrisia mete nojo!

gostava de saber é que "mãozinha" é que está por detrás de tantas revoltas em simultâneo...




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#543 Mensagem por Anton » Qui Fev 24, 2011 11:00 am

FOXTROT escreveu:E se alguma unidade SAM líbia fiel ao Kadafi estiver ativa????? Parece-me que teremos rafa no chão :twisted: :twisted: :twisted:

Saudações
Taí uma boa chance da FAB e GF rever o FX2 :lol:




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#544 Mensagem por Skyway » Qui Fev 24, 2011 11:03 am

Enlil escreveu:
Skyway escreveu:Acho um absurdo certas coisas. Acho que erro é erro, e não deixa de ser erro se outra pessoa comete um maior ou se o seu erro é consequencia do erro de outro.

Faço um paralelo entre Israel x Palestina e Povo x Kahdafi.

Ninguém aí é inocente, nem Israel, nem o povo Líbio, nem os palestinos e nem Kahdafi. E por isso é, na minha opinião, alguém de fora tomar algum partido algo muito injusto. Isso não é jogo de futebol para se ter torcidas.

O povo da palestina é tão errado quanto Israel no momento em que começou a matar israelenses. O povo da Líbia é tão errado quanto Kahdafi quando começou a matar militares, isso sem citar a recepção a Abdelbaset Mohmed Ali al-Megrahi.

Vitimas de um tirano sim, mas inocentes NÃO.
Ninguém merece ser bombardeado por fazer manifestações, mas se surpreender ou se indignar com isso em um país sob o domínio do mesmo ditador tirano a cerca de 40 anos, é demais. Nenhum povo fica 40 anos sob domínio de um ditador sem ter culpa disso.

Assim como no caso Israel x Palestina...palestinos são vítimas de Israel sim, mas não inocentes, até porque matam civis israelenses também.

Não sei quem disse aqui que em 3 ou 4 dias isso estaria acabado na Líbia...não tenho essa certeza.
O discurso do Kahdafi hoje me deu uma visão da coisa. O cara não vai sair...ou matam ele, ou o banho de sangue vai ser grande, e existe sim a chance de ele vencer essa revolta. Existe sim a chance da Líbia nõa sucumbir a esse movimento.

Acho sim que nos próximos 3 ou 4 dias é que saberemos qual rumo isso vai tomar.

MINHA opinião.
As coisas não são tão simples e lineares assim, skyway, agora houve uma circunstância histórica excepcional para haver o q está acontecendo. As mudanças em 99,99% dos casos acontecem de cima para baixo, não ao contrário. As "revoltas populares" devem ser vistas com ressalva quando assim são denominadas pela imprensa, na imensa maioria dos casos o êxito só vem se houverem organizações q catalizem uma "vontade coletiva" significativa e, SOBRETUDO, DISSIDÊNCIAS no "velho" regime. Logo, como está acontecendo agora, apenas circunstâncias internas e externas EXCEPCIONAIS produzem o momento histórico q torna possível tais eventos.

A próposito: foi eu quem disse q o governo de Muammar cairia em 48-72 horas, talvez demore um pouco mais, no entanto, acho q será inevitável.


[].
Enlil, as coisas são simples e lineares se analisar friamente, que foi como eu disse. Um povo pode se revoltar e exigir mudança, mas a que custo? A custo de assassinatos? Isso é certo? Para mim não, é um erro que passa em branco em 99,99% dos casos porque o significado do movimento é algo muito maior do que alguns militares ou policiais mortos pelo povo.(Quando digo mortos, digo os que não estavam ameaçando a vida do povo)

E um povo pode jogar foguetes em bairros familiares por se revoltar contra um governo que o oprime e o expulsa de seu território? Também não, além de intensificar o erro que o outro já comete, esse povo está se igualando ao seu carrasco. Também está errado.

Acho que, quer mudança, então levante, bata no peito junto com o povo e faça pressão, pressão até quem tem que cair não aguentar mais. O confronto é inevitável? Então lute, mas lute contra quem luta pra te ferir.

Chamar de inocentes ou coitados tanto o povo da Líbia quanto os palestinos, é pra mim um absurdo sem tamanho.

Foi isso que quis dizer. :wink:

Um abraço!




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#545 Mensagem por Brasileiro » Qui Fev 24, 2011 11:12 am

P44 escreveu:
Anton escreveu:Ora aí está a maior das verdades.

Tanta hipocrisia mete nojo!

gostava de saber é que "mãozinha" é que está por detrás de tantas revoltas em simultâneo...
Só se for a mão do Irã...
Mas e daí que é do Irã, os EUA e Israel não tinham o controle na mão, porque desta vez não deram uma forcinha para o Mubarak? Agora agem hipocritamente apoiando essas revoluções como se não tivessem apoiado por décadas estas ditaduras sanguinárias.



abraços]




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#546 Mensagem por P44 » Qui Fev 24, 2011 11:13 am

Muito eu me vou rir se fôr o Irão por detrás disto :mrgreen:

Que dirão os que aplaudem de pé as "revoltas populares espontâneas"?????? 8-]

e o que vai sobrar para a Europa:
O ministro italiano do Interior, Roberto Maroni, pediu a ajuda dos aliados europeus para que Roma consiga enfrentar o risco de uma crise humanitária catastrófica em consequência da violência na Líbia, que pode provocar uma fuga em massa para as costas europeias.

"Nós estamos a enfrentar uma emergência humanitária e eu peço à Europa que adopte todas as medidas necessárias para enfrentar uma crise humanitária catastrófica", disse.

Maroni destacou que a Itália enfrenta uma "potencial invasão de 1,5 milhão de pessoas", o que segundo ele deixaria o país "de joelhos".
http://noticias.sapo.pt/info/artigo/1132291.html




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#547 Mensagem por Anton » Qui Fev 24, 2011 11:21 am

Interessante esse título, não? Mercenários e não as FA da Líbia.
--------------------------------------------------------------------------------
Mercenários de Kadafi e manifestantes se enfrentam a 50 km de Trípoli

http://www.estadao.com.br/noticias/inte ... 3898,0.htm

A revolta popular contra o ditador líbio, Muamar Kadafi, chegou aos arredores de Trípoli, nesta quinta-feira, 24. Manifestantes pró-democracia já dominam as cidades de Misurata e Zuara. Zauiya, a 50 km da capital, que havia caído nas mãos dos manifestantes, foi invadida por mercenários armados contratados por Kadafi. Há luta também pelo controle de Sabha e Sabrata , segundo a rede de TV árabe Al-Jazira.

Em Zauiya, várias pessoas morreram e pelo menos 50 ficaram feridas após mercenários tentarem retomar o controle da cidade. Outra emissora árabe, a Al-Arabiya, informou que Kadafi, irá "em breve" fazer um pronunciamento aos moradores de Zauiya.

Testemunhas disseram ter visto a movimentação de tanques nos subúrbios da cidade, assim como a invasão de residências por forças de segurança do governo a fim de prender opositores.
Após o ataque, dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas, entre elas várias mulheres, para protestar contra essa ação e combater os agressores.

Batalha por Trípoli

Forças pró e contra o governo na Líbia dão sinais de se preparar para uma batalha em Trípoli, depois que a oposição passou a controlar outras das principais cidades na costa do país. Relatos indicam que a capital está sendo patrulhada por grupos fortemente armados a favor do governo, incluindo milícias que se deslocam pela cidade em veículos.

Trípoli continua sendo uma espécie de bastião do regime de Muamar Khadafi, depois que a segunda e a terceira cidades do país, Benghazi e Misurata, foram tomadas pela oposição, assim como outras cidades na costa do Mar Mediterrâneo, como Sabratha e Zawiya.

Em Benghazi, sob firme controle da oposição, havia filas para distribuir armas roubadas da polícia e do Exército com a finalidade de iniciar o que o repórter da BBC Jon Leyne chamou de "batalha por Trípoli".




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#548 Mensagem por tflash » Qui Fev 24, 2011 11:29 am

http://www.publico.pt/Mundo/segundo-c13 ... 481674?p=1

Um artigo bem feito com o ponto de vista de quem esteve no terreno.
Um segundo C-130 aterrou esta madrugada, pouco antes das 4h00, no aeroporto militar de Figo Maduro, em Lisboa, transportando portugueses que estavam na Líbia.

avião da Força Aérea Portuguesa chegou a Lisboa proveniente de Itália, onde tinha aterrado cerca das 20h30 de terça-feira, transportando 75 cidadãos, 64 portugueses e 11 estrangeiros que trabalham para empresas portuguesas ou de capital português na Líbia.

Milhares de cidadãos estrangeiros que trabalham ou residem na Líbia continuam retidos em Bengasi à espera de serem evacuados por via marítima, já que o aeroporto naquela cidade costeira está inoperacional desde segunda-feira, e o porto parece ser já a única porta de saída.

Os protestos na Líbia contra o regime do coronel Muammar Khadafi começaram no passado dia 15, tendo sido reprimidos com violência. Os incidentes mais graves foram registados sobretudo em Tripoli, a capital, e em Bengasi, a segunda maior cidade líbia.

Segundo organizações internacionais, centenas de civis já perderam a vida desde o início dos tumultos.

Segundo relatos dos portugueses que chegam a Portugal, a situação no aeroporto de Tripoli é “caótica” e “complicada”, nas ruas ouvem-se “tiros” e vê-se “destruição”.

Jorge Maciel, preparador físico da equipa Al-Attihad, que liderava o campeonato de futebol da primeira liga líbia entretanto interrompido, contou à Lusa que “na semana passada estava tudo tranquilo” e que “de um momento para o outro” a situação começou a complicar-se “primeiro em Bengasi e depois em Tripoli”.

“O primeiro sintoma de que as coisas podiam estar muito esquisitas foi quando queríamos ir à Internet e deixámos de aceder a determinadas páginas, nomeadamente o Facebook e o Hotmail”, o que começou a verificar-se “no fim da semana passada”, relatou Jorge Maciel.

O português, que estava na Líbia desde Dezembro, conta que “a principal preocupação” era “tranquilizar” os familiares em Portugal até porque, em Tripoli, não tinha acesso ao que se estava a passar no país. Isto porque “havia poucas notícias em inglês, era tudo em árabe” e havia “pouca capacidade de entrar em contacto” com a família, uma vez que as comunicações falharam.

Quando chegou ao campo de treinos, na segunda-feira, Jorge Maciel percebeu que “a cidade estava praticamente deserta de manhã” e viu “alguns pontos com focos de incêndio, cheirava a queimado e algumas esquadras da polícia estavam completamente destruídas”.

Como apenas os jogadores estrangeiros se apresentaram ao treino, os três portugueses actualmente no clube, incluindo dois jogadores com dupla nacionalidade (portuguesa e brasileira) e Jorge Maciel, pediram os passaportes e foram para o aeroporto.

“Fomos para o aeroporto ontem [segunda-feira] de manhã e a situação estava muito complicada. Se as autoridades internacionais puderem, pelo menos, orientar o controlo de entradas no aeroporto... O cenário ainda não é de desespero, em que as pessoas se atropelam, mas é incrível ver milhares e milhares de pessoas a chegarem de táxi com bagagens às costas e toda a gente a querer entrar”, explicou.

Romana Pereira, uma das poucas mulheres que vinha no C-130, estava em Tripoli de visita ao marido, a trabalhar na capital líbia há três meses.

Com uma filha bebé ao colo, conta que estava num “condomínio fechado”, onde “ninguém entrava sem identificação” e com “polícia em todo o lado”. Apesar da aparente segurança, Romana e a família ouviam “tiros durante a noite”, uma situação de insegurança que não esperava: “Quando se entra naquele país, é um sossego, melhor do que Portugal, mais calmo”, afirmou.

Também o tenente coronel Paulo Peres, que pilotou o C-130 da Força Aérea Portuguesa que chegou hoje, adianta que a situação na Líbia não tem nada a ver com o Egipto, de onde também transportou portugueses.

No aeroporto militar de Figo Maduro, o piloto afirmou aos jornalistas que, em Tripoli, “as pessoas estão mais assustadas” e que há “mais tensão e nervosismo no controlo aéreo”.

Fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou aos jornalistas, no aeroporto de Figo Maduro, que neste voo do C-130 vieram 64 portugueses, cinco brasileiros, dois egípcios, dois sul-africanos, um arménio e uma norte-americana.




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#549 Mensagem por Brasileiro » Qui Fev 24, 2011 11:36 am

P44 escreveu:Muito eu me vou rir se fôr o Irão por detrás disto :mrgreen:

Que dirão os que aplaudem de pé as "revoltas populares espontâneas"?????? 8-]

Não acho que tendo como apoiador o país x ou y altere a legitmidade dos movimentos e das reivindicações populares.
Quer dizer que se fosse Israel por trás dos levantes estes seriam mais legítmos? É uma forma muito limitante de se pensar...

Porém, o mais engraçado de tudo isso é ver os EUA criticando o Irã por parabenizar as revoluções sendo que eles mesmos deram armas e dólares para aqueles reizinhos.

Se for pensar dessa forma a gente vai cair naquela cova de que estava muito melhor do jeito que estava antes. Vejo um futuro muito mais interessante (e ao mesmo tempo incerto) para o oriente médio.

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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#550 Mensagem por tflash » Qui Fev 24, 2011 11:44 am

Mas vocês ainda não perceberam os motivos das revoltas? São económicos! Os alimentos e a energia aumentaram imenso, Aqueles povos estavam a viver um crescimento económico e de repente Puff! A contestação saiu fora de controlo porque os estados não conseguiram proteger as populações dos aumentos. Tivemos o mesmo em Moçambique à uns meses atrás.

Na Arábia saudita não vai acontecer nada porque as pessoas estão conformadas economicamente. Então ao fim de 40 anos é que as pessoas se lembraram que não gostavam do Kadafi?




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#551 Mensagem por Anton » Qui Fev 24, 2011 1:36 pm

Também acho que é isso mesmo.
Veja a Grécia, essa semana houve confusão lá, por motivos semelhantes... econômicos.




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#552 Mensagem por rodrigo » Qui Fev 24, 2011 1:42 pm

Agora só falta pedir apoio aos EUA

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/8804 ... aeda.shtml

Gaddafi afirma que revolta na Líbia é liderada pela Al Qaeda

ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, afirmou nesta quinta-feira, em discurso transmitido pela emissora de TV estatal, que a revolta popular na Líbia pelo fim de seu regime de quase 42 anos não é liderada pelo povo, e sim pela rede terrorista Al Qaeda cujo líder, Osama bin Laden, está enganando os jovens que saem às ruas para "destruir" e "sabotar".

"Bin Laden [...] é o inimigo que está manipulando o povo", afirmou Gaddafi por telefone. "Não sejam persuadidos por Bin Laden."

Como no discurso realizado na última terça-feira, o ditador líbio pediu para que os "irmãos e mães" peçam para seus irmãos e filhos que voltem para casa, porque "a normalidade deve voltar ao país".

Segundo ele, os manifestantes agem sob o efeito de drogas e álcool.

Gaddafi afirmou que a Líbia não é como o Egito e a Tunísia onde, após dias, os protestos conseguiram derrubar seus ditadores. "Aqui o poder está em suas mãos, é um sistema diferente", afirmou. "Se você quiser mudar o governo, a escolha é sua."

O ditador defendeu novamente que os manifestantes devem ser punidos e levadas a julgamento. "Isso é inaceitável, é inacreditável."

No discurso, Gaddafi pediu para que a população líbia vá às ruas do país e tomem as armas dos manifestantes, que agora controlam uma grande parte do país. "A Constituição é muito clara: tomem as armas deles."

"Eu só tenho autoridade moral", afirmou. Gaddafi tradicionalmente tenta se apresentar como líder de uma revolução que é liderada pelo povo, ao invés de um tradicional mandatário.

O novo discurso do ditador líbio ocorre no mesmo dia em que unidades do Exército e mercenários leais a ele revidaram contra manifestantes antirregime, atacando uma mesquita onde muitos haviam procurado refúgio e um pequeno aeroporto regional.

Os ataques objetivam acabar com a rebelião, que já chegou perto ao bastião de Gaddafi na capital, Trípoli. Os opositores já conseguiram tomar o controle de quase toda a metade leste do território líbio e algumas cidades do oeste, mas a repressão cobra suas vítimas: ao menos 640 pessoas morreram na Líbia desde 14 de fevereiro, segundo a Federação Internacional para os Direitos Humanos (FIDH).

O número representa mais que o dobro do balanço oficial do governo líbio de 300 mortos. A FIDH menciona 275 mortos em Trípoli e 230 na cidade de Benghazi, epicentro dos protestos.

No último golpe contra o ditador, um de seus primeiros que é também um de seus mais próximos auxiliares, Ahmed Gaddafi al Dam, anunciou ter ido para o Egito em protesto contra a sangrenta repressão do regime contra a revolta, denunciando o que ele chamou de "graves violações aos direitos humanos e a leis humanas e internacional".

Na cidade de Zawiyah, 50 quilômetros a oeste de Trípoli, uma unidade do Exército atacou uma mesquita onde manifestantes vinham acampando dentro e do lado de foram por diversos dias, pedindo a renúncia de Gaddafi. Os soldados abriram fogo com armas automáticas e atingiram o minarete do prédio com mísseis antiaéreos.

Segundo uma testemunha, houve mortes, mas era impossível dizer o número exato. Ele disse que, um dia antes, um enviado de Gaddafi havia ido à cidade e alertado os manifestantes: "Ou vocês saem ou irão ver um massacre". Zawiyah é uma importante cidade localizada nas proximidades de refinarias de petróleo.

"O que está acontecendo é horrível, aqueles que nos atacaram não eram mercenários, são filhos do nosso país", disse a testemunha, completando que, após o ataque, milhares dirigiram-se à principal praça da cidade gritando "saia, saia", em referência à Gaddafi.

"As pessoas vieram para enviar uma mensagem clara: não estamos com medo da morte ou de suas balas. Esse regime irá se arrepender disso. A história não irá perdoá-los."

Durante seu discurso, Gaddafi afirmou que os relatos sobre Zawiyah são uma farsa. "Homens sãos não entram em tal farsa", disse o ditador. "Vocês em Zawiyah esconderam Bin Laden", afirmou. "Eles [os homens de Bin Laden] lhes deram drogas."

MISRATA

O outro ataque ocorreu em um pequeno aeroporto próximo à Misrata, a terceira maior cidade líbia, onde opositores assumiram o controle na quarta-feira. Nesta quinta, mercenários atacaram moradores que estavam protegendo o aeroporto, abrindo fogo com granadas e morteiros, segundo uma pessoa que assistiu ao ataque.

"Eles deixaram pilhas de restos humanos e um pântano de sangue", afirmou. "Os hospitais estão lotados com os mortos e feridos", completou, sem dar número exato de vítimas.

Antes do ataque terminar, antes do meio-dia, outro morador de Misrata afirmou que a rádio local --agora nas mãos da oposição-- pediu à população que marchasse até o aeroporto em apoio aos manifestantes.

As duas testemunhas afirmaram que os rebeldes continuam controlando a cidade, localizada 200 quilômetros a leste de Trípoli. Eles --assim como outras testemunhas na Líbia-- falaram sob condição de anonimato por temor de represálias.

A repressão de Gaddafi, até agora, tem ajudado o ditador a manter o controle em Trípoli, uma cidade que tem um terço dos 6 milhões de habitantes da Líbia. mas a revolta dos manifestantes, apoiados por unidades militares que desertaram e se juntaram a eles, tem dividido o país e ameaçado jogá-lo em uma guerra civil.

O primo do ditador, Gaddafi al Dam, é uma das deserções dos mais altos níveis que o regime enfrentou até agora, após muitos embaixadores, o ministro da Justiça e o do Interior terem ido para o lado dos manifestantes.

O primo pertencia ao círculo íntimo de Gaddafi, sendo oficialmente sua ligação com o Egito, mas também servia como enviado do líder líbio a outros países e frequentemente aparecia do seu lado.

Em um comunicado divulgado no Cairo nesta quinta-feira, Gaddafi al Dam disse que deixou a Líbia "em protesto e para mostrar discordância" com a repressão.

EUA SOBEM O TOM

Nesta quarta-feira, em um breve discurso em Washington, o presidente dos EUA, Barack Obama, voltou a condenar os atos "ultrajantes" de violência do regime do ditador Muammar Gaddafi contra os civis e disse que seu país estuda várias medidas contra a Líbia --desde sanções unilaterais até ações conjuntas com outras nações.

O presidente americano condenou fortemente o "banho de sangue inaceitável" que ocorre no país após os repetidos ataques militares contra a própria população e disse que o mundo precisa "falar com uma só voz".

Obama destacou ainda que os protestos na Líbia e na região são gerados pelo próprio povo e que não têm influência alguma de Washington ou de qualquer outro país e destacou uma frase de um líbio como emblemática para caracterizar os motivos das revoltas: "só queremos viver como seres humanos".

Entre as medidas concretas que o governo americano já tomou em reação à crise estão o alerta às suas embaixadas e consulados para dar total assistência aos americanos que tentam deixar a Líbia; o envio do sub-secretário do Departamento de Estado, Bill Burns, a diversos países da região e da Europa para debater as revoltas; e a presença de Hillary Clinton em Genebra na segunda-feira (28) para debater uma "ação multilateral" junto a outros países que integram o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.




"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

João Guimarães Rosa
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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#553 Mensagem por FOXTROT » Qui Fev 24, 2011 2:02 pm

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Navios iranianos que cruzaram Canal de Suez chegam à Síria
24 de fevereiro de 2011

DAMASCO, 24 Fev 2011 (AFP) -Dois navios de guerra iranianos, os primeiros do tipo a entrar no Mediterrâneo pelo canal de Suez desde 1979, chegaram ao porto de Latakia, na Síria, informou nesta quinta-feira uma fonte iraniana em Damasco.
"Os dois navios iranianos atracaram" no porto sírio de Latakia, informou à AFP uma fonte iraniana, sem dar mais detalhes.

O comandante da marinha iraniana, almirante Habibolah Sayari, foi a Damasco na noite de quarta-feira. Na tarde de sexta, participará de uma reunião em Latakia, segundo a mesma fonte.

"Talvez o regime sionista esteja preocupado (...), mas vamos continuar com nosso plano sem nos preocuparmos com este regime, e em coordenação com os (países) amigos da região", declarou o almirante Sayari, citado pela agência iraniana IRNA.

A visita dos navios fez com que a marinha israelense elevasse seu nível de alerta.




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#554 Mensagem por Enlil » Qui Fev 24, 2011 2:15 pm

Skyway escreveu:
Enlil escreveu: As coisas não são tão simples e lineares assim, skyway, agora houve uma circunstância histórica excepcional para haver o q está acontecendo. As mudanças em 99,99% dos casos acontecem de cima para baixo, não ao contrário. As "revoltas populares" devem ser vistas com ressalva quando assim são denominadas pela imprensa, na imensa maioria dos casos o êxito só vem se houverem organizações q catalizem uma "vontade coletiva" significativa e, SOBRETUDO, DISSIDÊNCIAS no "velho" regime. Logo, como está acontecendo agora, apenas circunstâncias internas e externas EXCEPCIONAIS produzem o momento histórico q torna possível tais eventos.

A próposito: foi eu quem disse q o governo de Muammar cairia em 48-72 horas, talvez demore um pouco mais, no entanto, acho q será inevitável.


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E um povo pode jogar foguetes em bairros familiares por se revoltar contra um governo que o oprime e o expulsa de seu território? Também não, além de intensificar o erro que o outro já comete, esse povo está se igualando ao seu carrasco. Também está errado.

Acho que, quer mudança, então levante, bata no peito junto com o povo e faça pressão, pressão até quem tem que cair não aguentar mais. O confronto é inevitável? Então lute, mas lute contra quem luta pra te ferir.

Chamar de inocentes ou coitados tanto o povo da Líbia quanto os palestinos, é pra mim um absurdo sem tamanho.

Foi isso que quis dizer. :wink:

Um abraço!
Me desculpe, mas estás equivocado, as coisas não acontecem assim: se o "povo quiser se revolta e muda o regime", quem não o faz seria "acomodado". Talvez tu não esteja conseguindo visualizar o nível de brutalidade de um governo de um déspota como al-Gaddafi. Para começar relembro q tem q se ter muito cuidado no discurso q aparece na mídia. O q está catalisando a ruína do regime de Muammar são as DISSIDÊNCIAS dentro do regime, não protestos "populares" q seria facilmente esmagados; sem ARMAS não há mínima chance de qualquer movimento "popular" ser efetivo, a não ser q queiram cometer "suicídio" em massa. Como também já havia salientado no post anterior, um movimento dessa natureza só será efetivo em ter alguma legitimidade 'popular", no sentido de q a maioria da sociedade o apoia, se houverem "instituições" q organizem a oposição e catalisem um sentimento das "ruas". Logo, como muito vemos na história, se houvesse apenas uma crise dentro do governo, das clássicas em períodos em q um ditador já está no fim da linha, por idade avançada, e se dá uma sucessão por golpe dentro do regime, o povo, de fato, ficaria onde sempre esteve: tocando a vida da maneira q dá e ponto.

Se tem uma coisa q se aprende estudando a história é q sem 3 coisas na há "revolução":

1) Um trabalho de base efetivo, q catalise sentimentos da maioria de uma sociedade; de fato ás vezes a vida é tão dura e repressiva q nem precisaria de instituições q estimulassem uma idéia "revolucionária", mas sim q a organizem e direcionem essa "vontade".

2) armas;

3) dissidências dentro do regime.

A mudança, com alguma legitimidade de um regime precisaria do primeiro ponto, mas apenas a mudança dentro dele mesmo apenas os dois últimos.


Por outro lado, os contextos da Líbia e Palestina são muito diferentes. No entanto, como muito já foi discutido no tópico do conflito "israelo-palestiano", algumas coisas são injustificáveis mas até compreensíveis. Não é por acaso q o Hamas governa Gaza, aliás, sabe porque o Egito de Mubarak era inimigo do Hamas? Justamente porque este nasceu inspirado na Irmandade Muçulmana.




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marcelo l.
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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#555 Mensagem por marcelo l. » Qui Fev 24, 2011 3:02 pm

Acredito que Kadhaffi perdeu todo o sul agora, o ex-governador das tribos já informou que se junta a rebelião...já passou um bom tempo de rebelião para guerra civil.

Edit: Com um rumor que Gaddafi estaria morte, o valor do barril de petróleo caiu...




"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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