ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

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suntsé
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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#241 Mensagem por suntsé » Qui Dez 09, 2010 8:30 pm

LeandroGCard escreveu: Existem vários motivos importantes para que um país como o Brasil possua um programa espacial efetivo, o que hoje ainda não temos (estou escrevendo inclusive um artigo sobre isso). E qualquer acordo de aluguel de instalações em uma localização favorecida de nosso território para empresas ou países estrangeiros que também atuem na área não pode jamais ser confundido com os nossos próprios interesses nacionais no setor, que de forma alguma deveriam ser prejudicados para isso.

Leandro G. Card
Prezado colega, quando o seu artigo tiver pronto eu gostaria de ler ele. Coloque se possivel um link aqui no forum para que todos possam ler ele.

Eu gosto muito dos seus posts sobre questões aéro-espaciais e principalmente sobre o programa aero-espacial Brasileiro.

Se você tiver algum blog onde você costuma postar seus artigos, eu gostaria de conhecer. Adoro ler artigos escritos por pessoas esclarecidas.

Saudações Cordiais.




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LeandroGCard
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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#242 Mensagem por LeandroGCard » Qui Dez 09, 2010 10:57 pm

Olá Suntsé,

Eu pretendo disponibilizar o artigo para o site Defesa Brasil. Acho que o pessoal vai divulgar aqui no fórum, na área de assuntos gerais/recomendados.

Um abraço,


Leandro G. Card




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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#243 Mensagem por LeandroGCard » Qui Dez 09, 2010 11:12 pm

Olá Anunnarca,

Veja abaixo meus comentários as suas colocações. Mantenha em mente que são apenas opiniões minhas, baseadas em pesquisas próprias sobre assuntos espaciais. Aproveite o que achar interessante e esqueça o resto.
Cuidado Leandro, esses pontos não sao tao verdadeiros assim.
Quando falamos em desenvolver um lançador pra colocar carga em GEO nao pensamos em desenvolver a industria bélica com isso. Tudo bem, tem a propulsao, a aerodinamica e o controle de atitude em jogo, mas o desenvolvimento de lançadores sub-orbitais esta muito mais proximo dos interesses militares do que um lançador multi estagios
Quando listei os objetivos possíveis dos programas espaciais não me referi a nenhum foguete específico, mas aos programas de foguetes em geral. Com exceção talvez do Japão todos os demais países que se envolveram com o desenvolvimento de foguetes espaciais de qualquer tipo tinham, pelo menos de início, o desenvolvimento da tecnologia de mísseis militares como objetivo principal. O Brasil não foi exceção com o VLS, por isso a insistência em combustíveis sólidos, e o próprio Cyclone-4 é uma evolução do ICBM R-36 (SS-19) e por isso utiliza um combustível caro e altamente tóxico que está sendo abandonado em todos os projetos mais recentes.

Marketing do pais eu concordo, mas nao acho que um programa vai ser impulsionado por esse motivo. Mas que esse marketing ajudou na corrida espacial, eu nao tenho duvidas, mas nao foi o motivo que criou o interesse espacial.
No Brasil as pessoas parecem ter vergonha de admitir a importância do aspecto do marketing nacional no programa espacial, embora se sintam orgulhosas deste aspecto em outros campos, como nos esportes. Isto não ocorre lá fora, e até os EUA não escondem de ninguém que usam seu programa espacial em grande parte como propaganda. E esta propaganda é muito importante não só para apresentar a outros países, mas dentro dos próprios países possuidores de programas espaciais, para incentivar os estudantes, as empresas e a população em geral, tanto quanto a vitória em uma copa do mundo ou um campeonato de Fórmula-1 (e no meu ver com razões muito mais sólidas).

Alavancamento da tecnologia nacional ? Isso tb nunca foi motivo ao meu ver, mesmo porque o programa espacial nao entrega tanta tecnologia assim, nao mais.
Esta sempre foi uma das áreas onde os programas espaciais mais rendem resultados práticos para os países que os desenvolvem. Devido às condições extremas de operação dos foguetes, satélites e sondas e à necessidade de aumentar a carga e a confiabilidade dos sistemas, os programas espaciais podem servir como motivação para uma quantidade enorme de pesquisas. E os resultados acabam se difundindo para toda a indústria do país. Acho que não preciso entrar nos detalhes da história de produtos como o velcro, os mostradores digitais, as células de energia, etc... . No caso do Brasil temos o caso dos aços da família 300M por exemplo. Mas para que um programa espacial seja gerador de tecnologia ele tem que ser muito ativo e inovador, e nem sempre isto acontece (no caso do Brasil parou de acontecer há uns 20 anos).

Lucro no mercado dos aplicativos espaciais. Isso tb é uma afirmaçao dificil, ja que pondo na balança nao existe lucro na verdade. O governo apenas repassa verbas e da chance de algumas atividades crescerem. Um lançador nunca foi auto sustentavel, e nao sera enquanto nao desenvolvermos um método novo de chegar ao espaço.
Em princípio, se todos os custos forem colocados na balança (instalações de lançamento, rastreio, setor de pesquisa e desenvolvimento , etc...) de fato nenhum sistema de lançamento até hoje pagou seus custos. Mas quando parte da base tecnológica e industrial já está disponível para uso pelas empresas, a coisa muda de figura. É o caso de empresas como a SpaceX americana, e da própria Yuhznoye que construirá os Cyclone-4 para a Alcântara-Cyclone Space. E para o futuro imaginam-se empresas totalmente independentes ganhando muito dinheiro com atividades espaciais as mais variadas, até o turismo, e existem vários países apoiando estas iniciativas.

O ponto certo e unico no meu entendimento é o tal acesso ao espaço. Chegar ao espaço é questao de estratégia e soberania, somos dependentes de 3 paises praticamente pra colocar nossas cargas em orbita. Vamos dizer que por alguma restrição ou embargo parem de colocar nosso satelites de comunicaçao no espaço. O que acontecera com o Brasil ?
E se nossos militares quiserem colocar uma constelaçao de satélites espioes ? quem vai colocar pra gente ?
Esta questão de acesso ao espaço é também importante, mas hoje talvez nem seja a mais importante para o Brasil, pois não existem restrições para os lançamentos de aplicação civil como comunicações e previsão do clima, e não há planos para o lançamento de grandes quantidades de satélites brasileiros para missões militares. E um ou dois poderiam sem problemas ser lançados por países como a Rússia, a China ou a Índia (que há pouco lançou um satélite de reconhecimento israelense).

Quanto ao ground segment do cyclone, creio que alguns tecnicos brasileiros serao usados sim, eu entrei no site dos caras e vi que estavam recrutando ha algum tempo. Mas nao sei de onde vira essa mao de obra.
Pelo que vi até agora (na imprensa, não tenho nenhuma fonte privilegiada) haverá técnicos brasileiros controlando o rastreio do foguete e algumas tarefas acessórias (segurança, limpeza, etc...). É possível que alguns sejam treinados para o abastecimento final ou até a montagem do Cyclone-4, mas é importante manter em mente que ao contrário do VLS ele vem praticamente pronto de fábrica, e as tarefas de montagem final são mínimas e basicamente mecânicas. Em princípio é trabalho para técnicos, e não para engenheiros (embora no Brasil não seja incomum se utilizar engenheiros para tarefas que em outros países são executadas por técnicos).

Quanto satelites, tenho medo tb que cyclone space possa prejudicar. O que acontece bem forte no INPE é o budget oscilar com diferentes gestoes politicas do nosso pais. Os nossos satelites, infelizmente, ainda sao motivos de riso pro resto do mundo (ouvi isso da boca de um gerente de vendas da spot image e de certa forma ele tem razao). Se o governo descobrir que essa terceirizaçao vale a pena, o dinheiro destinado ao INPE tende a cair cada vez mais.
Este é um ponto que teremos que ver no futuro. Mais do que a falta de verbas, o que atrapalha tanto o projeto quanto a execução de nossos satélites é o fato deles terem que ser feitos para encaixar no VLS, que tem uma capacidade de carga simplesmente ridícula para qualquer aplicação prática. E fora deles só temos a série CERBS, que na verdade é uma iniciativa chinesa. O Cyclone-4 por outro lado tem uma capacidade muito grande, típica da utilizada para o lançamento de satélites geo-estacionários de comunicações e previsão do clima, ou por sondas interplanetárias. É difícil imaginar um programa espacial equilibrado operando dois foguetes assim.

Sonda espacial o Brasil ignora a existencia. Eis o motivo deu nao trabalhar no Brasil, ja que me interesso exclusivamente por essa parte.

Bom, pra concluir, eu ainda nao assimilei quais os pros e cons da cyclone space. Parece-me que alguém ta ganhando muito dinheiro com isso, e conhecendo a maneira como as coisas funcionam na area no Brasil, tenho minha idéia de como isso acontece. Nao sou contra alugar a base de alcantara, mesmo porque é uma area muito pouco utilizada e deve gerar um custo consideravel. Mas esse lance com a Ucrania me gera desconfiança, principalmente porque a Ucrania deve entrar numa crise espacial forte em breve, ja que a Russia esta se tornando totalmente independente da mao de obra ucraniana.
Também não sei como esta questão da Alcântara-Cyclone Space vai afetar o programa espacial brasileiro, em princípio ela podia até ajudar. Mas as declarações que aparecem pela mídia não indicam isto, e existe de fato o risco de que ela acabe prejudicando o programa espacial brasileiro, talvez de forma irremediável. O tempo dirá.


Um grande abraço,


Leandro G. Cardoso




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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#244 Mensagem por Anunnarca » Sex Dez 10, 2010 11:15 am

LeandroGCard escreveu:Olá Anunnarca,

Veja abaixo meus comentários as suas colocações. Mantenha em mente que são apenas opiniões minhas, baseadas em pesquisas próprias sobre assuntos espaciais. Aproveite o que achar interessante e esqueça o resto.
Cuidado Leandro, esses pontos não sao tao verdadeiros assim.
Quando falamos em desenvolver um lançador pra colocar carga em GEO nao pensamos em desenvolver a industria bélica com isso. Tudo bem, tem a propulsao, a aerodinamica e o controle de atitude em jogo, mas o desenvolvimento de lançadores sub-orbitais esta muito mais proximo dos interesses militares do que um lançador multi estagios
Quando listei os objetivos possíveis dos programas espaciais não me referi a nenhum foguete específico, mas aos programas de foguetes em geral. Com exceção talvez do Japão todos os demais países que se envolveram com o desenvolvimento de foguetes espaciais de qualquer tipo tinham, pelo menos de início, o desenvolvimento da tecnologia de mísseis militares como objetivo principal. O Brasil não foi exceção com o VLS, por isso a insistência em combustíveis sólidos, e o próprio Cyclone-4 é uma evolução do ICBM R-36 (SS-19) e por isso utiliza um combustível caro e altamente tóxico que está sendo abandonado em todos os projetos mais recentes.

Marketing do pais eu concordo, mas nao acho que um programa vai ser impulsionado por esse motivo. Mas que esse marketing ajudou na corrida espacial, eu nao tenho duvidas, mas nao foi o motivo que criou o interesse espacial.
No Brasil as pessoas parecem ter vergonha de admitir a importância do aspecto do marketing nacional no programa espacial, embora se sintam orgulhosas deste aspecto em outros campos, como nos esportes. Isto não ocorre lá fora, e até os EUA não escondem de ninguém que usam seu programa espacial em grande parte como propaganda. E esta propaganda é muito importante não só para apresentar a outros países, mas dentro dos próprios países possuidores de programas espaciais, para incentivar os estudantes, as empresas e a população em geral, tanto quanto a vitória em uma copa do mundo ou um campeonato de Fórmula-1 (e no meu ver com razões muito mais sólidas).

Alavancamento da tecnologia nacional ? Isso tb nunca foi motivo ao meu ver, mesmo porque o programa espacial nao entrega tanta tecnologia assim, nao mais.
Esta sempre foi uma das áreas onde os programas espaciais mais rendem resultados práticos para os países que os desenvolvem. Devido às condições extremas de operação dos foguetes, satélites e sondas e à necessidade de aumentar a carga e a confiabilidade dos sistemas, os programas espaciais podem servir como motivação para uma quantidade enorme de pesquisas. E os resultados acabam se difundindo para toda a indústria do país. Acho que não preciso entrar nos detalhes da história de produtos como o velcro, os mostradores digitais, as células de energia, etc... . No caso do Brasil temos o caso dos aços da família 300M por exemplo. Mas para que um programa espacial seja gerador de tecnologia ele tem que ser muito ativo e inovador, e nem sempre isto acontece (no caso do Brasil parou de acontecer há uns 20 anos).

Lucro no mercado dos aplicativos espaciais. Isso tb é uma afirmaçao dificil, ja que pondo na balança nao existe lucro na verdade. O governo apenas repassa verbas e da chance de algumas atividades crescerem. Um lançador nunca foi auto sustentavel, e nao sera enquanto nao desenvolvermos um método novo de chegar ao espaço.
Em princípio, se todos os custos forem colocados na balança (instalações de lançamento, rastreio, setor de pesquisa e desenvolvimento , etc...) de fato nenhum sistema de lançamento até hoje pagou seus custos. Mas quando parte da base tecnológica e industrial já está disponível para uso pelas empresas, a coisa muda de figura. É o caso de empresas como a SpaceX americana, e da própria Yuhznoye que construirá os Cyclone-4 para a Alcântara-Cyclone Space. E para o futuro imaginam-se empresas totalmente independentes ganhando muito dinheiro com atividades espaciais as mais variadas, até o turismo, e existem vários países apoiando estas iniciativas.

O ponto certo e unico no meu entendimento é o tal acesso ao espaço. Chegar ao espaço é questao de estratégia e soberania, somos dependentes de 3 paises praticamente pra colocar nossas cargas em orbita. Vamos dizer que por alguma restrição ou embargo parem de colocar nosso satelites de comunicaçao no espaço. O que acontecera com o Brasil ?
E se nossos militares quiserem colocar uma constelaçao de satélites espioes ? quem vai colocar pra gente ?
Esta questão de acesso ao espaço é também importante, mas hoje talvez nem seja a mais importante para o Brasil, pois não existem restrições para os lançamentos de aplicação civil como comunicações e previsão do clima, e não há planos para o lançamento de grandes quantidades de satélites brasileiros para missões militares. E um ou dois poderiam sem problemas ser lançados por países como a Rússia, a China ou a Índia (que há pouco lançou um satélite de reconhecimento israelense).

Quanto ao ground segment do cyclone, creio que alguns tecnicos brasileiros serao usados sim, eu entrei no site dos caras e vi que estavam recrutando ha algum tempo. Mas nao sei de onde vira essa mao de obra.
Pelo que vi até agora (na imprensa, não tenho nenhuma fonte privilegiada) haverá técnicos brasileiros controlando o rastreio do foguete e algumas tarefas acessórias (segurança, limpeza, etc...). É possível que alguns sejam treinados para o abastecimento final ou até a montagem do Cyclone-4, mas é importante manter em mente que ao contrário do VLS ele vem praticamente pronto de fábrica, e as tarefas de montagem final são mínimas e basicamente mecânicas. Em princípio é trabalho para técnicos, e não para engenheiros (embora no Brasil não seja incomum se utilizar engenheiros para tarefas que em outros países são executadas por técnicos).

Quanto satelites, tenho medo tb que cyclone space possa prejudicar. O que acontece bem forte no INPE é o budget oscilar com diferentes gestoes politicas do nosso pais. Os nossos satelites, infelizmente, ainda sao motivos de riso pro resto do mundo (ouvi isso da boca de um gerente de vendas da spot image e de certa forma ele tem razao). Se o governo descobrir que essa terceirizaçao vale a pena, o dinheiro destinado ao INPE tende a cair cada vez mais.
Este é um ponto que teremos que ver no futuro. Mais do que a falta de verbas, o que atrapalha tanto o projeto quanto a execução de nossos satélites é o fato deles terem que ser feitos para encaixar no VLS, que tem uma capacidade de carga simplesmente ridícula para qualquer aplicação prática. E fora deles só temos a série CERBS, que na verdade é uma iniciativa chinesa. O Cyclone-4 por outro lado tem uma capacidade muito grande, típica da utilizada para o lançamento de satélites geo-estacionários de comunicações e previsão do clima, ou por sondas interplanetárias. É difícil imaginar um programa espacial equilibrado operando dois foguetes assim.

Sonda espacial o Brasil ignora a existencia. Eis o motivo deu nao trabalhar no Brasil, ja que me interesso exclusivamente por essa parte.

Bom, pra concluir, eu ainda nao assimilei quais os pros e cons da cyclone space. Parece-me que alguém ta ganhando muito dinheiro com isso, e conhecendo a maneira como as coisas funcionam na area no Brasil, tenho minha idéia de como isso acontece. Nao sou contra alugar a base de alcantara, mesmo porque é uma area muito pouco utilizada e deve gerar um custo consideravel. Mas esse lance com a Ucrania me gera desconfiança, principalmente porque a Ucrania deve entrar numa crise espacial forte em breve, ja que a Russia esta se tornando totalmente independente da mao de obra ucraniana.
Também não sei como esta questão da Alcântara-Cyclone Space vai afetar o programa espacial brasileiro, em princípio ela podia até ajudar. Mas as declarações que aparecem pela mídia não indicam isto, e existe de fato o risco de que ela acabe prejudicando o programa espacial brasileiro, talvez de forma irremediável. O tempo dirá.


Um grande abraço,


Leandro G. Cardoso
Fala Leandro,

Na verdade eu me expressei mal, nao estou de forma alguma desmerecendo esses pontos todos levantados por voce e dizendo que nao contribuam, mas pra iniciar um investida espacial ainda acho que acesso ao espaco é o argumento para qualquer agencia.

Quanto ao marketing, o que o Brasil produziu de fato que poderiamos colocar na mídia e gerar propaganda do nosso programa ? Nao acho que seja culpa dos brasileiros, o fato é que enquanto nao tivermos resultados, nao temos o que anunciar.Quando eu falo que trabalho nessa área, as pessoas sempre se mostram interessadas e acabam fazendo perguntas, acho que a mídia teria interesse sim em divulgar mais coisas se pudesse.

Quanto a tecnologia entregue, pro Brasil apenas uma ou outra tecnica de manufatura poderia ser desenvolvida (mesmo eu relutando em acreditar que o VLS vai ter estrutura pra ser produzido em série). Hoje em dia na area espacial, muita pouca coisa se cria. Ninguém é louco de inovar num lancador comercial ou em satelites, as tecnologias que usamos estao há 15 anos no mercado. Pra quem espera que ser engenheiro espacial é inovar diariamente, tenho certeza que vai cair da cadeira.

A Astrium implementou um sistema nos paineis solares pra realizar solar sailing, bem inovador. Tive uma palestra com um diretor de marketing da EADS e ele acabou soltando a dificuldade que eles enfrentaram para implementar uma tecnologia nova. A Astrium assumiu tanto risco que se algo desse errado, poderia impactar fortemente a continuidade da compania. Lancador é a mesma coisa, o Ariane V foi bem inovador comparado com todas as outras familias Ariane. Hoje em dia ninguém sabe ao certo se compensou ou nao fazer essas mudancas. O controle Hfinito e problemas de buffeting trouxeram tanto prejuizo pra Ariane Space, que eles provavelmente teriam optado por continuar com o conceito do Ariane IV. É por isso que tenho minhas dúvidas quais as tecnologias seriam entregue pra sociedade hoje em dia, ainda mais sabendo nossa dificuldade de tech transfer.

Mas tenho certeza absoluta que o problema do Brasil é apenas falta de investimentos e alguns desvios descarados de recursos que essa área tem em especial. E essa falta de investimento faz com que tudo que desenvolvemos atualmente seja adaptado ou muitas vezes abortados no meio do caminho. Isso acaba trazendo esse ar "caseiro" pro nosso programa e parece que o VLS é feito na garagem de alguém. O corpo técnico do inpe, IAE e CTA em geral é bem forte, mas logicamente nao faz milagre.

Me dói falar isso, mas já que voce está ativo nessa área muito mais do que eu, talvez voce possa me fazer mudar de opiniao. Mas voce acredita nessas pesquisas todas que o Brasil tenta levar a sério ? Propulsao a etanol, motor hipersonico, IMU em desenvolvimento...

Daí voce pega esses fornecedores que temos pro nosso programa, e encontra ou ex funcionário do CTA com maracutaia, ou aluno recém formado do ITA com idéias inovadores, mas sem experiencia e nem apoio do governo. O Brasil nao tem uma consultoria decente espacial, ninguém tem interesse em desenvolver nada pra área. Eu morava em Toulouse e convivia diariamente com essa cultura de consultoria que CNES, ESA e etc. utilizam. Eu consigo listar aqui 15 consultorias que atuam na área e realmente alavancam todo programa espacial europeu. Eu trabalho na DLR e metade dos meus colegas sao de consultoria, essa mobilidade de mao de obra gera um expertise muito forte e diferente do que muita gente acha, ser terceiro por aqui nao é nada inferior do que ser contratado.

Mas muito antes desses problemas de estrutura do nosso programa, temos o descaso com nossa agencia e institutos.

O próprio INPE vive de editais que abrem cada 6 anos pra contratar mao de obra, e nesse meio tempo oferecem bolsas de 1200 reais(?) pra engenheiros. E isso nao é restrito ao inpe, pega qualquer empresa bélica no Brasil, quem paga bem ? Voce realmente tem que amar muito o que faz pra se sujeitar a esse salário depois de passar 5 anos se fudendo numa graduacao de engenharia. Eu fiz eng. mecatronica na USP e depois fiz eng. espacial na École Nationale Supérieure de l'Aéronautique et de l'Espace (vulgo Supaero) na Franca. Tinha muita vontade de voltar e trabalhar no Brasil, mas realmente é uma ofensa essa bolsa CNPQ oferecida pra pesquisadores. Fora outros problemas internos que desmotivam muito essa minha ida.

Que empresa privada brasileira que temos de referencia ? Orbital, Opto ?

Eu visitei a montagem do Ariane V e nao consigo enxergar 1/10 daquilo sendo feito no Brasil. E quando eu chamo o projeto brasileiro de caseiro, leia-se aí os nossos fornecedores privados também.

Bom, o novo PNAE está para sair, vamos torcer para o senhor Carlos Ganem ter uma luz e conseguir convencer nossa politicagem que isso é assunto sério. Prefiro ser otimista do que aceitar que isso nao vai acontecer (por mais que eu ja saiba o que nos aguarda). Eu ainda acho que a criacao da AEB vai nos trazer frutos, nao gosto dos nossos programas exclusivamente na mao dos militares. Vamos aguardar.

Abracos

Anunnarca.




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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#245 Mensagem por LeandroGCard » Sex Dez 10, 2010 11:47 pm

Anunnarca escreveu:Fala Leandro,

Na verdade eu me expressei mal, nao estou de forma alguma desmerecendo esses pontos todos levantados por voce e dizendo que nao contribuam, mas pra iniciar um investida espacial ainda acho que acesso ao espaco é o argumento para qualquer agencia.

Quanto ao marketing, o que o Brasil produziu de fato que poderiamos colocar na mídia e gerar propaganda do nosso programa ? Nao acho que seja culpa dos brasileiros, o fato é que enquanto nao tivermos resultados, nao temos o que anunciar.Quando eu falo que trabalho nessa área, as pessoas sempre se mostram interessadas e acabam fazendo perguntas, acho que a mídia teria interesse sim em divulgar mais coisas se pudesse.

Quanto a tecnologia entregue, pro Brasil apenas uma ou outra tecnica de manufatura poderia ser desenvolvida (mesmo eu relutando em acreditar que o VLS vai ter estrutura pra ser produzido em série). Hoje em dia na area espacial, muita pouca coisa se cria. Ninguém é louco de inovar num lancador comercial ou em satelites, as tecnologias que usamos estao há 15 anos no mercado. Pra quem espera que ser engenheiro espacial é inovar diariamente, tenho certeza que vai cair da cadeira.

A Astrium implementou um sistema nos paineis solares pra realizar solar sailing, bem inovador. Tive uma palestra com um diretor de marketing da EADS e ele acabou soltando a dificuldade que eles enfrentaram para implementar uma tecnologia nova. A Astrium assumiu tanto risco que se algo desse errado, poderia impactar fortemente a continuidade da compania. Lancador é a mesma coisa, o Ariane V foi bem inovador comparado com todas as outras familias Ariane. Hoje em dia ninguém sabe ao certo se compensou ou nao fazer essas mudancas. O controle Hfinito e problemas de buffeting trouxeram tanto prejuizo pra Ariane Space, que eles provavelmente teriam optado por continuar com o conceito do Ariane IV. É por isso que tenho minhas dúvidas quais as tecnologias seriam entregue pra sociedade hoje em dia, ainda mais sabendo nossa dificuldade de tech transfer.

Mas tenho certeza absoluta que o problema do Brasil é apenas falta de investimentos e alguns desvios descarados de recursos que essa área tem em especial. E essa falta de investimento faz com que tudo que desenvolvemos atualmente seja adaptado ou muitas vezes abortados no meio do caminho. Isso acaba trazendo esse ar "caseiro" pro nosso programa e parece que o VLS é feito na garagem de alguém. O corpo técnico do inpe, IAE e CTA em geral é bem forte, mas logicamente nao faz milagre.

Me dói falar isso, mas já que voce está ativo nessa área muito mais do que eu, talvez voce possa me fazer mudar de opiniao. Mas voce acredita nessas pesquisas todas que o Brasil tenta levar a sério ? Propulsao a etanol, motor hipersonico, IMU em desenvolvimento...

Daí voce pega esses fornecedores que temos pro nosso programa, e encontra ou ex funcionário do CTA com maracutaia, ou aluno recém formado do ITA com idéias inovadores, mas sem experiencia e nem apoio do governo. O Brasil nao tem uma consultoria decente espacial, ninguém tem interesse em desenvolver nada pra área. Eu morava em Toulouse e convivia diariamente com essa cultura de consultoria que CNES, ESA e etc. utilizam. Eu consigo listar aqui 15 consultorias que atuam na área e realmente alavancam todo programa espacial europeu. Eu trabalho na DLR e metade dos meus colegas sao de consultoria, essa mobilidade de mao de obra gera um expertise muito forte e diferente do que muita gente acha, ser terceiro por aqui nao é nada inferior do que ser contratado.

Mas muito antes desses problemas de estrutura do nosso programa, temos o descaso com nossa agencia e institutos.

O próprio INPE vive de editais que abrem cada 6 anos pra contratar mao de obra, e nesse meio tempo oferecem bolsas de 1200 reais(?) pra engenheiros. E isso nao é restrito ao inpe, pega qualquer empresa bélica no Brasil, quem paga bem ? Voce realmente tem que amar muito o que faz pra se sujeitar a esse salário depois de passar 5 anos se fudendo numa graduacao de engenharia. Eu fiz eng. mecatronica na USP e depois fiz eng. espacial na École Nationale Supérieure de l'Aéronautique et de l'Espace (vulgo Supaero) na Franca. Tinha muita vontade de voltar e trabalhar no Brasil, mas realmente é uma ofensa essa bolsa CNPQ oferecida pra pesquisadores. Fora outros problemas internos que desmotivam muito essa minha ida.

Que empresa privada brasileira que temos de referencia ? Orbital, Opto ?

Eu visitei a montagem do Ariane V e nao consigo enxergar 1/10 daquilo sendo feito no Brasil. E quando eu chamo o projeto brasileiro de caseiro, leia-se aí os nossos fornecedores privados também.

Bom, o novo PNAE está para sair, vamos torcer para o senhor Carlos Ganem ter uma luz e conseguir convencer nossa politicagem que isso é assunto sério. Prefiro ser otimista do que aceitar que isso nao vai acontecer (por mais que eu ja saiba o que nos aguarda). Eu ainda acho que a criacao da AEB vai nos trazer frutos, nao gosto dos nossos programas exclusivamente na mao dos militares. Vamos aguardar.

Abracos

Anunnarca.
Boa noite Anunnarca,

Eu concordo plenamente com você quando diz que o programa espacial brasileiro não passa de um trabalho amador (na verdade acadêmico, o que não é a mesma coisa mas também não é muito diferente), e que tem poucas perspectivas de futuro.

Mas discordo que o problema seja a falta de verbas. Com os recursos aplicados até hoje já poderíamos ter resultados muito melhores do que os que podemos mostrar, e com resultados para mostrar teria sido muito mais fácil conseguir mais recursos e atingir resultados melhores ainda. O problema principal do programa é a total falta de objetividade, que se perdeu justamente quando os militares perderam o interesse na tecnologia de mísseis de grande porte.

Não quero dizer com isso que um programa espacial precisa necessariamente ser focado no aspecto militar, mas ele precisa sem dúvida ter algum foco, e desde a saída dos militares do controle e da criação da AEB o nosso não tem nenhum, e por isso não anda (“nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir”). Se você quiser conhecer maiores detalhes sobre a história do programa espacial brasileiro dê uma lida no meu artigo abaixo:

http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/2048074

Por isso estou escrevendo agora o artigo sobre os objetivos dos programas espaciais, para dar uma visão geral das possibilidades e de como a definição clara dos objetivos impacta nas decisões que podem definir o sucesso ou fracasso deles. A idéia é dar uma base de raciocínio para que se possa definir com um mínimo de clareza as atividades que devem ser executadas e porquê, e avaliar se elas estão sendo executadas de forma adequada. Assim ficaria mais simples fazer uma análise crítica do programa espacial brasileiro (e na verdade de qualquer programa espacial), dos rumos que ele tomou até aqui e dos que deveria tomar no futuro.

Vou tentar dar uma acelerada no artigo, e depois podemos voltar a esta discussão com uma certa equalização dos conceitos para sabermos exatamente do que estamos falando quando colocarmos nossos argumentos. Assim ficará mais fácil entendermos uns aos outros e chegarmos a alguma conclusão interessante.


Grande abraço,


Leandro G. Card




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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#246 Mensagem por Anunnarca » Sáb Dez 11, 2010 10:07 am

Bem bacana o artigo Leandro, parabéns pelo seus esforços.

Quanto a decisão do uso do "cluster", uma professor frances que eu tive, disse que o Brasil chegou a discutir abandonar a complexidade do projeto e seguir pra dois tanques grandes de combustivel solido, mas a base de alcantara tinha sido planejada para os clusters e nao apresentava alguns requisitos de segurança para o uso de tanques unicos com grande volume de combustivel (e grandes pressoes consequentemente). Inclusive todos falam por aqui que o principal fracasso do VLS é e sera o uso dos "clusters"

Achei bem interessante a idéia que o Brasil cogitou de usar combustivel liquido num primeiro estagio; e solido pros dois superiores. Acho que eu nunca vi essa configuração, e pelo menos pra mim não faz muito sentido.

Voce me disse que esta inacabado o artigo, espero ancioso pelo término do mesmo, sugiro até mudarmos pro topico da AEB pra discutirmos isso.

Abraços,

Lucas.




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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#247 Mensagem por LeandroGCard » Sáb Dez 11, 2010 12:51 pm

Anunnarca escreveu:Bem bacana o artigo Leandro, parabéns pelo seus esforços.

Quanto a decisão do uso do "cluster", uma professor frances que eu tive, disse que o Brasil chegou a discutir abandonar a complexidade do projeto e seguir pra dois tanques grandes de combustivel solido, mas a base de alcantara tinha sido planejada para os clusters e nao apresentava alguns requisitos de segurança para o uso de tanques unicos com grande volume de combustivel (e grandes pressoes consequentemente). Inclusive todos falam por aqui que o principal fracasso do VLS é e sera o uso dos "clusters"
Olá Lucas (sabia que você tem o mesmo nome do meu filho? :) ).

De fato grande parte da infra-estrutura de Alcântara, dos projetos de satélites, do banco de provas do IAE, etc... foi projetada para encaixar o motor S-43, desenvolvido para o sonda IV e o VLS. Motores maiores seriam inclusive difíceis de serem transportados até Alcântara e exigiriam a construção de uma infra-estrutura que só agora está sendo feita para o Cyclone-4 (para o programa espacial brasileiro não quiseram fazer, mas para os ucranianos...). Este motor era para ser apenas um marco tecnológico no programa de desenvolvimento da tecnologia de foguetes, e deveria ter sido seguido ou por motores sólidos de maior porte (a idéia original seria um motor 4 vezes maior, que substituiria o cluster de 4 S-43 do primeiro estágio do VLS e poderia ser a base de um possante ICBM se um dia houvesse necessidade), ou por motores de combustível líquido. Um dos principais problemas do programa espacial brasileiro foi o abandono destes planos enquanto um primeiro satélite não fosse lançado com o VLS original, que por ser muito complexo torna este primeiro sucesso mais difícil de ser obtido (tanto que até agora foram três tentativas fracassadas). A idéia de colocar o pessoal responsável pelo projeto e desenvolvimento dos motores para cuidar também da montagem do foguete completo e das operações de lançamento foi um grave erro, que prejudicou ambos os lados do programa (a pesquisa tecnológica e a operação de foguetes). Eu nem tenho mais certeza de que o Brasil ainda possui pessoal capaz de desenvolver motores maiores que o S-43, pelo que vejo pode-se no máximo projetar variações deste.

Achei bem interessante a idéia que o Brasil cogitou de usar combustivel liquido num primeiro estagio; e solido pros dois superiores. Acho que eu nunca vi essa configuração, e pelo menos pra mim não faz muito sentido.
Tecnicamente falando esta idéia de colocar estágios sólidos sobre os líquidos faz algum sentido. É que até um certo porte (algumas toneladas) os motores de combustível sólido são mais simples de projetar e desenvolver, e são também mais robustos, aguentando bem as cargas de lançamento. Já os de combustível líquido são mais fáceis de desenvolver em tamanhos maiores, e portanto é mais fácil utilizá-los nos estágios inferiores dos lançadores, que são maiores que os superiores. Foi esta a solução usada no primeiro foguete de sondagem americano (WAC Corporal) , para lançar o primeiro satélite dos EUA (o Explorer 1, lançado com um foguete Jupiter C), era usada no Thor-Delta (último estágio sólido), foi adotada pelos Sul Coreanos no Naro-1 e é usada no lançador Taurus-II, que está sendo desenvolvido usando o primeiro estágio do foguete Zenit e no segundo um Castor-30 (uma evolução do motor do primeiro estágio do ICBM Peacekeeper).

Já a solução inversa, colocar estágios de combustível líquido sobre os de combustível sólido, é bem mais complicada. Primeiro porque é necessário um motor de combustível sólido grande para o primeiro estágio, e eles são difíceis de desenvolver (e mais caros que foguetes de combustível líquido de grande tamanho). Depois porque os foguetes de combustível líquido tendem a ser mais sensíveis às cargas de lançamento, por terem em geral estrutura mais leve, serem suscetíveis ao “sloshing” do combustível, terem sequência e ignição mais complexa (principalmente se utilizarem turbobombas) etc... . A vantagem da versatilidade dos foguetes de combustível líquido de fato os faz mais adequados para as manobras de inserção em órbita, mas colocá-los sobre motores de combustível sólido grandes será sempre um desafio. Apenas no caso de boosters a coisa é menos complicada, porque a massa (e inércia) do foguete principal é geralmente muito grande se comparada ao empuxo dos boosters, minimizando os problemas. Por isso não é muito comum se ver foguetes com primeiro estágio sólido e estágios superiores líquidos, e os problemas potenciais foram uma das razões que fizeram os americanos desistirem do Ares-1, que usaria esta configuração. Os indianos utilizam uma estranha concepção intermediária no seu PSLV, com estágios sólidos e líquidos em posições alternadas, mas é um caso raro.
Voce me disse que esta inacabado o artigo, espero ancioso pelo término do mesmo, sugiro até mudarmos pro topico da AEB pra discutirmos isso.



Abraços,

Lucas.
Estou trabalhando no artigo, mas cada vez que eu o pego imagino mais informações para colocar, e ele está ficando bem maior do que concebi a princípio. Vou ver se nas duas semanas do final do ano, quando estarei de férias, consigo terminá-lo.


Um grande abraço,


Leandro G. Card




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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#248 Mensagem por Anunnarca » Sáb Dez 11, 2010 3:28 pm

LeandroGCard escreveu:Olá Lucas (sabia que você tem o mesmo nome do meu filho? :) ).
Entao pode esperar grandes feitos do moleque Leandro, parabéns pela escolha do nome. haha

Tecnicamente falando esta idéia de colocar estágios sólidos sobre os líquidos faz algum sentido. É que até um certo porte (algumas toneladas) os motores de combustível sólido são mais simples de projetar e desenvolver, e são também mais robustos, aguentando bem as cargas de lançamento. Já os de combustível líquido são mais fáceis de desenvolver em tamanhos maiores, e portanto é mais fácil utilizá-los nos estágios inferiores dos lançadores, que são maiores que os superiores. Foi esta a solução usada no primeiro foguete de sondagem americano (WAC Corporal) , para lançar o primeiro satélite dos EUA (o Explorer 1, lançado com um foguete Jupiter C), era usada no Thor-Delta (último estágio sólido), foi adotada pelos Sul Coreanos no Naro-1 e é usada no lançador Taurus-II, que está sendo desenvolvido usando o primeiro estágio do foguete Zenit e no segundo um Castor-30 (uma evolução do motor do primeiro estágio do ICBM Peacekeeper).
Eu fiz um projetinho de um lançador de pequeno porte (100kg payload) no meu mestrado, e o primeiro estagio era um Castor-4B.
Depois usei um Orion 50 e finalmente 3x MR107.

Eu gosto bastante da configuraçao do Vega, vamos ver se finalmente os italianos entregam ele.

Quando eu falei que acho estranho usar combustivel solido pra estagios superiores, pensei de cara na dificuldade de precisao na injeçao de orbitas.

Alguém no Brasil pesquisa propulsao criogenica ?




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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#249 Mensagem por LeandroGCard » Sáb Dez 11, 2010 4:29 pm

Anunnarca escreveu:Alguém no Brasil pesquisa propulsao criogenica ?
Tá sonhando.

No Brasil as pesquisas com combustível líquido estão no mesmo estágio em que estava Goddard em 1935. Fora isso pensa-se (e por enquanto só isto mesmo, pensamento) em copiar o RD-0109 russo (LOx + Querosene) para colocar em um estágio superior de combustível líquido do VLS (já viu as dificuldades que isto vai dar). Parece que alguns estudos preliminares foram feitos neste sentido, mas a última notícia que encontrei dizia que acharam algumas complicações e iriam rever o plano, algum dia. O objetivo ainda seria apenas aperfeiçoar o VLS, e enquanto não forem definidos objetivos outros o programa espacial brasileiro não fará sequer sentido, então não dá para esperar muita coisa.

Eu também me divirto fazendo ante-projetos de lançadores espaciais supondo diversas condições (os mais simples possíveis, os menores, os mais eficientes, para lançamento aéreo, apenas com recursos amadores, etc... ). É um excelente exercício para fixar os conceitos da equação de Tsiolkovsky e imaginar as vantagens e desvantagens de cada configuração. Cheguei até a começar um projeto mais detalhado em CAD 3D, mas como é somente um hobby trabalho nele só um pouco a cada ano. Daqui a uns 300 anos acho que terei alguma coisa para mostrar :lol: .


Um grande abraço,


Leandro G. Card




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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#250 Mensagem por alcmartin » Qui Fev 17, 2011 4:59 pm

Isso nunca acaba... :?
17/02/2011 - 13h04 Expansão da base de Alcântara enfrenta impasse com quilombolas

Quilombolas se queixam de projeto de expansão de Alcântara
A base de Alcântara, no norte do Maranhão, tem outro desafio além de fazer um lançamento bem-sucedido do foguete ucraniano Cyclone-4, previsto para 2012: os planos governamentais de expandir a base para projetos futuros esbarram nas comunidades de estimados 2 mil quilombolas que vivem na região.

Segundo Servulo de Jesus Moraes Borges, representante do Movimento dos Afetados pela Base de Alcântara (Mabe), o caso está em debate em uma câmara de conciliação, sem previsão de conclusão.

Se aprovados, os planos de expansão podem dobrar o tamanho da base, que atualmente tem cerca de 8,5 mil hectares.

Borges disse que seu movimento "não aceita o avanço dentro das áreas dos quilombolas, porque se criariam precedentes políticos".

Segundo ele, os quilombolas ficam atualmente apenas com os "subempregos de pouca qualificação" oferecidos pela base. "O projeto não beneficia a comunidade local, faltam investimentos em educação e em qualidade de vida", disse à BBC Brasil.

O presidente da Agência Espacial Brasileira, Carlos Ganem, aposta no bom relacionamento com os quilombolas e afirmou que essas comunidades "deverão ser tratadas como clientes prioritários".

"A população encontrou um colaborador no programa espacial brasileiro", disse.

O previsão é de que o lançamento do foguete Cyclone-4, preparado em parceria entre Brasil e Ucrânia, ocorra com a base de Alcântara nas atuais dimensões.
http://noticias.uol.com.br/bbc/2011/02/ ... bolas.jhtm




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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#251 Mensagem por cvn73 » Sex Fev 18, 2011 12:58 pm

Brasil prepara lançamento foguete em parceria com Ucrânia

Paula Adamo Idoeta e Vadym Ryzhkov - BBC - 18/02/2011
Imagem
Este é um foguete não muito grande nem muito caro, e a família Cyclone, existente desde 1969, tem um histórico de poucas falhas.[Imagem: BBC]



O Brasil prepara, para 2012, um feito inédito em seu programa espacial: pela primeira vez, irá colocar no espaço, a partir do seu próprio solo, um foguete com um satélite a bordo.

Trata-se do Cyclone-4, foguete de fabricação ucraniana que deverá ser lançado no ano que vem da base de Alcântara (MA), em uma parceria que começou a ser orquestrada em 2003.

Pelo acordo, o Brasil entra com a base, e a Ucrânia, com a tecnologia do foguete.


Status espacial

Um lançamento bem-sucedido pode elevar o status dos dois países no cenário espacial global. No entanto, um dos dilemas do programa é quanto ao uso que o Brasil poderá dar ao Cyclone-4.

Alguns especialistas ouvidos pela BBC Brasil consideram "altamente questionável" sua viabilidade comercial.

Uma questão-chave é a capacidade limitada de carga do Cyclone-4: para a chamada órbita geoestacionária, em que o satélite fica a 36 mil km de altitude e parado em relação a um ponto na superfície da Terra, o foguete só consegue levar uma carga de 1,6 mil quilos, o que é considerado insuficiente para muitos satélites de comunicação.

"O programa foi inicialmente proposto como uma empreitada de cunho comercial, e que deveria se sustentar com a venda dos serviços de lançamentos de satélites. Mas sua evolução não corrobora essa hipótese", disse José Nivaldo Hinckel, coordenador do departamento de mecânica espacial do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Fontes ligadas à ACS (Alcântara Cyclone Space), a empresa binacional criada pela parceria Brasil-Ucrânia, admitem que será necessário encontrar um "nicho de mercado" para o Cyclone-4, já que muitos satélites públicos e privados não cabem no foguete.

Mas a empresa diz que já está participando de concorrências internacionais e que negocia qual satélite participará do lançamento inicial do foguete.

Imagem
Embora o lançamento seja feito do Brasil, não há acordo de transferência de tecnologia do foguete. [Imagem: BBC]

Autonomia brasileira

Para Carlos Ganem, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), o programa com a Ucrânia "inaugura um tempo novo" para o Brasil e permitirá que o país usufrua de sua vantagem geográfica.

Como Alcântara fica próxima à linha do Equador, lançamentos feitos ali permitem o uso eficiente do movimento de rotação da Terra, gastando 30% a menos de combustível no envio de foguetes ao espaço.

Além de serem considerados importantes pelo uso em telecomunicações, os satélites são muito usados para coletar informações sobre clima, navegação, ocupação de solo e monitoramento da região amazônica.

"São essenciais para que o Brasil exerça sua autonomia", opinou Ganem, dizendo que o país ambiciona ter satélites feitos em parceria com Argentina e África do Sul, que possam ser lançados de Alcântara.

Para Hinckel, do INPE, porém, "é difícil justificar um programa espacial autônomo (como o do Cyclone) sem que o segmento de comunicações geoestacionárias seja contemplado".

Fernando Catalano, professor de engenharia aeronáutica da USP de São Carlos, disse achar importante o desenvolvimento proporcionado à base de Alcântara, mas considera improvável que o lançador traga lucros de curto prazo para o Brasil ou que elimine a dependência do país para lançamentos de satélites.

Imagem
A versão 4 do Cyclone terá alta precisão e um aumento de 30% na capacidade de carregar combustível. [Imagem: BBC]

Foguete confiável e barato

Do lado brasileiro, a ACS diz que está preparando a parte estrutural de Alcântara para o lançamento do Cyclone-4.

Já do lado da Ucrânia, 16 empresas estão contribuindo para a construção do foguete, na cidade de Dnipropetrovsk (centro-leste do país). Segundo os projetistas, essa versão do Cyclone terá alta precisão e um aumento de 30% na capacidade de carregar combustível. O artefato terá vida útil estimada de entre 15 e 20 anos.

Para Ganem, trata-se de "um lançador confiável, da escola soviética".

Para Catalano, é um foguete não muito grande nem muito caro, e a família Cyclone, existente desde 1969, tem um histórico bem-sucedido (em 226 testes de lançamento, houve apenas seis falhas).

Segundo a ACS, outro ponto importante é que não haverá contato humano com o foguete na base. Isso impediria a repetição do ocorrido em 2003, quando uma explosão no VLS (Veículo Lançador de Satélites) resultou na morte de 21 técnicos em Alcântara.

No entanto, Hinckel cita preocupações com o combustível propelente "altamente tóxico" que será usado no lançamento. A ACS alega que não haverá manuseio do combustível - que virá da China, via navio -, apenas de seu recipiente.

Imagem
Projeto da Base de Alcântara, já preparada para os lançamentos dos foguetes Cyclone. [Imagem: BBC]

Transferência de tecnologia

Em aparente mostra da preocupação com a viabilidade comercial do projeto, telegramas diplomáticos divulgados pelo site WikiLeaks apontaram recentemente que a Ucrânia sugeriu aos Estados Unidos que lançassem seus satélites a partir de Alcântara.

Os documentos indicam que os americanos condicionaram seu interesse pela base à não transferência de tecnologia ucraniana de foguetes ao Brasil.

O embaixador ucraniano em Brasília, Ihor Hrushko, disse à BBC Brasil (em entrevista prévia ao vazamento do WikiLeaks) que formalmente não há acordo para a transferência de tecnologia no Cyclone-4, mas sim expectativa de que a parceria bilateral continue "para que trabalhemos em conjunto em outros processos".

Ele disse que transferir tecnologia não é algo de um dia para o outro, "é um processo duradouro, de anos".

Mas ele afirmou que o Brasil é o "sócio mais importante" da Ucrânia no continente - tanto que, em 10 de janeiro, o presidente do país, Viktor Yanukovich, telefonou à presidente Dilma Rousseff para falar sobre a expectativa de criar uma "parceria estratégica" com o Brasil a partir do foguete. Os dois presidentes esperam estar presentes no lançamento do artefato.

A ACS, por sua vez, afirmou que a expectativa de transferência de tecnologia existe, mas ressaltou que não é esse o objetivo do tratado binacional.

Ainda que o intercâmbio tecnológico seja considerado importante para os especialistas consultados pela BBC Brasil, alguns destacam que a não transferência acabou estimulando o desenvolvimento de tecnologias brasileiras.

É o caso do satélite CBERS-3, que será lançado na China em outubro, com o objetivo de monitoramento ambiental e controle da Amazônia: suas câmeras foram produzidas em São Carlos (SP), com tecnologia nacional da empresa Opto.



http://www.inovacaotecnologica.com.br/n ... 0130110218






unanimidade só existe no cemitério
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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#252 Mensagem por LeandroGCard » Qua Mar 23, 2011 9:00 pm

Acordo com EUA para uso do Centro de Lançamento de Alcântara pode ser restabelecido

Acordo foi assinado em 2000, mas não foi ratificado pelo Congresso Nacional


Agência Brasil


Brasília - O Brasil poderá ter um novo acordo de salvaguarda tecnológica com os Estados Unidos para prestar serviços para o lançamento de satélites. A possibilidade foi admitida nesta segunda-feira, 21, pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, na cerimônia de posse do novo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), o físico Marco Antonio Raupp.


No governo Fernando Henrique, Mercadante se opôs ao acordo de salvaguarda, por entender à época que o país estaria "alugando" o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. O acordo foi assinado em abril de 2000 pelos dois países, mas não foi ratificado pelo Congresso Nacional. O projeto chegou a ser examinado em três comissões da Câmara dos Deputados, mas não foi a plenário.

A elaboração de um novo acordo forçará o governo a retirar do Congresso Nacional a proposta de 2000 e o Ministério das Relações Exteriores terá que costurar um novo acordo com Washington. No novo termo, a redação deverá ser alterada, provavelmente para excluir pontos polêmicos que feriam, segundo os críticos, a "soberania nacional". Entre esse pontos, estariam: a proibição de usar recursos arrecadados para o lançamento de foguetes próprios; a restrição ao uso do CLA por países classificados pelos americanos como "terroristas"; ou a permissão para assinatura de outros acordos de salvaguarda apenas com as 36 nações que participam do regime de controle de tecnologia de mísseis.

"Nós estamos em novo momento da relação bilateral. Não sinto hoje que a exigência americana seria a exclusividade de lançamento, para nós abdicarmos da parceria com a China, com a Ucrânia e com outros países", disse Mercadante. No último sábado, a presidenta Dilma Rousseff e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assinaram, em Brasília, um acordo-quadro (guarda-chuva) para identificar áreas de interesse mútuo para desenvolver programas ou projetos de cooperação para a exploração e os usos pacíficos do espaço.

Os americanos são responsáveis pela fabricação de 82% de equipamentos inteiros ou de componentes de satélites, sondas e naves lançados em todo o mundo. Segundo Mercadante, a exploração espacial e o lançamento de satélites movimenta US$ 206 bilhões anuais na economia internacional.

Para o novo presidente da AEB, parece ser "óbvio" que o Brasil precise de um acordo de salvaguarda com os americanos. Raupp, que, há mais de 20 anos, trabalhou no Programa Espacial Brasileiro e é presidente licenciado da Sociedade Brasileira de Progresso da Ciência (SBPC), assume a AEB imprimindo o papel de gestor dinâmico em busca de resultados. "O nosso negócio é fazejamento e não planejamento", afirmou. Raupp disse que passará os primeiros 30 dias de sua gestão conversando com os dirigentes de institutos de pesquisa e empresas para discutir a situação do programa, estabelecer metas e buscar "sucessos intermediários".

Ao alcançar o sucesso, Raupp espera renovar o estímulo dos participantes do programa espacial e ganhar credibilidade na sociedade. Ele também quer aumentar a participação de empresas privadas nacionais e estrangeiras.

Para o astronauta brasileiro, Marcos Cesar Pontes, o desafio da AEB será a integração da pesquisa e empresas em torno do programa. "A integração é uma das coisas mais difíceis de se obter, no Brasil também". Pontes atualmente é pesquisador associado do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) e trabalha na agência espacial norte-americana Nasa, em Houston (Estados Unidos).
Os próprios ucranianos querem que o Brasil assine algum tipo de acordo de salvaguardas com os EUA, caso contrário dificilmente poderão lançar satélites americanos, que são mais de 80% do mercado.



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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#253 Mensagem por DELTA22 » Qua Mar 23, 2011 10:34 pm

Sem um acordo de salvaguardas com os EUA, a ACS vai para o limbo, mesmo que seus custos de lançamento sejam competitivos. O que se espera é que desta vez os termos do acordo não sejam tão "pornográficos" como o de 2000. Se assim for, tudo certo. Money é bom e todo mundo gosta! :wink: 8-]

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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#254 Mensagem por Grifon » Qui Mar 24, 2011 9:46 am

noticia meio atrasada
22/03/2011 - 14h01
Dilma anuncia investimentos no programa espacial brasileiro

A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta terça-feira que o governo fará investimentos para fortalecer o programa espacial brasileiro. De acordo com ela, o Brasil não pode renunciar a sua meta de construir, lançar e operar satélites.

A presidente afirmou que o investimento será por meio da contratação de profissionais para a AEB (Agência Espacial Brasileira) e para os órgãos executores desse programa. Haverá também injeção de recursos.

Dilma negou que o Brasil tenha suspendido seu programa espacial após a explosão ocorrida em 2003, que destruiu parte da base espacial de Alcântara, no Maranhão, e provocou a morte de 21 cientistas.

A presidente disse que a meta é ter um programa espacial autônomo, capaz de atender às demandas da sociedade brasileira e de fortalecer a soberania do país.

Para Dilma, o programa espacial é estratégico para o país, pois o Brasil necessita de satélites para vigiar o território, auxiliar na previsão do tempo e prevenir os danos causados pelos desastres naturais.

Ela acrescentou que os satélites também são estratégicos para o país em áreas como defesa, comunicações e a segurança hídrica e alimentar.

FOGUETE NACIONAL

Além do desenvolvimento e da operação de satélites, que o Brasil já alcançou graças a um acordo com a China, o programa espacial brasileiro prevê o desenvolvimento de um foguete próprio para transportar os satélites.

Dilma anunciou recursos para o programa um dia depois de o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, admitir a possibilidade de negociar um novo acordo de cooperação para lançar foguetes americanos a partir da base de Alcântara.

Em 2000, Brasil e EUA assinaram um acordo para permitir à Nasa (agência espacial americana) o uso da base espacial brasileira que não foi ratificado pelo Congresso devido à oposição do PT.

Na ocasião, o partido alegou que o acordo violava a soberania do Brasil por não permitir a participação de técnicos brasileiros nos lançamentos americanos.

Mercadante admitiu que, após a assinatura no sábado de um acordo de cooperação espacial entre os dois países durante a visita ao Brasil do presidente americano, Barack Obama, é possível negociar um novo tratado para compartilhar a base de Alcântara sem os mecanismos vetados no passado

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/89 ... eiro.shtml




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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#255 Mensagem por LeandroGCard » Qui Mar 24, 2011 12:51 pm

Grifon escreveu:noticia meio atrasada
22/03/2011 - 14h01
Dilma anuncia investimentos no programa espacial brasileiro

A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta terça-feira que o governo fará investimentos para fortalecer o programa espacial brasileiro. De acordo com ela, o Brasil não pode renunciar a sua meta de construir, lançar e operar satélites.

A presidente afirmou que o investimento será por meio da contratação de profissionais para a AEB (Agência Espacial Brasileira) e para os órgãos executores desse programa. Haverá também injeção de recursos.
Torço para estar errado, mas nestas condições não acredito que mude nada, o programa vai continuar o mesmo marasmo de sempre. Ações deste tipo só vão evitar que o moribundo morra de vez, mas mesmo que ele saia do coma atual continuará preso a uma cama.


Leandro G. Card




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