BARAK escreveu:Saiu no site Conversa Afiada:
http://www.conversaafiada.com.br/politi ... ar-o-jogo/
Para mim, faz sentido dentro de tudo o que está acontecendo recentemente...
Hu, a Boeing e os caças.
Dilma pode mudar o jogo
* Publicado em 24/01/2011 Compartilhe Envie Para um Amigo Share with Delicious Share with Digg Share with Facebook Share with LinkedIn Share with MySpace Share on Google Reader Share with Twitter
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O F 18 pode ter um gostinho de etanol de cana
Larry Kissinger, como se sabe, é professor emérito da chair “Golbery do Couto e Silva”, da Escola de Geopolítica Inter-Planetária, da Universidade de Harvard, patrocinada pelo benemérito (nos Estados Unidos) Jorge P. Lehmann.
Ligo para o Larry, depois de ler o necrológio que a Catanhêde fez do Johnbim.
- Larry, o que você achou da decisão da Dilma de reabrir a discussão sobre a compra dos jatos.
- Pode ser brilhante.
- Discordo, Larry. Me perdoe, você é um gênio, mas eu sou metido a besta. Sempre achei que a solução francesa era a melhor, porque daria ao Brasil acesso à tecnologia nuclear.
- E daí ?, perguntou Larry, com aquele sotaque prussiano.
- Você sabe, Larry, eu acho que o Brasil deveria ter a bomba.
- Eu também. Mas se trata de comprar caças. Ainda não é a bomba. A corrrelação de forças mudou, meu filho.
- Mas, por que “brilhante” ?
- Você viu que, segundo a Catanhêde, a questão foi para o campo do Fernando Pimentel, que é o Ministro da Indústria.
- Sim, tô sabendo. A Dilma deu um chapéu no Johnbim.
- Preste atenção. Você soube que o Hu, da China foi aos Estados Unidos.
- Claro, não é, Larry ? Quem não soube ?
- E você viu o que ele fez ? O Obama quase não falou de direitos humanos nem que a moeda chinesa está desvalorizada.
- E, qual foi a mágica do Hu, Larry ?
- O Hu chegou lá e, de saída, anunciou que ia comprar 200 aviões 737 e 777 da Boeing, o que significa criar 100 mil novos empregos.
- Que beleza !, bradei. E logo agora que o Obama precisa dar emprego aos americanos.
- Tem mais, meu filho, disse o Larry, inspirado pela proverbial sabedoria do General Golbery. Nos próximos vinte anos, a China vai comprar 4 mil e 300 aviões, no valor de 480 bilhões de dólares, e a Boeing passa a ser a principal fornecedora.
- Que maravilha ! Às favas com os direitos humanos, diria o coronel Passarinho, ponderei, com uma certa leviandade.
- Meu querido, como dizem os americanos, “money talks”, o dinheiro fala.
- Mas, e a Dilma com isso ?
- Elementar, disse o Larry, com aquele “r” carrregado. Você sabe quem produz os caças F-18 Super Hornet que estão na disputa no Brasil ?
- Não, confessei a minha ignorância.
- A Boeing.
- A Boeing !
- E sabe quantos empregos a primeira compra brasileira de caças Super Hornet pode significar para a Boeing ?
- Não faço a menor idéia.
- 21 mil empregos.
- O quê ?
- Vinte e um mil empregos fazem milagre, nos Estados Unidos, hoje, disse o Larry, que conhece os Estados Unidos como ninguém.
- Que tipo de milagre ?, pergunto curioso.
- Vamos voltar ao Pimentel.
- Ao Ministro da Indústria.
- Com os Boeings, os chineses tiraram os direitos humanos da agenda, não foi ?
- Sim, pelo jeito, sim.
- O Pimentel pode botar o etanol na agenda.
- Etanol ?
- Sim, os americanos têm uma tarifa obscena contra o etanol de cana brasileiro. Na campanha, o Obama e o McCain, que esteve com a Dilma, prometeram derrubar essa tarifa e facilitar a entrada de etanol brasileiro.
- Interessante …
- Se a Dilma conseguir que o Congresso americano garanta a transferência de tecnologia, troca os Boeings pelo etanol.
- Bom negócio.
- Meu filho, por 20 mil empregos, e a possibilidade de comprar mais Boeings no futuro, o Obama é capaz de sair no Salgueiro, ano que vem.
- Na Comissão de Frente, sugiro.
Paulo Henrique Amorim
O mundo é uma via de mão dupla.
Leiam com muita atenção como se dá o jogo entre gente grande...e o tamanho das cifras envolvidas.
OESP, 24/01
TECNOLOGIA
A GE e o desafio de fazer negócios com a China
Americana faz joint venture para aproveitar expansão chinesa, mas terá de dividir sua mais
avançada tecnologia com empresa estatal
NEW YORK TIMES
No momento em que a China luta pela liderança nos mais variados setores, o país tem como seu
maior foco a área de jatos comerciais - aviões que, algum dia, poderão desafiar Boeing e Airbus. E
nenhuma companhia ocidental tem sido mais agressiva em ajudar a China a realizar esse sonho como a
General Electric (GE), uma das maiores fornecedoras de motores de jatos e tecnologia do setor da
aviação.
Na última sexta-feira, durante a visita do presidente chinês Hu Jintao aos Estados Unidos, a GE
assinou um acordo para a criação de uma joint venture com a Aviation Industry Corporation of China
(AVIC). O negócio é um exemplo do complicado cálculo de risco e retorno que as corporações
americanas precisam fazer para lucrar no país asiático.
A GE vai compartilhar com a China sua sofisticada tecnologia eletrônica de aviões - incluindo
tecnologias usadas no avançadíssimo Dreamliner 787 da Boeing. Essa estratégia dá brechas para que
empresas chinesas fabriquem os mesmos produtos, só que mais baratos e possivelmente melhores.
Outro risco é que tecnologias ocidentais possam ajudar a China a progredir na aviação militar -
uma preocupação reforçada na semana passada, quando os chineses demonstraram um protótipo de
sua versão do caça invisível do Pentágono.
O primeiro cliente da joint venture da GE será a companhia Commercial Aircraft Corporation of
China, que está construindo um avião de passageiros, o C919, que deve ser o primeiro da China capaz
de competir com a Boeing e a Airbus. A maioria dos executivos ocidentais de aviação diz que os
chineses estão muito atrás em tecnologia de aviação, tanto civil como militar, para causar qualquer
temor. Apesar disso, essa é uma pressão para a Boeing e a Airbus continuarem inovando.
A GE reconhece que se associar a uma empresa chinesa é uma dança delicada. Mas, como o
mercado de aviões comerciais da China deve gerar vendas de mais de US$ 400 bilhões nas próximas
duas décadas, essa é uma festa que a companhia não está disposta a perder.
Executivos da GE dizem que a China acabará se tornando uma importante representante no
mercado de jatos comerciais, e que a companhia pretende ser uma grande fornecedora dos emergentes
fabricantes chineses. "Eles estão comprometidos com o longo prazo e têm todas as possibilidades de
serem bem-sucedidos", disse John G. Rice, vice-presidente da GE.
Rice disse também que a parceira chinesa na joint venture - a fabricante de equipamentos e
design aeroespacial Aviation Industry Corporation of China, ou Avic - forneceu algumas partes de
motores de jato da GE por muitos anos. E disse que conhece pessoalmente o presidente da Avic há uma década. "Essa parceria é uma medida estratégica que fizemos depois de muita consideração, com uma
companhia que conhecemos", prosseguiu Rice. "Isso não é algo em que fomos forçados a entrar pelo
governo chinês."
Kent L. Statler, vice-presidente na Rockwell Collins, fabricante de eletrônicos para aviação,
observa que seus empregados com frequência perguntam se a companhia não está trocando seu futuro
por vendas imediatas na China. "
Creio que é ingenuidade não levar em conta que se pode estar criando
um futuro competidor. Mas, no fim do dia, nossas tecnologias precisam continuar evoluindo. A coisa se
resume a quem pode inovar mais rápido.
Tradução de Anna Capovilla e Celso Paciornik