FSP, 14/12
EUA se dizem "otimistas" com gestão Dilma
Em visita ao Brasil, número três da diplomacia americana, William Burns, cita a "renovação" da relação com o país Americano falou sobre questões polêmicas da política externa dos dois países com Garcia e sobre caças com Jobim
Igor Gielow
Os Estados Unidos estão "otimistas" com o governo da presidente eleita, Dilma Rousseff, cujas críticas ao Irã foram "excelentes", e esperam "renovar" a relação com governo brasileiro. Esse foi o relato feito à Folha com exclusividade pelo subsecretário para Assuntos Políticos do Departamento de Estado, William Burns.
Número três da diplomacia americana, ele esteve com o assessor internacional do Planalto, Marco Aurélio Garcia, e com o ministro Nelson Jobim (Defesa). Ambos permanecerão no governo.
"Nós nunca iremos concordar em tudo, mas sabemos que o melhor é trabalharmos juntos. Vocês têm muito para se orgulhar. A ascensão do Brasil é um sucesso nosso também, porque mostra ao mundo que a democracia dá certo", disse.
Nos últimos anos, houve vários pontos de atrito entre os dois países -sendo o mais notável o apoio brasileiro ao Irã, arqui-inimigo dos EUA.Em tempo de vazamentos diplomáticos via WikiLeaks, a conversa foi franca. "Essa crise [da divulgação de telegramas secretos] nos deu uma nova definição para a palavra arrependimento.Eu mesmo deixei claro que nossa determinação é continuar um diálogo. Isso tudo atingiu o coração do nosso trabalho, mas reforcei que tomamos passos práticos para evitar o problema."A agenda da conversa com Garcia foi ampla. Comércio, América Latina, Haiti, armas nucleares -todos pontos em que há discordâncias.
Burns citou a entrevista de Dilma ao jornal "The Washington Post", um dos sinais emitidos pela eleita após o mal-estar da recusa dela em encontrar-se com Barack Obama antes da posse.
"Achei a entrevista ótima", disse o diplomata, em referência à crítica de Dilma à abstenção do Brasil da sessão da ONU que apontou violações iranianas.
Indagado sobre o desconhecimento sobre Dilma na arena internacional, Burns foi elogioso: "Ela é bem comprometida com os sucessos do país, estou otimista".
AVALIAÇÃO POSITIVA
Segundo a Folha apurou, o lado brasileiro considerou a conversa positiva e deixou claro que gostaria de ver mais iniciativas comerciais entre os dois países
e um maior engajamento por parte de Washington em assuntos latino-americanos ![Shocked :shock:](./images/smilies/icon_eek.gif)
. Burns disse que Dilma está convidada a visitar Obama no começo do ano. A secretária de Estado, Hillary Clinton, estará na posse.O americano conversou com Jobim sobre a compra dos novos caças pelo Brasil.
A Defesa queria que o negócio de ao menos R$ 10 bilhões ficasse com os franceses, mas Dilma pediu mais tempo para analisar o tema."Saio daqui convencido de que o negócio não está encerrado. Nossa proposta de ofertar o Boeing F-18 é sem precedentes", afirmou.Burns evitou falar sobre compensações, embora a ideia de uma megacompra de 100 aviões brasileiros Supertucano pela Marinha americana siga no ar.
Eliane Cantanhêde:
Dois pra lá, dois pra cá
A política externa continua a mesma, mas Dilma tem lá o jeito dela, diferente do de Lula. Quer menos improvisação, rompantes, tititi. Vai cobrar discrição. E só vai abrir a boca em questões de repercussão internacional quando tiver certeza -e estiver bem "brifada".
PS -
Jobim quer anunciar os caças já; Dilma, só em 2011. Com o impasse, o processo foi parar nas mãos de Fernando Pimentel, para olhar os aspectos comerciais.