tunisia - presidente fugiu
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tunisia - presidente fugiu
presidente fugiu segundo boatos.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: tunisia - presidente fugiu
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Ex-líder da Tunísia está a caminho do Catar, diz TV saudita
14 de janeiro de 2011
O ex-presidente da Tunísia, Zine al-Abedine Ben Ali, está a caminho do Golfo Pérsico, informou a TV Al Jazeera na sexta-feira, citando fontes. A emissora saudita Al Arabiya TV disse que ele estava indo para o Catar.
"Fontes da Al Jazeera: o avião de Ben Ali está voando para um país do Golfo", afirmou a Al Jazeera, sediada no Catar.
A emissora também disse que a mulher dele, Leila Trabelsi, estava em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, há alguns dias. A Al Arabiya, com sede em Dubai, não revelou suas fontes.
Ex-líder da Tunísia está a caminho do Catar, diz TV saudita
14 de janeiro de 2011
O ex-presidente da Tunísia, Zine al-Abedine Ben Ali, está a caminho do Golfo Pérsico, informou a TV Al Jazeera na sexta-feira, citando fontes. A emissora saudita Al Arabiya TV disse que ele estava indo para o Catar.
"Fontes da Al Jazeera: o avião de Ben Ali está voando para um país do Golfo", afirmou a Al Jazeera, sediada no Catar.
A emissora também disse que a mulher dele, Leila Trabelsi, estava em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, há alguns dias. A Al Arabiya, com sede em Dubai, não revelou suas fontes.
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: tunisia - presidente fugiu
Revolução na Tunísia. Ben Ali demitiu o governo e saiu do país
por Marta F. Reis , Publicado em 15 de Janeiro de 2011 | Actualizado há 11 horas
Mais de 5 mil manifestantes invadiram as ruas de Túnis Primeiro-ministro deposto fica como presidente interino
É difícil compreender o significado político de cada instante de uma revolução a que se assiste em tempo real. Ao 28.o dia de protestos violentos na Tunísia contra o presidente Ben Ali e os vícios do seu governo, a instabilidade acabou por se transformar em revolução. De manhã, mais de 5 mil manifestantes nas ruas de Túnis tornavam claro que nem a declaração de recolher obrigatório, nem a promessa do presidente de se retirar do poder nas eleições de 2014, puseram fim ao descontentamento contido desde que o espírito reformador que levou Ben Ali ao poder, há 23 anos, se transformou em colete-de-forças, com novas limitações à liberdade de expressão e de associação.
Passava pouco das 10 horas em Portugal quando o ministro dos Negócios Estrangeiros, Kamel Morjane, anunciou na France 1 que o presidente estava disponível para antecipar eleições. Em menos de três horas, um comunicado na televisão estatal anunciou ao país que todo o executivo tinha sido demitido. Ben Ali declarava o estado de emergência no órgão oficial do governo e prometia fogo sobre os manifestantes que optassem por desobedecer à lei. Já perto das 17 horas, Al Jazeera e CNN confirmaram os rumores a circular nas redes sociais e sites de opositores do regime, como o Nawaat de Tunisie. Ben Ali deixara o país. Pouco depois, quando os manifestantes começaram a cantar vitória, o primeiro-ministro, Mohammed Ghannouchi, supostamente deposto, anunciou na televisão pública assumir temporariamente o cargo de presidente interino, por "incapacidade temporária" de Ben Ali para exercer funções.
Diogo Noivo, especialista do Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança (IPRIS), comentou ao i o desenrolar dos acontecimentos. Partindo-se do que parecia a preparação de uma transição suave de poder de Ben Ali para os seus círculos de confiança e influência - o presidente convocara, ao início da tarde, legislativas num prazo de seis meses -, ao início da noite desenhava--se já uma situação ambígua. "Quando o primeiro-ministro anuncia incapacidade temporária do presidente, parece-me que é o governo a tentar que o poder não lhe saia das mãos." Segundo a constituição tunisiana, quando o presidente abandona o país assume o poder o presidente do parlamento. Para Diogo Noivo, o anúncio de incapacidade temporária e a entrega do poder a um ministro demitido parece, à partida, um contra-senso, mas deverá representar uma salvaguarda do regime.
As várias versões dos acontecimentos à hora de fecho desta edição tornavam difícil perceber a situação política na Tunísia. O colectivo de jornalistas alocado ao Nawaat de Tunisie falava de um golpe de Estado militar e adiantava que Ghannouchi assumira o poder depois da recusa do presidente do parlamento, Foued Mbazza. O paradeiro de Ben Ali era incerto. Segundo o "Le Monde", apesar de uma filha e uma neta de Ben Ali terem aterrado em Paris ao final da tarde, não foi confirmada a presença do presidente em Paris. Outras fontes, não confirmadas oficialmente, avançavam que Ben Ali estaria em Malta, com o apoio da Líbia.
Nas redes sociais, apesar da incerteza, cantava-se a revolução: "On n''oubliera pas." Os manifestantes não esquecem Mohamed Bouazizi, tunisino de 26 anos que a 17 de Dezembro se suicidou em protesto contra o regime, depois de a polícia lhe ter apreendido todos os bens por vender vegetais na rua sem licença. Bouazizi tornou-se o ícone dos licenciados sem emprego, os motores da revolução de que ainda não se conhece o desfecho. 21,5% dos jovens entre os 15 e os 29 anos não têm emprego no país. Ontem todos lhe entregavam a vitória. "Vemos que os acontecimentos se precipitaram de forma impressionante nas últimas horas, mas as razões dos protestos têm-se acumulado. Bouazizi acendeu um rastilho que há muito estava preparado para ser ateado", diz Diogo Noivo.
http://www.ionline.pt/conteudo/98682-re ... iu-do-pais
por Marta F. Reis , Publicado em 15 de Janeiro de 2011 | Actualizado há 11 horas
Mais de 5 mil manifestantes invadiram as ruas de Túnis Primeiro-ministro deposto fica como presidente interino
É difícil compreender o significado político de cada instante de uma revolução a que se assiste em tempo real. Ao 28.o dia de protestos violentos na Tunísia contra o presidente Ben Ali e os vícios do seu governo, a instabilidade acabou por se transformar em revolução. De manhã, mais de 5 mil manifestantes nas ruas de Túnis tornavam claro que nem a declaração de recolher obrigatório, nem a promessa do presidente de se retirar do poder nas eleições de 2014, puseram fim ao descontentamento contido desde que o espírito reformador que levou Ben Ali ao poder, há 23 anos, se transformou em colete-de-forças, com novas limitações à liberdade de expressão e de associação.
Passava pouco das 10 horas em Portugal quando o ministro dos Negócios Estrangeiros, Kamel Morjane, anunciou na France 1 que o presidente estava disponível para antecipar eleições. Em menos de três horas, um comunicado na televisão estatal anunciou ao país que todo o executivo tinha sido demitido. Ben Ali declarava o estado de emergência no órgão oficial do governo e prometia fogo sobre os manifestantes que optassem por desobedecer à lei. Já perto das 17 horas, Al Jazeera e CNN confirmaram os rumores a circular nas redes sociais e sites de opositores do regime, como o Nawaat de Tunisie. Ben Ali deixara o país. Pouco depois, quando os manifestantes começaram a cantar vitória, o primeiro-ministro, Mohammed Ghannouchi, supostamente deposto, anunciou na televisão pública assumir temporariamente o cargo de presidente interino, por "incapacidade temporária" de Ben Ali para exercer funções.
Diogo Noivo, especialista do Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança (IPRIS), comentou ao i o desenrolar dos acontecimentos. Partindo-se do que parecia a preparação de uma transição suave de poder de Ben Ali para os seus círculos de confiança e influência - o presidente convocara, ao início da tarde, legislativas num prazo de seis meses -, ao início da noite desenhava--se já uma situação ambígua. "Quando o primeiro-ministro anuncia incapacidade temporária do presidente, parece-me que é o governo a tentar que o poder não lhe saia das mãos." Segundo a constituição tunisiana, quando o presidente abandona o país assume o poder o presidente do parlamento. Para Diogo Noivo, o anúncio de incapacidade temporária e a entrega do poder a um ministro demitido parece, à partida, um contra-senso, mas deverá representar uma salvaguarda do regime.
As várias versões dos acontecimentos à hora de fecho desta edição tornavam difícil perceber a situação política na Tunísia. O colectivo de jornalistas alocado ao Nawaat de Tunisie falava de um golpe de Estado militar e adiantava que Ghannouchi assumira o poder depois da recusa do presidente do parlamento, Foued Mbazza. O paradeiro de Ben Ali era incerto. Segundo o "Le Monde", apesar de uma filha e uma neta de Ben Ali terem aterrado em Paris ao final da tarde, não foi confirmada a presença do presidente em Paris. Outras fontes, não confirmadas oficialmente, avançavam que Ben Ali estaria em Malta, com o apoio da Líbia.
Nas redes sociais, apesar da incerteza, cantava-se a revolução: "On n''oubliera pas." Os manifestantes não esquecem Mohamed Bouazizi, tunisino de 26 anos que a 17 de Dezembro se suicidou em protesto contra o regime, depois de a polícia lhe ter apreendido todos os bens por vender vegetais na rua sem licença. Bouazizi tornou-se o ícone dos licenciados sem emprego, os motores da revolução de que ainda não se conhece o desfecho. 21,5% dos jovens entre os 15 e os 29 anos não têm emprego no país. Ontem todos lhe entregavam a vitória. "Vemos que os acontecimentos se precipitaram de forma impressionante nas últimas horas, mas as razões dos protestos têm-se acumulado. Bouazizi acendeu um rastilho que há muito estava preparado para ser ateado", diz Diogo Noivo.
http://www.ionline.pt/conteudo/98682-re ... iu-do-pais
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Re: tunisia - presidente fugiu
viasfacto
13/01/11
A vaga de protestos na Tunísia – de onde vem e para onde vai?
por Ricardo Noronha
Tem-se lido e sabido pouco em Portugal acerca do que se está a passar na Tunísia (e na Argélia) desde Dezembro passado. Há quem já tenha chamado «intifada tunisina» a este movimento, despoletado por dois acontecimentos distintos: a revelação do conteúdo de alguns telegramas enviados pelo embaixador norte-americano em Tunes e relativos à corrupção do Presidente; a auto-imolação de um jovem desempregado na cidade de Sidi Bouzin .
Neste momento, depois de várias manifestações assinaladas por confrontos entre desempregados/estudantes e polícia, membros da oposição e bloggers foram detidos, controlos impostos sobre o acesso à internet e há já algumas dezenas de mortos e desaparecidos. Um pouco como no Irão, mas sem que a CNN lhe dê tanta importância, pelas razões que se imaginam.
O texto abaixo, escrito por Christopher Alexander, um investigador que se tem ocupado sobretudo da Tunísia, procura esclarecer o ambiente e o contexto desta revolta à luz da história tunisina recente. Foi retirado de um portal tunisino que tem vindo a acompanhar os acontecimentos numa base quotidiana, reunindo textos escritos em árabe, francês e inglês. Embora eu não esteja de acordo com tudo o que diz, parece-me um bom primeiro passo para compreender o que está acontecer, afinal de contas aqui tão perto. Traduzi-o a pedido de uma amiga e camarada tunisina, que está naturalmente angustiada com o que se está a passar (alguns dos detidos são amigos seus) e procura divulgá-lo pelo maior número possível de pessoas, línguas e países. Sintam-se por isso à vontade para o reproduzir e divulgar da maneira que considerarem mais adequada.
A vaga de protestos na Tunísia – de onde vem e para onde vai?
Janeiro tem sido tradicionalmente o mês de todos os dramas políticos na Tunísia – uma greve geral em Janeiro de 1978; uma insurreição apoiada pela Líbia em Janeiro de 1980; motins do pão em Janeiro de 1984. Este mês, contudo, Janeiro terá dificuldades em superar Dezembro precedente. As últimas duas semanas de 2010 testemunharam a mais dramática vaga de agitação social na Tunísia desde a década de 80. O que começou pelo protesto desesperado de um jovem contra o desemprego, em Sidi Bouzid, na região Centro-Oeste da Tunísia, alastrou rapidamente a outras regiões e outros temas. Poucos dias depois da tentativa de suicídio de Mohamed Bouazizi, em frente a instalações locais do governo, estudantes, professores, advogados, jornalistas, activistas pelos direitos humanos, sindicalistas e políticos da oposição desceram às ruas em várias cidades, incluindo Tunes, para condenar as políticas económicas governamentais, a repressão das vozes críticas a a corrupção de tipo mafioso que enriqueceu vários membros da família do Presidente.
Num país conhecido pela sua estabilidade autoritária, é fácil considerar esta agitação o prenúncio de uma transformação dramática. De facto, os protestos têm vindo a subir de tom há já pelo menos dois anos. A frustração está enraizada numa longa história de crescimento económico desequilibrado. Várias organizações ajudaram a converter esta frustração em protesto colectivo. Até agora, os protestos de Dezembro provocaram uma remodelação ministerial, o afastamento de um governador e a renovação do compromisso de criar novos empregos em regiões empobrecidas. É impossível prever se virá a provocar alterações mais dramáticas. Se o poder de Ben Ali [Presidente da Tunísia] não foi imediatamente posto em risco, os protesos sugerem pelo menos que a sua estratégia de governo está seriamente ameaçada. O poder de Ben Ali vem assentando numa hábil combinação de cooptação e repressão. Ao afirmar a sua fidelidade à democracia e aos direitos humanos no início do seu mandato, apropriou-se de forma calculada da mensagem central da oposição liberal. Simultaneamente, empregou a manipulação eleitoral, a intimidação e os favores para cooptar líderes dos partidos de governo e de organizações da sociedade civil. Os que se revelaram inacessíveis através deste tipo de ferramentas sentira a força do aparato de segurança interna, que cresceu dramaticamente ao longo da década de 90. A maioria dos tunisinos aceitou com um ligeiro descontentamento a mão pesada de Ali ao longo dos anos Noventa. Um governo autoritário foi o preço a pagar pela estabilidade que atraiu turistas e investidores. Ben Ali foi um eficaz, ainda que pouco carismático, líder tecnocrático, capaz de derrotar os islamitas, gerar crescimento e salvar o país da desestabilização que atormentou a Argélia.
Ao longo dos últimos cinco anos, contudo, a estrutura do autoritarismo de Ben Ali começou a tremer. A partir do momento em que se tornou claro que os Islamitas já não representavam uma ameaça séria, muitos tunisinisos revelaram-se menos dispostos a aceitar a mão pesada do governo. O regime perdeu também alguma da sua anterior habilidade. Os seus métodos tornaram-se menos creativos e mais abertamente brutais. O governo pareceu menos disposto a pelo menos simular um qualquer tipo de diálogo com os críticos ou com os partidos da oposição. Detenções arbitrária, controlo sobre a imprensar e o acesso à internet, ataques físicos a jornalistas e a activistas dos direitos humanos ou de partidos políticos da oposição, tornaram-se mais frequentes. Tal como as histórias de corrupção – não os habituais favoritismos e favores, mas uma criminalidade verdadeiramente mafiosa que encheu os bolsos da mulher de Ben Ali e da sua família. O crescimento do Facebook, Twitter e da blogosfera tunisina – uma boa parte da qual está sedida fora do país – tornou muito mais fácil para os tunisinos saber das últimas detenções, espancamentos ou esquemas de negócios ilícitos que envolvem a família do presidente.
Um pouco antes de terem começado os protestos de Dezembro, a Wikileaks revelou comunicações internas do Departamento de Estado dos EUA, nas quais o Embaixador norte-americano descrevia Ben Ali como envelhecido, ultrapassado e rodeado de corrupção. Devido à reputação de Ben Ali enquanto um aliado subserviente dos EUA, pareceu relevante para vários tunisinos – particularmente para os que estão politicamente empenhados e envolvidos com as redes sociais – que diplomatas americanos afirmassem sobre Ben Ali exactamente as mesmas coisas que eles vêm dizendo. Estas revelações contribuíram para um ambiente favorável a uma onda de protestos com vastos apoios.
A Tunísia assumiu a reputação da economia mais próspera do Maghreb desde que Ben Ali tomou o poder, quando um conjunto de reformas liberalizadoras abriram o país ao investimento privado e integraram-no mais profundamente na economia regional. O crescimento anual do Produto Nacionl Bruto atingiu uma média de 5%. Mas as políticas do Governo fizeram pouco para resolver preocupações antigas acerca da distribuição do crescimento pelo país. Desde o período colonial, a actividade económica na Tunísia tem-se concentrado no Norte e ao longo do litoral Este. Em praticamente todos os planos de desenvolvimento económico desde a independência, em 1956, o Governo comprometeu-se a realizar investimentos, criar emprego e melhorar o nível de vida no Centro, no Sul e no Oeste. Diminuir as disparidades regionais contribuiria para a solidariedade nacional e tornaria mais lento o ritmo do êxodo rural. Este último elemento tornou-se uma preocupação específica à media que aumentaram os protestos sociais organizados por sindicalistas, estudantes e islamitas no final da década de Setenta e início da década de Oitenta.
Os investimentos governamentais transformaram as zonas rurais no que diz respeito ao acesso a água potável, eletrificação, infra-estruturas de transportes, saúde e educação. Mas o Governo nunca conseguiu criar, no interior do país, empregos suficientes para uma população em crescimento acelerado. De facto, dois aspectos da estratégia de desenvolvimento governamental tornaram efectivamente mais difícil criar empregos. Primeiro, a estratégia de desenvolvimento da Tunísia desde o início dos anos 70 baseou-se crescentemente nas exportações e no investimento privado. Para um país pequeno, com uma base de recursos limitada e ligações estreitas à Europa, esta estratégia acentuou a aposta no turismo e em productos manufactados rudimentares (sobretudo vestuário e produtos agrícolas) para o mercado europeu. A escassez de recursos naturais, os constrangimentos climáticos e a necessidade de minimizar custos de transportes tornou mais difícil atraír para o interior um número considerável de turistas ou produtores orientados para a actividade exportadora. Consequentemente, 80% da produção nacional continua concentrado nas áreas costeiras. Apenas um quinto da produção nacional está localizado no Sudoeste e no Centro-Oeste, onde reside 40% da população.
Problemas relacionados com a educação complicam um pouco mais as coisas. O Governo tunisino recebe há muito tempo elogios pelo seu empenho na generalização do acesso ao ensino. A cultura dominante considera a formação universitária a chave para a segurança e o avanço social. Contudo, as universidades não formam jovens com preparação para uma economia que depende de empregos não-qualificados no turismo e na indústria de confecções. Este desencontro entre a educação e as expectativas, por um lado, e as realidades do mercado de trabalho, pelo outro, gera frustrações sérias para os jovens que investiram em formação universitária mas não encontram empregos correspondentes. O desafio é particularmente difícil para jovens do interior. Enquanto as estimativas do desemprego nacional oscilam entre 13% e 16% , o desemprego entre licenciados em Sidi Bouzid oscila entre 25% e 30%.
O papel dos sindicatos é um dos aspectos mais marcantes dos protestos de Dezembro. O Governo trabalhou muito, e com bastante sucesso, para domesticar a confederação sindical única tunisina (UGTT) durante a década de Noventa. Mais recentemente contudo, activistas de alguns sindicatos conseguiram assumir posições mais independentes e conflituais. Em 2008, e novamente no início de 2010, activistas sindicais organizaram protestos prolongados na bacia mineira meridional de Gafsa. Os protagonistas e as reivindicações dessas situações foram bastante semelhantes aos que pudemos observar Dezembro passado. Sindicatos do sector da Educação, dos mais independentes e agressivos no interior da UGTT, desempenharam um papel determinante na organização de desempregados, muitos deles licenciados, que protestavam contra o falhanço do Governo na criação de empregos, contra a sua corrupção e a sua recusa em encetar um diálogo sincero. Organizações dos direitos humanos, jornalistas, advogados e partidos da oposição juntaram-se então para criticar as medidas restritivas do Governo relativamente à cobertura mediática dos protestos e à detenção e tortura dos manifestantes. Desta forma, uma vasta coligação de organizações da sociedade civil estabeleceu uma ligação entre as reivindicações básicas relacionadas com a subsistência e as preocupações relativas aos direitos humanos fundamentais e ao funcionamento do Estado de Direito. Juntaram também realidades sociais quer trascendem distinções classistas e regionais – jovens desempregados em Sidi Bouzid, Menzel Bouzaien e Regueb, advogados e jornalistas em Monastir, Sfax e Tunes.
É ainda demasiado cedo para saber se estes protestos assinalam o início do fim para Ben Ali. Contudo, a actual situação política tunisina assemelha-se muito à que existia em 1975 e em 1976, o início da queda do predecessor de Ben Ali, Habib Bourghuiba. Mais uma vez, assistimos a um presidente envelhecido que parece crescentemente desfasado e cuja capacidade para cooptar e reprimir está deteriorada. Vemos ainda um sistema política ao qual faltam possíveis sucessores fortes e um mecanismo claro para os selecionar. Temos um conjunto de reivindicações económicas e políticas que beneficiam do apoio de um conjunto de organizações da sociedade civil, incluindo algumas com capacidade para mobilizar um considerável número de descontentes. A médio e longo prazo, é este o aspecto mais significativo dos protestos de Dezembro. O facto de os jovens desempregados terem saído às ruas é muito menos importante do que o facto da sua causa ter sido partilhada – e complementada – pelas organizações da sociedade civil que passaram a maior parte do período de governo de Ben Ali sob a sua alçada ou demasiado receosas para agir.
Apesar disso, importa relembrar que Bourguiba não caiu abruptamente perante um movimento de massas que reunia um alargado apoio popular. O seu governo apodreceu gradualmente durante mais de uma década. Adicionalmente, o golpe militar sem mortos de Ben Ali, e a sua governação posterior, aproveitaram largamente a desorganização da classe política tunisina. A sociedade civil da Tunísia, incluindo os partidos da oposição, é notoroamente fácil de dividir e conquistar. Se a capacidade revelada por Ben Ali para reprimir e cooperar se deteriourou, não desapareceu por completo. Com os protestos de Dezembro, a Tunísia poderá ter virado uma esquina decisiva. Contudo, nada na história do país ou na sua actual situação torna mais fácil acreditar que os protestos irão convergir rapidamente para um movimento unificado de oposição com uma mensagem clara, um líder carismático e uma base nacional de apoio. Adicionalmente, outro longo e lento deslizamento na direcção do caos poderia simplesmente criar as condições para a emergência de outro Ben Ali – outro presidente não eleito capaz de tomar o poder no topo e mudar muito pouco na base.
Christopher Alexander
13/01/11
A vaga de protestos na Tunísia – de onde vem e para onde vai?
por Ricardo Noronha
Tem-se lido e sabido pouco em Portugal acerca do que se está a passar na Tunísia (e na Argélia) desde Dezembro passado. Há quem já tenha chamado «intifada tunisina» a este movimento, despoletado por dois acontecimentos distintos: a revelação do conteúdo de alguns telegramas enviados pelo embaixador norte-americano em Tunes e relativos à corrupção do Presidente; a auto-imolação de um jovem desempregado na cidade de Sidi Bouzin .
Neste momento, depois de várias manifestações assinaladas por confrontos entre desempregados/estudantes e polícia, membros da oposição e bloggers foram detidos, controlos impostos sobre o acesso à internet e há já algumas dezenas de mortos e desaparecidos. Um pouco como no Irão, mas sem que a CNN lhe dê tanta importância, pelas razões que se imaginam.
O texto abaixo, escrito por Christopher Alexander, um investigador que se tem ocupado sobretudo da Tunísia, procura esclarecer o ambiente e o contexto desta revolta à luz da história tunisina recente. Foi retirado de um portal tunisino que tem vindo a acompanhar os acontecimentos numa base quotidiana, reunindo textos escritos em árabe, francês e inglês. Embora eu não esteja de acordo com tudo o que diz, parece-me um bom primeiro passo para compreender o que está acontecer, afinal de contas aqui tão perto. Traduzi-o a pedido de uma amiga e camarada tunisina, que está naturalmente angustiada com o que se está a passar (alguns dos detidos são amigos seus) e procura divulgá-lo pelo maior número possível de pessoas, línguas e países. Sintam-se por isso à vontade para o reproduzir e divulgar da maneira que considerarem mais adequada.
A vaga de protestos na Tunísia – de onde vem e para onde vai?
Janeiro tem sido tradicionalmente o mês de todos os dramas políticos na Tunísia – uma greve geral em Janeiro de 1978; uma insurreição apoiada pela Líbia em Janeiro de 1980; motins do pão em Janeiro de 1984. Este mês, contudo, Janeiro terá dificuldades em superar Dezembro precedente. As últimas duas semanas de 2010 testemunharam a mais dramática vaga de agitação social na Tunísia desde a década de 80. O que começou pelo protesto desesperado de um jovem contra o desemprego, em Sidi Bouzid, na região Centro-Oeste da Tunísia, alastrou rapidamente a outras regiões e outros temas. Poucos dias depois da tentativa de suicídio de Mohamed Bouazizi, em frente a instalações locais do governo, estudantes, professores, advogados, jornalistas, activistas pelos direitos humanos, sindicalistas e políticos da oposição desceram às ruas em várias cidades, incluindo Tunes, para condenar as políticas económicas governamentais, a repressão das vozes críticas a a corrupção de tipo mafioso que enriqueceu vários membros da família do Presidente.
Num país conhecido pela sua estabilidade autoritária, é fácil considerar esta agitação o prenúncio de uma transformação dramática. De facto, os protestos têm vindo a subir de tom há já pelo menos dois anos. A frustração está enraizada numa longa história de crescimento económico desequilibrado. Várias organizações ajudaram a converter esta frustração em protesto colectivo. Até agora, os protestos de Dezembro provocaram uma remodelação ministerial, o afastamento de um governador e a renovação do compromisso de criar novos empregos em regiões empobrecidas. É impossível prever se virá a provocar alterações mais dramáticas. Se o poder de Ben Ali [Presidente da Tunísia] não foi imediatamente posto em risco, os protesos sugerem pelo menos que a sua estratégia de governo está seriamente ameaçada. O poder de Ben Ali vem assentando numa hábil combinação de cooptação e repressão. Ao afirmar a sua fidelidade à democracia e aos direitos humanos no início do seu mandato, apropriou-se de forma calculada da mensagem central da oposição liberal. Simultaneamente, empregou a manipulação eleitoral, a intimidação e os favores para cooptar líderes dos partidos de governo e de organizações da sociedade civil. Os que se revelaram inacessíveis através deste tipo de ferramentas sentira a força do aparato de segurança interna, que cresceu dramaticamente ao longo da década de 90. A maioria dos tunisinos aceitou com um ligeiro descontentamento a mão pesada de Ali ao longo dos anos Noventa. Um governo autoritário foi o preço a pagar pela estabilidade que atraiu turistas e investidores. Ben Ali foi um eficaz, ainda que pouco carismático, líder tecnocrático, capaz de derrotar os islamitas, gerar crescimento e salvar o país da desestabilização que atormentou a Argélia.
Ao longo dos últimos cinco anos, contudo, a estrutura do autoritarismo de Ben Ali começou a tremer. A partir do momento em que se tornou claro que os Islamitas já não representavam uma ameaça séria, muitos tunisinisos revelaram-se menos dispostos a aceitar a mão pesada do governo. O regime perdeu também alguma da sua anterior habilidade. Os seus métodos tornaram-se menos creativos e mais abertamente brutais. O governo pareceu menos disposto a pelo menos simular um qualquer tipo de diálogo com os críticos ou com os partidos da oposição. Detenções arbitrária, controlo sobre a imprensar e o acesso à internet, ataques físicos a jornalistas e a activistas dos direitos humanos ou de partidos políticos da oposição, tornaram-se mais frequentes. Tal como as histórias de corrupção – não os habituais favoritismos e favores, mas uma criminalidade verdadeiramente mafiosa que encheu os bolsos da mulher de Ben Ali e da sua família. O crescimento do Facebook, Twitter e da blogosfera tunisina – uma boa parte da qual está sedida fora do país – tornou muito mais fácil para os tunisinos saber das últimas detenções, espancamentos ou esquemas de negócios ilícitos que envolvem a família do presidente.
Um pouco antes de terem começado os protestos de Dezembro, a Wikileaks revelou comunicações internas do Departamento de Estado dos EUA, nas quais o Embaixador norte-americano descrevia Ben Ali como envelhecido, ultrapassado e rodeado de corrupção. Devido à reputação de Ben Ali enquanto um aliado subserviente dos EUA, pareceu relevante para vários tunisinos – particularmente para os que estão politicamente empenhados e envolvidos com as redes sociais – que diplomatas americanos afirmassem sobre Ben Ali exactamente as mesmas coisas que eles vêm dizendo. Estas revelações contribuíram para um ambiente favorável a uma onda de protestos com vastos apoios.
A Tunísia assumiu a reputação da economia mais próspera do Maghreb desde que Ben Ali tomou o poder, quando um conjunto de reformas liberalizadoras abriram o país ao investimento privado e integraram-no mais profundamente na economia regional. O crescimento anual do Produto Nacionl Bruto atingiu uma média de 5%. Mas as políticas do Governo fizeram pouco para resolver preocupações antigas acerca da distribuição do crescimento pelo país. Desde o período colonial, a actividade económica na Tunísia tem-se concentrado no Norte e ao longo do litoral Este. Em praticamente todos os planos de desenvolvimento económico desde a independência, em 1956, o Governo comprometeu-se a realizar investimentos, criar emprego e melhorar o nível de vida no Centro, no Sul e no Oeste. Diminuir as disparidades regionais contribuiria para a solidariedade nacional e tornaria mais lento o ritmo do êxodo rural. Este último elemento tornou-se uma preocupação específica à media que aumentaram os protestos sociais organizados por sindicalistas, estudantes e islamitas no final da década de Setenta e início da década de Oitenta.
Os investimentos governamentais transformaram as zonas rurais no que diz respeito ao acesso a água potável, eletrificação, infra-estruturas de transportes, saúde e educação. Mas o Governo nunca conseguiu criar, no interior do país, empregos suficientes para uma população em crescimento acelerado. De facto, dois aspectos da estratégia de desenvolvimento governamental tornaram efectivamente mais difícil criar empregos. Primeiro, a estratégia de desenvolvimento da Tunísia desde o início dos anos 70 baseou-se crescentemente nas exportações e no investimento privado. Para um país pequeno, com uma base de recursos limitada e ligações estreitas à Europa, esta estratégia acentuou a aposta no turismo e em productos manufactados rudimentares (sobretudo vestuário e produtos agrícolas) para o mercado europeu. A escassez de recursos naturais, os constrangimentos climáticos e a necessidade de minimizar custos de transportes tornou mais difícil atraír para o interior um número considerável de turistas ou produtores orientados para a actividade exportadora. Consequentemente, 80% da produção nacional continua concentrado nas áreas costeiras. Apenas um quinto da produção nacional está localizado no Sudoeste e no Centro-Oeste, onde reside 40% da população.
Problemas relacionados com a educação complicam um pouco mais as coisas. O Governo tunisino recebe há muito tempo elogios pelo seu empenho na generalização do acesso ao ensino. A cultura dominante considera a formação universitária a chave para a segurança e o avanço social. Contudo, as universidades não formam jovens com preparação para uma economia que depende de empregos não-qualificados no turismo e na indústria de confecções. Este desencontro entre a educação e as expectativas, por um lado, e as realidades do mercado de trabalho, pelo outro, gera frustrações sérias para os jovens que investiram em formação universitária mas não encontram empregos correspondentes. O desafio é particularmente difícil para jovens do interior. Enquanto as estimativas do desemprego nacional oscilam entre 13% e 16% , o desemprego entre licenciados em Sidi Bouzid oscila entre 25% e 30%.
O papel dos sindicatos é um dos aspectos mais marcantes dos protestos de Dezembro. O Governo trabalhou muito, e com bastante sucesso, para domesticar a confederação sindical única tunisina (UGTT) durante a década de Noventa. Mais recentemente contudo, activistas de alguns sindicatos conseguiram assumir posições mais independentes e conflituais. Em 2008, e novamente no início de 2010, activistas sindicais organizaram protestos prolongados na bacia mineira meridional de Gafsa. Os protagonistas e as reivindicações dessas situações foram bastante semelhantes aos que pudemos observar Dezembro passado. Sindicatos do sector da Educação, dos mais independentes e agressivos no interior da UGTT, desempenharam um papel determinante na organização de desempregados, muitos deles licenciados, que protestavam contra o falhanço do Governo na criação de empregos, contra a sua corrupção e a sua recusa em encetar um diálogo sincero. Organizações dos direitos humanos, jornalistas, advogados e partidos da oposição juntaram-se então para criticar as medidas restritivas do Governo relativamente à cobertura mediática dos protestos e à detenção e tortura dos manifestantes. Desta forma, uma vasta coligação de organizações da sociedade civil estabeleceu uma ligação entre as reivindicações básicas relacionadas com a subsistência e as preocupações relativas aos direitos humanos fundamentais e ao funcionamento do Estado de Direito. Juntaram também realidades sociais quer trascendem distinções classistas e regionais – jovens desempregados em Sidi Bouzid, Menzel Bouzaien e Regueb, advogados e jornalistas em Monastir, Sfax e Tunes.
É ainda demasiado cedo para saber se estes protestos assinalam o início do fim para Ben Ali. Contudo, a actual situação política tunisina assemelha-se muito à que existia em 1975 e em 1976, o início da queda do predecessor de Ben Ali, Habib Bourghuiba. Mais uma vez, assistimos a um presidente envelhecido que parece crescentemente desfasado e cuja capacidade para cooptar e reprimir está deteriorada. Vemos ainda um sistema política ao qual faltam possíveis sucessores fortes e um mecanismo claro para os selecionar. Temos um conjunto de reivindicações económicas e políticas que beneficiam do apoio de um conjunto de organizações da sociedade civil, incluindo algumas com capacidade para mobilizar um considerável número de descontentes. A médio e longo prazo, é este o aspecto mais significativo dos protestos de Dezembro. O facto de os jovens desempregados terem saído às ruas é muito menos importante do que o facto da sua causa ter sido partilhada – e complementada – pelas organizações da sociedade civil que passaram a maior parte do período de governo de Ben Ali sob a sua alçada ou demasiado receosas para agir.
Apesar disso, importa relembrar que Bourguiba não caiu abruptamente perante um movimento de massas que reunia um alargado apoio popular. O seu governo apodreceu gradualmente durante mais de uma década. Adicionalmente, o golpe militar sem mortos de Ben Ali, e a sua governação posterior, aproveitaram largamente a desorganização da classe política tunisina. A sociedade civil da Tunísia, incluindo os partidos da oposição, é notoroamente fácil de dividir e conquistar. Se a capacidade revelada por Ben Ali para reprimir e cooperar se deteriourou, não desapareceu por completo. Com os protestos de Dezembro, a Tunísia poderá ter virado uma esquina decisiva. Contudo, nada na história do país ou na sua actual situação torna mais fácil acreditar que os protestos irão convergir rapidamente para um movimento unificado de oposição com uma mensagem clara, um líder carismático e uma base nacional de apoio. Adicionalmente, outro longo e lento deslizamento na direcção do caos poderia simplesmente criar as condições para a emergência de outro Ben Ali – outro presidente não eleito capaz de tomar o poder no topo e mudar muito pouco na base.
Christopher Alexander
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: tunisia - presidente fugiu
Esse presidente tem sérias tendências francesas.
by Talha
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Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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Re: tunisia - presidente fugiu
TRIBUNA: EL HOUSSINE MAJDOUBI *
La revolución tunecina amenaza los otros regímenes del Magreb y Egipto
Occidente al apoyar los regímenes dictatoriales se ha convertido en un obstáculo para la democratización del mundo árabe
EL HOUSSINE MAJDOUBI * 15/01/2011
Los ciudadanos del mundo árabe siguen con gran interés y entusiasmo los acontecimientos históricos de Túnez y se preguntan acerca del futuro de los regímenes de la región después del derrocamiento del presidente Zine el Abidine Ben Ali como consecuencia de la injusticia política y social que ha practicado durante más de dos décadas. Una revolución que viene a destacar el papel crucial de las nuevas tecnologías en mover a los pueblos, también pone en relevancia el papel repugnate de Occidente que brinda un apoyo incondicional para la continuidad de unas dictaduras medievales.
La revolución política que vive Túnez, demuestra que los mismos motivos que generaron el derrocamiento de este dictador que son: la falta de libertades, la injusticia social, los niveles insoportables de la corrupción y la militarización del país existen en el resto de los países del mundo árabe sobre todo en los siguientes países: Argelia, el país rico en gas y petróleo carece de infraestructuras y los hermanos del presidente, Abdel Aziz Bouteflika están inmersos en la corrupción. En Marruecos, el entorno del rey Mohamed VI se enriquece de una forma escandalosa, mientras que los hijos del coronel revolucionario Mouamar Gadafi se han convertido en príncipes que controlan el destino político y financiero de este país rico en petróleo. Por su parte, el presidente Hosni Mubarak está intentando convertir a su familia, que controla ya sectores importantes de la economía del país, en un nuevo miembro del club de la realeza en Oriente Medio. Mauritania es el único país que escapa de esta ola de corrupción gracias en parte a los golpes de estado en los últimos años que expulsaron otro dictador que se llama Muhauiya Ueld Taeh.
Sin embargo, a pesar de todo esto, Occidente no cesa de defender a estos regímenes. En el caso de Túnez, Occidente consideraba a Ben Ali hasta su derrocamiento "el alumno ejemplar", el propio presidente francés, Nicolás Sarkozy dijo en el 2008 que Túnez vive en una democracia. Durante todo el mes que duraron las protestas, los gobernantes de Occidente, excepto los EE.UU, mantuvieron un silencio sospechoso, incluso la jefa de la diplomacia francesa, Michèle Alliot-Marie se ofreció a asesor al régimen de cómo hay que acabar con las protestas y rechazando dar lecciones de democracia a otros países. Semejante postura pone de relieve el concepto selectivo de Occidente a la hora de exigir a algunos países la democratización y otros no.
La Unión Europea encabezada por Francia presiona los presidentes de Costa de Marfil, Sudan e Irán y por otra parte mantiene un silencio más que sospechoso acerca de los que está pasando en el mundo árabe y sobre todo en el Magreb. Si Occidente desempeñó un papel crucial en la democratización de los países de Europa Oriental, pues está haciendo lo contrario con los países árabes. No sólo apoya a los regímenes dictatoriales sino también les facilita el saqueo de la riqueza de los pueblos al permitirles la apertura de cuentas bancarias donde depositan lo robado y les autoriza la compra de inmuebles y acciones en grandes empresas europeas. Con este comportamiento, Occidente es cómplice por excelencia en estos crímenes. Otro regalo brindado a estas dictaduras, es que la UE y desde hace años ya no otorga el asilo político a los que escapan de estos sangrientos regímenes.
Peor aún, Occidente siempre dice que está luchando contra los movimientos islámicos radicales y terroristas, y las investigaciones sociológicas demuestran que, en gran parte, el fanatismo es el resultado directo de la injusticia social y la corrupción de estos regímenes dictatoriales. A pesar de todo esto, Occidente ignora esta realidad y estos hechos y se aliena con las dictaduras.
La revolución tunecina es muy reveladora de una nueva realidad política y social en el mundo árabe y sobre todo en el Magreb que viene para confirmar unos nuevos datos que escapaban a las dictaduras y a Occidente:
1-Las revueltas y los cambios políticos en el mundo árabe no dependen de los movimientos islámicos como suelen destacar múltiples estudios académicos sino en gran parte de la reacción de los pueblos al no poder soportar más la humillación, el saqueo, la marginación y el paro. En Túnez, el movimiento islámico prohibido Nahda (renacimiento) no tuvo ningún papel destacable en este cambio. En consecuencia, el derrocamiento de cualquier déspota árabe es muy posible.
2-El papel crucial de las nuevas tecnologías de comunicación de Internet y el teléfono móvil que han permitido sacar imágenes de la actuación brutal de las policías y también el papel de las televisiones por satélite como Aljazeera y Alhiwar además ediciones digitales de periódicos críticos como Alquds Árabe. Estas nuevas tecnologías facilitaron una coordinación perfecta entre los manifestantes de diferentes ciudades tunecinas y lo más importante informaron a la opinión pública internacional de lo que estaba sucediendo.
3-Este levantamiento confirma que la institución militar no está siempre dispuesta a enfrentarse al pueblo y defender a regímenes corruptos, porque los jefes militares están conscientes que la situación internacional ha cambiado con el surgimiento de la justicia internacional. El punto de inflexión de la revolución tunecina radica en el rechazo por parte del jefe de las fuerzas terrestres, el general Rahid Amar de abrir fuego contra los manifestantes. Esta misma institución militar que impide ahora en Egipto el nombramiento de Jamal Mubarak como sucesor de su padre Hosni Mubarak que lleva más de tres décadas en el poder y que su balance es peor que Ben Ali. E incluso Egipto puede vivir dentro de poco una situación semejante a la tunecina, por lo menos esto lo que ya destacan los analistas árabes en diferentes paginas web desde la noche del viernes.
4- El levantamiento de Túnez puede contagiar fácilmente a los países de la zona, Marruecos, Libia, Argelia y Egipto y otros como Jordania y Yemen. Los pueblos de estos países sufren de la corrupción, el paro y el saqueo sistemático de las riquezas por unos muy pocos cercanos al poder. La noche del viernes hubo manifestaciones en las capitales Rabat, El Cairo, Aman frente a las embajadas de Túnez saludando a la revolución. Centenares de blogs y páginas web árabes piden desde la noche del viernes una solución a la tunecina. Y de una forma sorprendente, Marruecos, Argelia, Mauritania, Libia, Yemen y Jordania han anunciando que no aumentarán los precios de los productos básicos como la leche, el pan y el aceite. Además Argelia anunció una indemnización a los parados universitarios.
5- Los hechos vienen a confirmar que Occidente al apoyar regímenes corruptos y dictatoriales, se ha convertido un en obstáculo para la democratización del mundo árabe y sobre todo Magreb. Occidente ya forma parte del problema.
© EDICIONES EL PAÍS S.L. - Miguel Yuste 40 - 28037 Madrid [España] - Tel. 91 337 8200
La revolución tunecina amenaza los otros regímenes del Magreb y Egipto
Occidente al apoyar los regímenes dictatoriales se ha convertido en un obstáculo para la democratización del mundo árabe
EL HOUSSINE MAJDOUBI * 15/01/2011
Los ciudadanos del mundo árabe siguen con gran interés y entusiasmo los acontecimientos históricos de Túnez y se preguntan acerca del futuro de los regímenes de la región después del derrocamiento del presidente Zine el Abidine Ben Ali como consecuencia de la injusticia política y social que ha practicado durante más de dos décadas. Una revolución que viene a destacar el papel crucial de las nuevas tecnologías en mover a los pueblos, también pone en relevancia el papel repugnate de Occidente que brinda un apoyo incondicional para la continuidad de unas dictaduras medievales.
La revolución política que vive Túnez, demuestra que los mismos motivos que generaron el derrocamiento de este dictador que son: la falta de libertades, la injusticia social, los niveles insoportables de la corrupción y la militarización del país existen en el resto de los países del mundo árabe sobre todo en los siguientes países: Argelia, el país rico en gas y petróleo carece de infraestructuras y los hermanos del presidente, Abdel Aziz Bouteflika están inmersos en la corrupción. En Marruecos, el entorno del rey Mohamed VI se enriquece de una forma escandalosa, mientras que los hijos del coronel revolucionario Mouamar Gadafi se han convertido en príncipes que controlan el destino político y financiero de este país rico en petróleo. Por su parte, el presidente Hosni Mubarak está intentando convertir a su familia, que controla ya sectores importantes de la economía del país, en un nuevo miembro del club de la realeza en Oriente Medio. Mauritania es el único país que escapa de esta ola de corrupción gracias en parte a los golpes de estado en los últimos años que expulsaron otro dictador que se llama Muhauiya Ueld Taeh.
Sin embargo, a pesar de todo esto, Occidente no cesa de defender a estos regímenes. En el caso de Túnez, Occidente consideraba a Ben Ali hasta su derrocamiento "el alumno ejemplar", el propio presidente francés, Nicolás Sarkozy dijo en el 2008 que Túnez vive en una democracia. Durante todo el mes que duraron las protestas, los gobernantes de Occidente, excepto los EE.UU, mantuvieron un silencio sospechoso, incluso la jefa de la diplomacia francesa, Michèle Alliot-Marie se ofreció a asesor al régimen de cómo hay que acabar con las protestas y rechazando dar lecciones de democracia a otros países. Semejante postura pone de relieve el concepto selectivo de Occidente a la hora de exigir a algunos países la democratización y otros no.
La Unión Europea encabezada por Francia presiona los presidentes de Costa de Marfil, Sudan e Irán y por otra parte mantiene un silencio más que sospechoso acerca de los que está pasando en el mundo árabe y sobre todo en el Magreb. Si Occidente desempeñó un papel crucial en la democratización de los países de Europa Oriental, pues está haciendo lo contrario con los países árabes. No sólo apoya a los regímenes dictatoriales sino también les facilita el saqueo de la riqueza de los pueblos al permitirles la apertura de cuentas bancarias donde depositan lo robado y les autoriza la compra de inmuebles y acciones en grandes empresas europeas. Con este comportamiento, Occidente es cómplice por excelencia en estos crímenes. Otro regalo brindado a estas dictaduras, es que la UE y desde hace años ya no otorga el asilo político a los que escapan de estos sangrientos regímenes.
Peor aún, Occidente siempre dice que está luchando contra los movimientos islámicos radicales y terroristas, y las investigaciones sociológicas demuestran que, en gran parte, el fanatismo es el resultado directo de la injusticia social y la corrupción de estos regímenes dictatoriales. A pesar de todo esto, Occidente ignora esta realidad y estos hechos y se aliena con las dictaduras.
La revolución tunecina es muy reveladora de una nueva realidad política y social en el mundo árabe y sobre todo en el Magreb que viene para confirmar unos nuevos datos que escapaban a las dictaduras y a Occidente:
1-Las revueltas y los cambios políticos en el mundo árabe no dependen de los movimientos islámicos como suelen destacar múltiples estudios académicos sino en gran parte de la reacción de los pueblos al no poder soportar más la humillación, el saqueo, la marginación y el paro. En Túnez, el movimiento islámico prohibido Nahda (renacimiento) no tuvo ningún papel destacable en este cambio. En consecuencia, el derrocamiento de cualquier déspota árabe es muy posible.
2-El papel crucial de las nuevas tecnologías de comunicación de Internet y el teléfono móvil que han permitido sacar imágenes de la actuación brutal de las policías y también el papel de las televisiones por satélite como Aljazeera y Alhiwar además ediciones digitales de periódicos críticos como Alquds Árabe. Estas nuevas tecnologías facilitaron una coordinación perfecta entre los manifestantes de diferentes ciudades tunecinas y lo más importante informaron a la opinión pública internacional de lo que estaba sucediendo.
3-Este levantamiento confirma que la institución militar no está siempre dispuesta a enfrentarse al pueblo y defender a regímenes corruptos, porque los jefes militares están conscientes que la situación internacional ha cambiado con el surgimiento de la justicia internacional. El punto de inflexión de la revolución tunecina radica en el rechazo por parte del jefe de las fuerzas terrestres, el general Rahid Amar de abrir fuego contra los manifestantes. Esta misma institución militar que impide ahora en Egipto el nombramiento de Jamal Mubarak como sucesor de su padre Hosni Mubarak que lleva más de tres décadas en el poder y que su balance es peor que Ben Ali. E incluso Egipto puede vivir dentro de poco una situación semejante a la tunecina, por lo menos esto lo que ya destacan los analistas árabes en diferentes paginas web desde la noche del viernes.
4- El levantamiento de Túnez puede contagiar fácilmente a los países de la zona, Marruecos, Libia, Argelia y Egipto y otros como Jordania y Yemen. Los pueblos de estos países sufren de la corrupción, el paro y el saqueo sistemático de las riquezas por unos muy pocos cercanos al poder. La noche del viernes hubo manifestaciones en las capitales Rabat, El Cairo, Aman frente a las embajadas de Túnez saludando a la revolución. Centenares de blogs y páginas web árabes piden desde la noche del viernes una solución a la tunecina. Y de una forma sorprendente, Marruecos, Argelia, Mauritania, Libia, Yemen y Jordania han anunciando que no aumentarán los precios de los productos básicos como la leche, el pan y el aceite. Además Argelia anunció una indemnización a los parados universitarios.
5- Los hechos vienen a confirmar que Occidente al apoyar regímenes corruptos y dictatoriales, se ha convertido un en obstáculo para la democratización del mundo árabe y sobre todo Magreb. Occidente ya forma parte del problema.
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Editado pela última vez por Penguin em Sáb Jan 15, 2011 6:47 pm, em um total de 1 vez.
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Re: tunisia - presidente fugiu
[img]Tunísia é uma mensagem de alerta ao mundo árabe, dizem analistas
15 de janeiro de 2011
Membro das forças de segurança da Tunísia mira na direção de um manifestante tunisiano que se prepara para atirar uma pedra
Foto: AFP
ReduzirNormalAumentarImprimirPara analistas, países árabes poderão seguir o exemplo da Tunísia
Analistas ouvidos pela BBC Brasil disseram que os violentos protestos na Tunísia, que culminaram com a renuncia do presidente Zine Al-Abidine Ben Ali na última sexta-feira, servem como uma mensagem de alerta aos governos da região de que um novo ativismo começa a surgir no mundo árabe. Segundo eles, governos totalitários enfrentam cada vez mais a insatisfação popular com a falta de soluções para os problemas econômicos, sociais e de liberdades individuais.
No entanto, dizem que ainda é cedo para falar em reações semelhantes em outros países árabes em médio prazo. "Embora muitos tenham ficado perplexos com os protestos que sacudiram a Tunísia nas últimas semanas, eles não podem ser vistos como uma surpresa para aqueles que acompanham o cenário da região", disse o analista político libanês Rami Khouri, do Instituto Fares da Universidade Americana de Beirute. De acordo com Khouri, a região vive um renascimento do ativismo árabe entre as populações mais jovens e mais conscientes, com fome de liberdades individuais, emprego e desenvolvimento.
"O problema que assola a região é comum a todos -, a atual ordem política e econômica do mundo árabe, que é instável e insustentável, porque traz instatisfação para a imensa maioria de seus cidadãos". O clima de tensão na Tunísia começou no dia 17 de dezembro, quando o desempregado Sidi Bouzeid, de 26 anos e com formação superior, foi abordado por policiais enquanto vendia verduras na rua. Após ter sua mercadoria apreendida, ele foi impedido de prestar queixa. Desesperado, o jovem ateou fogo no próprio corpo e morreu dias depois no hospital. A morte de Bouzeid iniciou uma série de protestos que se espalharam rapidamente pelo país e a capital Túnis. Centenas de milhares de pessoas, entre estudantes, sindicatos e partidos de oposição, protestaram contra o desemprego, corrupção e falta de democracia.
Consciência árabe
O presidente Zine Al-Abidine Ben Ali, que estava no poder há 23 anos, tentou reprimir as manifestações com policiais nas ruas. Grupos de direitos humanos afirmam que mais de 60 pessoas morreram nos confrontos e centenas de manifestantes ficaram feridos. Antes de renunciar, Ben Ali dissolveu o Parlamento e governo, e deixou o país junto com sua famíla. O anúncio foi feito na TV estatal tunisiana pelo primeiro-ministro Mohammed Ghannouchi, que disse estar assumindo o poder no país. "A Tunísia é um modelo de mudança na região porque foi orquestrado por seus cidadãos, que chegaram em um ponto de enfrentar as forças de repressão. O que se viu nas ruas de Túnis foi uma mensagem clara aos ditadores árabes, de que quando os cidadãos não temem mais as balas das armas dos governantes, então os dias destes ditadores estão contados", salientou Khouri.
Para o egípcio Haitham Bahy, analista político e diretor da Academia de Democracia Egípcia, as populações árabes mais conscientes não se deixam mais levar pelas velhas desculpas dos governantes. Segundo ele, durante décadas, os ditadores árabes usavam Israel ou países ocidentais como desculpa para seus próprios fracassos. "Para justificar suas políticas e incompetências, presidentes e monarcas árabes colocavam sempre a culpa em Israel ou outros países estrangeiros como forma de ganhar apoio popular e legimitização de seus poderes". Ele aponta os novos tempos - fluxo de informação, globalização e ativismo na internet - como implacáveis para os ditadores da região, que não conseguem mais controlar os corações e mentes como antes. "Os governantes árabes deveriam aprender as lições da Tunísia, de que já é hora de promover reformas democráticas no mundo árabe, e os líderes da região deveriam fazer isso antes que sofram do mesmo destino do agora ex-presidente tunisiano", diz.
Transformações
Haitham Bahy acredita que os acontecimentos na Tunísia irão repercutir durante algum tempo na região. Ele diz que ainda é cedo para avaliar o sucesso dos acontecimentos no país do norte da África, mas acha que a Tunísia deverá avançar em vários aspectos após a queda do presidente Ben Ali. "Arrisco dizer que uma nova era começou na região, e as massas populares muito provavelmente se espelharão no sucesso dos protestos na Tunísia. Os países da região reúnem uma combinação de fatores comum a todos: pobreza, desemprego e repressão política", diz.
Para ele, o próximo país a ser palco de conflitos poderá ser a Argélia, onde já acontecem protestos por motivos econômicos e sociais. "Embora em menor escala, os protestos na Argélia, inspirados por seus vizinhos, podem muito bem aumentar e resultar em mudanças naquele país", disse. No entanto, o libanês Rami Khouri não acha que que mudanças em médio prazo ocorrerão em países de peso no mundo árabe, como Egito, Síria e Árabia Saudita. "Estamos falando de Estados fortemente protegidos por um aparato de segurança e forças militares. Protestos semelhantes aos da Tunísia nestes países seriam muito mais complexos", explicou Khouri.
Entretanto, ele acredita que em um longo prazo, o mundo árabe não poderá escapar de seu destino de mudanças. "Eu venho dizendo isso por anos, que nós não podemos prever quando, onde, como e por quem as transformações de autocracias para democracias começarão no mundo árabe. Mas nós sabemos que essas trasnformações inevitavelmente começarão".
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15 de janeiro de 2011
Membro das forças de segurança da Tunísia mira na direção de um manifestante tunisiano que se prepara para atirar uma pedra
Foto: AFP
ReduzirNormalAumentarImprimirPara analistas, países árabes poderão seguir o exemplo da Tunísia
Analistas ouvidos pela BBC Brasil disseram que os violentos protestos na Tunísia, que culminaram com a renuncia do presidente Zine Al-Abidine Ben Ali na última sexta-feira, servem como uma mensagem de alerta aos governos da região de que um novo ativismo começa a surgir no mundo árabe. Segundo eles, governos totalitários enfrentam cada vez mais a insatisfação popular com a falta de soluções para os problemas econômicos, sociais e de liberdades individuais.
No entanto, dizem que ainda é cedo para falar em reações semelhantes em outros países árabes em médio prazo. "Embora muitos tenham ficado perplexos com os protestos que sacudiram a Tunísia nas últimas semanas, eles não podem ser vistos como uma surpresa para aqueles que acompanham o cenário da região", disse o analista político libanês Rami Khouri, do Instituto Fares da Universidade Americana de Beirute. De acordo com Khouri, a região vive um renascimento do ativismo árabe entre as populações mais jovens e mais conscientes, com fome de liberdades individuais, emprego e desenvolvimento.
"O problema que assola a região é comum a todos -, a atual ordem política e econômica do mundo árabe, que é instável e insustentável, porque traz instatisfação para a imensa maioria de seus cidadãos". O clima de tensão na Tunísia começou no dia 17 de dezembro, quando o desempregado Sidi Bouzeid, de 26 anos e com formação superior, foi abordado por policiais enquanto vendia verduras na rua. Após ter sua mercadoria apreendida, ele foi impedido de prestar queixa. Desesperado, o jovem ateou fogo no próprio corpo e morreu dias depois no hospital. A morte de Bouzeid iniciou uma série de protestos que se espalharam rapidamente pelo país e a capital Túnis. Centenas de milhares de pessoas, entre estudantes, sindicatos e partidos de oposição, protestaram contra o desemprego, corrupção e falta de democracia.
Consciência árabe
O presidente Zine Al-Abidine Ben Ali, que estava no poder há 23 anos, tentou reprimir as manifestações com policiais nas ruas. Grupos de direitos humanos afirmam que mais de 60 pessoas morreram nos confrontos e centenas de manifestantes ficaram feridos. Antes de renunciar, Ben Ali dissolveu o Parlamento e governo, e deixou o país junto com sua famíla. O anúncio foi feito na TV estatal tunisiana pelo primeiro-ministro Mohammed Ghannouchi, que disse estar assumindo o poder no país. "A Tunísia é um modelo de mudança na região porque foi orquestrado por seus cidadãos, que chegaram em um ponto de enfrentar as forças de repressão. O que se viu nas ruas de Túnis foi uma mensagem clara aos ditadores árabes, de que quando os cidadãos não temem mais as balas das armas dos governantes, então os dias destes ditadores estão contados", salientou Khouri.
Para o egípcio Haitham Bahy, analista político e diretor da Academia de Democracia Egípcia, as populações árabes mais conscientes não se deixam mais levar pelas velhas desculpas dos governantes. Segundo ele, durante décadas, os ditadores árabes usavam Israel ou países ocidentais como desculpa para seus próprios fracassos. "Para justificar suas políticas e incompetências, presidentes e monarcas árabes colocavam sempre a culpa em Israel ou outros países estrangeiros como forma de ganhar apoio popular e legimitização de seus poderes". Ele aponta os novos tempos - fluxo de informação, globalização e ativismo na internet - como implacáveis para os ditadores da região, que não conseguem mais controlar os corações e mentes como antes. "Os governantes árabes deveriam aprender as lições da Tunísia, de que já é hora de promover reformas democráticas no mundo árabe, e os líderes da região deveriam fazer isso antes que sofram do mesmo destino do agora ex-presidente tunisiano", diz.
Transformações
Haitham Bahy acredita que os acontecimentos na Tunísia irão repercutir durante algum tempo na região. Ele diz que ainda é cedo para avaliar o sucesso dos acontecimentos no país do norte da África, mas acha que a Tunísia deverá avançar em vários aspectos após a queda do presidente Ben Ali. "Arrisco dizer que uma nova era começou na região, e as massas populares muito provavelmente se espelharão no sucesso dos protestos na Tunísia. Os países da região reúnem uma combinação de fatores comum a todos: pobreza, desemprego e repressão política", diz.
Para ele, o próximo país a ser palco de conflitos poderá ser a Argélia, onde já acontecem protestos por motivos econômicos e sociais. "Embora em menor escala, os protestos na Argélia, inspirados por seus vizinhos, podem muito bem aumentar e resultar em mudanças naquele país", disse. No entanto, o libanês Rami Khouri não acha que que mudanças em médio prazo ocorrerão em países de peso no mundo árabe, como Egito, Síria e Árabia Saudita. "Estamos falando de Estados fortemente protegidos por um aparato de segurança e forças militares. Protestos semelhantes aos da Tunísia nestes países seriam muito mais complexos", explicou Khouri.
Entretanto, ele acredita que em um longo prazo, o mundo árabe não poderá escapar de seu destino de mudanças. "Eu venho dizendo isso por anos, que nós não podemos prever quando, onde, como e por quem as transformações de autocracias para democracias começarão no mundo árabe. Mas nós sabemos que essas trasnformações inevitavelmente começarão".
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Re: tunisia - presidente fugiu
Sarkozy pide elecciones en Túnez "en el plazo más breve posible"
Merkel llama a las autoridades a "construir una auténtica democracia". - Egipto asegura que "respeta la voluntad del pueblo hermano tunecino"
AGENCIAS 15/01/2011
Ante el cambio radical que se produjo ayer en Túnez, las reacciones son dispares dependiendo de si proceden del mundo árabe o de las potencias occidentales. La prudencia de los primeros contrasta con las declaraciones de apoyo de los países europeos al cambio democrático del país magrebí.
El presidente francés, Nicolas Sarkozy, ha pedido hoy la celebración de elecciones libres en Túnez "en el plazo más breve", tras la salida del presidente del país, Zine el Abidine Ben Alí. "Francia llama a la calma y al fin de la violencia. Pide la organización de elecciones libres en los plazos más breves", ha afirmado Sarkozy en un comunicado tras haberse reunido con varios de los miembros de su Gobierno para estudiar la situación de Túnez.
El presidente francés ha señalado también que ha ordenado el "bloqueo administrativo" de "los movimientos financieros sospechosos" relativos a Túnez, "de conformidad con la legislación". Francia "está a disposición de las autoridades constitucionales (de Túnez) para responder, sin tardanza, a toda demanda sobre los fondos tunecinos en Francia", ha añadido. El presidente reconoció que "desde hace varias semanas" el pueblo tunecino "expresa su voluntad de democracia", una demanda en la que, afirma Sarkozy, Francia va a aportar "su apoyo determinado" en base a los "lazos de amistad" que unen a ambos países.
La respuesta se produce también tras las críticas que la prensa ha lanzado contra la política de connivencia de París con el régimen de Ben Alí. Los medios reprochan a la diplomacia francesa haber pasado por alto los ataques a los derechos humanos dirigidos por el depuesto presidente a causa de las relaciones comerciales entre ambos países. Hasta su caída de ayer, Francia se había limitado a pedir a Ben Alí que moderara el uso de la fuerza en la represión de las manifestaciones y llegó incluso a ofrecer apoyo policial experto en control de desórdenes públicos.
La canciller alemana, Angela Merkel, ha llamado a las autoridades de Túnez a construir "una auténtica democracia" y ofreció el apoyo del gobierno de Berlín a este propósito. "Tienen ante sí la posibilidad de un nuevo comienzo, para lo que es preciso que se garanticen los derechos fundamentales, como la libertad de prensa y de reunión", ha afirmado Merkel. La canciller ha dirigido asimismo un mensaje al presidente del Parlamento y recién proclamado presidente interino del país, Fued Mebaza, llamándole a "acercarse a los quienes protestan" para construir una auténtica democracia.
Reacciones en el mundo árabe
En el mundo árabe se han producido reacciones más prudentes. En un comunicado oficial, el Gobierno egipcio ha afirmado que está siguiendo con interés la precipitación de los acontecimientos en Túnez por la escalada de las protestas. "Egipto asegura que respeta la voluntad del pueblo hermano tunecino y tiene mucha confianza en su sabiduría y capacidad para controlar la situación y evitar que Túnez caiga en el caos", dice la nota. Para el gobierno egipcio, "lo más importante actualmente es que todos los tunecinos cooperen para proteger lo que han ganado a lo largo de décadas después de la independencia y para intentar que esto no se exponga al peligro".
Por su parte, la Liga Árabe ha hecho pública una declaración oficial en la que pide a las fuerzas políticas tunecinas que mantengan la paz y encaminen al país hacia una salida a la crisis. La organización insta a "todas las fuerzas políticas, representantes de la sociedad tunecina y autoridades a mantenerse juntos y unirse para sustentar los logros del pueblo tunecino y hacer realidad la paz nacional". Pide además que regrese la calma y que se logre un "consenso nacional sobre el modo de sacar al país de esta crisis de una forma que garantice el respeto de la voluntad del pueblo tunecino".
Arabia Saudí, el país que ha acogido al ex presidente tunecino, ha manifestado su apoyo a los tunecinos para que superen esta "difícil fase" en un comunicado en el que saluda la llegada al reino del presidente tunecino depuesto, Zine al Abidine Ben Ali.
Entretanto, otra monarquía de Oriente Próximo, Jordania, ha afirmado "respetar la elección del pueblo tunecino". "El Gobierno jordano (...) llama a todas las fuerzas nacionales tunecinas a unirse y ha trabajar juntas para preservar la seguridad de los ciudadanos y proteger a Túnez", ha señalado el ministerio de Exteriores jordano en un comunicado. En la capital del país, Ammán, medio centenar de sindicalistas han organizado una sentada ante la Embajada de Túnez para llamar a la propagación de la "revolución tunecina".
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Merkel llama a las autoridades a "construir una auténtica democracia". - Egipto asegura que "respeta la voluntad del pueblo hermano tunecino"
AGENCIAS 15/01/2011
Ante el cambio radical que se produjo ayer en Túnez, las reacciones son dispares dependiendo de si proceden del mundo árabe o de las potencias occidentales. La prudencia de los primeros contrasta con las declaraciones de apoyo de los países europeos al cambio democrático del país magrebí.
El presidente francés, Nicolas Sarkozy, ha pedido hoy la celebración de elecciones libres en Túnez "en el plazo más breve", tras la salida del presidente del país, Zine el Abidine Ben Alí. "Francia llama a la calma y al fin de la violencia. Pide la organización de elecciones libres en los plazos más breves", ha afirmado Sarkozy en un comunicado tras haberse reunido con varios de los miembros de su Gobierno para estudiar la situación de Túnez.
El presidente francés ha señalado también que ha ordenado el "bloqueo administrativo" de "los movimientos financieros sospechosos" relativos a Túnez, "de conformidad con la legislación". Francia "está a disposición de las autoridades constitucionales (de Túnez) para responder, sin tardanza, a toda demanda sobre los fondos tunecinos en Francia", ha añadido. El presidente reconoció que "desde hace varias semanas" el pueblo tunecino "expresa su voluntad de democracia", una demanda en la que, afirma Sarkozy, Francia va a aportar "su apoyo determinado" en base a los "lazos de amistad" que unen a ambos países.
La respuesta se produce también tras las críticas que la prensa ha lanzado contra la política de connivencia de París con el régimen de Ben Alí. Los medios reprochan a la diplomacia francesa haber pasado por alto los ataques a los derechos humanos dirigidos por el depuesto presidente a causa de las relaciones comerciales entre ambos países. Hasta su caída de ayer, Francia se había limitado a pedir a Ben Alí que moderara el uso de la fuerza en la represión de las manifestaciones y llegó incluso a ofrecer apoyo policial experto en control de desórdenes públicos.
La canciller alemana, Angela Merkel, ha llamado a las autoridades de Túnez a construir "una auténtica democracia" y ofreció el apoyo del gobierno de Berlín a este propósito. "Tienen ante sí la posibilidad de un nuevo comienzo, para lo que es preciso que se garanticen los derechos fundamentales, como la libertad de prensa y de reunión", ha afirmado Merkel. La canciller ha dirigido asimismo un mensaje al presidente del Parlamento y recién proclamado presidente interino del país, Fued Mebaza, llamándole a "acercarse a los quienes protestan" para construir una auténtica democracia.
Reacciones en el mundo árabe
En el mundo árabe se han producido reacciones más prudentes. En un comunicado oficial, el Gobierno egipcio ha afirmado que está siguiendo con interés la precipitación de los acontecimientos en Túnez por la escalada de las protestas. "Egipto asegura que respeta la voluntad del pueblo hermano tunecino y tiene mucha confianza en su sabiduría y capacidad para controlar la situación y evitar que Túnez caiga en el caos", dice la nota. Para el gobierno egipcio, "lo más importante actualmente es que todos los tunecinos cooperen para proteger lo que han ganado a lo largo de décadas después de la independencia y para intentar que esto no se exponga al peligro".
Por su parte, la Liga Árabe ha hecho pública una declaración oficial en la que pide a las fuerzas políticas tunecinas que mantengan la paz y encaminen al país hacia una salida a la crisis. La organización insta a "todas las fuerzas políticas, representantes de la sociedad tunecina y autoridades a mantenerse juntos y unirse para sustentar los logros del pueblo tunecino y hacer realidad la paz nacional". Pide además que regrese la calma y que se logre un "consenso nacional sobre el modo de sacar al país de esta crisis de una forma que garantice el respeto de la voluntad del pueblo tunecino".
Arabia Saudí, el país que ha acogido al ex presidente tunecino, ha manifestado su apoyo a los tunecinos para que superen esta "difícil fase" en un comunicado en el que saluda la llegada al reino del presidente tunecino depuesto, Zine al Abidine Ben Ali.
Entretanto, otra monarquía de Oriente Próximo, Jordania, ha afirmado "respetar la elección del pueblo tunecino". "El Gobierno jordano (...) llama a todas las fuerzas nacionales tunecinas a unirse y ha trabajar juntas para preservar la seguridad de los ciudadanos y proteger a Túnez", ha señalado el ministerio de Exteriores jordano en un comunicado. En la capital del país, Ammán, medio centenar de sindicalistas han organizado una sentada ante la Embajada de Túnez para llamar a la propagación de la "revolución tunecina".
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Carlo M. Cipolla
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Re: tunisia - presidente fugiu
A Tunísia era uma piada franca: a família do "Presidente" era dona de tudo! Quando quis ser dona até da barraquinha de fruta de um infeliz, este se imolou, e a revolta aconteceu. Quem tudo quer...
Não se tem razão quando se diz que o tempo cura tudo: de repente, as velhas dores tornam-se lancinantes e só morrem com o homem.
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Uma pena incansável e combatente, contra as hordas imperialistas, sanguinárias e assassinas!
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Re: tunisia - presidente fugiu
É considerada a primeira revolução do Wikileaks
http://wikileaks.foreignpolicy.com/post ... a_protests
Tunisians didn't need any more reasons to protest when they took to the streets these past weeks -- food prices were rising, corruption was rampant, and unemployment was staggering. But we might also count Tunisia as the first time that WikiLeaks pushed people over the brink. These protests are also about the country's utter lack of freedom of expression -- including when it comes to WikiLeaks.
Tunisia's government doesn't exactly get a flattering portrayal in the leaked State Department cables. The country's ruling family is described as "The Family" -- a mafia-esque elite who have their hands in every cookie jar in the entire economy. "President Ben Ali is aging, his regime is sclerotic and there is no clear successor," a June 2009 cable reads. And to this kleptocracy there is no recourse; one June 2008 cable claims: "persistent rumors of corruption, coupled with rising inflation and continued unemployment, have helped to fuel frustration with the GOT [government of Tunisia] and have contributed to recent protests in southwestern Tunisia. With those at the top believed to be the worst offenders, and likely to remain in power, there are no checks in the system."
Of course, Tunisians didn't need anyone to tell them this. But the details noted in the cables -- for example, the fact that the first lady may have made massive profits off a private school -- stirred things up. Matters got worse, not better (as surely the government hoped), when WikiLeaks was blocked by the authorities and started seeking out dissidents and activists on social networking sites.
As PayPal and Amazon learned last year, WikiLeaks' supporters don't take kindly to being denied access to the Internet. And the hacking network Anonymous launched an operation, OpTunisia, against government sites "as long as the Tunisian government keep acting the way they do," an Anonymous member told the Financial Times.
As in the recent so-called "Twitter Revolutions" in Moldova and Iran, there was clearly lots wrong with Tunisia before Julian Assange ever got hold of the diplomatic cables. Rather, WikiLeaks acted as a catalyst: both a trigger and a tool for political outcry. Which is probably the best compliment one could give the whistle-blower site.
http://wikileaks.foreignpolicy.com/post ... a_protests
Tunisians didn't need any more reasons to protest when they took to the streets these past weeks -- food prices were rising, corruption was rampant, and unemployment was staggering. But we might also count Tunisia as the first time that WikiLeaks pushed people over the brink. These protests are also about the country's utter lack of freedom of expression -- including when it comes to WikiLeaks.
Tunisia's government doesn't exactly get a flattering portrayal in the leaked State Department cables. The country's ruling family is described as "The Family" -- a mafia-esque elite who have their hands in every cookie jar in the entire economy. "President Ben Ali is aging, his regime is sclerotic and there is no clear successor," a June 2009 cable reads. And to this kleptocracy there is no recourse; one June 2008 cable claims: "persistent rumors of corruption, coupled with rising inflation and continued unemployment, have helped to fuel frustration with the GOT [government of Tunisia] and have contributed to recent protests in southwestern Tunisia. With those at the top believed to be the worst offenders, and likely to remain in power, there are no checks in the system."
Of course, Tunisians didn't need anyone to tell them this. But the details noted in the cables -- for example, the fact that the first lady may have made massive profits off a private school -- stirred things up. Matters got worse, not better (as surely the government hoped), when WikiLeaks was blocked by the authorities and started seeking out dissidents and activists on social networking sites.
As PayPal and Amazon learned last year, WikiLeaks' supporters don't take kindly to being denied access to the Internet. And the hacking network Anonymous launched an operation, OpTunisia, against government sites "as long as the Tunisian government keep acting the way they do," an Anonymous member told the Financial Times.
As in the recent so-called "Twitter Revolutions" in Moldova and Iran, there was clearly lots wrong with Tunisia before Julian Assange ever got hold of the diplomatic cables. Rather, WikiLeaks acted as a catalyst: both a trigger and a tool for political outcry. Which is probably the best compliment one could give the whistle-blower site.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: tunisia - presidente fugiu
Existem bases estrangeiras na Tunísia, não? Norte Americanas ou Francesas? Ambas
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Re: tunisia - presidente fugiu
JUAN GOYTISOLO
Revolución democrática en el Magreb
La voz del nuevo Túnez
JUAN GOYTISOLO 16/01/2011
La revuelta de Túnez es la primera revolución democrática de los países árabes desde su acceso a la independencia. Las que se produjeron con anterioridad fueron fruto de golpes de Estado, a veces con amplio apoyo popular como fue el caso de la de Naser en Egipto y, más a menudo sin él, como en Irak en 1958 y Libia en 1969. Las aspiraciones democráticas de los líderes independentistas argelinos sucumbieron pronto, como sabemos, a la dictadura de un partido único sostenido por el Ejército. En la década de los sesenta los Gobiernos nacionalistas árabes sentaron las bases de un poder autoritario que tendía a perpetuarse en el molde de las nuevas dinastías republicanas (las de Sadam Husein, Hafez el Asad, Mubarak). En Marruecos, las tentativas golpistas contra Hassan II mostraban también que la alternativa a la monarquía alauí era una dictadura militar, como lo sería más tarde un régimen islamista, esto es, remedios peores que la enfermedad. La falta de educación cívica de los pueblos para los que la democracia era una palabra hueca importada de Europa explica las derivas autócratas de los regímenes árabes y el fracaso de revueltas populares como las de Casablanca en 1965 y 1980. El declive del nacionalismo y el auge del islam político fueron las causas asimismo de la sangrienta guerra civil que sacudió a Argelia en la década de los noventa.
No se puede pedir lo que se ignora. La democracia exige un conocimiento previo de los valores laicos que la alimentan. Y dicho conocimiento no existe en ningún país árabe con la profundidad y arraigo que tienen en Túnez. El Gobierno de Burguiba desde la independencia hasta los años ochenta sentó las bases de un Estado laico y democrático. Un sistema educativo abierto a los principios y valores del mundo moderno, el estatus de la mujer incomparablemente superior al de los países vecinos y un nivel de vida aceptable en comparación con estos, pese a la carencia del maná del petróleo, formaron una ciudadanía consciente de sus derechos. En ello estriba la diferencia existente entre Túnez y los demás Estados árabes de la orilla sur del Mediterráneo.
El declive del poder de Burguiba y el golpe de palacio de Ben Ali, llevado supuestamente a cabo para preservar la democracia se tradujeron al punto en una pesadilla orwelliana. Con el pretexto de cohabitar a la amenaza islamista y ganarse así el sostén incondicional de los países europeos, Ben Ali creó poco a poco un Estado policiaco cuyas redes se extendieron como una telaraña en el conjunto de la sociedad. Toda oposición política fue barrida sin piedad con métodos que recuerdan el peor despotismo. En mi última visita a Túnez hace ahora 11 años tuve ocasión de comprobar en persona el acoso que sufrían los demócratas que no se hallaban en la cárcel o en el exilio y la vigilancia policial de quienes entraban en contacto con ellos. Todo eso resultaba aún más chocante por tratarse de un país social y culturalmente avanzado, víctima de la paranoia del dictador y del insaciable afán de poder y riqueza del clan de su mujer, la tristemente célebre familia Trabulsi. La resignación de la sociedad a semejante presión y expolio no podía durar. La experiencia democrática del burguibismo había calado en ella y solo aguardaba la ocasión propicia para manifestarse. La acción conjugada de las filtraciones de Wikileaks, del gran número de tunecinos con acceso a Internet y a sus foros de discusión, de los ciberataques de los hackers de Anonymous que colapsaron las webs del régimen y de la inmolación por el fuego el 17 de diciembre en Sidi Bouzid de Mohamed Buazizi, un informático de 26 años en paro y cuyo puesto de verduras y frutas fue tumbado brutalmente por la policía por carecer de autorización para su venta, fueron el detonante de la explosión que ha derribado al dictador y abre un capítulo esperanzador en la historia de su país.
Todos los amigos del pueblo tunecino debemos felicitarnos por lo ocurrido y evocar el sacrificio de Mohamed Buazizi, el mártir a quien corresponde el honor de ser el héroe de un nuevo Túnez abierto, laico y democrático en el que nadie deberá prenderse fuego para hacer oír su voz.
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Revolución democrática en el Magreb
La voz del nuevo Túnez
JUAN GOYTISOLO 16/01/2011
La revuelta de Túnez es la primera revolución democrática de los países árabes desde su acceso a la independencia. Las que se produjeron con anterioridad fueron fruto de golpes de Estado, a veces con amplio apoyo popular como fue el caso de la de Naser en Egipto y, más a menudo sin él, como en Irak en 1958 y Libia en 1969. Las aspiraciones democráticas de los líderes independentistas argelinos sucumbieron pronto, como sabemos, a la dictadura de un partido único sostenido por el Ejército. En la década de los sesenta los Gobiernos nacionalistas árabes sentaron las bases de un poder autoritario que tendía a perpetuarse en el molde de las nuevas dinastías republicanas (las de Sadam Husein, Hafez el Asad, Mubarak). En Marruecos, las tentativas golpistas contra Hassan II mostraban también que la alternativa a la monarquía alauí era una dictadura militar, como lo sería más tarde un régimen islamista, esto es, remedios peores que la enfermedad. La falta de educación cívica de los pueblos para los que la democracia era una palabra hueca importada de Europa explica las derivas autócratas de los regímenes árabes y el fracaso de revueltas populares como las de Casablanca en 1965 y 1980. El declive del nacionalismo y el auge del islam político fueron las causas asimismo de la sangrienta guerra civil que sacudió a Argelia en la década de los noventa.
No se puede pedir lo que se ignora. La democracia exige un conocimiento previo de los valores laicos que la alimentan. Y dicho conocimiento no existe en ningún país árabe con la profundidad y arraigo que tienen en Túnez. El Gobierno de Burguiba desde la independencia hasta los años ochenta sentó las bases de un Estado laico y democrático. Un sistema educativo abierto a los principios y valores del mundo moderno, el estatus de la mujer incomparablemente superior al de los países vecinos y un nivel de vida aceptable en comparación con estos, pese a la carencia del maná del petróleo, formaron una ciudadanía consciente de sus derechos. En ello estriba la diferencia existente entre Túnez y los demás Estados árabes de la orilla sur del Mediterráneo.
El declive del poder de Burguiba y el golpe de palacio de Ben Ali, llevado supuestamente a cabo para preservar la democracia se tradujeron al punto en una pesadilla orwelliana. Con el pretexto de cohabitar a la amenaza islamista y ganarse así el sostén incondicional de los países europeos, Ben Ali creó poco a poco un Estado policiaco cuyas redes se extendieron como una telaraña en el conjunto de la sociedad. Toda oposición política fue barrida sin piedad con métodos que recuerdan el peor despotismo. En mi última visita a Túnez hace ahora 11 años tuve ocasión de comprobar en persona el acoso que sufrían los demócratas que no se hallaban en la cárcel o en el exilio y la vigilancia policial de quienes entraban en contacto con ellos. Todo eso resultaba aún más chocante por tratarse de un país social y culturalmente avanzado, víctima de la paranoia del dictador y del insaciable afán de poder y riqueza del clan de su mujer, la tristemente célebre familia Trabulsi. La resignación de la sociedad a semejante presión y expolio no podía durar. La experiencia democrática del burguibismo había calado en ella y solo aguardaba la ocasión propicia para manifestarse. La acción conjugada de las filtraciones de Wikileaks, del gran número de tunecinos con acceso a Internet y a sus foros de discusión, de los ciberataques de los hackers de Anonymous que colapsaron las webs del régimen y de la inmolación por el fuego el 17 de diciembre en Sidi Bouzid de Mohamed Buazizi, un informático de 26 años en paro y cuyo puesto de verduras y frutas fue tumbado brutalmente por la policía por carecer de autorización para su venta, fueron el detonante de la explosión que ha derribado al dictador y abre un capítulo esperanzador en la historia de su país.
Todos los amigos del pueblo tunecino debemos felicitarnos por lo ocurrido y evocar el sacrificio de Mohamed Buazizi, el mártir a quien corresponde el honor de ser el héroe de un nuevo Túnez abierto, laico y democrático en el que nadie deberá prenderse fuego para hacer oír su voz.
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Re: tunisia - presidente fugiu
Os americanos serão as maiores vítimas de uma revolução(não digo nescessariamente democrática), por exemplo, no Egito, onde certamente os islamitas radicais assumiriam o poder e varreriam os americanos do mapa.
Só há 2 tipos de navios: os submarinos e os alvos...
Armam-se homens com as melhores armas.
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Os sábios PENSAM
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