Guerra Franco-Prussiana - A Batalha de Sedan

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Guerra Franco-Prussiana - A Batalha de Sedan

#1 Mensagem por Paisano » Sáb Dez 25, 2010 10:40 pm

A Batalha de Sedan

Fonte: http://historia.abril.com.br/guerra/bat ... 3684.shtml
Cai um gigante, nasce outro. A França de Napoleão III cede espaço para o nascimento do Império Alemão. O combate que decidiu a Guerra Franco-Prussiana, no século 19, mudou a história da Europa para sempre

por Roberto Navarro


Encurralados na cidade fortificada de Sedan, na França, perto da fronteira com a Bélgica, entre cadáveres destroçados pela artilharia prussiana, os soldados franceses tinham ânimo sombrio naquele ensolarado 1o de setembro de 1870. Pouco mais de um mês antes, seu entusiasmo beirava a euforia. Como a maioria das pessoas na França, esperavam vencer sem dificuldades a Guerra Franco-Prussiana, confiantes no poderio financeiro e industrial de seu país. Embora inquietos com os recentes problemas políticos no governo do imperador Napoleão III, não tinham dúvida quanto à sua capacidade em esmagar o inimigo. Mas, apesar de subestimada pelos franceses, a Prússia, estado germânico na costa do Mar Báltico, tendo Berlim como capital, também atravessava um período de crescimento econômico. Havia superado a França na fabricação de aço e instalação de ramais ferroviários. Mais importante: a Prússia contava com notável máquina de guerra, apoiada num programa de convocação obrigatória.

Impulsionadas pelo militarismo, suas aspirações políticas eram enormes. Depois de ocupar a região norte do que hoje é a Alemanha e o leste da Polônia desde o século anterior, a Prússia lançou-se em guerras expansionaistas contra a Dinamarca e a Áustria. Seu principal líder, Otto von Bismarck, nomeado primeiro-ministro, em 1862, pelo kaiser Guilherme I, dedicava-se ao projeto de unificar sob sua liderança os outros estados germânicos. O imperialismo prussiano alarmava a França, ameaçada em sua posição de potência dominante na Europa.

Em meados de 1870, o príncipe Leopold de Hohenzollern-Sigmaringen, aparentado à família real prussiana, declarou-se pretendente ao trono da Espanha, batendo de frente com interesses franceses. Depois de muita ameaça, a candidatura foi retirada, mas Bismarck manipulou o incidente para jogar um país contra o outro. “Ele queria ver a unificação nacional alemã consumada e achava que uma luta patriótica contra uma agressão estrangeira viria bem a calhar”, afirma o historiador americano Theodore Hamerow, da Universidade de Wisconsin.

Do lado francês, Napoleão III estava convencido de que a França poderia derrotar a Prússia e que a vitória faria bem à sua declinante popularidade e declarou guerra em 19 de julho. Em 1º agosto, otimista com a lendária bravura do soldado francês, ordenou o avanço sobre território inimigo. Foi o primeiro erro numa série de operações mal concebidas. Apenas após alguns dias de invasão, os franceses foram obrigados a recuar. Dois de seus principais exércitos lutaram e perderam quatro batalhas seguidas. Após o último desses reveses, em Gravelotte, em 18 de agosto, as tropas francesas viram-se envolvidas pela movimentação prussiana e, duas semanas mais tarde, estavam isoladas na cidade fortificada de Sedan. A posição era estratégica, pois dominava a área do Rio Meuse, última barreira natural entre a fronteira prussiana e Paris, a capital da França. Ali, concentrava-se o destino da guerra. Todos sabiam disso e mesmo Napoleão III, doente, acometido por fortes cólicas renais, dirigiu-se para Sedan.

Guerra sem heróis

As colinas em torno da cidade haviam sido tomadas pelos prussianos, reforçados por tropas de outros estados germânicos e suas poderosas peças de artilharia. O 1º de setembro amanheceu quente, com tempo bom e ampla visibilidade, facilitando a ação dos canhões. Em meio ao bombardeio preliminar, escaramuças iniciadas na véspera intensificaram-se nas primeiras horas da manhã nos campos próximos, e numa delas o marechal Mac-Mahon, líder do exército francês, foi ferido. O comando passou então para o general Ducrot, que tentou organizar uma retirada para posições defensivas antes do avanço prussiano conseguir fechar o cerco. Ao saber disso, o general francês Wimpffen anunciou ter ordens do Ministério da Guerra autorizando-o a assumir o exército caso algo acontecesse com Mac-Mahon. As forças francesas na área eram transferidas assim ao controle de seu terceiro oficial comandante num período de quatro horas. Diante da chuva de granadas disparadas pelos canhões prussianos, Wimpffen cancelou a retirada.

Porém, o fogo da artilharia continuava causando estragos entre os franceses. Em debandada, as tropas posicionadas em campo aberto fugiram ao encontro dos homens reunidos em Sedan, permitindo que os prussianos completassem o cerco por volta das 11 horas. No começo da tarde, Napoleão III já pensava em rendição, mas sua cavalaria não e ainda lutava para romper as linhas adversárias em Floing, a cerca de 2 quilômetros de Sedan. Enquanto isso, no alto de uma colina da região, ordenanças do general prussiano Helmuth von Moltke serviam canapês e vinho branco ao rei Guilherme I da Prússia, que assistia a tudo como se estivesse na ópera ou numa corrida de cavalos. Ao lado dele no camarote improvisado, os convidados incluíam Bismarck, um repórter do jornal inglês The Times, representantes dos exércitos da Grã-Bretanha, da Rússia e dos Estados Unidos e um verdadeiro quem-é-quem da nobreza alemã, que assistia à cena bem de perto, conforme registrou mais tarde o diário de um dos convivas: “O espetáculo de carnificina era horrível, e os gritos aterrorizados das vítimas de nossas granadas subiam até onde estávamos”.

Lá embaixo, a cavalaria francesa lançou três cargas naquela tarde. Todas foram contidas pelos fuzis prussianos e pelo terreno desfavorável. Perguntado por Ducrot se poderia atacar de novo, o general Gallifet, chefe da cavalaria, respondeu: “Quantas vezes o senhor desejar, mon général, enquanto ainda sobrarem alguns de nós para lutar”. Por volta das 3 horas da tarde, os franceses fizeram uma última e desesperada tentativa. Reuniram todos os esquadrões dispersos da cavalaria e avançaram colina abaixo com o que restava da infantaria. Foram quase todos mortos.

Já não havia esperanças e Napoleão III aceitou a derrota, ordenando a rendição. As baixas francesas somaram 3 mil mortos, 14 mil feridos e 21 mil desaparecidos ou capturados, contra menos de 9 mil prussianos feridos ou mortos. Bismarck e Guilherme I receberam o imperador da França. Foi um encontro embaraçoso. Cabisbaixo, Napoleão III limitou-se a elogiar as forças prussianas e fez apenas um pedido: seguir para o cativeiro pela Bélgica. Queria evitar a humilhação de atravessar derrotado o território francês. Bismarck aceitou e, em 3 de setembro, o imperador partiu para um palácio na Prússia onde ficaria preso. Os 83 mil franceses sobreviventes não tiveram o mesmo privilégio. Debaixo de chuva, marcharam para um campo de prisioneiros, que ficaria conhecido como le camp de la misère (o campo da miséria), pelos tormentos provocados pela fome e por doenças.

A guerra estava decidida, mas não acabou de imediato. Sua segunda fase consistiu numa sustentada por guerrilheiros franceses, os franc tireurs. Mesmo tendo conseguido resultados melhores que o exército convencional, pouco podiam contra a poderosa Prússia. Cercada e bombardeada, Paris rendeu-se em 18 de janeiro de 1871 (a guerra acabou, oficialmente, em 1º de março, com a assinatura do Tratado de Frankfurt). Terminava também uma era na história das táticas militares. Formações compactas de soldados e cargas de cavalaria, de tanta importância em séculos anteriores, seriam a começar dali abandonadas pelos estrategistas europeus, substituídas pelo poder de fogo das novas armas de infantaria, pelas linhas de barragens de artilharia e pela mobilidade das tropas, principais lições dos quase dez meses de guerra entre a França e a Prússia.




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Re: Guerra Franco-Prussiana - A Batalha de Sedan

#2 Mensagem por Paisano » Sáb Dez 25, 2010 10:42 pm

Cessar fogo

Rixa entre França e Alemanha marcou o século 20

A Guerra Franco-Prussiana passou à história como o conflito que destruiu um império e criou outro. A queda de Napoleão III resultou na proclamação da Terceira República e acabou com a hegemonia francesa na Europa continental. Além de pagar pesadas indenizações, a França foi obrigada a ceder os territórios da Alsácia e Lorena. Do outro lado, em território alemão, a vitória provocou uma grande onda de entusiasmo patriótico, que resultou na unificação da Alemanha – a região era formada por 36 microestados, dos quais o mais forte era a Prússia. Estavam lançadas as bases para o imperialismo alemão nas décadas seguintes. Os anos entre 1871 e 1914 foram marcados por uma paz instável, com a França determinada a recuperar a Alsácia e Lorena. Franceses e alemães permaneceram à beira de novo choque armado e essa animosidade seria uma das motivações para a Primeira Guerra Mundial (1914–1918). “A Primeira Guerra foi a revanche dos franceses. Vitoriosos, impuseram aos alemães o Tratado de Versalhes, em 1919, que determinava multas pesadíssimas e limitava a capacidade alemã de organizar tropas, além de retomar Alsácia e Lorena”, diz a historiadora Maria Aparecida de Aquino, da Universidade de São Paulo. Para ela, a animosidade franco-prussiana ainda teve repercussões durante a Segunda Guerra Mudial, quando os alemães mais uma vez invadiram a França e ocuparam Paris.

Teatro de guerra

Cerca de 120 mil franceses foram cercados por 200 mil prussianos. Acompanhe os momentos finais da batalha que dividiu a Europa

1. Os prussianos instalaram seus canhões nas montanhas em torno de Sedan e iniciaram intenso bombardeio, além de ocupar a vila de Floing, a 2 quilômetros dali. Para romper as linhas inimigas e escapar do cerco, os franceses precisavam tomar o vilarejo

2. Para chegar a Floing, a cavalaria francesa foi obrigada a atacar descendo uma ladeira, num terreno tão irregular que seus cavalos escorregavam e caíam

3. As táticas francesas eram pouco eficazes e consistiam no emprego de duas linhas maciças de cavaleiros com sabre em punho, realizando ataques sucessivos para tentar romper as defesas prussianas

4. Bem treinados e disciplinados, os prussianos resistiram às seguidas cargas da cavalaria francesa em Floing, causando pesadas baixas nas forças inimigas, atingidas pelo fogo cerrado de fuzis

5. Por duas vezes seguidas, os ataques franceses foram repelidos. Detida pelos fuzis prussianos, a terceira e decisiva carga francesa recuou. Os prussianos suspenderam o fogo, poupando os sobreviventes

6. Instalado em posição privilegiada, numa colina perto de Sedan, Guilherme I, rei da Prússia, assistiu ao desenrolar da batalha e comentou a coragem dos combatentes.




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Re: Guerra Franco-Prussiana - A Batalha de Sedan

#3 Mensagem por Paisano » Sáb Dez 25, 2010 10:47 pm

França - dezembro de 1870:
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5b/France_during_Franco-Prussian_War_December1870.jpg

Mapa histórico da Batalha de Sedan:
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ae/Karte_zur_Schlacht_bei_Sedan_%2801.09.1870%29.jpg

Napoleão III e Bismarck na manhã seguinte à Batalha de Sedan:
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/cf/BismarckundNapoleonIII.jpg
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Sedan




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Re: Guerra Franco-Prussiana - A Batalha de Sedan

#4 Mensagem por Boss » Sáb Dez 25, 2010 11:57 pm

E hoje, França e Alemanha são duas moçoilas de mãos dadas :lol:




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Re: Guerra Franco-Prussiana - A Batalha de Sedan

#5 Mensagem por FOXTROT » Dom Dez 26, 2010 12:02 am

Longa essa tradição francesa de curvar-se aos alemães :twisted: .

Saudações




"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: Guerra Franco-Prussiana - A Batalha de Sedan

#6 Mensagem por Francoorp » Dom Dez 26, 2010 12:05 am

Gostei da Batalha... mas atacar com cavaleria tropas com fuzis não é muito justo, ainda mais com sabres... o desespero ou despreparo dos comandantes franceses estava latente...

Valeu pelo post!!




As Nossas vidas não são nada, A Nossa Pátria é tudo !!!

Imagem http://francoorp.blogspot.com/
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Re: Guerra Franco-Prussiana - A Batalha de Sedan

#7 Mensagem por RobertoRS » Dom Dez 26, 2010 1:33 am

Uma das batalhas que definiram as táticas e estratégias de guerra das décadas seguintes.




Se não houver campo aberto
lá em cima, quando me for
um galpão acolhedor
de santa fé bem coberto
um pingo pastando perto
só de pensar me comovo
eu juro pelo meu povo,
nem todo o céu me segura
retorno à velha planura
pra ser gaúcho de novo
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