Desindustrialização do Brasil

[luisabs]

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S01 ... ci_arttext

Pessoal, como percebo este processo no nosso pais, pesquisei sobre o tema e percebi que é algo corrente, ou seja, muitas industrias passaram a simplesmente "embalar" os produtos importados (principalmente made in China), e os passaram a comercializar, ou invés de fabricá-los como era no passado.
A última gota d'água para mim, foi o fechamento da fabrica de lampadas automotivas no Recife, ocasionando mais de 500 demissões.
O que pensam os colegas sobre este assunto?

[EDSON]

Quase irreversível. Com mão de obra escrava ninguém compete com a China.

[LeandroGCard]

Quase irreversível. Com mão de obra escrava ninguém compete com a China.

A questão da mão de obra nem é tão grave, o maior problema é a defasagem artificial da moeda.

Se pegarmos o salário típico de um trabalhador chinês, o convertermos para reais e compararmos com o salário mínimo brasileiro teremos a impressão de que o chinês recebe uma miséria que mal dá para sobreviver. Mas com este dinheiro lá na China ele pode comprar bem mais do que um trabalhador de salário mínimo consegue aqui no Brasil, pois os bens e serviços lá são muito mais baratos do que aqui. E os serviços públicos disponíveis para eles tem praticamente a mesma qualidade dos disponíveis no Brasil (ambos péssimos, mas existentes).

Alguns analistas avaliam que a moeda chinesa está com até 400% de defasagem com relação ao que deveria ser seu valor real. isto quer dizer que os produtos chineses podem estar custando apenas 25% do real valor que teriam se a moeda chinesa seguisse as regras usuais do mercado internacional. Se pegarmos os produtos chineses que são vendidos no Brasil hoje e multiplicarmos seu preço por 4 (ou mesmo apenas por 2), o problema da desindustrialização já tenderia a desaparecer.

A questão é, como forçar o governo chinês a corrigir a defasagem de sua moeda, que tantos benefícios trás ao país deles?


Leandro G. Card

[Tupi]

Quase irreversível. Com mão de obra escrava ninguém compete com a China.

A questão da mão de obra nem é tão grave, o maior problema é a defasagem artificial da moeda.

Se pegarmos o salário típico de um trabalhador chinês, o convertermos para reais e compararmos com o salário mínimo brasileiro teremos a impressão de que o chinês recebe uma miséria que mal dá para sobreviver. Mas com este dinheiro lá na China ele pode comprar bem mais do que um trabalhador de salário mínimo consegue aqui no Brasil, pois os bens e serviços lá são muito mais baratos do que aqui. E os serviços públicos disponíveis para eles tem praticamente a mesma qualidade dos disponíveis no Brasil (ambos péssimos, mas existentes).

Alguns analistas avaliam que a moeda chinesa está com até 400% de defasagem com relação ao que deveria ser seu valor real. isto quer dizer que os produtos chineses podem estar custando apenas 25% do real valor que teriam se a moeda chinesa seguisse as regras usuais do mercado internacional. Se pegarmos os produtos chineses que são vendidos no Brasil hoje e multiplicarmos seu preço por 4 (ou mesmo apenas por 2), o problema da desindustrialização já tenderia a desaparecer.

A questão é, como forçar o governo chinês a corrigir a defasagem de sua moeda, que tantos benefícios trás ao país deles?


Leandro G. Card

Boa explicação Leandro.
Minha duvida é; não podemos resolver isso apenas sobretaxando os produtos Chineses??

[LeandroGCard]

Boa explicação Leandro.
Minha duvida é; não podemos resolver isso apenas sobretaxando os produtos Chineses??

É claro que podemos.

E incorreríamos na ira do nosso maior parceiro comercial, e do mercado que nos transformou de um país deficitário em uma economia estável com prespectivas razoáveis de crescimento. Até acho que a China reclamaria bastante, e depois nada aconteceria (bem, talvez ela passasse a bloquear a candidatura do Brasil ao CS, oh que retaliação terrivel !!!!), pois eles precisam dos nossos recursos e comparados com outros países somos um mercado insignificante para eles (compramos relativamente pouco em volumes absolutos, e basicamente produtos que tem margem muito baixa para eles). Eu teria culhões para fazer isso, mas será que nosso governo teria?


Leandro G. Card

[Tupi]

Boa explicação Leandro.
Minha duvida é; não podemos resolver isso apenas sobretaxando os produtos Chineses??

É claro que podemos.

E incorreríamos na ira do nosso maior parceiro comercial, e do mercado que nos transformou de um país deficitário em uma economia estável com prespectivas razoáveis de crescimento. Até acho que a China reclamaria bastante, e depois nada aconteceria (bem, talvez ela passasse a bloquear a candidatura do Brasil ao CS, oh que retaliação terrivel !!!!), pois eles precisam dos nossos recursos e comparados com outros países somos um mercado insignificante para eles (compramos relativamente pouco em volumes absolutos, e basicamente produtos que tem margem muito baixa para eles). Eu teria culhões para fazer isso, mas será que nosso governo teria?


Leandro G. Card

Então chegamos a mesma conclusão.
Mas acho que a sobretaxa dos cingling deverá ocorrer num concerto entre nações relativamente industrializadas.
talvez uma coalizão entre NAFTA, Mercosul, UE. O processo desse efeito sem uma retaliação Chinesa.

[EDSON]

A China é um mal que vai assolar os recuross exauridos do planeta. E adiantar as Guerras que virão no futuro não muito distante.

[luisabs]

Penso que se o governo deixar a situação como esta, será desastroso para o Brasil. Conheço muitos casos de empresas que apenas embalam os produtos importados, e estes são diversos. A lista é muito longa!
O que fazem agora os trabalhadores que antes trabalhavam produzindo?

[Túlio]

Movido para os Assuntos Gerais.

[Centurião]

Vamos lembrar que não se pode comparar o sistema de saúde e previdência chineses com o brasileiro. Não há mágica, apesar do custo de vida ser baixo na China, de alguma forma isso é refletido na qualidade de vida das pessoas.

O que existe na China, é um população de 250-300 milhões de pessoas que vive como uma classe média de qualquer outro país, mas as custas de uma maioria que trabalha muito e ganha pouco. A desigualdade está aumentando por lá.

Não acho que o Brasil deveria se preocupar tanto em competir com a mão de obra barata de outros países. Lembrem-se que se não for a China, é o Vietnã, o Paquistão... Nós precisamos sem sombra de dúvida proteger nossa indústria para que ela passe por um fase de transição em que agregue mais valor aos seus produtos. Um exemplo positivo que vi recentemente: A Philips fechou a fábrica de lâmpadas no Brasil. Mas o governo foi atrás deles e negociou um incentivo para que abrissem uma fábrica e um centro de pesquisa de luzes com tecnologia OLED, que são mais econômicas.

Claro que muitas vezes em que há dumping é preciso sobretaxar os produtos chineses, como foi no caso dos têxteis.

[Bourne]

E incorreríamos na ira do nosso maior parceiro comercial, e do mercado que nos transformou de um país deficitário em uma economia estável com prespectivas razoáveis de crescimento. Até acho que a China reclamaria bastante, e depois nada aconteceria (bem, talvez ela passasse a bloquear a candidatura do Brasil ao CS, oh que retaliação terrivel !!!!), pois eles precisam dos nossos recursos e comparados com outros países somos um mercado insignificante para eles (compramos relativamente pouco em volumes absolutos, e basicamente produtos que tem margem muito baixa para eles). Eu teria culhões para fazer isso, mas será que nosso governo teria?


Leandro G. Card

Então chegamos a mesma conclusão.
Mas acho que a sobretaxa dos cingling deverá ocorrer num concerto entre nações relativamente industrializadas.
talvez uma coalizão entre NAFTA, Mercosul, UE. O processo desse efeito sem uma retaliação Chinesa.

Mas a China faz parte da APEC que é uma área de livre comércio imensa que congrega os grandes que fazem fronteira com o Oceano Pacifico. Entre os membros EUA, Japão, Coréia, Chile, Austrália e Canadá.

Não pode por no mesmo barco NAFTA, Mercosul e UE. por que o primeiro é uma área de livre comércio, apenas isso. Ou seja, negociam a liberalização de comércio, investimento e serviços nas áreas acordadas, mas cada membro é livre para negociar com quem quiser e o que quiser com demais países. A UE é a coisa mais próxima de um mercado comum que existe no mundo, prega a união em todos os sentidos, especialmente político, econômico e social. Por isso tem uma moeda única e negociam juntos. O Mercosul era para ser uma UE latino-americana, hoje está bem parecido com uma área de livre comércio as brigas e falta de acordo rumo a integração. Só falta oficializar a nova concepção.

E como reclamar dos chineses se os norte-americanos vão pelo mesmo caminho. Acompanhado de outros como Brasil. É cada um por si.

[Bruno Falcão]

Achei interessante o assunto. O governo precisa acordar para esta "invasão chinesa" ou ocorrerá com o Brasil o que aconteceu com a cidade de Manaus no inicio do século XX, a cidade que era o símbolo do esplendor e luxo no Brasil graças a exclusividade mundial no mercado da borracha passou a ser por muitos anos como uma cidade quase falida até a implantação da zona franca em 1967. Isso aconteceu porque ingleses e holandeses "levaram" mudas e sementes das seringueiras e conseguiram fazer uma extração muito mais barata e vendendo estas borrachas a preços semelhantes a estes produtos chineses hoje, ou seja, muito mais baratos do que os nossos produtos

[joao fernando]

E na qualidade? Como o topico começou com lampadas, não uso lampadas chinesas nem a pau. Basta pegar uma, comparar, e ver a diferença...

Pra concorrer, basta ter qualidade

[LeandroGCard]

E na qualidade? Como o topico começou com lampadas, não uso lampadas chinesas nem a pau. Basta pegar uma, comparar, e ver a diferença...

Pra concorrer, basta ter qualidade

Os chineses já estão desenvolvendo produtos de maior qualidade também, em algumas áreas a deles já é bem próxima da dos ocidentais. É claro que o custo é maior do que os produtos de qualidade inferior que são a maioria do que eles vendem no Brasil, mas mesmo assim o preço de venda ainda é muito menor do que o que podemos produzir aqui. E esta tendência tende a se acentuar no futuro, em dez ou vinte anos os produtos chineses deverão ser pelo menos tão bons quanto os nossos, pois as indústrias deles não param de investir. Já as nossas... .


Leandro G. card

[AlbertoRJ]

Algumas políticas brasileiras, antigas diga-se de passagem, só contribuem para a desindustrialização. Cito como exemplo notório a Zona Franca de Manaus. Quem vai investir em indústria eletrônica com isso?