FCarvalho escreveu:Passo a transcrever abaixo o que já deixei registrado no topico sobre o Libano:
A MB com certeza, pelo profissionalismo de seu pessoal, tem cacife pra dar conta do recado.
Mas materialmente falando, estamos nos metendo em uma barca furada...
Sorte não será suficiente para obtermos êxito nessa missão.
Melhor seria que não nos metessemos nesse mato sem cachorro.
Estive em agosto em Israel, de ferias, e transitei pela cisjordania. Ninguém sabe onde começa um e termina o outro pela "bagunça" causada pelos assentamentos judeus e pelas cercas, arames farpados e muros erguidos pelos israelenses.
Aparentemente está tudo bem, mas apesar de você não ver conflitos como os na tv, reina uma inquietação perene no ar que deixa qualquer um nervoso.
Essa coisa de mandar o EB/MB para o Libano, por questões meramente politicas, cheira mais uma vez a indiferença e prepotência do MRE e de seu caudilho das intenções politicamente corretas, Celso Amorim, em relação ao MD e às FA's. Afinal não serão os diplomatas dele que estarão colocando o deles na reta, na zona de conflito, pra levar chumbo dos dois lados.
Alguém deveria questionar o NJ sobre qual é, e que tipo de autoridade possui o MD em relação ao envio de tropas ao exterior. Porque se é para todo mundo ou qualquer um no governo achar que mandar os milicos fazer o serviço de outrem só pra agradar A, B OU C e isso vai nos trazer uma moral ou uns trocados a mais, ou um assento em um conselho da ONU que não manda nada nem em ninguém, então estamos todos ferrados.
Ou culpados pelos sacos pretos que virão...
O Celso Amorim tem algo de sério e bom a dizer sobre isso às familias e amigos dos militares que morrerão por lá?
Abs
Meu caro FCarvalho,
Vou aqui arriscar-me a defender o pessoal do Itamaraty. Penso que cometes uma injustiça quando afirmas que não são os diplomatas que estarão colocando o deles na reta. Haja vista que são bastante comuns notícias na mída em geral a respeito de situações de risco passada por nossos diplomatas em missão fora do Brasil, e para quem conhece alguém que faz parte do nosso corpo diplomático sabe que situações de risco fazem parte da rotina do serviço deles. Claro que isso depende do país em que estão sediados. Uma coisa é ser diplomata brasileiro em Londres, NY, Paris, Genebra (para poucos), outra coisa é ser diplomata brasileiro em Luanda, Assunção, Abuja ou Cartum. Lembre-se que em Honduras quem ficou na linha de frente eram diplomatas brasileiros, também quando do resgate dos brasileiros do Libano, lembro que um grupo de diplomatas brasileiros arriscou-se no vale do Bekaa em um comboio de ônibus contratados para realizar o transporte de brasileiros, lembro de um desses diplomatas comentando que para evitar o bombardeio israelenses nossos diplomatas colocavam Bandeiras Brasileiras sobre os ônibus., também a algum tempo atrás (uns 15 ou 20 anos) o nosso Embaixador em Lima ficou trancafiado junto com os convidados da Embaixada Japonesa sob a mira de narcoguerrilheiros peruanos, portanto o corpo diplomático se expõem a riscos, e esses riscos aumentam em função da maior relevância do Brasil no cenário internacional.
Deve, pois, um príncipe não ter outro objetivo nem outro pensamento, nem tomar qualquer outra coisa por fazer, senão a guerra e a sua organização e disciplina, pois que é essa a única arte que compete a quem comanda. (Machiavelli)