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Mensagem
por Clermont » Sex Out 01, 2010 10:53 am
CHAVEZ E O PODER ETERNO.
Sandro Vaia / Blog do Noblat - 1.10.2010.
Um pouco mais da metade da Venezuela mostrou,nas urnas, que é contra o projeto de socialismo do século XXI de Hugo Chavez.Mas o espaçoso e ambíguo arremedo do clássico tiranete latino-americano mostrou que o estoque de truques da sua cartola ainda não se esgotou.Ele guarda mais coelhos lá dentro.
O primeiro truque já estava estabelecido: embora com um pouco mais da metade dos votos, a oposição não fez a maioria das cadeiras do Legislativo por causa das tortuosas regras do processo eleitoral, que dão mais peso aos distritos dominados pelos chavistas.Com menos votos,o PSUV, partido de Chavez, elege mais deputados do que a coalizão oposicionista,o MUD.Ainda assim,o número de deputados eleitos pela oposição foi suficiente para impedir que o governo conseguisse a maioria qualificada de 2/3, que lhe permitiria aprovar qualquer lei que o governo quisesse aprovar.
O segundo truque está em gestação: como a atual assembléia é dominada pelos chavistas, uma vez que a oposição cometeu a estupidez estratégica de não concorrer nas últimas eleições, e como seu mandato vai até janeiro de 2011, ela está ameaçando aprovar uma lei habilitante que dê a Chavez plenos poderes para governar por decreto até o fim de seus dias no governo, que só Deus sabe quando serão.
Essa é a “democracia até demais” (apud Lula) que impera na Venezuela do tenente coronel Hugo Chavez, e que é, hoje, o fracasso econômico mais retumbante do subcontinente: a economia caiu 3,2% em 2009 e continua em recessão: o desemprego está em cerca de 10%, e a inflação passa dos 30%.O país sofre das sístoles e diástoles de abundância e de escassez ligadas diretamente à oscilação dos preços do petróleo, a única grande riqueza do país.Quando os preços estão em alta, o governo emite pacotes de bondades destinados a diminuir as agruras da população pobre do país e a ajudar os co-irmãos ideológicos latino-americanos, como Cuba,Bolívia,Uruguai e Equador.Quando os preços do petróleo caem, a generosidade encolhe.
As restrições à liberdade de manifestação e à liberdade de imprensa se multiplicam e se desdobram em pequenos e grandes atos de prepotência oficial, que vão desde o fechamento de canais de televisão a atos de perseguição contra jornalistas que insistem em manter a independência.
No projeto chavista de poder não se desenha um desfecho nem um objetivo final.É um projeto de poder pessoal que não tem data para terminar e que se camufla sob a salada ideológica de um vago “socialismo do século XXI” que não tem diretrizes teóricas e que na vida prática se traduz no desdobramento de velhos programas assistencialistas e populistas ao velho estilho do caudilhismo latino-americano.
Poder absoluto e perpétuo - esse é o único e verdadeiro projeto de Hugo Chavez e de seus epígonos latino-americanos.Um projeto que alguns assumem sem disfarces e que outros acalentam em ruidoso silêncio.