Concordo com tudo o que foi dito acima, mas coloco apenas duas observações da minha parte:Lord Nauta escreveu:Prezados Senhores,
O comandante da Marinha em sua entrevista confirmou informações que já tinham sido divulgadas em nosso Fórum. Eu, em particular já havia comentado total de meios do primeiro lote do chamado ''pacote italiano'' (5 fragatas, 5 NaPaOc e 1 NaApLo) e outros colegas condimentaram com outras noticias. Entretanto vários pontos são relevantes, entre eles, a utilização dos novos e modernos estaleiros nacionais para construção de navios de guerra e estratégia de renovação dos meios. Outra noticia importante e em relação à classe Barroso e a possível construção de mais alguns exemplares. Antes vou dar minha opinião sobre a classe Inhaúma. Primeiro não e possível negar a importância da MB em projetar seus navios e foi isso que se buscou com a classe Inhaúma. Entretanto acredito que se naquela ocasião a MB tivesse adotado um projeto já provado e construído os navios com a devida assistência técnica teríamos hoje uma Esquadra mais equilibrada. Na época que as Inhaúma foram idealizadas foi contratado um escritório alemão de projetos navais para apoiar tecnicamente o desenvolvimento do projeto. Penso que poderíamos ter adotado, por exemplo, os MEKO 100 da HDW ou Type 21 da Vosper ou até ter construído mais exemplares da classe Niterói em vez das Inhaúma. Bem mas não importa o que realmente valeu foi o esforço de nacionalização da frota por parte da MB. Quanto ao projeto da Barroso concordo com vários colegas que já existe o peso dos anos sobre o mesmo em especial quando pensamos no aspecto furtividade. Mas quando a comparamos com navios com idade tecnológica semelhante ou um pouco mais novos verificamos que as mesmas são relativamente equivalentes a estes projetos. Penso que caso novos navios sejam construídos e preciso uma atualização no sistema de armas. Mas esta atualização deve atender ao tipo de missão destes navios. A classe Barroso tem como principal emprego a guerra ASW e ASuW. Neste caso os sistemas de armas deve priorizar estas missões e ter alguma defesa antiaérea de ponto. Neste ponto e que deve haver alguma modificação nos novos navios e na Barroso. Os pontos positivo da classe, por exemplo, são o hangar e convés de vôo, Siconta, lançador de torpedos, SLDM, MAGE... etc. Estes devem ser mantidos e inclusive serem aperfeiçoados nos novos navios. Quanto às dimensões penso que as relacionadas à boca e calado do navio não devem ser alteradas, mas apenas o comprimento na seção de popa em talvez uns 6 metros. Seria introduzido um corpo paralelo o que permitiria alongar o navio. Este maior comprimento possibilitaria a instalação de um sistema AAe SeaRAM na popa. Alterar calado e boca resulta em um projeto novo e de alto custo, que acredito não ser o momento adequado. Mesmo apenas o alongamento do navio em sua popa já apresenta certo grau de dificuldade, uma vez que implica no reposicionamento dos hélices e do leme. A instalação do SeaRAM juntamente com o MK. 3 proporcionaria uma adequada defesa AAe de ponto ao navio. Penso que o canhão de 114 mm deveria ser substituído por um de 76 mm (inclusive na Barroso) e que o SLDM deveria ser capaz de lançar foguetes despistadores de torpedos. Deveria ser instaladas metralhadoras de 20 mm (bombordo e boreste, inclusive também na Barroso) para oposição a ameaças assimétricas. O canhão de 76 mm também melhoraria a defesa AAe e seria padronizado com os NaPaOc. Para a melhoria das características furtivas a instalação de ''cortinas'' a meia nau (cobrindo as lanchas e TLT) contribuiriam para melhoria neste item especifico. Em minha opinião o projeto de construção de novos navios da classe Barroso (4 navios) deveriam ter um limite de custo de no máximo U$ 240 milhões por exemplar. Caso não fosse possível atingir esta meta de custo seria melhor comprar um projeto existente de um navio em torno de 4.000 toneladas e construí-los no AMRJ.
Sds
Lord Nauta
- A capacidade de projetar seus próprios navios agrega a uma nação (mais do que somente à sua marinha) algumas vantagens que a simples construção de projetos prontos, por melhores que sejam, não podem agregar, entre elas a capacidade de total adequação dos projetos a uma doutrina própria, o impulso para a inovação tecnológica e o prestígio de possuir o domínio de uma área que poucas nações possuem.
Mas esta capacidade não pode ser comprada de prateleira, deve ser aprendida na prática pelo pessoal envolvido, desde os oficiais que definem os requerimentos de cada projeto, passando pelos engenheiros que efetuam os cálculos e indo até os técnicos que elaboram os desenhos (ou atualmente o modelamento 3D). E isso só e possível quando os projetos se sucedem continuamente, como já mencionei muitas vezes aqui antes. A classe Inhaúma foi um primeiro passo no sentido de dar à MB esta capacidade, e mesmo suas deficiências (que existem, como é natural em um primeiro projeto de uma nova equipe) serviram de aprendizado para o aperfeiçoamento que resultou na própria Barroso, um navio sem dúvida mais capaz.
O que abortou este processo foi justamente a idéia de que o custo do projeto em si deveria ser diluído no maior número possível de navios da mesma classe (inicialmente 16, depois 12, e no final apenas 4 por falta de verba, não de vontade). Se ao invés disso tivesse sido desde o princípio planejada apenas uma ou duas Inhaúma e o projeto tivesse sido revisto, a MB poderia contar agora com três Barrosos. E se este caminho tivesse sido continuado muitos outros navios ainda melhores poderiam ter sido projetados e construídos desde então, e a MB talvez não tivesse passado pelo que passa até hoje, com a maior parte de sua frota composta por navios menos adequados que o possível ou muito antigos, sendo muitos de segunda mão. Mas novamente agora se toma a mesma decisão de construir a maior série possível do mesmo navio, repetindo-se o mesmo roteiro de 30 anos atrás. Estaremos repetindo-o de novo daqui a 30 anos?
- Com relação às possíveis alterações da Barroso para atualizá-la tecnologicamente concordo com quase tudo, menos talvez com o RAM, pois não acho mísseis guiados por infra-vermelho a melhor solução para defesa de ponto. A US navy os adotou por não ter problemas de verbas (pelo menos até recentemente) nem qualquer outra opção nacional disponível, mas acho que a MB estaria melhor servida com um sistema como o próprio Sea Wolf que já utiliza. Haveria espaço para o radar de controle de tiro acima da caixa sobre a ponte, e o lançador poderia ser colocado na popa estendida (ou talvez no espaço entre o canhão e a ponte se o canhão fosse trocado por outro de 76mm e deslocado um pouco para a frente.
Leandro G. Card