Guerra Fria
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Guerra Fria
Visto que não há um tópico exclusivo sobre este período resolvi cria-lo.
"Quando se deve matar um homem, não custa nada ser gentil"
Winston Churchill
Winston Churchill
Re: Guerra Fria
O programa US-A (Radar Ocean Reconnaissance Satellites – RORSAT)
Elizabeth Koslova
Nos anos 50 a marinha da URSS passou a desenhar uma nova estratégia de enfrentamento das forças de superfície do ocidente, baseada na neutralização dos porta-aviões norte-americanos e ingleses.
A ascensão de Nikita Khrushchev ao poder em 1957 marcou o início desta mudança, que visava o rompimento com a construção de grandes meios de superfície fortemente blindados por navios mais leves, com poder de fogo ancorado em mísseis de cruzeiro de longo alcance. Outras plataformas para estes mísseis também seriam submarinos e bombardeiros com grande raio de ação.
Uma estratégia audaciosa e moderna sem dúvida, mas que tinha um complicador. Como localizar o grupo tarefa com precisão suficiente para permitir o lançamento dos mísseis? E como fazer isto de forma coordenada?
A maneira mais eficiente para determinar remotamente a posição de um navio é o radar. Porém, este tem uma séria limitação, a linha de visada entre a antena e o alvo.
Uma antena de radar no topo de um mastro, a 49 metros de altura, tem um horizonte de radar de apenas 25 km. Radares aerotransportados permitem elevar o horizonte de radar para até 400 km, o que corresponderia a voar a cerca de 36.000 pés (teto operacional de uma aeronave de patrulha típica), embora dificilmente a situação tática permita uma aeronave atuar a esta altitude.
Uma ousada solução foi imaginada pelos estrategistas soviéticos: basear no espaço um sistema de radar com capacidade global de localizar e acompanhar navios de superfície. Algo que até hoje não teve paralelo na história da exploração militar do espaço (ao lado, uma ilustração do final dos anos de 1970, mostrando um satélite US-A. As órbitas de grande inclinação faziam o satélite cruzar os oceanos basicamente no sentido norte-sul, completando uma revolução a cada 104 minutos. A área de varredura do radar era estimada em 450 km).
Os trabalhos de análise conceitual começaram em 1958, apenas um ano depois do primeiro satélite artificial orbitar a Terra. No ano de 1960, sob a supervisão do prestigiado engenheiro Vladimir Chelomei, o projeto foi aprovado pela liderança política soviética, na forma do Decreto 715-296.
O programa sofreu alguns percalços políticos típicos da era soviética. Com a queda de Nikita Khrushchev, em 1964, o programa saiu da supervisão de Chelomei (favorito de Khrushchev) e foi para o OKB-41 de Anatoli Savin. Quando o programa iniciou a fase de ensaios em vôo no final de 1965, com quatro lançamentos (Kosmos 102, 125, 198 e 209), começaram a aparecer os problemas. Basicamente os dois principais componentes dos satélites (o seu radar ativo em banda X e o reator nuclear) não estavam prontos, pois ainda não haviam sido qualificados para voo. Os primeiros lançamentos foram utilizados apenas para qualificar os sistemas de estabilização ativa da espaçonave, bem como sua telemetria, objetivos simples demais diante da complexidade do projeto.
Diante dos problemas da equipe de Savin, o programa foi transferido em 1969 para o KB Arsenal, em São Petersburgo, sob o comando de Ye Ivanov. O projeto foi revisado e o ano de 1975 foi definido como meta inicial para a operacionalização do sistema. Naquele ano, nada menos do que três satélites desta série subiram ao espaço, dando início à fase de avaliação operacional da espaçonave.
De 1975 a 1979, depois de sete lançamentos, o sistema passou a ter capacidade operacional inicial, com parte dos oceanos monitorados e uma avaliação precisa de melhoramentos a serem implementados em futuros satélites. De 1980 até 1988 foram 19 lançamentos de satélites US-A, dando à URSS a capacidade de localizar navios civis e militares em praticamente qualquer oceano da Terra. O projeto já havia atingido sua maturidade técnica e operacional.
O satélite US-A
Colocar um radar em órbita implica em uma série de compromissos de difícil conciliação. O principal deles é a potência elétrica para operação do radar.
Sistemas de conversão fotovoltaica apresentam como grande vantagem a simplicidade, mas também possuem uma potência média relativamente baixa, uma vez que cerca de metade do tempo estão sob a sombra da Terra, sem gerar energia. Este déficit de potência faz com que satélites com esse sistema, equipados com radar, os utilizem durante alguns poucos minutos dentro de um período de 24 horas.
Esguio para minimizar o arrasto em órbita baixa, com suas grandes antenas de radar e com o reator formando o cone do nariz, o US-A é um satélite cujos padrões de projeto fogem do clássico e cujas soluções de engenharia até hoje não foram implementadas em nenhum outro programa. Fosse ele americano, sua imagem seria tão conhecida pelo ocidente como a dos satélites KH-9 (Big Bird), das aeronaves U-2 ou SR-71, ícones da capacidade americana de coleta de informações.
O US-A precisava de 3kW de potência na forma contínua para operação de seu radar. Embora isto possa ser relativamente fácil de 20 anos para cá (alguns satélites modernos chegam a ter 16kW de potencia de geração fotovoltaica a bordo), com a tecnologia disponível na época eram necessários painéis solares de cerca de 60m2, gerando problemas adicionais a serem compensados.
Para maximizar o desempenho do radar, o satélite deveria operar em órbitas baixas, com cerca de 250 km de altitude. Porém, órbitas tão baixas quanto esta quanto esta maximizam o arrasto da espaçonave com a porção mais elevada da atmosfera, e a espaçonave acaba reentrando na atmosfera caso não receba empuxo extra de seu propulsor Stepanov de 16Kgf. A adoção de uma grande área de painéis solares aumentaria em muito o arrasto do satélite, fazendo com que ele necessitasse de empuxos extras a cada 10 dias, tornando o consumo de propelente ainda mais crítico.
A solução adotada pelos projetistas soviéticos era até então inédita (e permanece única até os dias de hoje). Colocar a bordo dos US-A um reator nuclear para geração de energia elétrica.
Esta solução, sob muitos aspectos, era excelente. Afinal, permitia um suprimento de energia que tornava o tempo de utilização do radar adequado às funções táticas do satélite. Gerava menos necessidade de controle de atitude em função da posição de células solares, otimizando o posicionamento da antena do satélite, tornava o satélite mais aerodinâmico (pela ausência de painéis solares) minimizando o seu gasto de combustível para posicionamento periódico orbital, entre outras vantagens.
Mas ainda havia um problema a ser resolvido: como garantir que o reator nuclear BES-5 não reentrasse com o satélite uma vez que este estava sempre em uma órbita baixa, dependendo de seus impulsores para se manter voando, e cujo período de reentrada é medido em meses enquanto o tempo de decaimento do reator é medido em séculos?
Um US-A ejeta o núcleo do reator para a sua orbita cemitério. As gotas de fluido representam o refrigerante do reator (cerca de 13,5Kg de sódio e potássio) que são mantidos em estado líquido e retiram do núcleo cerca de 100kW.h de energia térmica para ser dissipada por radiadores de calor. Essas partículas formam bolhas de até 5cm de diâmetro, que são altamente radioativas. Ao reentrar na atmosfera, este material é pulverizado por uma grande aérea, o que não eleva os níveis de radiação no ambiente além dos níveis seguros. Porém, a colisão de outros satélites com estas gotas de metal pesado, em órbita baixa, sempre foi motivo de preocupação e de polêmica entre EUA e URSS.
A solução para isto também era inédita. Basicamente, o reator, um cilindro de cerca de 350Kg, deveria ser impulsionado por um foguete até uma órbita cemitério a cerca de 1000 km de altura, onde a reentrada não aconteceria antes de pelo menos 1000 anos. Esta solução teve um custo elevado, conforme veremos mais adiante.
Além de reatores nucleares e radares ativos baseados no espaço, as espaçonaves US-A tinham outros complicadores de engenharia a serem vencidos. Um satélite a 250 km de altura apenas tem visada para uma estação controladora em terra se esta estiver a um raio de 1600 km do satélite. Isto quer dizer que, na prática, os US-A vasculhando as imensidões dos oceanos não teriam como informar em tempo real as estações soviéticas de controle sobre os alvos que eles estivessem monitorando.
A partir da década de 198, tanto os EUA como a URSS montaram redes de retransmissão via satélites geoestacionários para permitir que seus satélites militares de órbita baixa, como os de foto reconhecimento, pudessem transmitir em tempo real, independentemente da posição da sua órbita naquele instante. Os US-A, porém, eram de uma geração anterior (anteriores inclusive ao primeiro satélite geosíncrono soviético, que é de 1975) e para solucionar o problema os projetistas soviéticos utilizaram a mesma solução clássica de comunicações de longa distância até o advento dos satélites: ondas curtas!
Operando um canal de telemétrica em 19Mhz, por meio de propagação ionosférica os US-A eram rastreados desde o território soviético em qualquer posição de seu plano orbital, o que daria a tão capacidade de cobertura global objetivada pelo programa.
Um programa controvertido politicamente
Durante a fase de ensaios, no começo dos anos 70, dois incidentes foram presságios do que seria o programa nos anos seguintes.
O Cosmos 367, um satélite do programa de ensaios de voo, perdeu contato com as estações de controle, mas seu sistema automático o conduziu a uma órbita mais elevada. Este satélite ainda não continha o reator BES-5 e sim baterias químicas que forneciam eletricidade durante o vôo de teste. O acidente surtiu efeito contrário ao esperado, mostrando aos engenheiros soviéticos que seu satélite nuclear poderia ser colocado fora de serviço em segurança caso houvesse uma falha técnica com a cadeia de controle.
Cerca de três anos mais tarde, um lançamento ocorrido desde Baikonur apresentou problemas de ignição no último estágio do foguete, causando a queda do satélite no Oceano Pacífico ao norte do Japão. Aviões de reconhecimento americanos sobrevoaram a área a procura de indícios de vazamento nuclear para caracterização do reator. Fontes ocidentais informaram a detecção de pequenos níveis de radiação na área da queda. Já os soviéticos nunca reconheceram este incidente.
Estatisticamente, de cada 20 ou 25 lançamentos de satélites, um apresenta problemas. Os riscos associados à segurança do programa US-A não estavam necessariamente no lançamento e sim no sistema de ejeção do reator para a órbita cemitério, que era uma das inovações do projeto. Ao contrário do problema do Cosmos 367, que encorajou a utilização do sistema de ejeção, por algumas vezes o sistema não funcionou como deveria e provocou a reentrada do reator (com sua carga de 30Kg de urânio altamente enriquecido) juntamente com o satélite (a ilustração ao lado mostra como era a mudança de órbita de ejeção do reator. Nem sempre isto funcionou, e o resultado foi a reentrada do material radioativo juntamente com o satélite).
Em janeiro de 1978, o acidente que se julgava impossível aconteceu. O sistema de ejeção do reator falhou e o Cosmos 954 reentrou na atmosfera com seu reator acoplado. A queda ocorreu na região noroeste do Canadá, gerando contaminação em milhares de quilômetros quadrados de superfície. O governo soviético indenizou o Canadá pelas despesas de buscas e de descontaminação da área. O programa US-A passou por um grande desgaste político na arena tensa da guerra fria.
Outro acidente similar ocorreu em 1983. O Kosmos 1402 separou-se de seu reator com sucesso, mas a ignição do foguete de ejeção falhou. O satélite caiu no Oceano Índico em janeiro de 1983 e o reator caiu duas semanas depois no Atlântico Sul.
O ultimo grande susto com este programa de satélites aconteceu em 1987. O Cosmos 1900 falhou ao ejetar seu reator, mas o sistema reserva obteve êxito e o reator foi para sua órbita cemitério em segurança. Este incidente só se tornou conhecido porque a URSS vivia a sua época de abertura política, durante o governo Gorbachev. Outros incidentes deste tipo podem ter sido sepultados pela história da Guerra Fria.
As capacidades dos satélites US-A
Como todo programa soviético da Guerra Fria, fontes precisas sobre as suas reais capacidades operacionais são bastante limitadas, porém existem alguns indícios reveladores quando boas fontes são consultadas.
Segundo o documento “Key Conclusions About Present and Future Soviet Space Missions”, da Central Intelligence Agency, (junho de 1983) e o “Soviet Dependence on Space Systems”, da Central Intelligence Agency (novembro de 1975) “…o sistema de radar operando em banda X, 8,2 GHz é capaz de detectar navios de transporte ou porta-aviões, e um destróier é altamente provável de ser detectado em mar calmo. A CIA também estima que o sistema não seja capaz de detecção em mar grosso e sob forte chuva, e que a faixa varrida pelo satélite é de 450 km para Leste e Oeste quando o mesmo descreve uma órbita polar no sentido norte-sul (…)”.
Segundo a Enciclopédia Astronáutica do editor Mark Wade, “… entre 1979 e 1989 a modernização progressiva do sistema foi realizada, proporcionando maior precisão, a localização de alvos e capacidade de observação. Toda a superfície do oceano do mundo foi monitorada continuamente, um feito não alcançado por qualquer outro sistema. A eficácia do sistema foi comprovada na Guerra das Malvinas de 1982, quando o sistema monitorou as forças britânicas e era capaz de aconselhar o Estado-Maior General da Marinha Soviética do momento exato do desembarque britânico.”
Segundo o livro “Fidel, futebol e as Malvinas”, do escritor russo Sergey Brilev, os soviéticos teriam fornecido informações de inteligência aos argentinos durante a guerra das Malvinas. Ainda segundo o livro, a localização do HMS Sheffield, que possibilitou o lançamento da missão de ataque bem sucedida que resultou no seu afundamento, teria sido possível porque o satélite Cosmos 1365 teria fornecido a posição precisa do navio.
Provavelmente os soviéticos forneceram informações de inteligência aos argentinos na guerra das Malvinas, da mesma forma com que os chilenos colaboraram com ingleses. Mas teria a URSS fornecido posições precisas e em tempo real da frota inglesa para permitir ataques navais por parte da aviação argentina? Houvesse realmente este canal de informação, porque a posição real dos porta-aviões foram um mistério durante quase todo conflito?
Por que as posições e rotas de abastecimento da esquadra não foram passadas também, permitindo aos submarinos argentinos atacar nos momentos e pontos mais vulneráveis de resuprimento da esquadra inglesa no Atlântico Sul?
Estes e outros mistérios da Guerra Fria infelizmente jamais serão conhecidos em detalhes, além de versões e interpretações de fontes de domínio publico.
O fim do programa
Os anos da década de1980 marcaram o ápice da capacidade operacional dos satélites US-A. Ao todo, 19 satélites foram lançados, todos com aperfeiçoamentos em relação à primeira série do final da década de 1970. A URSS possuía um sistema sem similar no mundo para monitoramento dos oceanos.
No final da década de 1980, uma nova série de satélites deveria substituir a família US-A. Seriam os satélites da série PIRS-2 com algumas inovações importantes como:
Aumento da potência elétrica de bordo de 3kW para 10kW com a adição de um novo reator modelo Topaz.
Elevação da altitude orbital padrão de 250 km para 520 km, graças à maior potência elétrica disponível ao sistema de radar, reduzindo o risco de reentrada acidental do reator.
Rastreamento por meio de satélites geoestacionários, melhorando a capacidade de fornecimento de informação em tempo real.
Radar mais preciso e com processamento digital, permitindo maiores alcance, resolução e resistência a contra medidas.
Estes satélites faziam parte de um novo pacote soviético de sistemas militares espaciais, uma resposta ao programa “Guerra nas Estrelas”, desenvolvido pelo governo norte-americano de Ronald Reagan.
Outros sistemas soviéticos desenvolvidos na mesma época eram tidos como impressionantes e inovadores, destacando-se dois deles. O programa Naryad, destinado à destruição de satélites até a órbita geoestacionária (36.000 km), era algo sem paralelo no mundo. Comparando com o sistema norte-americano ASAT (Anti-Satellite Missile), os testes realizados com este sempre limitaram a destruição de satélites até 1.000 km (sistemas de foto reconhecimento basicamente), deixando de lado os sistemas de comunicação, navegação e alerta de lançamento de mísseis (sistemas estes que formam a base da moderna doutrina americana). Com o programa Naryad, os soviéticos poderiam “calar” os principais satélites dos EUA, reduzindo qualquer vantagem inimiga.
Alem do Naryad, havia o programa Polyus, uma estação de batalha espacial de 80 toneladas. A Polyus seria lançada em maio de 1987, em Baikonur. Gorbachev era o convidado de honra para o primeiro lançamento do foguete “Energia” e os generais soviéticos trataram de fazer uma grande exposição para mostrar ao seu governante os progressos dos projetos militares espaciais soviéticos.
A idéia do General Dimitry Zavalishin, responsável pelos programas militares espaciais naquela época, era pedir a Gorbachev a retomada dos testes ASAT orbitais para comprovação do sistema Naryad. O General Zavalishin foi didático, lembrou dos esforços americanos em sistemas militares espaciais e mostrou um plano para encobertar os testes ASAT de modo que isto não gerasse maiores protestos do ocidente.
Gorbachev foi evasivo em suas respostas, prolixo e pouco interessado nos planos de seus engenheiros espaciais para a dominação militar do espaço. Um ano depois, os programas de satélites nucleares estavam todos cancelados por ordem direta de Gorbachev.
Quais seriam os reais motivos do líder soviético para esta decisão? Os desgastes políticos causados pelos acidentes nucleares com satélites anteriores? Uma nova política para a utilização de meios nucleares após o desastre de Chernobyl? A política de aproximação com o ocidente? A crise econômica que já se fazia sentir na URSS?
Provavelmente todos estes fatores em uma escala que provavelmente jamais saberemos.
http://www.naval.com.br/blog/
Elizabeth Koslova
Nos anos 50 a marinha da URSS passou a desenhar uma nova estratégia de enfrentamento das forças de superfície do ocidente, baseada na neutralização dos porta-aviões norte-americanos e ingleses.
A ascensão de Nikita Khrushchev ao poder em 1957 marcou o início desta mudança, que visava o rompimento com a construção de grandes meios de superfície fortemente blindados por navios mais leves, com poder de fogo ancorado em mísseis de cruzeiro de longo alcance. Outras plataformas para estes mísseis também seriam submarinos e bombardeiros com grande raio de ação.
Uma estratégia audaciosa e moderna sem dúvida, mas que tinha um complicador. Como localizar o grupo tarefa com precisão suficiente para permitir o lançamento dos mísseis? E como fazer isto de forma coordenada?
A maneira mais eficiente para determinar remotamente a posição de um navio é o radar. Porém, este tem uma séria limitação, a linha de visada entre a antena e o alvo.
Uma antena de radar no topo de um mastro, a 49 metros de altura, tem um horizonte de radar de apenas 25 km. Radares aerotransportados permitem elevar o horizonte de radar para até 400 km, o que corresponderia a voar a cerca de 36.000 pés (teto operacional de uma aeronave de patrulha típica), embora dificilmente a situação tática permita uma aeronave atuar a esta altitude.
Uma ousada solução foi imaginada pelos estrategistas soviéticos: basear no espaço um sistema de radar com capacidade global de localizar e acompanhar navios de superfície. Algo que até hoje não teve paralelo na história da exploração militar do espaço (ao lado, uma ilustração do final dos anos de 1970, mostrando um satélite US-A. As órbitas de grande inclinação faziam o satélite cruzar os oceanos basicamente no sentido norte-sul, completando uma revolução a cada 104 minutos. A área de varredura do radar era estimada em 450 km).
Os trabalhos de análise conceitual começaram em 1958, apenas um ano depois do primeiro satélite artificial orbitar a Terra. No ano de 1960, sob a supervisão do prestigiado engenheiro Vladimir Chelomei, o projeto foi aprovado pela liderança política soviética, na forma do Decreto 715-296.
O programa sofreu alguns percalços políticos típicos da era soviética. Com a queda de Nikita Khrushchev, em 1964, o programa saiu da supervisão de Chelomei (favorito de Khrushchev) e foi para o OKB-41 de Anatoli Savin. Quando o programa iniciou a fase de ensaios em vôo no final de 1965, com quatro lançamentos (Kosmos 102, 125, 198 e 209), começaram a aparecer os problemas. Basicamente os dois principais componentes dos satélites (o seu radar ativo em banda X e o reator nuclear) não estavam prontos, pois ainda não haviam sido qualificados para voo. Os primeiros lançamentos foram utilizados apenas para qualificar os sistemas de estabilização ativa da espaçonave, bem como sua telemetria, objetivos simples demais diante da complexidade do projeto.
Diante dos problemas da equipe de Savin, o programa foi transferido em 1969 para o KB Arsenal, em São Petersburgo, sob o comando de Ye Ivanov. O projeto foi revisado e o ano de 1975 foi definido como meta inicial para a operacionalização do sistema. Naquele ano, nada menos do que três satélites desta série subiram ao espaço, dando início à fase de avaliação operacional da espaçonave.
De 1975 a 1979, depois de sete lançamentos, o sistema passou a ter capacidade operacional inicial, com parte dos oceanos monitorados e uma avaliação precisa de melhoramentos a serem implementados em futuros satélites. De 1980 até 1988 foram 19 lançamentos de satélites US-A, dando à URSS a capacidade de localizar navios civis e militares em praticamente qualquer oceano da Terra. O projeto já havia atingido sua maturidade técnica e operacional.
O satélite US-A
Colocar um radar em órbita implica em uma série de compromissos de difícil conciliação. O principal deles é a potência elétrica para operação do radar.
Sistemas de conversão fotovoltaica apresentam como grande vantagem a simplicidade, mas também possuem uma potência média relativamente baixa, uma vez que cerca de metade do tempo estão sob a sombra da Terra, sem gerar energia. Este déficit de potência faz com que satélites com esse sistema, equipados com radar, os utilizem durante alguns poucos minutos dentro de um período de 24 horas.
Esguio para minimizar o arrasto em órbita baixa, com suas grandes antenas de radar e com o reator formando o cone do nariz, o US-A é um satélite cujos padrões de projeto fogem do clássico e cujas soluções de engenharia até hoje não foram implementadas em nenhum outro programa. Fosse ele americano, sua imagem seria tão conhecida pelo ocidente como a dos satélites KH-9 (Big Bird), das aeronaves U-2 ou SR-71, ícones da capacidade americana de coleta de informações.
O US-A precisava de 3kW de potência na forma contínua para operação de seu radar. Embora isto possa ser relativamente fácil de 20 anos para cá (alguns satélites modernos chegam a ter 16kW de potencia de geração fotovoltaica a bordo), com a tecnologia disponível na época eram necessários painéis solares de cerca de 60m2, gerando problemas adicionais a serem compensados.
Para maximizar o desempenho do radar, o satélite deveria operar em órbitas baixas, com cerca de 250 km de altitude. Porém, órbitas tão baixas quanto esta quanto esta maximizam o arrasto da espaçonave com a porção mais elevada da atmosfera, e a espaçonave acaba reentrando na atmosfera caso não receba empuxo extra de seu propulsor Stepanov de 16Kgf. A adoção de uma grande área de painéis solares aumentaria em muito o arrasto do satélite, fazendo com que ele necessitasse de empuxos extras a cada 10 dias, tornando o consumo de propelente ainda mais crítico.
A solução adotada pelos projetistas soviéticos era até então inédita (e permanece única até os dias de hoje). Colocar a bordo dos US-A um reator nuclear para geração de energia elétrica.
Esta solução, sob muitos aspectos, era excelente. Afinal, permitia um suprimento de energia que tornava o tempo de utilização do radar adequado às funções táticas do satélite. Gerava menos necessidade de controle de atitude em função da posição de células solares, otimizando o posicionamento da antena do satélite, tornava o satélite mais aerodinâmico (pela ausência de painéis solares) minimizando o seu gasto de combustível para posicionamento periódico orbital, entre outras vantagens.
Mas ainda havia um problema a ser resolvido: como garantir que o reator nuclear BES-5 não reentrasse com o satélite uma vez que este estava sempre em uma órbita baixa, dependendo de seus impulsores para se manter voando, e cujo período de reentrada é medido em meses enquanto o tempo de decaimento do reator é medido em séculos?
Um US-A ejeta o núcleo do reator para a sua orbita cemitério. As gotas de fluido representam o refrigerante do reator (cerca de 13,5Kg de sódio e potássio) que são mantidos em estado líquido e retiram do núcleo cerca de 100kW.h de energia térmica para ser dissipada por radiadores de calor. Essas partículas formam bolhas de até 5cm de diâmetro, que são altamente radioativas. Ao reentrar na atmosfera, este material é pulverizado por uma grande aérea, o que não eleva os níveis de radiação no ambiente além dos níveis seguros. Porém, a colisão de outros satélites com estas gotas de metal pesado, em órbita baixa, sempre foi motivo de preocupação e de polêmica entre EUA e URSS.
A solução para isto também era inédita. Basicamente, o reator, um cilindro de cerca de 350Kg, deveria ser impulsionado por um foguete até uma órbita cemitério a cerca de 1000 km de altura, onde a reentrada não aconteceria antes de pelo menos 1000 anos. Esta solução teve um custo elevado, conforme veremos mais adiante.
Além de reatores nucleares e radares ativos baseados no espaço, as espaçonaves US-A tinham outros complicadores de engenharia a serem vencidos. Um satélite a 250 km de altura apenas tem visada para uma estação controladora em terra se esta estiver a um raio de 1600 km do satélite. Isto quer dizer que, na prática, os US-A vasculhando as imensidões dos oceanos não teriam como informar em tempo real as estações soviéticas de controle sobre os alvos que eles estivessem monitorando.
A partir da década de 198, tanto os EUA como a URSS montaram redes de retransmissão via satélites geoestacionários para permitir que seus satélites militares de órbita baixa, como os de foto reconhecimento, pudessem transmitir em tempo real, independentemente da posição da sua órbita naquele instante. Os US-A, porém, eram de uma geração anterior (anteriores inclusive ao primeiro satélite geosíncrono soviético, que é de 1975) e para solucionar o problema os projetistas soviéticos utilizaram a mesma solução clássica de comunicações de longa distância até o advento dos satélites: ondas curtas!
Operando um canal de telemétrica em 19Mhz, por meio de propagação ionosférica os US-A eram rastreados desde o território soviético em qualquer posição de seu plano orbital, o que daria a tão capacidade de cobertura global objetivada pelo programa.
Um programa controvertido politicamente
Durante a fase de ensaios, no começo dos anos 70, dois incidentes foram presságios do que seria o programa nos anos seguintes.
O Cosmos 367, um satélite do programa de ensaios de voo, perdeu contato com as estações de controle, mas seu sistema automático o conduziu a uma órbita mais elevada. Este satélite ainda não continha o reator BES-5 e sim baterias químicas que forneciam eletricidade durante o vôo de teste. O acidente surtiu efeito contrário ao esperado, mostrando aos engenheiros soviéticos que seu satélite nuclear poderia ser colocado fora de serviço em segurança caso houvesse uma falha técnica com a cadeia de controle.
Cerca de três anos mais tarde, um lançamento ocorrido desde Baikonur apresentou problemas de ignição no último estágio do foguete, causando a queda do satélite no Oceano Pacífico ao norte do Japão. Aviões de reconhecimento americanos sobrevoaram a área a procura de indícios de vazamento nuclear para caracterização do reator. Fontes ocidentais informaram a detecção de pequenos níveis de radiação na área da queda. Já os soviéticos nunca reconheceram este incidente.
Estatisticamente, de cada 20 ou 25 lançamentos de satélites, um apresenta problemas. Os riscos associados à segurança do programa US-A não estavam necessariamente no lançamento e sim no sistema de ejeção do reator para a órbita cemitério, que era uma das inovações do projeto. Ao contrário do problema do Cosmos 367, que encorajou a utilização do sistema de ejeção, por algumas vezes o sistema não funcionou como deveria e provocou a reentrada do reator (com sua carga de 30Kg de urânio altamente enriquecido) juntamente com o satélite (a ilustração ao lado mostra como era a mudança de órbita de ejeção do reator. Nem sempre isto funcionou, e o resultado foi a reentrada do material radioativo juntamente com o satélite).
Em janeiro de 1978, o acidente que se julgava impossível aconteceu. O sistema de ejeção do reator falhou e o Cosmos 954 reentrou na atmosfera com seu reator acoplado. A queda ocorreu na região noroeste do Canadá, gerando contaminação em milhares de quilômetros quadrados de superfície. O governo soviético indenizou o Canadá pelas despesas de buscas e de descontaminação da área. O programa US-A passou por um grande desgaste político na arena tensa da guerra fria.
Outro acidente similar ocorreu em 1983. O Kosmos 1402 separou-se de seu reator com sucesso, mas a ignição do foguete de ejeção falhou. O satélite caiu no Oceano Índico em janeiro de 1983 e o reator caiu duas semanas depois no Atlântico Sul.
O ultimo grande susto com este programa de satélites aconteceu em 1987. O Cosmos 1900 falhou ao ejetar seu reator, mas o sistema reserva obteve êxito e o reator foi para sua órbita cemitério em segurança. Este incidente só se tornou conhecido porque a URSS vivia a sua época de abertura política, durante o governo Gorbachev. Outros incidentes deste tipo podem ter sido sepultados pela história da Guerra Fria.
As capacidades dos satélites US-A
Como todo programa soviético da Guerra Fria, fontes precisas sobre as suas reais capacidades operacionais são bastante limitadas, porém existem alguns indícios reveladores quando boas fontes são consultadas.
Segundo o documento “Key Conclusions About Present and Future Soviet Space Missions”, da Central Intelligence Agency, (junho de 1983) e o “Soviet Dependence on Space Systems”, da Central Intelligence Agency (novembro de 1975) “…o sistema de radar operando em banda X, 8,2 GHz é capaz de detectar navios de transporte ou porta-aviões, e um destróier é altamente provável de ser detectado em mar calmo. A CIA também estima que o sistema não seja capaz de detecção em mar grosso e sob forte chuva, e que a faixa varrida pelo satélite é de 450 km para Leste e Oeste quando o mesmo descreve uma órbita polar no sentido norte-sul (…)”.
Segundo a Enciclopédia Astronáutica do editor Mark Wade, “… entre 1979 e 1989 a modernização progressiva do sistema foi realizada, proporcionando maior precisão, a localização de alvos e capacidade de observação. Toda a superfície do oceano do mundo foi monitorada continuamente, um feito não alcançado por qualquer outro sistema. A eficácia do sistema foi comprovada na Guerra das Malvinas de 1982, quando o sistema monitorou as forças britânicas e era capaz de aconselhar o Estado-Maior General da Marinha Soviética do momento exato do desembarque britânico.”
Segundo o livro “Fidel, futebol e as Malvinas”, do escritor russo Sergey Brilev, os soviéticos teriam fornecido informações de inteligência aos argentinos durante a guerra das Malvinas. Ainda segundo o livro, a localização do HMS Sheffield, que possibilitou o lançamento da missão de ataque bem sucedida que resultou no seu afundamento, teria sido possível porque o satélite Cosmos 1365 teria fornecido a posição precisa do navio.
Provavelmente os soviéticos forneceram informações de inteligência aos argentinos na guerra das Malvinas, da mesma forma com que os chilenos colaboraram com ingleses. Mas teria a URSS fornecido posições precisas e em tempo real da frota inglesa para permitir ataques navais por parte da aviação argentina? Houvesse realmente este canal de informação, porque a posição real dos porta-aviões foram um mistério durante quase todo conflito?
Por que as posições e rotas de abastecimento da esquadra não foram passadas também, permitindo aos submarinos argentinos atacar nos momentos e pontos mais vulneráveis de resuprimento da esquadra inglesa no Atlântico Sul?
Estes e outros mistérios da Guerra Fria infelizmente jamais serão conhecidos em detalhes, além de versões e interpretações de fontes de domínio publico.
O fim do programa
Os anos da década de1980 marcaram o ápice da capacidade operacional dos satélites US-A. Ao todo, 19 satélites foram lançados, todos com aperfeiçoamentos em relação à primeira série do final da década de 1970. A URSS possuía um sistema sem similar no mundo para monitoramento dos oceanos.
No final da década de 1980, uma nova série de satélites deveria substituir a família US-A. Seriam os satélites da série PIRS-2 com algumas inovações importantes como:
Aumento da potência elétrica de bordo de 3kW para 10kW com a adição de um novo reator modelo Topaz.
Elevação da altitude orbital padrão de 250 km para 520 km, graças à maior potência elétrica disponível ao sistema de radar, reduzindo o risco de reentrada acidental do reator.
Rastreamento por meio de satélites geoestacionários, melhorando a capacidade de fornecimento de informação em tempo real.
Radar mais preciso e com processamento digital, permitindo maiores alcance, resolução e resistência a contra medidas.
Estes satélites faziam parte de um novo pacote soviético de sistemas militares espaciais, uma resposta ao programa “Guerra nas Estrelas”, desenvolvido pelo governo norte-americano de Ronald Reagan.
Outros sistemas soviéticos desenvolvidos na mesma época eram tidos como impressionantes e inovadores, destacando-se dois deles. O programa Naryad, destinado à destruição de satélites até a órbita geoestacionária (36.000 km), era algo sem paralelo no mundo. Comparando com o sistema norte-americano ASAT (Anti-Satellite Missile), os testes realizados com este sempre limitaram a destruição de satélites até 1.000 km (sistemas de foto reconhecimento basicamente), deixando de lado os sistemas de comunicação, navegação e alerta de lançamento de mísseis (sistemas estes que formam a base da moderna doutrina americana). Com o programa Naryad, os soviéticos poderiam “calar” os principais satélites dos EUA, reduzindo qualquer vantagem inimiga.
Alem do Naryad, havia o programa Polyus, uma estação de batalha espacial de 80 toneladas. A Polyus seria lançada em maio de 1987, em Baikonur. Gorbachev era o convidado de honra para o primeiro lançamento do foguete “Energia” e os generais soviéticos trataram de fazer uma grande exposição para mostrar ao seu governante os progressos dos projetos militares espaciais soviéticos.
A idéia do General Dimitry Zavalishin, responsável pelos programas militares espaciais naquela época, era pedir a Gorbachev a retomada dos testes ASAT orbitais para comprovação do sistema Naryad. O General Zavalishin foi didático, lembrou dos esforços americanos em sistemas militares espaciais e mostrou um plano para encobertar os testes ASAT de modo que isto não gerasse maiores protestos do ocidente.
Gorbachev foi evasivo em suas respostas, prolixo e pouco interessado nos planos de seus engenheiros espaciais para a dominação militar do espaço. Um ano depois, os programas de satélites nucleares estavam todos cancelados por ordem direta de Gorbachev.
Quais seriam os reais motivos do líder soviético para esta decisão? Os desgastes políticos causados pelos acidentes nucleares com satélites anteriores? Uma nova política para a utilização de meios nucleares após o desastre de Chernobyl? A política de aproximação com o ocidente? A crise econômica que já se fazia sentir na URSS?
Provavelmente todos estes fatores em uma escala que provavelmente jamais saberemos.
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"Quando se deve matar um homem, não custa nada ser gentil"
Winston Churchill
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Re: Guerra Fria
Já era de conhecimento geral de que a Argentina obteve ajuda dos soviéticos durante a Guerra das Falklands/Malvinas. Mas agora começam a surgir mais detalhes sobre esta história.
Recentemente o escritor russo Sergey Brilev, filho de um diplomata soviético que morou em diversos países da América do Sul, lançou o livro “Fidel, futebol e as Malvinas”. Aos 10 anos de idade Brilev morava no Uruguai quando os argentinos desembarcaram nas Malvinas. Esta história, e o envolvimento de seu país no conflito, sempre o intrigaram.
Brilev procurou os arquivos de Moscou, mas foi barrado por ser “informação classificada”. Tentou então contactar alguns oficiais soviéticos que serviram no início da década de 1980. General Nikolai Leonov, da KGB, e General Valentin Varennikov, membro das forças soviéticas em Moscou, confirmaram o envio de informações para os argentinos durante o conflito.
Em seu livro, Brilev afirma que os argentinos foram capazes de localizar o contratorpedeiro HMS Sheffield graças à informação obtida pelos satélites de espionagem soviéticos em órbita sobre o Atlântico Sul. A versão oficial dos fatos sempre foi a de que um Lockheed P2V Neptune teria detectado a escolta da Royal Navy. A idade avançada e os problemas de manutenção dos Neptune sempre colocaram em cheque esta versão dos fatos. O autor do livro também afirma que o afundamento do RFA Atlantic Conveyor deveu-se às informações obtidas através do satélite Kosmos-1365.
Segundo o autor a ajuda dos soviéticos foi mais além. Um avião de vigilância marítima Tu-95 ‘Bear’ seguiu a frota britânica entre a costa francesa e a linha do Equador. Em algumas oportunidades a aeronave voou a 30/40 metros de altitude. Esta informação foi confirmada pelo coronel Georguiy Bulbenkov, então piloto da aeronave.
Mas a decisão de ajudar os argentinos aparentemente não veio das altas esferas do poder central de Moscou. Brilev entrevistou nada menos que Mikhail Gorbachov, na época um dos cabeças do Partido Comunista Soviético. Gorbachev foi claro, nunca houve uma decisão central do partido em ajudar a junta militar argentina. O autor conclui que esta foi uma decisão dos próprios generais.
Brilev lembra que o Uruguai e a Argentina foram os únicos dois países sul-americanos que não se juntaram ao embargo comercial, liderado pelos EUA, contra os soviéticos em 1979 quando o Afeganistão foi invadido. O militares ficaram muito agradecidos com o não alinhamento destes países.
http://www.naval.com.br/blog/page/7/
Recentemente o escritor russo Sergey Brilev, filho de um diplomata soviético que morou em diversos países da América do Sul, lançou o livro “Fidel, futebol e as Malvinas”. Aos 10 anos de idade Brilev morava no Uruguai quando os argentinos desembarcaram nas Malvinas. Esta história, e o envolvimento de seu país no conflito, sempre o intrigaram.
Brilev procurou os arquivos de Moscou, mas foi barrado por ser “informação classificada”. Tentou então contactar alguns oficiais soviéticos que serviram no início da década de 1980. General Nikolai Leonov, da KGB, e General Valentin Varennikov, membro das forças soviéticas em Moscou, confirmaram o envio de informações para os argentinos durante o conflito.
Em seu livro, Brilev afirma que os argentinos foram capazes de localizar o contratorpedeiro HMS Sheffield graças à informação obtida pelos satélites de espionagem soviéticos em órbita sobre o Atlântico Sul. A versão oficial dos fatos sempre foi a de que um Lockheed P2V Neptune teria detectado a escolta da Royal Navy. A idade avançada e os problemas de manutenção dos Neptune sempre colocaram em cheque esta versão dos fatos. O autor do livro também afirma que o afundamento do RFA Atlantic Conveyor deveu-se às informações obtidas através do satélite Kosmos-1365.
Segundo o autor a ajuda dos soviéticos foi mais além. Um avião de vigilância marítima Tu-95 ‘Bear’ seguiu a frota britânica entre a costa francesa e a linha do Equador. Em algumas oportunidades a aeronave voou a 30/40 metros de altitude. Esta informação foi confirmada pelo coronel Georguiy Bulbenkov, então piloto da aeronave.
Mas a decisão de ajudar os argentinos aparentemente não veio das altas esferas do poder central de Moscou. Brilev entrevistou nada menos que Mikhail Gorbachov, na época um dos cabeças do Partido Comunista Soviético. Gorbachev foi claro, nunca houve uma decisão central do partido em ajudar a junta militar argentina. O autor conclui que esta foi uma decisão dos próprios generais.
Brilev lembra que o Uruguai e a Argentina foram os únicos dois países sul-americanos que não se juntaram ao embargo comercial, liderado pelos EUA, contra os soviéticos em 1979 quando o Afeganistão foi invadido. O militares ficaram muito agradecidos com o não alinhamento destes países.
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Re: Guerra Fria
Conflitos étnicos no Quirguistão são herança da divisão de fronteiras por Stalin
A arbitrária divisão de fronteiras no Vale de Fergana pelos soviéticos, nos anos 1920, desconsiderou a distribuição geográfica de grupos étnicos e reacendeu antigas rivalidades.
A calma era só aparente: dois meses depois da derrubada do ex-presidente Kurmanbek Bakiyev, o Quirguistão, uma ex-república soviética da Ásia Central, foi novamente sacudido por uma onda de violência.
Desde o início de junho, os conflitos se repetem na região de Osh, a segunda maior cidade do país, localizada na fronteira com o Uzbequistão. Por trás dos conflitos, estão antigas rivalidades étnicas entre quirguizes e uzbeques, estes uma minoria no país.
Segundo a especialista Andrea Schmitz, do Instituto Alemão de Assuntos Internacionais e de Segurança (Stiftung Politik und Wissenschaft, em alemão), o conflito se intensifica devido aos ressentimentos dos quirguizes em relação aos uzbeques.
"Os quirguizes se sentem frequentemente prejudicados pelos uzbeques. Na realidade, os uzbeques formam apenas 15% da população total do Quirguistão, mas no sul a proporção é outra: tanto quirguizes como uzbeques são mais ou menos 50% do total."
Segundo ela, a forte imigração de quirguizes, verificada após o fim da União Soviética, fez com que os recursos se tornassem cada vez mais escassos no sul do Quirguistão, o que dá aos quirguizes a impressão de estarem sendo prejudicados.
Stalin: divisão arbitrária
Há muito que a região em torno da cidade de Osh e do Vale de Fergana, no sul do Quirguistão, é considerada por estudiosos como um barril de pólvora devido à presença de grupos étnicos rivais.
Densamente povoada, a fértil região do Vale de Fergana é habitada principalmente por uzbeques. Outros grupos étnicos presentes são os quirguizes, os tajiques e os tártaros. Muitos habitantes são agricultores que vivem na pobreza, e tendências islamistas possuem raízes profundas na população.
A região pertenceu a um único senhor feudal até o ditador soviético Josef Stalin dividi-la arbitrariamente entre o Uzbequistão, o Quirguistão e o Tajiquistão, sem levar em conta as distribuições de grupos étnicos. Tal demarcação de fronteiras reacendeu antigas rivalidades.
"O Vale de Fergana sempre foi multiétnico. Mas só depois da divisão artificial de fronteiras pelos soviéticos entre 1920 e 1930 é que isso se tornou um problema. Seguindo a máxima 'dividir para dominar', os soviéticos recortaram o vale praticamente a facão, destruindo antigas estruturas de povoamento. Temos hoje no Fergana uma série de enclaves, o que constitui uma situação delicada para as pessoas que lá vivem."
Interesses russos
Foi exatamente a existências de tais enclaves que contribuiu decisivamente para os violentos confrontos entre uzbeques e quirguizes em 1990. Na época, morreram cerca de 300 pessoas no chamado Massacre de Osh, até as tropas soviéticas acalmarem a situação.
Também na atual crise, a presidente interina, Rosa Otunbayeva, pediu reiteradas vezes a ajuda de Moscou para controlar a situação. Mas Schmitz vê com ceticismo uma interferência russa pois, segundo ela, Moscou desempenha um papel ambivalente no conflito.
"Tem-se às vezes a impressão de que a Rússia não faz nada pelo problema em si, e que por trás há sempre uma questão: isso me ajuda a ganhar terreno na região? Não se sabe exatamente quão sério isso [a mediação russa] é e com quais interesses a Rússia de fato age."
Schmitz aponta uma outra ex-república soviética como potencial mediadora. "Vejo aí uma tarefa para o Casaquistão, que ocupa a presidência da OSCE [Organização para a Segurança e Cooperação na Europa] e já negociou, após o golpe em abril, um compromisso entre o governo interino e Bakiyev, o que permitiu a ele alojar-se no exterior."
Mas, para Schmitz, uma real solução para o conflito no Quirguistão ainda está longe de ser alcançada. No momento, trata-se de conter a violência.
Autores: Esther Broders/Alexandre Schossler
Revisão: Rodrigo Rimon
http://www.defesanet.com.br/10_06/10062 ... istao.html
A arbitrária divisão de fronteiras no Vale de Fergana pelos soviéticos, nos anos 1920, desconsiderou a distribuição geográfica de grupos étnicos e reacendeu antigas rivalidades.
A calma era só aparente: dois meses depois da derrubada do ex-presidente Kurmanbek Bakiyev, o Quirguistão, uma ex-república soviética da Ásia Central, foi novamente sacudido por uma onda de violência.
Desde o início de junho, os conflitos se repetem na região de Osh, a segunda maior cidade do país, localizada na fronteira com o Uzbequistão. Por trás dos conflitos, estão antigas rivalidades étnicas entre quirguizes e uzbeques, estes uma minoria no país.
Segundo a especialista Andrea Schmitz, do Instituto Alemão de Assuntos Internacionais e de Segurança (Stiftung Politik und Wissenschaft, em alemão), o conflito se intensifica devido aos ressentimentos dos quirguizes em relação aos uzbeques.
"Os quirguizes se sentem frequentemente prejudicados pelos uzbeques. Na realidade, os uzbeques formam apenas 15% da população total do Quirguistão, mas no sul a proporção é outra: tanto quirguizes como uzbeques são mais ou menos 50% do total."
Segundo ela, a forte imigração de quirguizes, verificada após o fim da União Soviética, fez com que os recursos se tornassem cada vez mais escassos no sul do Quirguistão, o que dá aos quirguizes a impressão de estarem sendo prejudicados.
Stalin: divisão arbitrária
Há muito que a região em torno da cidade de Osh e do Vale de Fergana, no sul do Quirguistão, é considerada por estudiosos como um barril de pólvora devido à presença de grupos étnicos rivais.
Densamente povoada, a fértil região do Vale de Fergana é habitada principalmente por uzbeques. Outros grupos étnicos presentes são os quirguizes, os tajiques e os tártaros. Muitos habitantes são agricultores que vivem na pobreza, e tendências islamistas possuem raízes profundas na população.
A região pertenceu a um único senhor feudal até o ditador soviético Josef Stalin dividi-la arbitrariamente entre o Uzbequistão, o Quirguistão e o Tajiquistão, sem levar em conta as distribuições de grupos étnicos. Tal demarcação de fronteiras reacendeu antigas rivalidades.
"O Vale de Fergana sempre foi multiétnico. Mas só depois da divisão artificial de fronteiras pelos soviéticos entre 1920 e 1930 é que isso se tornou um problema. Seguindo a máxima 'dividir para dominar', os soviéticos recortaram o vale praticamente a facão, destruindo antigas estruturas de povoamento. Temos hoje no Fergana uma série de enclaves, o que constitui uma situação delicada para as pessoas que lá vivem."
Interesses russos
Foi exatamente a existências de tais enclaves que contribuiu decisivamente para os violentos confrontos entre uzbeques e quirguizes em 1990. Na época, morreram cerca de 300 pessoas no chamado Massacre de Osh, até as tropas soviéticas acalmarem a situação.
Também na atual crise, a presidente interina, Rosa Otunbayeva, pediu reiteradas vezes a ajuda de Moscou para controlar a situação. Mas Schmitz vê com ceticismo uma interferência russa pois, segundo ela, Moscou desempenha um papel ambivalente no conflito.
"Tem-se às vezes a impressão de que a Rússia não faz nada pelo problema em si, e que por trás há sempre uma questão: isso me ajuda a ganhar terreno na região? Não se sabe exatamente quão sério isso [a mediação russa] é e com quais interesses a Rússia de fato age."
Schmitz aponta uma outra ex-república soviética como potencial mediadora. "Vejo aí uma tarefa para o Casaquistão, que ocupa a presidência da OSCE [Organização para a Segurança e Cooperação na Europa] e já negociou, após o golpe em abril, um compromisso entre o governo interino e Bakiyev, o que permitiu a ele alojar-se no exterior."
Mas, para Schmitz, uma real solução para o conflito no Quirguistão ainda está longe de ser alcançada. No momento, trata-se de conter a violência.
Autores: Esther Broders/Alexandre Schossler
Revisão: Rodrigo Rimon
http://www.defesanet.com.br/10_06/10062 ... istao.html
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Re: Guerra Fria
Interessante, seria o tópico adequado para postarmos casos e "causos" da "Cold War"...
[].
[].
Re: Guerra Fria
24.06.2010
C-47 sueco abatido pelos soviéticos
Em 13 de junho de 1952, um C-47 (versão militar do famoso DC-3) da Força Aérea Sueca, desapareceu enquanto realizava uma missão secreta sobre o Mar Báltico. Depois de um sinal em código enviado pela aeronave às 11h25 daquele dia, não se ouviu mais falar, por décadas, nem do avião nem de seus 8 tripulantes.
O desaparecimento da aeronave ficou conhecido como “DC 3 Affair” e ainda é um capítulo sensível da história da Suécia na Guerra Fria.
Apesar das pesquisas em arquivos de várias nações, alguns fatos do “DC 3 Affair” são ainda secretos e desconhecidos. E o paradeiro dos oito tripulantes (Alvar Almeberg – piloto e comandante; Gosta Blad – navegador e rádio-comunicador; Herbert Mattsson – técnico, Einar Jonsson – chefe e oficial de inteligência; Bengt Book, Ivar Svensson, Borge Nilsson, e Erik Carlsson – todos oficiais de Sigint) permaneceu em mistério por mais de 50 anos.
Nove horas antes do avião sueco desaparecer sobre o Báltico, caças soviéticos abateram também um RB-29 americano sobre o Mar do Japão. Autoridades americanas negaram que o RB-29 tenha penetrado em território soviético, como foi alegado pelos russos, dizendo que a aeronave estava sobre águas internacionais.
Embora os americanos não tenham encontrado sobreviventes do seu avião, na década de 1990 investigações realizadas na antiga União Soviética revelaram que sobreviventes foram vistos na região de Magadan e em campos de prisioneiros em Inta.
Três dias após o desaparecimento do DC-3, quatro caças MiG-15 derrubaram um Catalina sueco (foto abaixo) que estava fazendo buscas por sobreviventes.
Tanto o DC-3 sueco como o RB-29 americano estavam realizando o mesmo tipo de missão – coleta de sinais da União Soviética para inteligência. Os aviões foram equipados para inteligência e seus alvos incluiam as estações de radar soviéticas. Os soviéticos admitiram a derrubada do RB-29, mas fizeram completo silêncio sobre o DC-3.
A missão, que era parte da troca de informações com o Reino Unido e os EUA, era de grande interesse também para o governo sueco, que via a União Soviética como único possível inimigo no futuro.
O DC-3 estava operando pela Försvarets radioanstalt (FRA), Fundação de Rádio para a Defesa Nacional da Suécia. A FRA, autoridade em inteligência de sinais, tinha ganhado boa reputação na Segunda Guerra Mundial pela alta qualidade dos dados coletados durante o conflito.
O problema era que a Suécia tinha um discurso oficial de não-alinhamento e ao mesmo tempo uma cooperação secreta com EUA e Reino Unido, levando o governo sueco a ocultar as atividades de inteligência da opinião pública.
Quando o DC-3 desapareceu, a versão para o público foi de que o avião simplesmente tinha “desaparecido”. A versão secreta entretanto reconhecia que o avião tinha sido abatido pelos soviéticos. Um bote de borracha com estilhaços de munição encontrado nas águas era uma forte evidência.
Embora de acordo com as leis internacionais operações de inteligência fora de fronteiras territoriais não sejam ilegais, elas são atividades sensíveis geralmente consideradas secretas e colocadas fora do escrutínio da opinião pública.
A derrubada do Catalina ajudou o governo a desviar a atenção, mantendo a imagem da Suécia de nação neutra.
Depois de décadas de silêncio, uma parte da verdade
Nos anos seguintes os familiares dos aviadores suecos tentaram por todos os meios saber o paradeiro da tripulação do DC-3, sem sucesso.
Alguns dentro do governo diziam que os sobreviventes podiam estar em algum Gulag, mas a Suécia nunca conseguiu fazer a URSS revelar o que realmente havia acontecido com seus homens.
O primeiro reconhecimento público do governo sueco sobre a missão secreta do DC-3 só veio em 1983, quando o filho do piloto publicou um livro sobre o acontecimento.
A URSS só revelou que derrubou o avião em 1992.
Em 13 de junho de 2002, o governo sueco se desculpou pela primeira vez com as famílias dos aviadores pela forma como conduziu a questão do DC-3.
Em junho de 2003, 51 anos depois do desaparecimento, uma companhia privada de mergulho, após três anos de buscas, conseguiu encontrar os destroços do DC-3, a 126m de profundidade.
Em 2004, o governo sueco criou uma comissão técnica para o resgate e recuperação dos restos do avião e a pesquisa dos vestígios que pudessem revelar o destino dos tripulantes.
Em março de 2004, o DC-3 foi içado do fundo com sucesso e levado para uma base de submarinos desativada da época da Guerra Fria. Foi feito um trabalho cuidadoso para a recuperação dos restos, com a participação de técnicos, investigadores e peritos forenses.
Em 13 de junho de 2004, os oito homens receberam postumamente medalhas de mais alto valor pelo serviço em prol da Suécia.
De 2004 até 2005, os restos de quatro corpos encontrados no avião foram reconhecidos, com exames de DNA: Alvar Almeberg, Gosta Blad, Herbert Matsson e Einar Jonsson. Cinco paraquedas e coletes salva-vidas foram encontrados a bordo, o que corrobora a versão russa de que quatro membros da tripulação não sobreviveram.
Até hoje não se sabe o destino de Bengt Book, Ivar Svensson, Borge Nilsson e Erik Carlsson, além de muitos outros detalhes do DC-3 que ainda permanecem secretos.
Os restos do avião encontram-se no Museu da Força Aérea Sueca.
http://blogs.abril.com.br/guerraearmas/ ... ticos.html
C-47 sueco abatido pelos soviéticos
Em 13 de junho de 1952, um C-47 (versão militar do famoso DC-3) da Força Aérea Sueca, desapareceu enquanto realizava uma missão secreta sobre o Mar Báltico. Depois de um sinal em código enviado pela aeronave às 11h25 daquele dia, não se ouviu mais falar, por décadas, nem do avião nem de seus 8 tripulantes.
O desaparecimento da aeronave ficou conhecido como “DC 3 Affair” e ainda é um capítulo sensível da história da Suécia na Guerra Fria.
Apesar das pesquisas em arquivos de várias nações, alguns fatos do “DC 3 Affair” são ainda secretos e desconhecidos. E o paradeiro dos oito tripulantes (Alvar Almeberg – piloto e comandante; Gosta Blad – navegador e rádio-comunicador; Herbert Mattsson – técnico, Einar Jonsson – chefe e oficial de inteligência; Bengt Book, Ivar Svensson, Borge Nilsson, e Erik Carlsson – todos oficiais de Sigint) permaneceu em mistério por mais de 50 anos.
Nove horas antes do avião sueco desaparecer sobre o Báltico, caças soviéticos abateram também um RB-29 americano sobre o Mar do Japão. Autoridades americanas negaram que o RB-29 tenha penetrado em território soviético, como foi alegado pelos russos, dizendo que a aeronave estava sobre águas internacionais.
Embora os americanos não tenham encontrado sobreviventes do seu avião, na década de 1990 investigações realizadas na antiga União Soviética revelaram que sobreviventes foram vistos na região de Magadan e em campos de prisioneiros em Inta.
Três dias após o desaparecimento do DC-3, quatro caças MiG-15 derrubaram um Catalina sueco (foto abaixo) que estava fazendo buscas por sobreviventes.
Tanto o DC-3 sueco como o RB-29 americano estavam realizando o mesmo tipo de missão – coleta de sinais da União Soviética para inteligência. Os aviões foram equipados para inteligência e seus alvos incluiam as estações de radar soviéticas. Os soviéticos admitiram a derrubada do RB-29, mas fizeram completo silêncio sobre o DC-3.
A missão, que era parte da troca de informações com o Reino Unido e os EUA, era de grande interesse também para o governo sueco, que via a União Soviética como único possível inimigo no futuro.
O DC-3 estava operando pela Försvarets radioanstalt (FRA), Fundação de Rádio para a Defesa Nacional da Suécia. A FRA, autoridade em inteligência de sinais, tinha ganhado boa reputação na Segunda Guerra Mundial pela alta qualidade dos dados coletados durante o conflito.
O problema era que a Suécia tinha um discurso oficial de não-alinhamento e ao mesmo tempo uma cooperação secreta com EUA e Reino Unido, levando o governo sueco a ocultar as atividades de inteligência da opinião pública.
Quando o DC-3 desapareceu, a versão para o público foi de que o avião simplesmente tinha “desaparecido”. A versão secreta entretanto reconhecia que o avião tinha sido abatido pelos soviéticos. Um bote de borracha com estilhaços de munição encontrado nas águas era uma forte evidência.
Embora de acordo com as leis internacionais operações de inteligência fora de fronteiras territoriais não sejam ilegais, elas são atividades sensíveis geralmente consideradas secretas e colocadas fora do escrutínio da opinião pública.
A derrubada do Catalina ajudou o governo a desviar a atenção, mantendo a imagem da Suécia de nação neutra.
Depois de décadas de silêncio, uma parte da verdade
Nos anos seguintes os familiares dos aviadores suecos tentaram por todos os meios saber o paradeiro da tripulação do DC-3, sem sucesso.
Alguns dentro do governo diziam que os sobreviventes podiam estar em algum Gulag, mas a Suécia nunca conseguiu fazer a URSS revelar o que realmente havia acontecido com seus homens.
O primeiro reconhecimento público do governo sueco sobre a missão secreta do DC-3 só veio em 1983, quando o filho do piloto publicou um livro sobre o acontecimento.
A URSS só revelou que derrubou o avião em 1992.
Em 13 de junho de 2002, o governo sueco se desculpou pela primeira vez com as famílias dos aviadores pela forma como conduziu a questão do DC-3.
Em junho de 2003, 51 anos depois do desaparecimento, uma companhia privada de mergulho, após três anos de buscas, conseguiu encontrar os destroços do DC-3, a 126m de profundidade.
Em 2004, o governo sueco criou uma comissão técnica para o resgate e recuperação dos restos do avião e a pesquisa dos vestígios que pudessem revelar o destino dos tripulantes.
Em março de 2004, o DC-3 foi içado do fundo com sucesso e levado para uma base de submarinos desativada da época da Guerra Fria. Foi feito um trabalho cuidadoso para a recuperação dos restos, com a participação de técnicos, investigadores e peritos forenses.
Em 13 de junho de 2004, os oito homens receberam postumamente medalhas de mais alto valor pelo serviço em prol da Suécia.
De 2004 até 2005, os restos de quatro corpos encontrados no avião foram reconhecidos, com exames de DNA: Alvar Almeberg, Gosta Blad, Herbert Matsson e Einar Jonsson. Cinco paraquedas e coletes salva-vidas foram encontrados a bordo, o que corrobora a versão russa de que quatro membros da tripulação não sobreviveram.
Até hoje não se sabe o destino de Bengt Book, Ivar Svensson, Borge Nilsson e Erik Carlsson, além de muitos outros detalhes do DC-3 que ainda permanecem secretos.
Os restos do avião encontram-se no Museu da Força Aérea Sueca.
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Re: Guerra Fria
terra.com.br
Chanceler teria pago à extinta URSS para reunificar Alemanha
01 de outubro de 2011
Durante o período que exerceu o cargo de chanceler alemão, entre 1963 e 1966, o democrata-cristão Ludwig Erhard teria tentado conseguir a reunificação das duas Alemanhas mediante o pagamento de somas milionárias à União Soviética, segundo informou neste sábado a revista Der Spiegel.
A publicação, que cita documentos da CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos) e do Departamento de Estado americano divulgados recentemente, aponta que os EUA foram informados daquele que ficou conhecido como "Plano Erhard", na qualidade de potenciais mediadores.
A soma considerada para o pagamento à URSS que o então chefe da Chancelaria federal, Ludger Westrick, revelou ao embaixador americano em Bonn George McGhee chegava a "US$ 2,5 bilhões ao ano por dez anos".
No entanto, em seus expedientes e protocolos, os diplomatas americanos qualificaram o plano de "imaturo e pouco realista" e não concederam "praticamente nenhuma" perspectiva de sucesso, enquanto McGhee chegou a fazer referência a uma "considerável ingenuidade política".
Quando o chanceler alemão solicitou ao então presidente americano Lyndon B. Johnson em uma conversa privada que apresentasse seu plano a Nikita Kruschev, o chefe da Casa Branca teria respondido apenas que não tinha intenção de se reunir com o dirigente soviético.
Chanceler teria pago à extinta URSS para reunificar Alemanha
01 de outubro de 2011
Durante o período que exerceu o cargo de chanceler alemão, entre 1963 e 1966, o democrata-cristão Ludwig Erhard teria tentado conseguir a reunificação das duas Alemanhas mediante o pagamento de somas milionárias à União Soviética, segundo informou neste sábado a revista Der Spiegel.
A publicação, que cita documentos da CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos) e do Departamento de Estado americano divulgados recentemente, aponta que os EUA foram informados daquele que ficou conhecido como "Plano Erhard", na qualidade de potenciais mediadores.
A soma considerada para o pagamento à URSS que o então chefe da Chancelaria federal, Ludger Westrick, revelou ao embaixador americano em Bonn George McGhee chegava a "US$ 2,5 bilhões ao ano por dez anos".
No entanto, em seus expedientes e protocolos, os diplomatas americanos qualificaram o plano de "imaturo e pouco realista" e não concederam "praticamente nenhuma" perspectiva de sucesso, enquanto McGhee chegou a fazer referência a uma "considerável ingenuidade política".
Quando o chanceler alemão solicitou ao então presidente americano Lyndon B. Johnson em uma conversa privada que apresentasse seu plano a Nikita Kruschev, o chefe da Casa Branca teria respondido apenas que não tinha intenção de se reunir com o dirigente soviético.
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
Re: Guerra Fria
Interessante...
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Mais uma do camarada Koba!
pravda.ru
A primeira proposta séria de reunificação das Alemanhas partiu de quem? Do camarada Koba, aliás, Josef Stalin, imaginem! (Ossip Koba era o nome de guerra do camarada nos tempos de clandestinidade no Partido Comunista). Stalin propunha às potências ocidentais a criação de uma só Alemanha - país que, neste dia 3, celebra os 21 anos de reunificação.
Flávio Aguiar
3 de outubro é a data comemorativa da reunificação das Alemanhas divididas no pós-guerra. Há exatos 21 anos houve essa junção, ou, como muitos dizem, a anexação da Alemanha Oriental pela Ocidental, depois da derrota da União Soviética e a derrocada dos regimes comunistas no leste europeu.
A reunificação, portanto, seria um processo ainda em curso, e que levará anos e gerações. De qualquer modo, 3 de outubro é um dia de festa na Alemanha e particularmente em Berlim, a cidade destruída pela guerra e depois fraturada pelo Muro, esse grande equívoco histórico do regime comunista.
Seja como for, há um dado interessante a ser lembrado. A primeira Alemanha a se constituir legalmente foi a Ocidental. A criação da Alemanha Oriental foi uma reposta a este gesto "separatista", ambas gestadas ainda na década de 40.
A primeira proposta séria de reunificação das Alemanhas partiu de quem? Do camarada Koba, aliás, Josef Stalin, imaginem! (Ossip Koba era o nome de guerra do camarada nos tempos de clandestinidade no Partido Comunista). Foi feita num documento chamado de "Nota de Março", em 1952, através do chanceler Andrei Gromyko. Stain propunha às potências ocidentais a criação de uma só Alemanha, unificada e desmilitarizada.
Ao longo do ano a proposta acabou rejeitada, à luz da doutrina mantida, sobretudo, pelos Estados Unidos a partir de um documento identificado pela sigla NSCR 68 (National Security Council Report 68), de 1950 (ainda ao tempo de Truman como presidente), mas também à luz do medo atávico da França e da Inglaterra de uma Alemanha unida. Também colaborou para a rejeição a avaliação de que uma Alemanha unificada, desmilitarizada e neutra na Guerra Fria que já galopava pelo mundo acabaria sendo inevitavelmente atraída para a órbita soviética.
A proposta de Stalin colocou a política norte-americana diante de um dilema. A primeira face do dilema era a de que ele poderia estar fazendo uma mera jogada para a platéia mundial, e assim encurralar os Estados Unidos num canto do ringue, além de caracteriza-los como "inimigos eternos" da unidade alemã. Stalin propunha uma Alemanha, livre, com liberdade de imprensa, pluripartidarismo (!), eleições livres, liberdade religiosa, etc.
Também propunha que um ano depois da adoção da proposta as potências vencedoras da Segunda Guerra (o Brasil também foi um vencedor da Segunda Guerra, mas não era uma potência...) deveriam retirar seus exércitos do território alemão. Além disso, a Alemanha deveria ter acesso irrestrito ao mercado internacional - e não deveria ter alianças militares.
A segunda face, porém, foi trazida à baila por James Warburg, banqueiro norte-americano nascido na Alemanha, num depoimento perante o senado em Washington, ainda no mês de março, logo após Gromyko ter entregado a famosa nota aos representantes das potências ocidentais. Warburg, que fora conselheiro de Roosevelt (embora se afastasse dele por causa de certas medidas do New Deal...) e era membro do Conselho de Relações Exteriores, afirmou que uma das dúvidas do governo norte-americano era a de que Stalin poderia muito bem não estar blefando ao fazer a proposta.
Isso poderia trazer muito mais incômodo para a posição norte-americana que, na época, à luz do NSCR 68, privilegiava a consolidação das posições militares ao invés da ação diplomática. A principal objeção norte-americana à proposta era a de que uma Alemanha livre deveria ter a liberdade de integrar a OTAN, cuja criação datava de 1949, e fora acelerada a partir de 1950 com a deflagração da Guerra da Coréia.
A proposta também não teve acolhida na Alemanha Ocidental (criada em maio de 1949, meses antes da criação da Alemanha Oriental, que foi uma retaliação), pois a orientação do então chanceler Konrad Adenauer (democrata-cristão) era privilegiar a integração daquela ao Ocidente. Durante 1950 houve uma troca de mensagens cada vez mais irritadas entre a União Soviética e as potências ocidentais, até que finalmente a proposta foi considerada definitivamente fora do jogo.
Noam Chomsky é citado como um dos que considera que Stalin provavelmente não estava blefando com sua proposta. É muito possível que não estivesse mesmo, pois um estado-tampão (como ficou sendo, mal comparando, o Uruguai entre o Brasil e a Argentina no século XIX...) neutro entre a órbita soviética e o ocidente seria melhor do que a permanente linha de confronto entre as duas Alemanhas. Stalin não deixava de ter razão, como muito bem demonstrou a crise de 1961, quando quase eclodiu um confronto armado entre blindados soviéticos e norte-americanos no ponto conhecido como "Checkpoint Charlie", cujas conseqüências seriam terríveis em escala mundial).
Até hoje se debate se a adoção da proposta de Stalin teria sido melhor ou não. Vá se saber! Mais uma do camarada Koba!
Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.
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Mais uma do camarada Koba!
pravda.ru
A primeira proposta séria de reunificação das Alemanhas partiu de quem? Do camarada Koba, aliás, Josef Stalin, imaginem! (Ossip Koba era o nome de guerra do camarada nos tempos de clandestinidade no Partido Comunista). Stalin propunha às potências ocidentais a criação de uma só Alemanha - país que, neste dia 3, celebra os 21 anos de reunificação.
Flávio Aguiar
3 de outubro é a data comemorativa da reunificação das Alemanhas divididas no pós-guerra. Há exatos 21 anos houve essa junção, ou, como muitos dizem, a anexação da Alemanha Oriental pela Ocidental, depois da derrota da União Soviética e a derrocada dos regimes comunistas no leste europeu.
A reunificação, portanto, seria um processo ainda em curso, e que levará anos e gerações. De qualquer modo, 3 de outubro é um dia de festa na Alemanha e particularmente em Berlim, a cidade destruída pela guerra e depois fraturada pelo Muro, esse grande equívoco histórico do regime comunista.
Seja como for, há um dado interessante a ser lembrado. A primeira Alemanha a se constituir legalmente foi a Ocidental. A criação da Alemanha Oriental foi uma reposta a este gesto "separatista", ambas gestadas ainda na década de 40.
A primeira proposta séria de reunificação das Alemanhas partiu de quem? Do camarada Koba, aliás, Josef Stalin, imaginem! (Ossip Koba era o nome de guerra do camarada nos tempos de clandestinidade no Partido Comunista). Foi feita num documento chamado de "Nota de Março", em 1952, através do chanceler Andrei Gromyko. Stain propunha às potências ocidentais a criação de uma só Alemanha, unificada e desmilitarizada.
Ao longo do ano a proposta acabou rejeitada, à luz da doutrina mantida, sobretudo, pelos Estados Unidos a partir de um documento identificado pela sigla NSCR 68 (National Security Council Report 68), de 1950 (ainda ao tempo de Truman como presidente), mas também à luz do medo atávico da França e da Inglaterra de uma Alemanha unida. Também colaborou para a rejeição a avaliação de que uma Alemanha unificada, desmilitarizada e neutra na Guerra Fria que já galopava pelo mundo acabaria sendo inevitavelmente atraída para a órbita soviética.
A proposta de Stalin colocou a política norte-americana diante de um dilema. A primeira face do dilema era a de que ele poderia estar fazendo uma mera jogada para a platéia mundial, e assim encurralar os Estados Unidos num canto do ringue, além de caracteriza-los como "inimigos eternos" da unidade alemã. Stalin propunha uma Alemanha, livre, com liberdade de imprensa, pluripartidarismo (!), eleições livres, liberdade religiosa, etc.
Também propunha que um ano depois da adoção da proposta as potências vencedoras da Segunda Guerra (o Brasil também foi um vencedor da Segunda Guerra, mas não era uma potência...) deveriam retirar seus exércitos do território alemão. Além disso, a Alemanha deveria ter acesso irrestrito ao mercado internacional - e não deveria ter alianças militares.
A segunda face, porém, foi trazida à baila por James Warburg, banqueiro norte-americano nascido na Alemanha, num depoimento perante o senado em Washington, ainda no mês de março, logo após Gromyko ter entregado a famosa nota aos representantes das potências ocidentais. Warburg, que fora conselheiro de Roosevelt (embora se afastasse dele por causa de certas medidas do New Deal...) e era membro do Conselho de Relações Exteriores, afirmou que uma das dúvidas do governo norte-americano era a de que Stalin poderia muito bem não estar blefando ao fazer a proposta.
Isso poderia trazer muito mais incômodo para a posição norte-americana que, na época, à luz do NSCR 68, privilegiava a consolidação das posições militares ao invés da ação diplomática. A principal objeção norte-americana à proposta era a de que uma Alemanha livre deveria ter a liberdade de integrar a OTAN, cuja criação datava de 1949, e fora acelerada a partir de 1950 com a deflagração da Guerra da Coréia.
A proposta também não teve acolhida na Alemanha Ocidental (criada em maio de 1949, meses antes da criação da Alemanha Oriental, que foi uma retaliação), pois a orientação do então chanceler Konrad Adenauer (democrata-cristão) era privilegiar a integração daquela ao Ocidente. Durante 1950 houve uma troca de mensagens cada vez mais irritadas entre a União Soviética e as potências ocidentais, até que finalmente a proposta foi considerada definitivamente fora do jogo.
Noam Chomsky é citado como um dos que considera que Stalin provavelmente não estava blefando com sua proposta. É muito possível que não estivesse mesmo, pois um estado-tampão (como ficou sendo, mal comparando, o Uruguai entre o Brasil e a Argentina no século XIX...) neutro entre a órbita soviética e o ocidente seria melhor do que a permanente linha de confronto entre as duas Alemanhas. Stalin não deixava de ter razão, como muito bem demonstrou a crise de 1961, quando quase eclodiu um confronto armado entre blindados soviéticos e norte-americanos no ponto conhecido como "Checkpoint Charlie", cujas conseqüências seriam terríveis em escala mundial).
Até hoje se debate se a adoção da proposta de Stalin teria sido melhor ou não. Vá se saber! Mais uma do camarada Koba!
Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.
Re: Guerra Fria
Ainda continua...
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FBI divulga documentos sobre rede de espionagem russa
http://www.estadao.com.br/noticias/inte ... 2914,0.htm
Agentes tentavam reunir informações de Washington para serviços de inteligência de Moscou
WASHINGTON - O FBI - a Polícia Federal dos Estados Unidos - divulgou nesta segunda-feira, 31, uma série de fotografias e vídeos que detalham a "Operação Ghost Stories" (Histórias Fantasmas, em tradução livre), uma ação de uma década que acompanhou espiões russos que viveram em território americano e tentaram reunir informações sensíveis sobre Washington.
Um dos vídeos mostra a mais notória das suspeitas, Anna Chapman, se encontrando com um agente secreto num café em Nova York.
Outro vídeo, gravado secretamente em 2004, mostra o suspeito de espionagem Christopher Metsos realizando o que os espiões chamam de "brush pass" numa escadaria coberta de uma estação de trem. Ele e outro homem são vistos trocando sacolas de compras idênticas. O FBI disse que a troca, que demora apenas alguns segundos, foi uma entrega de dinheiro para o espião, recursos que foram divididos com outros espiões da rede.
Chapman fazia parte do grupo de dez espiões russos detidos no ano passado num dos maiores casos de espionagem das últimas décadas. Os suspeitos eram chamados de "ilegais" - um termo para agentes que se infiltram nos países alvos, assumem uma identidade cotidiana local e tentam cultivar relacionamentos e fontes que possam gerar informações valiosas sobre políticas norte-americanas para o país natal, no caso, a Rússia. Agentes do FBI que investigaram as identidades dos espiões concluíram que eles trabalhavam para o Serviço de Inteligência Externa Russa. Metsos deixou o país antes das prisões.
Após as prisões dos espiões em junho de 2010, os suspeitos declararam-se culpados em última instância por conspiração como agentes ilegais da Federação Russa nos Estados Unidos. Numa volta aos acordos da Guerra Fria, eles foram trocados por uma série de espiões ocidentais presos na Rússia.
A maior parte das ações de vigilância dos espiões foi realizada em locações cotidianas em Nova York. Os vídeos e fotografias mostram como os agentes americanos acompanhavam os suspeitos enquanto eles viajavam pelos Estados Unidos.
As imagens e documentos foram divulgados em resposta a um pedido feito com base no Ato de Liberdade de Informação, mas muitos dos documentos sofreram pesada edição. Ao divulgar as imagens, o FBI disse que as provas mostram como outros países estão dispostos a empregar grandes quantidades de dinheiro, materiais e recursos humanos para roubar os segredos americanos. As informações são da Dow Jones.
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FBI divulga documentos sobre rede de espionagem russa
http://www.estadao.com.br/noticias/inte ... 2914,0.htm
Agentes tentavam reunir informações de Washington para serviços de inteligência de Moscou
WASHINGTON - O FBI - a Polícia Federal dos Estados Unidos - divulgou nesta segunda-feira, 31, uma série de fotografias e vídeos que detalham a "Operação Ghost Stories" (Histórias Fantasmas, em tradução livre), uma ação de uma década que acompanhou espiões russos que viveram em território americano e tentaram reunir informações sensíveis sobre Washington.
Um dos vídeos mostra a mais notória das suspeitas, Anna Chapman, se encontrando com um agente secreto num café em Nova York.
Outro vídeo, gravado secretamente em 2004, mostra o suspeito de espionagem Christopher Metsos realizando o que os espiões chamam de "brush pass" numa escadaria coberta de uma estação de trem. Ele e outro homem são vistos trocando sacolas de compras idênticas. O FBI disse que a troca, que demora apenas alguns segundos, foi uma entrega de dinheiro para o espião, recursos que foram divididos com outros espiões da rede.
Chapman fazia parte do grupo de dez espiões russos detidos no ano passado num dos maiores casos de espionagem das últimas décadas. Os suspeitos eram chamados de "ilegais" - um termo para agentes que se infiltram nos países alvos, assumem uma identidade cotidiana local e tentam cultivar relacionamentos e fontes que possam gerar informações valiosas sobre políticas norte-americanas para o país natal, no caso, a Rússia. Agentes do FBI que investigaram as identidades dos espiões concluíram que eles trabalhavam para o Serviço de Inteligência Externa Russa. Metsos deixou o país antes das prisões.
Após as prisões dos espiões em junho de 2010, os suspeitos declararam-se culpados em última instância por conspiração como agentes ilegais da Federação Russa nos Estados Unidos. Numa volta aos acordos da Guerra Fria, eles foram trocados por uma série de espiões ocidentais presos na Rússia.
A maior parte das ações de vigilância dos espiões foi realizada em locações cotidianas em Nova York. Os vídeos e fotografias mostram como os agentes americanos acompanhavam os suspeitos enquanto eles viajavam pelos Estados Unidos.
As imagens e documentos foram divulgados em resposta a um pedido feito com base no Ato de Liberdade de Informação, mas muitos dos documentos sofreram pesada edição. Ao divulgar as imagens, o FBI disse que as provas mostram como outros países estão dispostos a empregar grandes quantidades de dinheiro, materiais e recursos humanos para roubar os segredos americanos. As informações são da Dow Jones.
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Re: Guerra Fria
Abaixo segue uma longa lista (em inglês) de incidentes ocorridos na Guerra Fria envolvendo aeronaves do Ocidente e da então cortina de ferro:
http://www.silent-warriors.com/shootdown_list.html
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Re: Guerra Fria
Aviões espiões (Guerra fria):Wingate escreveu:Abaixo segue uma longa lista (em inglês) de incidentes ocorridos na Guerra Fria envolvendo aeronaves do Ocidente e da então cortina de ferro:
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Re: Guerra Fria
O vídeo tem algumas omissões:
Além do envio do SS-20 para a fronteira ocidental da URSS que havia sido interrompido anteriormente pelos soviéticos, após a implantação dos euromísseis, os soviéticos colocaram mísseis nucleares SS-23 na Alemanha Oriental e na Tchecoslováquia e moveu submarinos mais próximos da costa dos Estados Unidos.
Com relação ao Pershing II(3:08), não ameaçou, mas enviou os mísseis.
No minuto 4:54, a OTAN não pôs apenas IRBMs na Europa, mas GLCMs - BGM-109G Ground Launched Cruise Missile que é um míssil de cruzeiro. O plano era implantar 572 mísseis de médio alcance americanos, mas acho que até 1985, menos da metade disso foi implantado. Reagan planejava implantar 464 mísseis de cruzeiro lançados do solo na Europa(BGM-109G Ground Launched Cruise Missile), a menos que a União Soviética concordasse em desmantelar sua força de mísseis de médio alcance, um plano conhecido como opção zero. Além do GLCM, o USA alegava enviar 108 Pershings para a Europa, alguns para servir como peças de reposição, lembrando que antes do envio, já existiam 108 lançadores mísseis Pershing 1A na Alemanha, e esses caminhões foram modificados para permitir o carregamento com os novos mísseis Pershing II.
5:10 - Na verdade, os soviéticos pensavam que os americanos estavam mascarando os exercícios cobrindo a real intenção de invadir, o problema foi achar que os americanos teriam a mesma doutrina que os soviéticos. Poderia ter levado a um erro de cálculo que inadvertidamente iniciaria uma guerra nuclear entre a URSS e EUA.
A doutrina militar soviética sustentava que um ataque nuclear poderia ser efetivamente obscurecido por jogos de guerra e exercícios militares, e eles pensaram que ocorreria durante o Able Archer 83. Essa incompreensão da doutrina militar adversária poderia ter levado os soviéticos a tomarem atitudes imprudentes e ocasionando o início da guerra nuclear entre americanos e soviéticos. O cenário visualizado pelos soviéticos era de que poderia começar a se desenvolver um período de crise, seguido de uma guerra de teatro convencional, ocasionando uma guerra nuclear de teatro limitado e em seguida ataques nucleares em grande escala. Este é precisamente o cenário nuclear dos exercícios Antumn Forge 83, Reforger 83 e Able Archer 83.
Os americanos por outro lado omitiram as reações soviéticas do exercício militar Able Archer 83 aos seus aliados da OTAN. Relatórios de inteligência permaneceram editadas na estimativa da prontidão soviética à resposta dos exercícios da OTAN, são eles – Antumn Forge 83, Reforger 83 e a conclusão do exercício envolvendo as forças nucleares, o Able Archer 83. O próprio alto comando do exercício Able Archer 83 não se lembrava de qualquer reação incomum dos soviéticos ao exercício da OTAN e isso demonstra que os relatórios de inteligência coletados eram mascarados de modo proposital.
Vale destacar que Andropov continuamente alegava que a administração Reagan poderia estar envolvendo as duas superpotências a um erro de cálculo em que acabaria numa guerra nuclear e chegando a um ponto perigoso que relembra o ano de 1962.
Além disso, o autor esqueceu de mencionar que o Reforger 83 também estava incluído dentro do exercício do Antumn Forge:
Com relação ao Able Archer 83, recomendo:
https://archive.ph/99kz4 https://nsarchive2.gwu.edu/NSAEBB/NSAEBB426/ Parte 1
https://archive.ph/ZpZoM https://nsarchive2.gwu.edu/NSAEBB/NSAEBB427/ Parte 2
https://archive.ph/dhjB9 https://nsarchive2.gwu.edu/NSAEBB/NSAEBB428/ Parte 3
A situação em 1983 era realmente tensa. Aliás, antes do Antumn Forge ocorreu o MITO:
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Re: Guerra Fria
Um ponto importante. Essas são algumas das graves informações que faltam, ao início dos anos 80 que poderia ter levado a decisões suicidas:
1) As autoridades militares dos EUA tinham informações muito escassas, se houver, sobre as reais capacidades e conceito de operação da nova série de elementos do RORSAT, Upravlyaemyi Sputnik - Aktivny (EUA -A) [satélites Kosmos-1176, Kosmos 1249 e subsequentes] e EORSAT Upravlyaemyi Sputnik - Passivny (US-P) [satélites Kosmos 1220, Kosmos 1260 e subsequentes] colocado em órbita apenas naqueles anos.
2) O Comando da OTAN, por causa do que foi descrito no ponto um e de parâmetros distorcidos nas armas montadas em navios/submarinos soviéticos e camadas "adormecidas" das novas minas marítimas de fundo ativas penetradas no dossiê ocidental, praticamente não tinha pistas sobre o real tempo médio de designação e alcance de engajamento de unidades aliadas por parte dos elementos ar/mar/submarino do Pacto de Varsóvia e.... da Força de Mísseis Terrestres.
3) As autoridades militares dos EUA não tinham ideia do departamento de exposição e extensão do comprometimento de dados-chave da Marinha da OTAN por parte da rede de espionagem de Walker/Withworth (ironicamente John Lehman foi forçado a admitir alguns anos depois disso naqueles anos que a URSS estava ciente da posição dos submarinos e navios da OTAN praticamente o tempo todo), por exemplo, o Estado-maior da URSS acompanhou em tempo real o desembarque anfíbio britânico nas Malvinas.