JAS-39 Gripen

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

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Carlos Mathias

Re: JAS-39 Gripen

#9916 Mensagem por Carlos Mathias » Seg Mai 31, 2010 7:41 pm

Super cruise não sei, mas mais econômica e mais potente, melhorando o desempenho do avião, talvez sim.




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Re: JAS-39 Gripen

#9917 Mensagem por Penguin » Seg Mai 31, 2010 7:46 pm

Carlos Mathias escreveu:Pergunte para a MB, que incluiu as ToTs referentes no pacote.
Vai ver os amrinheiros esqueceram, são tão bobinhos, né? :roll:
Os marinehiros são bons em negociar ToTs com múltiplos fornecedores em um mesmo vetor, mas para a FAB é coisa do outro mundo....sei. :roll:




Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
Carlos Mathias

Re: JAS-39 Gripen

#9918 Mensagem por Carlos Mathias » Seg Mai 31, 2010 8:04 pm

Nos subs, por exemplo, poderias citar quais destes fornecedores múltiplos são ITAR free, ou quais negaram as ToTs pedidas?




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Re: JAS-39 Gripen

#9919 Mensagem por Penguin » Seg Mai 31, 2010 8:16 pm

Carlos Mathias escreveu:Nos subs, por exemplo, poderias citar quais destes fornecedores múltiplos são ITAR free, ou quais negaram as ToTs pedidas?
De acordo ducumentos divulgados pela MB, as ToT englobaria 20% do Scorpene.
ITAR é um processo. Não é alcatrão e nem nicotina.

[]s
Comandante da Marinha: "A importância da construção do submarino de propulsão nuclear brasileiro"


A grandeza e a abrangência dessa construção obrigam que sua análise seja desdobrada segundo, pelo menos, três vertentes principais: a estratégica, que estabelece sua razão de ser; a tecnológica, que significa uma mudança de patamar para o Brasil; e sua contribuição para o desenvolvimento de uma indústria nacional de defesa, que levará o País à auto-suficiência no projeto e na fabricação do seu próprio material militar.


I. ASPECTOS ESTRATÉGICOS

No contexto da guerra naval, o submarino é o meio que, dentre todos, apresenta a melhor razão custo / benefício. Sua vantagem determinante resulta da capacidade de ocultação, o que, em termos bélicos, significa surpresa, um dos grandes fatores de força em qualquer confronto. Radares nada detectam abaixo d’água e, das formas conhecidas de energia, a única que consegue se propagar significativamente na massa líquida é a energia acústica. Assim, somente as ondas sonoras emitidas por sonares podem, em tese, permitir a detecção do submarino. Entretanto, por força das próprias leis da física, a propagação acústica, no mar, não se dá em linha reta, mas segundo determinados padrões, em função de parâmetros mensuráveis, gerando grandes “zonas de sombra”, onde o som não penetra com intensidade apreciável. A diligente exploração do fenômeno permite ao submarino confundir-se com o meio ambiente em que opera, preservando a ocultação e desequilibrando a contenda a seu favor, de tal sorte que é necessário um conjunto de meios navais de superfície e aeronavais para se contrapor, com alguma chance, a um único submarino.

É por causa dessa superioridade intrínseca, resultante da capacidade de ocultação, que o submarino se tornou, historicamente, a arma de quem tinha que enfrentar um oponente que dominava os mares, como bem exemplifica a opção alemã, em duas guerras mundiais, e a da União Soviética, durante a Guerra Fria. Releva notar, no entanto, que, se por um lado, o submarino pode neutralizar forças navais muito superiores, não pode substituí-las em seus respectivos misteres.

Submarinos convencionais e submarinos nucleares
Quando se fala em submarinos, há que separá-los em duas grandes categorias: a dos convencionais e a dos nucleares.

Para os convencionais, a fonte de energia é o óleo diesel, combustível que faz funcionar os conjuntos de motores diesel e geradores elétricos. A energia por eles gerada é, então, armazenada em grandes baterias, que, no total, pesam 250 toneladas. Além de atender a todas as demandas da vida a bordo, essa energia é aplicada em um Motor Elétrico de Propulsão, garantindo o deslocamento do submarino.

No caso dos convencionais, a capacidade de ocultação tem que ser periodicamente quebrada, uma vez que necessitam, a intervalos, recarregar suas baterias. Para tanto, devem se posicionar próximo à superfície do mar e, por meio de equipamento especial, denominado esnorquel, aspirar o ar atmosférico, para permitir o funcionamento dos motores diesel e a renovação do ar ambiente. Nessas horas, em função das partes expostas acima d’água, tornam-se vulneráveis, podendo ser detectados por radares de aeronaves ou navios. Para limitar tal exposição, devem economizar energia ao máximo, o que lhes limita a mobilidade. Por isso, são empregados segundo uma estratégia de posição, isto é, são posicionados em uma área limitada, onde permanecem em patrulha, a baixa velocidade. Em razão disso e graças a suas reduzidas dimensões, que lhes permitem manobrar em águas muito rasas, são normalmente empregados em áreas litorâneas. A dependência do ar atmosférico e a baixa mobilidade são as grandes limitações dos submarinos convencionais.

Para os nucleares, a fonte de energia é um reator nuclear, cujo calor gerado vaporiza água, possibilitando o emprego desse vapor em turbinas. Dependendo do arranjo peculiar de cada submarino, as turbinas podem acionar geradores elétricos ou o próprio eixo propulsor. Naturalmente, em qualquer caso, produzem toda a energia necessária à vida a bordo.

Diferentemente dos submarinos convencionais, os nucleares dispõem de elevada mobilidade. São fundamentais para a defesa distante das águas oceânicas (águas profundas). Por possuírem fonte virtualmente inesgotável de energia e poderem desenvolver altas velocidades, por tempo ilimitado, cobrindo rapidamente áreas geográficas consideráveis, são empregados segundo uma estratégia de movimento. Em face dessas características, podem chegar a qualquer lugar em pouco tempo, o que, na equação do oponente, significa poder estar em todos os lugares ao mesmo tempo. O submarino nuclear é simplesmente o “senhor dos mares”.

- Submarinos na estratégia naval brasileira
Logo cedo, a Marinha do Brasil (MB) entendeu a importância desses meios, tanto que possui submersíveis em seu inventário desde 1914, o que coloca nossa Força de Submarinos entre as mais antigas do mundo. Ao longo dos primeiros 75 anos, nossas unidades eram construídas em outros países: inicialmente, na Itália, do princípio até os anos 1950, quando passamos a operar submarinos americanos. A partir da década de 1970, tendo os Estados Unidos descontinuado a produção de convencionais, passamos a adquiri-los da Grã-Bretanha; e, desde o final dos anos 1980, operamos submarinos de modelo alemão, um deles, fabricado na Alemanha e quatro, no Brasil.

Considerando a vastidão do Atlântico Sul, natural teatro de nossas operações navais e a magnitude de nossos interesses no mar, a Marinha constatou, desde logo, que, no que tangia a submarinos, a posse de convencionais não era o bastante. Para o cumprimento de sua missão constitucional de defender a soberania, a integridade territorial e os interesses marítimos do País, tornava-se mister dispor, também, de submarinos nucleares. Aqueles, em face de suas peculiaridades, para emprego preponderante em áreas litorâneas, em zonas de patrulha limitadas. Estes, graças à excepcional mobilidade, para a garantia da defesa avançada da fronteira marítima mais distante.

Em face da necessidade estratégica, por um lado e, por outro, do “apartheid” tecnológico que sempre negou a países periféricos o desenvolvimento das tecnologias associadas ao domínio do átomo, a MB decidiu desenvolver, de maneira autóctone, a tecnologia de construção de submarinos nucleares.

Assim, desde o final da década de 1970, conduz, nas dependências de seu Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo, um programa de desenvolvimento de tecnologia nuclear, visando, por um lado, o domínio do ciclo do combustível nuclear, que logrou êxito em 1982; por outro, a construção de um protótipo de reator nuclear capaz de gerar energia para fazer funcionar a planta de propulsão de um submarino nuclear, o que ainda não está pronto, com operação prevista para 2013.

Paralelamente, para capacitar-se a construir submarinos, na mesma época cuidou de obter, na Alemanha, a transferência de tecnologia de construção de submarinos, empregando, para tanto, o projeto do submarino IKL-209, à época o modelo mais vendido no mundo. Foram, assim, construídos um submersível nos estaleiros da HDW, em Kiel, e quatro deles no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), colocando a MB no limitado rol dos países construtores desses engenhos.

Não obstante ter logrado êxito na construção, falta à Marinha a capacidade de desenvolver projetos de submarinos. O caminho seguido pelas potências que produzem submarinos nucleares foi o de, a partir do pleno domínio do projeto de convencionais, evoluir, por etapas, para um submarino nuclear, cujos requisitos, em termos de tecnologia e controle de qualidade, superam em muito aqueles de um convencional. Assim, o caminho natural para o Brasil seria, da mesma forma, o de desenvolver sucessivos protótipos, até que se chegasse a um projeto adequado, para abrigar uma planta nuclear. Como não se dispõe do tempo nem dos recursos necessários para tanto, a solução delineada pela MB, no intuito de, com segurança, saltar etapas, foi a de buscar parcerias estratégicas com países detentores de tais tecnologias e que estivessem dispostos a transferi-las. No nosso caso, tendo em vista o processo evolutivo indispensável, a parceria teria que ser buscada junto a países que produzissem, simultaneamente, submarinos convencionais e nucleares. Depois de longo e acurado processo de escolha, a França foi o país selecionado.

O significado da posse do submarino nuclear
Desde a divulgação das notícias referentes ao petróleo existente no pré-sal, é comum que se pergunte se tais descobertas influíram na retomada do investimento no submarino nuclear.

Ora, releva notar que, desde o início, o programa jamais foi interrompido pela Marinha. Mesmo entre os anos de 1994 a 2006, quando se constatou a insuficiência de recursos de outras fontes governamentais, a MB cuidou de mantê-lo vivo, ainda que em estado quase vegetativo, com o sacrifício exclusivo do orçamento da Força. Se tivesse sido descontinuado, o custo da retomada seria simplesmente impagável. A mudança havida, a partir de 2007, foi o aporte de mais recursos governamentais, fruto de nova visão política da atual administração de mais alto nível do País.

Mesmo assim, a mencionada alteração no “status quo” é anterior à revelação das descobertas do pré-sal que, no entanto, só fazem enfatizar, ainda mais, sua necessidade. Mais de 90% do nosso petróleo – dois milhões de barris por dia – são extraídos do mar. Da mesma forma, mais de 95% do nosso comércio exterior – cerca de US$ 300 bilhões, entre exportações e importações – são transportados por via marítima. Também, as nossas águas jurisdicionais, que costumamos chamar de Amazônia Azul, contém, na imensidão da massa líquida e do vasto território submerso, de milhões de quilômetros quadrados, riquezas biológicas e minerais, largamente ameaçadas pelas exploração predatória e cobiça internacional.

Como se vê, os interesses marítimos do Brasil são de tal magnitude, que exigem ficar confiados à proteção da Marinha . A falta de meios de defesa, para tanta riqueza, pode acabar se constituindo em convite a determinadas ações lesivas à soberania nacional. Daí, a necessidade de uma Força Naval capaz de desencorajá-las.

No caso do submarino nuclear, é evidente que sua ação específica não deverá ser a de permanecer como “sentinela” ao redor dos campos, como eventualmente se especula. Na verdade, o relevante não é nem o que ele vai fazer, mas o que pode fazer. E pode tanto, que sua simples existência é suficiente para produzir boa parte dos efeitos desejados com sua posse. Como dito, nossa Zona Econômica Exclusiva cobre cerca de 4,4 milhões de quilômetros quadrados. É para estar, a tempo e a hora, presente em qualquer ponto dessa vastidão oceânica, que se necessita de um submarino nuclear. Mais ainda, os interesses do Brasil, no mar, não terminam nos limites da Amazônia Azul. Eles se estendem a qualquer lugar onde um navio navegue sob nossa bandeira, cuja proteção é dever inalienável do Estado Brasileiro.

Essa, a importância estratégica da construção do submarino nuclear.

II. O SALTO TECNOLÓGICO

Um dos aspectos mais notáveis do programa de construção do submarino de propulsão nuclear diz respeito ao salto tecnológico a ser vivido pelo País, em função da transferência de tecnologia, que garantirá ao Brasil a capacidade de desenvolver e construir seus próprios projetos no futuro.

Para facilidade de entendimento, o projeto, em linhas gerais, seguirá o seguinte esquema básico:

1) Transferência de Tecnologia de Projeto de Submarinos

a) Ao entrar em eficácia o contrato, serão enviados, para a França, alguns projetistas navais brasileiros que, juntamente com os franceses, ao longo de um ano, introduzirão ajustes no projeto do submarino convencional brasileiro (S-BR) (versão nacional do modelo “Scorpène” francês), para que este venha a atender determinados requisitos operacionais da MB, relativamente a maior autonomia e a maiores intervalos entre os períodos de manutenção. Isso tornará suas características mais compatíveis com as vastidões do Atlântico Sul;

b) A partir de seis meses depois da data de eficácia do contrato, serão enviados à França outros engenheiros navais brasileiros, que farão cursos de 18 meses de projeto, culminando com um trabalho constituído de um projeto real de submarino convencional, depois de retornarem ao Brasil;

c) Um pequeno grupo de engenheiros fará estágios de três anos na Empresa “Thales”, fabricante do sistema de combate do submarino (sonares, direção de tiro, etc ), onde receberão toda a tecnologia necessária ao desenvolvimento e manutenção do sistema;

d) Da mesma forma, teremos engenheiros que permanecerão dois anos na fábrica de torpedos, para absorção de tecnologia de projeto; e

e) Depois do retorno do segundo grupo (alínea b), engenheiros e técnicos franceses permanecerão no Brasil por cinco anos, participando do desenvolvimento do projeto do primeiro submarino nuclear brasileiro. Observação: a parte referente ao reator nuclear e seu compartimento será de responsabilidade do Brasil.

2) Transferência de Tecnologia de Construção de Submarinos

a) O submarino é construído em 4 seções. A primeira seção do primeiro submarino será construída no estaleiro de Cherbourg, na França, com a participação da equipe de construção de submarinos do AMRJ, que absorverá os métodos, normas e processos franceses de construção, algo diferente do sistema alemão, a que já estão acostumados;

b) De volta ao Brasil, esse grupo constituirá o núcleo de transferência de tecnologia para a Sociedade de Propósito Específico (SPE), que será constituída para operar o novo estaleiro para a fabricação dos novos submarinos; e

c) Depois dessa fase, o grupo atuará, pela MB, como fiscais das obras e garantidores do controle de qualidade.

3) Transferência de Tecnologia Mediante a Nacionalização

a) Cerca de 20 por cento de todo o material a ser empregado nos submarinos serão produzidos no Brasil, inclusive sistemas complexos. São cerca de 36.000 itens a serem fabricados aqui;

b) No curso das negociações, ficou acertado que tudo o que pudesse ser produzido no Brasil, a custo equivalente ou inferior ao da França, seria fabricado aqui. Caso o produto já fosse comercializado, seria simplesmente adquirido e incorporado ao conjunto de materiais. Caso contrário, a tecnologia de produção seria transferida à empresa selecionada, que, então, o fabricaria; e

c) Nesse processo, desde o início, a MB adotou a postura de não indicar qualquer empresa. Caberia aos franceses selecioná-las, de acordo com critérios próprios, qualificá-las e homologá-las. A MB não privilegiaria ou rejeitaria qualquer empresa, evitando intermináveis controvérsias futuras. De outra forma, caberia abrir uma licitação pública, para o processo seletivo que, no mínimo, demoraria demasiado, dada a quantidade de recursos e embargos legalmente possíveis de ser interpostos por empresas desqualificadas ou perdedoras.

O resultado foi tão bom que, de um universo inicial de mais de duzentas empresas, a França já selecionou e está negociando com mais de trinta, e há outras dezenas de candidatas.

Em linhas bastante gerais, esse será o processo de transferência de tecnologia. Entretanto, o que vai aqui descrito em poucas linhas, ocupa mais de 300 páginas de um anexo específico do contrato firmado entre as partes.

III. O DESENVOLVIMENTO DE UMA INDÚSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Em todos os países desenvolvidos, existe uma indústria de defesa, responsável pelo desenvolvimento e construção do material bélico, atendendo aos requisitos estabelecidos pelos Ministérios da Defesa e Estados-Maiores das respectivas Forças Armadas. As próprias Forças desenvolvem, em alguns casos, protótipos daquilo que desejam, mas a produção cabe sempre à indústria.

Países que não possuem tal parque industrial específico, veem-se na contingência de importar material fabricado por outros, segundo especificações que poderão atender no todo ou em parte suas necessidades e, em lugar do custo, pagarão o preço, muitas vezes, político, do produto.

O Brasil vive uma situação intermediária, segundo a qual adquire meios usados, em compras de oportunidade, ou constrói meios novos, mediante aquisição do direito de uso do projeto, como aconteceu no Arsenal da Marinha no Rio de Janeiro (AMRJ), no caso das Fragatas Classe Niterói (modelo Vosper MK-10, britânico) e dos Submarinos Classe Tupi e Tikuna (modelo IKL-209, alemão).

No caso dos novos submarinos, inclusive nucleares, em lugar da construção se dar no AMRJ, ocorrerá em um novo estaleiro dedicado, atendendo a todos os requisitos ambientais e de controle de qualidade para a construção de um submarino nuclear, como é prática entre os poucos países que os fabricam. A operação desse estaleiro ficará a cargo de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), formada pelo Consórcio Construtor, isto é, as Empresas “Direction des Constructions Navales Services” (DCNS) e ODEBRECHT (parceira selecionada pela DCNS) e o Governo Federal, representado pela Marinha, que possuirá uma ação, no valor simbólico de 1% que, no entanto, constituirá uma “Golden Share”, conferindo-lhe o poder de veto sobre eventuais decisões com as quais não esteja de acordo. Ficam, então, criadas as condições necessárias para o desenvolvimento de uma indústria nacional de defesa, particularmente com o elevado e crescente índice de nacionalização pretendido.

IV. CONCLUSÃO

Não há dúvida de que, como País, o Brasil está no limiar de uma nova era.

Durante a Guerra Fria, com sua característica bipolaridade, a importância estratégica de um país periférico estava diretamente associada às possíveis consequências de sua adesão ao outro bloco, o que só teria real significado em função de sua localização geográfica em áreas estratégicas ou da disponibilidade de determinadas matérias-primas. Não era o caso do Brasil que, durante a segunda metade do século XX, encontrava-se fora do eixo estratégico do mundo. Na década que se seguiu à bipolaridade, houve um período de transformações, indefinições, globalização, que pouco alteraram a nossa situação.

Entretanto, neste início de século XXI, inaugurado com o ataque às torres do World Trade Center e com a presente crise financeira internacional, cujos desdobramentos ainda não estão suficientemente claros, parece haver uma mudança no eixo estratégico do mundo, de modo a envolver mais profundamente o Brasil. Ainda que, ao final dessa crise, reste apenas uma superpotência militar, os Estados Unidos da América (EUA) como de resto, parece certo, em outras dimensões deverá haver alguma redistribuição de poder, particularmente na área financeira, com a entrada em cena de atores que ganharam peso e passaram a influenciar a economia, as finanças e o comércio mundiais, como o Brasil, a Rússia, a Índia, a China (conhecidos como BRIC) e a Coréia do Sul, por exemplo. Com isso, o Brasil adquire maior importância, deslocando-se da periferia para mais próximo do centro.

Há outros fatores, relacionados à escassez de determinadas matérias-primas e produtos, que parecem acentuar ainda mais essa força gravitacional que nos arrasta para o centro, posto que, em larga medida, as soluções envolvem significativamente o Brasil.

A primeira delas é a água doce, que vem se tornando um dos bens mais escassos do mundo, com reflexos na produção de alimentos e ensejando conflitos entre nações. Em determinadas áreas, como o Oriente Médio e a África, já é motivo de contendas. Enquanto isso, o Brasil concentra, em rios, em torno de 12% da água doce do mundo (sem contar lençóis freáticos), além de abrigar o maior rio em extensão e volume do planeta, o Amazonas.

Diretamente ligado ao problema da água, há a questão da escassez de alimentos. Ora, mais de 90% do território brasileiro recebe chuvas abundantes, durante o ano, e as condições climáticas e geológicas propiciam a formação de uma extensa e densa rede de rios, o que, associado à abundância do sol tropical, contribui para uma agricultura de produção em grande escala, realmente capaz de tornar o Brasil um dos grandes produtores mundiais.

Outra crise que já se faz aguda é a energética. A despeito da momentânea queda do preço do petróleo, sua escassez, em breve, deverá restabelecer o quadro anterior ao atual. Durante o século XX, fomos importadores, com graves consequências em nossa balança de pagamentos e da economia nacional. Hoje, além de vivermos relativa auto-suficiência, criamos uma nova realidade no cômputo das reservas mundiais, com o descobrimento do óleo existente no pré-sal.

Ainda no contexto energético, de uns anos para cá, a energia nuclear passou a ser considerada “uma forma de energia limpa”, por não contribuir para o efeito estufa. E o Brasil possui consideráveis reservas de urânio e domina o seu processo de enriquecimento.

Como se não bastasse, somos detentores de tecnologia de ponta, temos solo, clima e sol em abundância, para a produção de biocombustíveis.

Finalmente, mas não por último, temos a Amazônia, permanentemente em foco, quer por sua biodiversidade, quer por sua influência sobre o clima mundial e, sobre a qual, a soberania brasileira não aceita contestações e que representa um enorme compromisso nacional em preservá-la, coibindo qualquer devastação.

Como se observa, o Brasil periférico da segunda metade do século XX não existe mais. O Brasil do século XXI ocupa uma posição mais próxima dos pólos estratégicos do mundo, o que significa que, cada vez mais, independentemente de sua vontade, ver-se-á, com alguma frequência, envolvido por turbulências mundiais.

Em face disso, será indispensável dispor de meios suficientes, capazes de tornar a via diplomática mais atraente, para a solução de controvérsias, do que o caminho da pressão inaceitável, da ameaça ou da imposição.

Nesse particular, a posse de submarinos nucleares é apenas um primeiro passo. O dimensionamento das Forças Armadas não poderá ficar em descompasso com a grandeza e o significado econômico do País no concerto das nações, sob pena de privarmos as gerações futuras de um porvir à altura da História da Nação.

Em resumo, essa análise apresenta, na visão da Marinha, a importância da construção do submarino de propulsão nuclear brasileiro.

Almirante-de-Esquadra Julio Soares de Moura Neto
Comandante da Marinha do Brasil




Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
Carlos Mathias

Re: JAS-39 Gripen

#9920 Mensagem por Carlos Mathias » Seg Mai 31, 2010 9:02 pm

USAntiago, você caiu num latão de vaselina? :lol:
ITAR é um processo. Não é alcatrão e nem nicotina.
E agora eu vou rir da sua piada: Aaaaaaaaah há, há, há...
De acordo ducumentos divulgados pela MB, as ToT englobaria 20% do Scorpene.
Ahã...
Então o Brasil vai construir submarinos aqui apenas com 20% de partes nacionais, todos eles, é isso USAntiago?

Vamos ler algumas coisas que você não destacou, mas eu vou destacar prá você:
Um dos aspectos mais notáveis do programa de construção do submarino de propulsão nuclear diz respeito ao salto tecnológico a ser vivido pelo País, em função da transferência de tecnologia, que garantirá ao Brasil a capacidade de desenvolver e construir seus próprios projetos no futuro.
Como isso é possível dominando apenas 20% do submarino ?
A MB é mentirosa então USAntiago?
c) Um pequeno grupo de engenheiros fará estágios de três anos na Empresa “Thales”, fabricante do sistema de combate do submarino (sonares, direção de tiro, etc ), onde receberão toda a tecnologia necessária ao desenvolvimento e manutenção do sistema;
Será que "toda a tecnologia necessária ao desenvolvimento e manutenção do sistema" estão inclusos nestes míseros 20%, USAntiago?
d) Da mesma forma, teremos engenheiros que permanecerão dois anos na fábrica de torpedos, para absorção de tecnologia de projeto; e
Bem diferente da papagaiada do TP-2000.
b) No curso das negociações, ficou acertado que tudo o que pudesse ser produzido no Brasil, a custo equivalente ou inferior ao da França, seria fabricado aqui. Caso o produto já fosse comercializado, seria simplesmente adquirido e incorporado ao conjunto de materiais. Caso contrário, a tecnologia de produção seria transferida à empresa selecionada, que, então, o fabricaria; e
Isso lembra nacionalização progressiva?

Acho que você deveria debater isso com mais profundidade com o Marino, já que sacaste este recorte com tamanha presteza, deves estar muito por dentro do assunto.

Projeto de submarinos (SSN incluso), torpedos ... Tudo isso dentro de 20%.

Ahã... Ahã...




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Re: JAS-39 Gripen

#9921 Mensagem por Marino » Ter Jun 01, 2010 8:55 am

Santiago, vc está distorcendo o que o Comte da MB escreveu.
A ToT será completa, em todos os setores.
O que ocorre é que AGORA, a capacidade da indústria nacional é de fabricar cerca de 20% do submarino, os citados 36.000 ítens. Este índice irá crescendo de acordo com a ToT, em todos os setores, sejam sensores, sejam armamentos, seja projeto, inclusive da seção de vante, etc, e serão fabricados no Brasil caso seu preço seja inferior ao fabricado na França, como pode ser lido logo a seguir do trecho destacado por vc em seu post.
Engenheiros de projeto já estão na França, os 130 que lemos em outra reportagem, outros vão para as fábricas de torpedos, fábricas de de sensores, etc, e estarão em todoas as instalações da DCNS ou da Marinha francesa.
Parece que vc ainda não entendeu que os submarinos serão PROJETADOS E PRODUZIDOS aqui no Brasil, em Itaguaí, por engenheiros, técnicos e operários brasileiros.




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Re: JAS-39 Gripen

#9922 Mensagem por Marino » Ter Jun 01, 2010 9:03 am

Outra coisa interessante é pensarmos que tudo o que foi acordado foi descrito, ou pode ser descrito, em um artigo.
Mas vale prestar atenção neste trecho do texto do Comte da MB:
Em linhas bastante gerais, esse será o processo de transferência de tecnologia. Entretanto, o que vai aqui descrito em poucas linhas, ocupa mais de 300 páginas de um anexo específico do contrato firmado entre as partes.




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Re: JAS-39 Gripen

#9923 Mensagem por Carlos Mathias » Ter Jun 01, 2010 11:33 am

Como eu disse, o USAntiago quer colocar todos os fornecederores na mesma coleira dos EUA. :roll:
Pode ser assim com o Gripen-NNGBRI, por exemplo, mas a MB escolheu um fornecedor livre.
Acho que os casos TP-2000 e dos subs alemães foram marcos nas ações desse tipo.

É como disse o cmte da MB, onde houver possibilidade de se procurar um fornecedor LC (Livre de Coleira), vai-se atrás.




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Re: JAS-39 Gripen

#9924 Mensagem por Mapinguari » Sex Jun 04, 2010 12:34 am

Thor escreveu:
Mapinguari escreveu: Lembrando apenas que a F414 é resultado de cooperação entre a Volvo Flygmotor e a G&E. As duas empresas trabalharam no desenvolvimento da F414. O relacionamento teve início com a produção sob licença, pela Volvo, da G&E F404, que equipa o Gripen. As modificações suecas no motor interessaram à G&E, que assinou o MOU com a Volvo em 2000, para a participação desta no programa da F414, fabricando diversos componentes.

http://www.volvoaero.com/volvoaero/glob ... /f414.aspx
Poderiamos instalar uma dessas ai no A-1, aí teríamos um avião com capacidade super-cruise. :roll:
Não é o F-18 que possui duas destas aí, mas não tem supercruise??
Abraços
Existe uma versão da F404 sem pós-combustor, que é a que foi adotada na modernização dos A-4 Skyhawk de Singapura, acho eu. Essa é que eu acho que poderia ser adotada nos A-1 da FAB, mas somente caso o F-X2 fosse Super Hornet ou Gripen NG. Mas é claro que a modernização dos A-1 sairia muito mais cara, se fosse também mudado o motor. Por isso, não sei se valeria a pena.




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Re: JAS-39 Gripen

#9925 Mensagem por Penguin » Sáb Jun 12, 2010 6:45 pm

Tudo o que você gostaria de saber (ou não) sobre o Gripen NG
12 de junho de 2010, em Indústria Aeroespacial, Sistemas de Armas, Tecnologia, por Alexandre Galante

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O Poder Aéreo disponibiliza em primeira mão aos leitores os slides da apresentação sobre o Programa do Gripen NG feita hoje aqui na Suécia.

Acabei de chegar ao Hotel e fiz o upload para que os leitores tenham acesso ao material que vai tirar todas as dúvidas com relação ao Gripen NG, caça favorito da Força Aérea Brasileira para o F-X2.

Quem chamou até agora o Gripen de “gambiarra”, “avião que não existe”, “tem perna curta” etc, vai ter seus argumentos destruídos pela apresentação.

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Pontos de destaque da Palestra:

As tecnologias desenvolvidas para o NG poderão ser aplicadas às versões C/D caso os clientes queiram;
O NG está servindo para desenvolver tecnologias para os aviões já existentes e para a versão E/F;
O custo da hora de voo do Gripen na Suécia é de cerca de US$ 3.000,00. A hora de voo do NG está estimada abaixo de US$ 5.000;
A performance do NG está melhor do que prevista;
A Suécia não tem pressa de adquirir o NG, porque a Força Aérea pode operar os atuais até 2015/2017. Mas a Suécia assumiu o compromisso de encomendar logo seus NG caso a Índia e o Brasil comprem o avião;
A Suécia pretende operar o Gripen até 2040;
O Sea Gripen será desenvolvido caso o Brasil e a Índia encomendem;
A Força Aérea Sueca migrará para o NG de qualquer jeito, por causa do fechamento da maioria de suas bases da época da Guerra Fria. Os atuais Gripen também têm pernas curtas para as 3 bases atuais;
A Saab pode colocar outro motor no NG caso o cliente queira;
Mas o cliente pode comprar adiantado peças para o F414 para “X” anos, para evitar “embargos”;


Imagem

Link para o artigo e apresentação: http://www.aereo.jor.br/2010/06/12/tudo ... gripen-ng/




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Re: JAS-39 Gripen

#9926 Mensagem por Túlio » Sáb Jun 12, 2010 7:24 pm

Senhores, algumas considerações:


:arrow: Sobre o painel apresentando o Gripen: achei muito legal, o que complicou foi a volta dessa charla de Sea Gripen, aqui desmentida já faz tempo. De resto, parece mesmo um baita caça...

:arrow: Sobre as miraculosas ToTs Francesas, ninguém ainda explicou direito a charla da não-integração dos AM-39 nos Caracóis...

:arrow: Eu não estou querendo torpedear nada, só ENTENDER, tri? :D




“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

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Re: JAS-39 Gripen

#9927 Mensagem por brisa » Sáb Jun 12, 2010 7:35 pm

Neste segundo item aí Tulio, sera que o Prick conseguiria enrocar....digo explicar??? :mrgreen:




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Re: JAS-39 Gripen

#9928 Mensagem por Penguin » Seg Jun 14, 2010 11:22 am

New Gripen Firms Up
Posted by Bill Sweetman at 6/14/2010 1:05 AM CDT
According to Saab executives, the decision to go ahead with the Gripen Next Generation has already been taken by the Swedish government.

If Saab wins one or more of the upcoming fighter competitions - with Brazil and Switzerland among those closest to a decision date - it will affect the timing of Sweden's own deployment of the Gripen NG, already identified by the Swedish military as the JAS 39E/F. But the decision to acquire the fighter has already been taken, according to head of Gripen marketing and campaigns Hans Rosen.

"Sweden has committed itself to using the Gripen beyond 2040," Rosen said at Malmen air base on Saturday. "The question is when to acquire the Gripen NG, and how many." The basic program calls for the new variant to enter service in 2017-18, but Sweden has told export customers that it will adjust its schedule so that Sweden deploys the JAS 39E/F before they do.

Rosen's comments on the future of the Gripen in Sweden echoed remarks made by defense minister Sten Tolgfors at a top-level air power conference held at Malmen on Friday. Tolgfors noted that the modernization of the Gripen force is proceeding according to plan, with the conversion of a final batch of 31 JAS 39A models to 39C standard, leaving the air force with a smaller force of 100 fighters. The next step will see all these aircraft modernized to a common configuration known as Materiel Standard 20, already under contract.

The MS 21 configuration is being defined - but it is now clear that MS 21 is in fact the NG, with the new General Electric F414G engine, modified airframe, Selex Galileo active electronically scanned array radar and new core avionics. It is understood that development is being quietly funded by the Swedish government.

The Demo prototype had completed 152 flight test sorties as of Saturday, Rosen said, and completed a successful demonstration in India in May (the company previously performed demonstrations with the C/D version in India) including a successful landing and restart at the Leh airfield in Kashmir, 10,800 feet above sea level. It is currently testing new external stores and will then enter a lay-up period for avionics updates.
http://www.aviationweek.com/aw/blogs/de ... 12038c0ab4




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Re: JAS-39 Gripen

#9929 Mensagem por ninjanki » Seg Jun 14, 2010 12:19 pm

Bom, essa notícia da Suécia se comprometer a comprar o NG já melhora a posição, ainda que saibamos que é um comprometimento meia-boca.(parcialmente condicionado à compra por outros países)




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Re: JAS-39 Gripen

#9930 Mensagem por Penguin » Seg Jun 14, 2010 12:39 pm

ninjanki escreveu:Bom, essa notícia da Suécia se comprometer a comprar o NG já melhora a posição, ainda que saibamos que é um comprometimento meia-boca.(parcialmente condicionado à compra por outros países)
A compra por outro país pode apressar a adação pela Suécia, mas o que está sendo dito é que a nova versão será sim incorporada, ao contrário do que muitos afirmam. E é o governo da Suécia que financia o programa.




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