Podem não afirmar, talvez hesitassem, mas se fosse fora de questão eles não teriam as armas nucleares...juarez castro escreveu:Eu até hoje não vi e nem ouvi nem um dirigente Israelense afirmar tacitamente que vai varrer alguma nação oupovo da face da terra,com ou sem armas nucleares, agora tenha certeza que se o o nosso atual amigo Persa o fizer, vai pagar muito caro.
Grande abraço
EUA x Irã
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Re: EUA x Irã
Re: EUA x Irã
20/05/2010 - 17h35
Rússia sinaliza dar crédito ao acordo sobre o urânio do Irã antes de sanções
Renata Giraldi
Da Agência Brasil
Em Brasília
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, sinalizou hoje (20) que seu governo pretende dar um crédito e espaço para o diálogo com o Irã, antes da adoção de eventuais sanções econômicas.
Segundo o chancheler, a expectativa é que o Irã preste as informações sobre o acordo que estabelece a troca de urânio para a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea). As informações são da agência chinesa oficial de notícias, Xinhuan.
“Queremos ver o Irã honrar claramente seus compromissos e enviar o mais rapidamente possível um recurso oficial por escrito à Aiea, de modo que um procedimento de troca de combustível seja acordado”, disse Lavrov, em visita hoje (20) a Roma.
Lavrov evitou mencionar a possibilidade de veto às sanções no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Anteontem (18) ao apresentar um esboço de resolução de sanções, os Estados Unidos obtiveram manifestações favoráveis dos representantes da Rússia, China, da França e do Reino Unido.
Porém hoje (20), o ministro russo demonstrou cautela e pediu que todas as opiniões presentes no Conselho de Segurança – incluindo as dos dez membros não permanentes, entre eles o Brasil e a Turquia – sejam respeitadas. “Vamos tratar as posições dos outros membros do Conselho de Segurança da forma mais respeitosa [possível]. Tais questões devem ser resolvidas por meio de um consenso”, disse ele.
Em seguida, Lavrov acrescentou que “Temos uma chance [de buscar o consenso] depois que o presidente do Brasil e o primeiro-ministro da Turquia, Tyyiq Erdogan, chegaram a um acordo com o Irã".
No último dia 17, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, além do primeiro-ministro da Turquia, negociaram o acordo em Teerã.
Segundo o documento, o governo iraniano enviará o urânio enriquecido a 3,5% para ser depositado na Turquia. Em troca, no prazo de até um ano, receberá urânio enriquecido a 20%. A ideia é que a iniciativa afaste as suspeitas sobre o programa nuclear do Irã e evite a imposição de punições contra o país.
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noti ... ncoes.jhtm
Rússia sinaliza dar crédito ao acordo sobre o urânio do Irã antes de sanções
Renata Giraldi
Da Agência Brasil
Em Brasília
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, sinalizou hoje (20) que seu governo pretende dar um crédito e espaço para o diálogo com o Irã, antes da adoção de eventuais sanções econômicas.
Segundo o chancheler, a expectativa é que o Irã preste as informações sobre o acordo que estabelece a troca de urânio para a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea). As informações são da agência chinesa oficial de notícias, Xinhuan.
“Queremos ver o Irã honrar claramente seus compromissos e enviar o mais rapidamente possível um recurso oficial por escrito à Aiea, de modo que um procedimento de troca de combustível seja acordado”, disse Lavrov, em visita hoje (20) a Roma.
Lavrov evitou mencionar a possibilidade de veto às sanções no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Anteontem (18) ao apresentar um esboço de resolução de sanções, os Estados Unidos obtiveram manifestações favoráveis dos representantes da Rússia, China, da França e do Reino Unido.
Porém hoje (20), o ministro russo demonstrou cautela e pediu que todas as opiniões presentes no Conselho de Segurança – incluindo as dos dez membros não permanentes, entre eles o Brasil e a Turquia – sejam respeitadas. “Vamos tratar as posições dos outros membros do Conselho de Segurança da forma mais respeitosa [possível]. Tais questões devem ser resolvidas por meio de um consenso”, disse ele.
Em seguida, Lavrov acrescentou que “Temos uma chance [de buscar o consenso] depois que o presidente do Brasil e o primeiro-ministro da Turquia, Tyyiq Erdogan, chegaram a um acordo com o Irã".
No último dia 17, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, além do primeiro-ministro da Turquia, negociaram o acordo em Teerã.
Segundo o documento, o governo iraniano enviará o urânio enriquecido a 3,5% para ser depositado na Turquia. Em troca, no prazo de até um ano, receberá urânio enriquecido a 20%. A ideia é que a iniciativa afaste as suspeitas sobre o programa nuclear do Irã e evite a imposição de punições contra o país.
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noti ... ncoes.jhtm
Re: EUA x Irã
Tomara que dê certo. O Brasil vai sair de " diplomaticamente ineficiente" nos jornais se der errado.
Agora, se der errado os "surubinhas", mais conhecidos como aliados, não vão ter desculpa.
Agora, se der errado os "surubinhas", mais conhecidos como aliados, não vão ter desculpa.
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Re: EUA x Irã
Se o que o ministro das Relações Exteriores da França diz é verdade (abaixo), a iniciativa do Brasil e da Turquia conseguiu a proeza de praticamente unir o Conselho de Segurança da ONU...
20/05/2010 - 10h56
França diz que maioria do Conselho de Segurança da ONU apoia sanções ao Irã
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da France Presse
da Reportagem Local
Atualizado às 11h06.
O ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, afirmou nesta quinta-feira que a maioria dos países membros do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) são favoráveis ao novo pacote de sanções contra o Irã.
Kouchner, citado pela agência de notícias France Presse, disse que apenas três dos 15 membros do Conselho não aprovam as sanções.
Ele não disse quais seriam os países. Contudo, são membros rotativos o Brasil e a Turquia, que conseguiram um acordo nuclear com o Irã no início da semana e criticaram duramente as sanções.
O Conselho de Segurança é formado por cinco membros permanentes, que têm poder de veto --Reino Unido, Estados Unidos, China, França e Rússia. Ao apresentar a proposta de sanções à ONU na terça-feira (18), os EUA disseram ter conseguido o apoio de todos eles.
Para ser aprovada, contudo, o projeto precisa de ao menos outros quatro votos dos 10 dez membros não permanentes. Eles incluem, além de Brasil e Turquia, Uganda, Gabão, Nigéria, Áustria, Bósnia, Japão, Líbano e México.
Mais cedo, o chanceler russo, Sergei Lavrov, disse esperar que um consenso possa ser alcançado sobre o rascunho da resolução de sanções da ONU contra o Irã, informou a agência de notícias Interfax.
Ele disse ainda que as negociações do Conselho de Segurança da ONU sobre novas sanções contra o Irã não devem interferir no diálogo por um novo acordo de troca de combustível com o Irã.
Ele também pediu para que o Irã envie detalhes de sua proposta de troca de urânio com Brasil e Turquia à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) o mais rápido possível.
Acordo X Sanções
Brasil e Turquia mediaram um acordo com o Irã, no dia 17 em Teerã, segundo o qual Teerã enviará ao exterior 1.200 quilos de seu urânio de baixo enriquecimento em troca de 120 quilos de combustível nuclear para um reator de pesquisas médicas no país.
O Brasil e Turquia afirmaram, logo após fechar o acordo com o Irã na segunda-feira, que as sanções não eram mais necessárias, já que Teerã se mostrara disposto a negociar.
As potências, contudo, receberam com ceticismo o documento e afirmaram que as sanções são válidas até que o Irã interrompa o enriquecimento de urânio no país e dê garantias de que seu programa nuclear é pacífico.
Um dia depois do acordo, EUa encaminharam a proposta de sanções à ONU, para avaliação do Conselho.
Nesta quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a advertir que haverá um retrocesso na questão nuclear iraniana se o Conselho de Segurança da ONU não tiver disposição para negociar uma saída diplomática.
"Agora depende do Conselho de Segurança da ONU sentar-se com disposição para negociar, pois se você se senta sem vontade de negociar, vai haver um retrocesso", disse Lula, durante uma conferência sobre a economia brasileira em Madri.
"Qual era o grande problema do Irã? Que ninguém podia fazer com que o país se sentasse para negociar. A única coisa que queríamos era convencer o Irã de que deveria assumir o compromisso com a Agência e negociar, depositar seu urânio na Turquia. Isso foi feito", disse ele, em referência à proposta feita pelas potências em outubro passado e que foi rejeitada por Teerã.
O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, entrou em contato com seu colega russo, Vladimir Putin, e com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para defender o acordo de troca de urânio com o Irã e convencê-los a desistir da nova rodada de sanções.
Segundo um comunicado do Escritório do primeiro-ministro, Erdogan falou na quarta-feira à noite por telefone com Putin e Obama.
Nas conversas, ressaltou sua convicção de que o acordo assinado em Teerã é um triunfo da diplomacia, e constitui a última oportunidade de resolver pacificamente o litígio sobre o programa nuclear iraniano, segundo a nota.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
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Re: EUA x Irã
Avigdor Lieberman não é dirigente de nada, é só um louco desbocado que colocaram no ministério das relações exteriores de Israel.marcelo l. escreveu:Avigdor Liebeman em dezembro de 2008 defendeu o uso de armas químicas e nucleares contra a Faixa de Gaza, afirmando que seria “perda de tempo usar armas convencionais. Devemos jogar uma bomba atômica em Gaza para reduzir o tempo de conflito, assim como os EUA atacaram em Hiroshima na Segunda Guerra”. Entrevista ao jornal israelense Haaretz.juarez castro escreveu:Eu até hoje não vi e nem ouvi nem um dirigente Israelense afirmar tacitamente que vai varrer alguma nação oupovo da face da terra,com ou sem armas nucleares, agora tenha certeza que se o o nosso atual amigo Persa o fizer, vai pagar muito caro.
Grande abraço
Abraços.
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Re: EUA x Irã
Cross escreveu:Avigdor Lieberman não é dirigente de nada, é só um louco desbocado que colocaram no ministério das relações exteriores de Israel.marcelo l. escreveu: Avigdor Liebeman em dezembro de 2008 defendeu o uso de armas químicas e nucleares contra a Faixa de Gaza, afirmando que seria “perda de tempo usar armas convencionais. Devemos jogar uma bomba atômica em Gaza para reduzir o tempo de conflito, assim como os EUA atacaram em Hiroshima na Segunda Guerra”. Entrevista ao jornal israelense Haaretz.
Abraços.
Este senhor Avigdor Lieberman é somente mais um SIONISTA em Israel, mais um que tem grande importância no governo e no estado de Israel, então aquilo que diz tem peso sim !!
Essa afirmação sua anula o que disse o louco d Irã sobre varrer algum povo do mapa, todos dois querem varrer alguém do mapa, mas somente Israel tem as armas de destruição em massa pra faze-lo... e acho que no momento justo acabarão usando-as contra os vizinhos, assim para aumentar o próprio território e ainda para abrir novas colônias hebraicas.
Será mais uma guerra justa, justa como a de combater um povo que não tem nem helicópteros, nem carros armados, nem aviação de caça, nem GRANA !! Fica fácil usar fuzis automáticos contra quem usa pedras (intifada) !!
Muito justo isso tudo, muito justo !!
Valeu !!
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Re: EUA x Irã
Le Monde: França não critica duramente acordo sobre Irã para não irritar Brasil
20 de maio de 2010
O jornal Le Monde continua interessado no Brasil e nos desdobramentos do acordo nuclear sobre o dossiê nuclear iraniano. Negociado juntamente com a Turquia, o acordo foi assinado no dia 17 de maio, em Teerã
Leticia Constant
Em sua edição desta sexta-feira, Le Monde analisa que a França está pondo “panos quentes” em suas declarações sobre o documento para não irritar o Brasil e, assim, garantir a venda dos seus caças Rafale, numa política de continuidade da tão anunciada parceria estratégica bilateral. Além disso, o chefe de Estado Nicolas Sarkozy tem todo o interesse em não perder o apoio do Brasil com a proximidade da presidência francesa do G20, em 2011.
O artigo comenta que, no fundo, a França considera ingênuos e até contraproducentes os esforços do Brasil na questão. O teor do acordo seria muito supérfluo para impressionar as grandes potências que, por unanimidade, acham que o Irã manipulou os emergentes para ganhar tempo. A prova disso foi a rapidez com que os Estados Unidos anunciaram um outro acordo, desta vez sobre um texto de sanções ao Conselho de Segurança da ONU, contendo pela primeira vez um embargo à venda de armas ao Irã.
Enquanto os americanos não medem as palavras, a França, ao contrário, toma todos os cuidados em cada declaração para não chatear o Brasil. No comunicado do Palácio do Eliseu no dia seguinte à assinatura, foram usados termos como “reconhecimento e apoio ao presidente Lula por seus esforços”, sem nem mencionar a participação da Turquia.
Em seguida, a França relembrou que o problema iraniano está muito além de um simples projeto de troca de urânio, sendo preciso o fim do enriquecimento a 20%. Pouco depois deste comunicado, Lula e Sarkozy se encontravam em Madri, às margens de uma cúpula, e uma fonte do Eliseu anunciava que a França estava confiante quanto à venda dos Rafale para o Brasil. Le Monde termina sua análise comparando a moderação do discurso francês sobre o acordo com o tom altamente crítico dos Estados Unidos.
FONTE: RFI
http://www.aereo.jor.br/2010/05/20/fran ... -le-monde/
20 de maio de 2010
O jornal Le Monde continua interessado no Brasil e nos desdobramentos do acordo nuclear sobre o dossiê nuclear iraniano. Negociado juntamente com a Turquia, o acordo foi assinado no dia 17 de maio, em Teerã
Leticia Constant
Em sua edição desta sexta-feira, Le Monde analisa que a França está pondo “panos quentes” em suas declarações sobre o documento para não irritar o Brasil e, assim, garantir a venda dos seus caças Rafale, numa política de continuidade da tão anunciada parceria estratégica bilateral. Além disso, o chefe de Estado Nicolas Sarkozy tem todo o interesse em não perder o apoio do Brasil com a proximidade da presidência francesa do G20, em 2011.
O artigo comenta que, no fundo, a França considera ingênuos e até contraproducentes os esforços do Brasil na questão. O teor do acordo seria muito supérfluo para impressionar as grandes potências que, por unanimidade, acham que o Irã manipulou os emergentes para ganhar tempo. A prova disso foi a rapidez com que os Estados Unidos anunciaram um outro acordo, desta vez sobre um texto de sanções ao Conselho de Segurança da ONU, contendo pela primeira vez um embargo à venda de armas ao Irã.
Enquanto os americanos não medem as palavras, a França, ao contrário, toma todos os cuidados em cada declaração para não chatear o Brasil. No comunicado do Palácio do Eliseu no dia seguinte à assinatura, foram usados termos como “reconhecimento e apoio ao presidente Lula por seus esforços”, sem nem mencionar a participação da Turquia.
Em seguida, a França relembrou que o problema iraniano está muito além de um simples projeto de troca de urânio, sendo preciso o fim do enriquecimento a 20%. Pouco depois deste comunicado, Lula e Sarkozy se encontravam em Madri, às margens de uma cúpula, e uma fonte do Eliseu anunciava que a França estava confiante quanto à venda dos Rafale para o Brasil. Le Monde termina sua análise comparando a moderação do discurso francês sobre o acordo com o tom altamente crítico dos Estados Unidos.
FONTE: RFI
http://www.aereo.jor.br/2010/05/20/fran ... -le-monde/
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Re: EUA x Irã
ESTADOS UNIDOS E ISRAEL DESAFIADOS SOBRE O IRÃ.
Por Ray McGovern – 20 de maio de 2010.
Os tempos podem estar mudando – um pouquinho, pelo menos – com os Estados Unidos e Israel não mais sendo capazes de ditar ao restante do mundo como as crises no Oriente Médio devem ser manejadas, embora a nova realidade tarde a surgir perante a secretária de estado Hillary Clinton e seus amigos neocons no Congresso e na mídia americana.
Eles podem pensar que ainda estão no controle, e alguns olham de cima à baixo para uns “Zé-Ninguéns” como os líderes da Turquia e Brasil que tiveram a petulância de ignorar os avisos dos Estados Unidos e levar adiante a diplomacia para evitar uma possível nova guerra, desta vez com o Irã.
Na segunda-feira, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan e o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciaram sucesso em persuadirem o Irã a enviar, aproximadamente, 50 % de seu urânio de baixo-enriquecimento para a Turquia, em troca de urânio de alto-enriquecimento que será utilizado para pacíficos fins medicinais.
O acordo tripartite equivale aquele oferecido ao Irã pelos países ocidentais, em 1º de outubro de 2009, que, à princípio, obteve aprovação iraniana, mas, então, caiu em pedaços.
Este anúncio da segunda-feira, pegou as autoridades americanas de surpresa, o que indica uma posição afetada, tipo “torre-de-marfim”, para com um mundo que está, rapidamente, em tranformação, diante delas, como os velhos imperialistas britânicos, estupefatos por uma onda de anti-colonialismo no Raj ou alguns outros domínios do Império.
De forma gritante, autoridades americanas e seus acólitos na grande mídia não podem acreditar que o Brasil e a Turquia ousaram tentar um acordo com o Irã, depois de a secretária Clinton e o presidente Ibama terem dito “não”.
Entretanto, os sinais demonstravam que estas potências regionais em ascensão não mais estão dispostas a se comportarem como meninos bonzinhos, enquanto os Estados Unidos e Israel tentam arrastar o mundo para outra confrontação no Oriente Médio.
Resistindo à Israel.
Em março, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ficou tão irritado com a defesa que o presidente Lula fazia do diálogo com o Irã que deu uma dura reprimenda ao “Zé-Ninguém” da América do Sul. Mas o presidente brasileiro não tremeu.
Lula tinha ficado cada vez mais preocupado que, sem uma rápida e inteligente diplomacia, Israel, provavelmente, iria seguir uma série de escaladas nas sanções, com um ataque ao Irã. Sem medir palavras, Lula disse:
Erdogan da Turquia teve seu próprio confronto cara-a-cara com um líder israelense – logo depois do assalto de três semanas de Israel sobre Gaza, entre 17 de dezembro e 18 de janeiro de 2009, no qual cerca de 1.400 gazanos e 14 israelenses foram mortos.
Em 29 de janeiro de 2009, o primeiro-ministro turco tomou parte, com o presidente israelense Shimon Peres, de uma pequena palestra moderada por David Ignatius, do Washington Post, no Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça.
Erdogan não pôde agüentar defesa apaixonada de Peres, em tom de voz elevado, da ofensiva israelense em Gaza. Erdogan descreveu Gaza como uma “prisão à céu aberto”, e acusou Perez de falar alto, para esconder sua “culpa”.
Após Ignacius ter concedido à Peres o dobro de tempo que deu a Erdogan, este último ficou lívido e insistiu em responder ao discurso de Peres.
O último minuto e meio, capturado pelas câmeras da BBC, mostra Erdogan, fisicamente, empurrando o braço esticado de Ignatius para fora de seu caminho, enquanto Ignatious tentava cortá-lo com conversa fiada como, “Realmente, temos de deixar as pessoas irem jantar.”
Erdogan continuou, referindo-se ao “sexto mandamento – Tu Não Matarás,” e acrescentou, “Estamos falando sobre assassinato,” em Gaza. Ele, então, aludiu à barbaridade, “muito além do que deveria ter sido,” e afastou-se do palco, dizendo, “Acho que não voltarei mais à Davos.”
O governo brasileiro, também, condenou o bombardeio israelense de Gaza, como “resposta desproporcional”. Isto expressava preocupação que a violência na região tinha afetado, principalmente, a população civil.
A declaração brasileira surgiu em 24 de janeiro de 2009, apenas cinco dias antes das fortes críticas de Erdogan da tentativa do presidente israelense de defender o ataque. Talvez, fosse aí que a semente foi plantada para germinar e florescer mais tarde, num esforço determinado para impedir outra sangrenta ruptura de hostilidades.
E é isto que Erdogan fez, com a colaboração de Lula. Os dois líderes regionais insistiram numa nova aproximação multilateral, para evitar uma potencial crise no Oriente Médio, antes do que, simplesmente, aquiescer à tomada de decisão de Washington, conduzida pelos interesses de Israel.
Portanto, conformem-se, meninos e meninas na Casa Branca. O mundo mudou; vocês não são mais capazes de tocar a música.
Eventualmente, vocês podem, até mesmo, serem gratos que gente madura e previdente tenha vindo, crescido com a ocasião, e desativado uma situação muito volátil da qual ninguém – repito, ninguém – teria tirado lucro.
Dando à hipocrisia um nome ruim.
Qualquer um poderia ter pensado que a idéia de o Irã entregar cerca de metade de seu urânio de baixo-enriquecimento poderia ser vista como uma coisa boa para Israel, possivelmente, diminuindo os temores de Israel de que o Irã poderia obter a bomba, daqui há algum tempo.
De todos os pontos de vista, a entrega de metade do urânio do Irã deveria diminuir tais preocupações, mas a bomba NÃO parece ser a preocupação primordial de Israel. Veja, apesar da retórica, Israel e seus apoiadores em Washington não vêem a atual disputa sobre o programa nuclear do Irã como uma “ameaça existencial”.
Antes, isto é visto como outra oportunidade de ouro para conseguir a “mudança de regime” para um país considerado como um dos adversários de Israel, como era o Iraque sob Saddam Hussein. Como foi com o Iraque, a propaganda para vender a intervenção é a acusação de que o Irã está buscando uma arma nuclear, uma arma de destruição em massa que poderia ser compartilhada com terroristas.
O fato de que o Irã, como o Iraque, tenha negado que esteja construindo uma bomba nuclear – ou que não haja nenhuma informação crível, comprovando que o Irã está mentindo (uma Estimativa Nacional de Inteligência, em 2007, declarou que o Irã tinha findado tais esforços, quatro anos antes) – é, normalmente, colocado de lado, nos Estados Unidos e sua grande mídia.
Ao invés, a temível noção de um Irã com armas nucleares, de algum modo, as compartilhando com a al-Qaeda ou algum outro grupo terrorista, é utilizada para apavorar o público americano, mais uma vez. (Que o Irã não tenha laço algum com a al-Qaeda, que é sunita, enquanto o Irã é xiita, justamente como o fato de que o secular Saddam Hussein desprezava a al-Qaeda, é empurrada para debaixo do tapete.)
Mesmo assim, no início deste ano, respondendo a uma questão após um discurso em Doha, Qatar, a secretária Clinton deixou aparecer um pedaço da realidade, de que o Irã “não ameaça, diretamente os Estados Unidos, mas ameaça, diretamente, um monte de nossos amigos, aliados e parceiros” – leia-se Israel, o primeiro e mais importante entre os amigos.
Clinton, também nos adestrou na ginástica mental exigida para comprar o argumento israelense de que, se o Irã, de algum modo, construir uma só bomba, a partir de seu urânio restante (presumivelmente, após refiná-lo para o nível de 90 porcento exigido para uma arma nuclear, quando o Irã tropeçou, tecnologicamente, em níveis muito mais baixos), isto representará uma ameaça inaceitável para Israel, que possui 200-300 armas nucleares, juntamente com os mísseis e bombardeiros para lança-las.
Mas, se não se trata, realmente, da remota possibilidade de o Irã construir uma bomba nuclear e cometer suicídio nacional, ao utilizá-la, o que, em verdade, está em jogo? A conclusão óbvia é que as táticas de pavor sobre bombas iranianas são a mais recente justificativa para impor “mudança de regime” no Irã.
Este objetivo recua, pelo menos, ao discurso do “eixo do mal” do presidente George W. Bush em 2002, mas tem um antecedente ainda mais remoto. Em 1996, os principais neocons, incluindo Richard Perle e Douglas Feith, prepararam um radical documento estratégico para Netanyahu de Israel, pedindo por um novo método para garantir a segurança de Israel, através da remoção ou neutralização dos regimes muçulmanos hostis na região.
Chamado “Uma Nítida Ruptura: Uma Nova Estratégia para Assegurar o Reino,” o plano visava o abandono das negociações “paz por terra”, e ao invés, “reestabelecer o princípio da prevenção,” começando com a derrubada de Saddam Hussein do Iraque e, então, cuidando dos outros inimigos regionais na Síria, Líbano e Irã.
Entretanto, para obter um tal objetivo ambicioso – com a necessária ajuda do poder militar e do dinheiro americano – seria preciso tornar as tradicionais negociações de paz, parecerem tolas ou impossíveis e, então, elevar as tensões.
Obviamente, com o presidente Bush na Casa Branca e com o público americano ultrajado pelos ataques do 11 de Setembro, novas possibilidades se abriram – e Saddam Hussein, o primeiro alvo para “assegurar o reino”, foi liquidado pela invasão liderada pelos Estados Unidos.
Mas a Guerra do Iraque não se desenrolou tão facilmente como o esperado, e as intenções do presidente Obama para revigorar o processo de paz do Oriente Médio, e para engajar o Irã em negociações, emergiram como novos obstáculos para o plano. Tornou-se importante mostrar como era ingênuo o jovem presidente, no que concerne à impossibilidade de lidar com o Irã.
Desarrumando um acordo.
Muitos por dentro de Washington, ficaram chocados, em 1º de outubro passado, quando Teerã concordou em enviar 1.200 Kg (então, quase 75 porcento do total do Irã) de urânio de baixo-enriquecimento para o exterior, para ser convertido em combustível para um pequeno reator que faz pesquisas médicas.
O principal negociador nuclear do Irã, Saeed Jalili, concedeu a concordância de Teerã, “à princípio”, num encontro, em Genebra, de representantes dos membros do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha, presidido por Javier Solana da União Européia.
Mesmo o New York Times reconheceu que isto, “se acontecer, representaria um grande feito para o Ocidente, reduzindo a capacidade do Irã em fabricar uma arma nuclear, rapidamente, e comprando mais tempo para as negociações frutificarem.”
A sabedoria convencional apresentada pela grande mídia de hoje, é que Teerã recuou do acordo. É verdade; mas é, apenas, a metade da história, uma história que ilumina como, na lista de prioridades estabelecida por Israel, a mudança de regime no Irã vêm em primeiro lugar.
A troca de urânio teve o apoio inicial do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. E um encontro de seguimento foi programado para 19 de outubro, na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em Viena.
Entretando, o acordo, em breve, ficou debaixo de crítcias dos grupos de oposição do Irã, incluindo o “Movimento Verde”, liderado pelo derrotado candidato presidencial Mir Hossein Moussavi, que tinha laços com os neocons americanos e com Israel, desde os dias do Caso Irã-Contras, dos anos 1980, quando ele era o primeiro-ministro que colaborou com os acordos secretos de venda de armas.
Estranhamente, foi a oposição política de Moussavi, favorecida pelos Estados Unidos, que liderou o ataque contra o acordo nuclear, chamando-o de afronta à soberania do Irã e sugerindo que Ahmadinejad não estava sendo duro o bastante.
Então, em 18 de outubro, um grupo terrorista chamado Jundullah, agindo sob informações, impressionantemente precisas, detonou um carro-bomba, num encontro de altos-comandantes da Guarda Revolucionária iraniana e líderes tribais na província de Sistan-Baluquistão, no sudeste do Irã. Um carro cheio de guardas também foi atacado.
Um brigadeiro-general que era vice-comandante das forças terrestres da Guarda Revolucionária; o brigadeiro da Guarda comandante da área de fronteira de Sistan-Baluquistão, e três outros comandantes de brigada, foram mortos no ataque; dezenas de outros oficiais e civis foram mortos ou feridos.
O Jundullah assumiu o crédito pelos ataques, que seguiram anos de ataques letais sobre os guardas revolucionários e policiais iranianos, incluindo uma tentativa de emboscada da carreata do presidente Ahmadinejad, em 2005.
Teerã proclama que o Jundullah é apoiado pelos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Israel, o oficial reformado de operações da CIA no Oriente Médio, Robert Baer, apontou o Jundullah como um dos grupos de “terroristas do bem” que se beneficiam da ajuda americana.
Eu creio que não é coincidência que o ataque de 18 de outubro – o mais sangrento no Irã, desde a guerra de 1980-88, com o Iraque – veio um dia antes das conversações nucleares serem retomada na AIEA, em Viena, para prosseguir com o sucesso de 1º de outubro. As matanças, com certeza, levantariam as suspeitas do Irã sobre a sinceridade americana.
É seguro apostar que a Guarda Revolucionária foi, direto, ao seu patrono, o Líder Supremo Ali Khamenei, argumentando que o ataque à bomba provou que o Ocidente não merece confiança.
Khamenei emitiu um comunicado em 19 de outubro, condenando os terroristas, a quem acusou “de serem apoiados pelas agências de espionagem de certas potências arrogantes.”
O comandante das forças terrestres da Guarda, que perdeu seu vice no ataque, acusou estes terroristas de serem “treinados pela América e Grã-Bretanha, em alguns países vizinhos,” e oc comandante-chefe da Guarda Revolucinária ameaçou retaliação.
O ataque foi uma grande notícia no Irã, mas não foi grande notícia nos Estados Unidos, onde a grande mídia, rapidamente, empurrou o incidente para o grande buraco na memória americana. A grande mídia, também, começou a tratar a resultante raiva do Irã sobre o que ele considerava atos de terrorismo e sua crescente sensibilidade para estrangeiros atravessando suas fronteiras, como esforços para intimidar grupos “pró-democracia” apoiados pelo Ocidente.
Mesmo assim, o Irã envia uma delegação.
Apesar do ataque do Jundullah, e as críticas dos grupos de oposição, uma delegação técnica iraniana de baixo escalão, chegou à Viena, para o encontro em 19 de outubro, mas o principal negociador nuclear do Irã, Saeed Jalili ficou de fora.
Os iranianos questionaram a confiabilidade das potências ocidentais e levantaram objeções a alguns detalhes, tais como, onde deveria ocorrer a transferência. Os iranianos aventaram propostas alternativas que pareciam dignas de serem exploradas, tais como fazer a transferência do urânio em território iraniano ou em algum outro local neutro.
Mas a administração Obama, debaixo de crescente pressão doméstica sobre a necessidade de ser mais dura com o Irã, desconsiderou as contra-propostas do Irã, de antemão, segundo se diz, por instigação do chefe de equipe da Casa Branca, Rahm Emanuel, e o emissário regional neocon, Dennis Ross.
Ambas as autoridades pareciam avessas a dar quaisquer passos que pudessem diminuir a impressão entre os americanos que Ahmadinejad é outra coisa além de um cachorro hidrófobo, precisando ser abatido, a nova mais desprezível bête noire (tendo ficado no lugar do, agora falecido, Saddam Hussein, enforcado pelo governo instalado pelos americanos no Iraque).
Vendo tudo isto, Lula e Erdogan perceberam os paralelos entre as ânsias de Washington por uma escalada da confrontação com o Irã e a forma pela qual os Estados Unidos tinham feito o mundo marchar, passo à passo, para uma invasão do Iraque (e com a mesma profundamente preconceituosa cobertura midiática, dos principais meios de informações americanos.)
Nesta primavera, esperando evitar um resultado similar, os dois líderes tiraram a poeira da iniciativa de transferência de urânio de 1º de outubro e foram à Teerã para efetuar, em termos similares, o acordo da última segunda-feira. Ambos exigiam o envio de 1.200 Kg de urânio de baixo-enriquecimento do Irã, para o exterior, em troca de varetas nucleares que não teriam nenhuma aplicação para uma arma.
Ainda assim, antes do que abraçar esta concessão iraniana, pelo menos, como um passo na direção certa, as autoridades americanas buscam afundá-la, ao pressionar por mais sanções. A grande mídia fez sua parte, ao insistir que o acordo foi, somente, mais outro truque iraniano que deixaria o Irã com bastante urânio para, na teoria, criar uma bomba nuclear.
Um editorial na terça-feira do Washington Post, intitulado “Barganha Ruim”, concluiu, esperançosamente:
Na quarta-feira, um editorial do New York Times, retoricamente, passou a mão na cabeça dos líderes do Brasil e Turquia, como se fossem dois caipiras, perdidos na cidade grande da diplomacia dos entendidos. O Times escreveu:
Antes do que irem em frente com o acordo de transferência do urânio, Brasil e Turquia deveriam “se juntar aos outros grandes participantes e votar pela resolução do Conselho de Segurança,” disse o Times. “Mesmo antes disto, eles deveriam voltar à Teerã e pressionar os mulás para fazerem um compromisso crível e iniciar negociações sérias.”
Foco nas sanções.
Ambos, o Times e o Post aplaudiram a atual busca da administração Obama por sanções econômicas mais duras contra o Irã – e, na terça-feira, eles conseguiram algo para aplaudir.
“Alcançamos um acordo sobre um forte rascunho [resolução sobre sanções] com a cooperação, tanto da Rússia como da China,” a secretária Clinton disse ao Comitê de Relações Externas do Senado, deixando claro que ela vê o momento das sanções como uma resposta para o acordo Irã-Brasil-Turquia.
“Este anúncio é a resposta mais convincente para os esforços empreendidos por Teerã nos últimos dias que podemos dar,” ela declarou.
Seus porta-voz, Philip J. Crowley, foi deixado com o trabalho de explicar as implicações óbvias de que o Washington está utilizando as novas sanções para afundar o plano de transferência de metade do urânio enriquecido do Irã para fora do país.
Questão: “Mas você disse que apoia e aprecia [o acordo Irã-Brasil-Turquia], mas, não o estará atrapalhando, de certo modo? Quero dizer, agora, introduzindo a resolução, um dia depois do acordo, você, praticamente, garantiu que o Irã reaja de forma negativa.”
Outra questão: “Por quê, se, de fato, você pensa que sobre este acordo Brasil-Turquia, o Irã provará que não é sério e você não tem muito otimismo que ele irá adiante, e o Irã continuará a demonstrar que não é sério sobre suas ambições nucleares, por quê você, simplesmente, não espera para isto acontecer e, então, você poderá obter uma resolução mais dura e, até mesmo, presumivelmente, o Brasil e a Turquia votarão a favor dela, pois o Irã os terá humilhado e embaraçado? Por quê não, simplesmente, esperar para ver tudo isto acontecer?”
E ainda mais outra questão: “A impressão que fica, entretanto, é que a mensagem aqui – certo, há uma mensagem para o Irã, mas também há uma mensagem para a Turquia e o Brasil – é de que, basicamente, saiam de nosso parquinho, e deixem os meninos e meninas maiores brincando aqui, nós não precisamos da intromissão de vocês. Você não acha que é isto?”
Eu quase senti pena pelo pobre P. J. Crowley, que fez o melhor de si para fazer a quadratura destas e de outras circunferências. Suas respostas careciam de franqueza, mas refletiam uma incomparável habilidde para se apegar a um ponto-chave: isto é, a “chave verdadeira”, a “questão primordial” de que é o enriquecimento em andamento do Irã. Ele disse isto, com palavras idênticas ou similares, nada menos do que dezessete vezes.
Que o Departamento de Estado, neste momento, tenha escolhido citar este ponto único, como impedimento é curioso, no melhor dos casos. O acordo proposto oferecido à Teerã em 1º de outubro não exigia que ele desistisse do enriquecimento, também.
E a atual ênfase na não-observância das resoluções do Conselho de Segurança – que tem sido exigido pelos Estados Unidos e seus aliados – é assustadoramente similar à estratégia para manipular o mundo rumo à invasão do Iraque, em 2003.
Crowley disse que a administração não tem “nenhum prazo em particular” para colocar a resolução em votação, dizendo, “demorará tanto quando for necessário.” Ele acrescentou que o presidente Obama “já determinou como objetivo acabar com isto pelo final da primavera – cerca de um mês a partir de agora.
Contra-Iniciativa.
Apesar dos esforços pelas autoridades de Washington e criadores de opinião neocons, para descarrilhar o plano Irã-Brasil-Turquia, ele ainda está nos trilhos, pelo menos, por enquanto.
Autoridades iranianas disseram que enviariam uma carta confirmando o acordo para a AIEA, numa semana. Num mês, o Irã embarcaria 1.200 Kg de seu urânio de baixo-enriquecimento para a Turquia.
Dentro de um ano, Rússia e França produziriam 120 Kg de urânio enriquecido à 20 porcento, para ser utilizado com reabastecimento para o reator de pesquisas em Teerã que produz isótopos para tratamento do câncer.
Quanto à afirmação de Clinton de que China, tanto como a Rússia, são parte de um consenso sobre o rescunho de resolução do Conselho de Segurança, o tempo irá mostrar.
Há uma dúvida em particular sobre, o quão firmemente a China está à bordo. Na segunda-feira, autoridades chineses saudaram a proposta Irã-Brasil-Turquia e disseram que ela devia ser explorada à fundo. Autoridades russas, também, sugeriram que o novo plano de transferência devia receber uma chance.
Também, as novas sanções propostas não vão tão longe quanto alguns linhas-dura americanos e israelenses queriam. Por exemplo, elas não embargam gasolina e outros produtos refinados de petróleo para o Irã, uma medida dura que alguns neocons esperavam que jogasse o Irã no caos político-econômico, com prelúdio para “mudança de regime”.
Ao invés, as novas sanções propostas pedem pela inspeção dos navios iranianos suspeitos de entrar em portos internacionais com armas ou tecnologia relacionadas com energia nuclear. Alguns analistas duvidam que esta determinação possa ter muito efeito prático sobre o Irã.
Israel estará em conferência com Washington antes de emitir uma resposta oficial, mas autoridades israelenses já disseram à imprensa que o acordo de transferência é um “truque” e e que o Irã “manipulou” a Turquia e o Brasil.
Há todas as razões para acreditar que Israel irá vasculhar no fundo de sua caixa de ferramentas para achar um modo de sabotar o acordo, mas não está claro que as ferramentas diplomáticas usuais irão funcionar neste estágio. Ainda permanece, é claro, a possibilidade de que Israel parta para uma ruptura e desfeche um ataque militar preventivo contra as instalações nucleares do Irã.
Neste meio-tempo, é certo que o primeiro-ministro israelense, Netanyahu, aplicará toda a pressão que puder sobre Obama.
Como antigo analista da CIA, espero que Obama tenha a presença de espírito para determinar uma Estimativa Nacional de Inteligência especial, sobre as implicações do acordo Irã-Brasil-Turquia para os interesses nacionais dos Estados Unidos e destes dos países do Oriente Médio.
Obama precisa de uma avaliação franca e sem retoques dos possíveis benefícios (e seus potenciais malefícios) como contra-peso para o lobby pró-Israel que, inevitavelmente, descerá sobre a Casa Branca e o Departamento de Estado.
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Ray McGovern trabalha com a Tell the Word, o braço editorial da ecumênica Igreja do Salvador, em Washington. Ele serviu na década de 1960, como oficial de infantaria e de informações e, então, tornou-se analista da CIA pelos vinte e sete anos seguintes.
Por Ray McGovern – 20 de maio de 2010.
Os tempos podem estar mudando – um pouquinho, pelo menos – com os Estados Unidos e Israel não mais sendo capazes de ditar ao restante do mundo como as crises no Oriente Médio devem ser manejadas, embora a nova realidade tarde a surgir perante a secretária de estado Hillary Clinton e seus amigos neocons no Congresso e na mídia americana.
Eles podem pensar que ainda estão no controle, e alguns olham de cima à baixo para uns “Zé-Ninguéns” como os líderes da Turquia e Brasil que tiveram a petulância de ignorar os avisos dos Estados Unidos e levar adiante a diplomacia para evitar uma possível nova guerra, desta vez com o Irã.
Na segunda-feira, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan e o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciaram sucesso em persuadirem o Irã a enviar, aproximadamente, 50 % de seu urânio de baixo-enriquecimento para a Turquia, em troca de urânio de alto-enriquecimento que será utilizado para pacíficos fins medicinais.
O acordo tripartite equivale aquele oferecido ao Irã pelos países ocidentais, em 1º de outubro de 2009, que, à princípio, obteve aprovação iraniana, mas, então, caiu em pedaços.
Este anúncio da segunda-feira, pegou as autoridades americanas de surpresa, o que indica uma posição afetada, tipo “torre-de-marfim”, para com um mundo que está, rapidamente, em tranformação, diante delas, como os velhos imperialistas britânicos, estupefatos por uma onda de anti-colonialismo no Raj ou alguns outros domínios do Império.
De forma gritante, autoridades americanas e seus acólitos na grande mídia não podem acreditar que o Brasil e a Turquia ousaram tentar um acordo com o Irã, depois de a secretária Clinton e o presidente Ibama terem dito “não”.
Entretanto, os sinais demonstravam que estas potências regionais em ascensão não mais estão dispostas a se comportarem como meninos bonzinhos, enquanto os Estados Unidos e Israel tentam arrastar o mundo para outra confrontação no Oriente Médio.
Resistindo à Israel.
Em março, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ficou tão irritado com a defesa que o presidente Lula fazia do diálogo com o Irã que deu uma dura reprimenda ao “Zé-Ninguém” da América do Sul. Mas o presidente brasileiro não tremeu.
Lula tinha ficado cada vez mais preocupado que, sem uma rápida e inteligente diplomacia, Israel, provavelmente, iria seguir uma série de escaladas nas sanções, com um ataque ao Irã. Sem medir palavras, Lula disse:
”Não podemos permitir que aconteça no Irã o que aconteceu no Iraque. Antes de quaisquer sanções, precisamos empreender todos os esforços possíveis para tentar construir a paz no Oriente Médio.”
Erdogan da Turquia teve seu próprio confronto cara-a-cara com um líder israelense – logo depois do assalto de três semanas de Israel sobre Gaza, entre 17 de dezembro e 18 de janeiro de 2009, no qual cerca de 1.400 gazanos e 14 israelenses foram mortos.
Em 29 de janeiro de 2009, o primeiro-ministro turco tomou parte, com o presidente israelense Shimon Peres, de uma pequena palestra moderada por David Ignatius, do Washington Post, no Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça.
Erdogan não pôde agüentar defesa apaixonada de Peres, em tom de voz elevado, da ofensiva israelense em Gaza. Erdogan descreveu Gaza como uma “prisão à céu aberto”, e acusou Perez de falar alto, para esconder sua “culpa”.
Após Ignacius ter concedido à Peres o dobro de tempo que deu a Erdogan, este último ficou lívido e insistiu em responder ao discurso de Peres.
O último minuto e meio, capturado pelas câmeras da BBC, mostra Erdogan, fisicamente, empurrando o braço esticado de Ignatius para fora de seu caminho, enquanto Ignatious tentava cortá-lo com conversa fiada como, “Realmente, temos de deixar as pessoas irem jantar.”
Erdogan continuou, referindo-se ao “sexto mandamento – Tu Não Matarás,” e acrescentou, “Estamos falando sobre assassinato,” em Gaza. Ele, então, aludiu à barbaridade, “muito além do que deveria ter sido,” e afastou-se do palco, dizendo, “Acho que não voltarei mais à Davos.”
O governo brasileiro, também, condenou o bombardeio israelense de Gaza, como “resposta desproporcional”. Isto expressava preocupação que a violência na região tinha afetado, principalmente, a população civil.
A declaração brasileira surgiu em 24 de janeiro de 2009, apenas cinco dias antes das fortes críticas de Erdogan da tentativa do presidente israelense de defender o ataque. Talvez, fosse aí que a semente foi plantada para germinar e florescer mais tarde, num esforço determinado para impedir outra sangrenta ruptura de hostilidades.
E é isto que Erdogan fez, com a colaboração de Lula. Os dois líderes regionais insistiram numa nova aproximação multilateral, para evitar uma potencial crise no Oriente Médio, antes do que, simplesmente, aquiescer à tomada de decisão de Washington, conduzida pelos interesses de Israel.
Portanto, conformem-se, meninos e meninas na Casa Branca. O mundo mudou; vocês não são mais capazes de tocar a música.
Eventualmente, vocês podem, até mesmo, serem gratos que gente madura e previdente tenha vindo, crescido com a ocasião, e desativado uma situação muito volátil da qual ninguém – repito, ninguém – teria tirado lucro.
Dando à hipocrisia um nome ruim.
Qualquer um poderia ter pensado que a idéia de o Irã entregar cerca de metade de seu urânio de baixo-enriquecimento poderia ser vista como uma coisa boa para Israel, possivelmente, diminuindo os temores de Israel de que o Irã poderia obter a bomba, daqui há algum tempo.
De todos os pontos de vista, a entrega de metade do urânio do Irã deveria diminuir tais preocupações, mas a bomba NÃO parece ser a preocupação primordial de Israel. Veja, apesar da retórica, Israel e seus apoiadores em Washington não vêem a atual disputa sobre o programa nuclear do Irã como uma “ameaça existencial”.
Antes, isto é visto como outra oportunidade de ouro para conseguir a “mudança de regime” para um país considerado como um dos adversários de Israel, como era o Iraque sob Saddam Hussein. Como foi com o Iraque, a propaganda para vender a intervenção é a acusação de que o Irã está buscando uma arma nuclear, uma arma de destruição em massa que poderia ser compartilhada com terroristas.
O fato de que o Irã, como o Iraque, tenha negado que esteja construindo uma bomba nuclear – ou que não haja nenhuma informação crível, comprovando que o Irã está mentindo (uma Estimativa Nacional de Inteligência, em 2007, declarou que o Irã tinha findado tais esforços, quatro anos antes) – é, normalmente, colocado de lado, nos Estados Unidos e sua grande mídia.
Ao invés, a temível noção de um Irã com armas nucleares, de algum modo, as compartilhando com a al-Qaeda ou algum outro grupo terrorista, é utilizada para apavorar o público americano, mais uma vez. (Que o Irã não tenha laço algum com a al-Qaeda, que é sunita, enquanto o Irã é xiita, justamente como o fato de que o secular Saddam Hussein desprezava a al-Qaeda, é empurrada para debaixo do tapete.)
Mesmo assim, no início deste ano, respondendo a uma questão após um discurso em Doha, Qatar, a secretária Clinton deixou aparecer um pedaço da realidade, de que o Irã “não ameaça, diretamente os Estados Unidos, mas ameaça, diretamente, um monte de nossos amigos, aliados e parceiros” – leia-se Israel, o primeiro e mais importante entre os amigos.
Clinton, também nos adestrou na ginástica mental exigida para comprar o argumento israelense de que, se o Irã, de algum modo, construir uma só bomba, a partir de seu urânio restante (presumivelmente, após refiná-lo para o nível de 90 porcento exigido para uma arma nuclear, quando o Irã tropeçou, tecnologicamente, em níveis muito mais baixos), isto representará uma ameaça inaceitável para Israel, que possui 200-300 armas nucleares, juntamente com os mísseis e bombardeiros para lança-las.
Mas, se não se trata, realmente, da remota possibilidade de o Irã construir uma bomba nuclear e cometer suicídio nacional, ao utilizá-la, o que, em verdade, está em jogo? A conclusão óbvia é que as táticas de pavor sobre bombas iranianas são a mais recente justificativa para impor “mudança de regime” no Irã.
Este objetivo recua, pelo menos, ao discurso do “eixo do mal” do presidente George W. Bush em 2002, mas tem um antecedente ainda mais remoto. Em 1996, os principais neocons, incluindo Richard Perle e Douglas Feith, prepararam um radical documento estratégico para Netanyahu de Israel, pedindo por um novo método para garantir a segurança de Israel, através da remoção ou neutralização dos regimes muçulmanos hostis na região.
Chamado “Uma Nítida Ruptura: Uma Nova Estratégia para Assegurar o Reino,” o plano visava o abandono das negociações “paz por terra”, e ao invés, “reestabelecer o princípio da prevenção,” começando com a derrubada de Saddam Hussein do Iraque e, então, cuidando dos outros inimigos regionais na Síria, Líbano e Irã.
Entretanto, para obter um tal objetivo ambicioso – com a necessária ajuda do poder militar e do dinheiro americano – seria preciso tornar as tradicionais negociações de paz, parecerem tolas ou impossíveis e, então, elevar as tensões.
Obviamente, com o presidente Bush na Casa Branca e com o público americano ultrajado pelos ataques do 11 de Setembro, novas possibilidades se abriram – e Saddam Hussein, o primeiro alvo para “assegurar o reino”, foi liquidado pela invasão liderada pelos Estados Unidos.
Mas a Guerra do Iraque não se desenrolou tão facilmente como o esperado, e as intenções do presidente Obama para revigorar o processo de paz do Oriente Médio, e para engajar o Irã em negociações, emergiram como novos obstáculos para o plano. Tornou-se importante mostrar como era ingênuo o jovem presidente, no que concerne à impossibilidade de lidar com o Irã.
Desarrumando um acordo.
Muitos por dentro de Washington, ficaram chocados, em 1º de outubro passado, quando Teerã concordou em enviar 1.200 Kg (então, quase 75 porcento do total do Irã) de urânio de baixo-enriquecimento para o exterior, para ser convertido em combustível para um pequeno reator que faz pesquisas médicas.
O principal negociador nuclear do Irã, Saeed Jalili, concedeu a concordância de Teerã, “à princípio”, num encontro, em Genebra, de representantes dos membros do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha, presidido por Javier Solana da União Européia.
Mesmo o New York Times reconheceu que isto, “se acontecer, representaria um grande feito para o Ocidente, reduzindo a capacidade do Irã em fabricar uma arma nuclear, rapidamente, e comprando mais tempo para as negociações frutificarem.”
A sabedoria convencional apresentada pela grande mídia de hoje, é que Teerã recuou do acordo. É verdade; mas é, apenas, a metade da história, uma história que ilumina como, na lista de prioridades estabelecida por Israel, a mudança de regime no Irã vêm em primeiro lugar.
A troca de urânio teve o apoio inicial do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. E um encontro de seguimento foi programado para 19 de outubro, na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em Viena.
Entretando, o acordo, em breve, ficou debaixo de crítcias dos grupos de oposição do Irã, incluindo o “Movimento Verde”, liderado pelo derrotado candidato presidencial Mir Hossein Moussavi, que tinha laços com os neocons americanos e com Israel, desde os dias do Caso Irã-Contras, dos anos 1980, quando ele era o primeiro-ministro que colaborou com os acordos secretos de venda de armas.
Estranhamente, foi a oposição política de Moussavi, favorecida pelos Estados Unidos, que liderou o ataque contra o acordo nuclear, chamando-o de afronta à soberania do Irã e sugerindo que Ahmadinejad não estava sendo duro o bastante.
Então, em 18 de outubro, um grupo terrorista chamado Jundullah, agindo sob informações, impressionantemente precisas, detonou um carro-bomba, num encontro de altos-comandantes da Guarda Revolucionária iraniana e líderes tribais na província de Sistan-Baluquistão, no sudeste do Irã. Um carro cheio de guardas também foi atacado.
Um brigadeiro-general que era vice-comandante das forças terrestres da Guarda Revolucionária; o brigadeiro da Guarda comandante da área de fronteira de Sistan-Baluquistão, e três outros comandantes de brigada, foram mortos no ataque; dezenas de outros oficiais e civis foram mortos ou feridos.
O Jundullah assumiu o crédito pelos ataques, que seguiram anos de ataques letais sobre os guardas revolucionários e policiais iranianos, incluindo uma tentativa de emboscada da carreata do presidente Ahmadinejad, em 2005.
Teerã proclama que o Jundullah é apoiado pelos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Israel, o oficial reformado de operações da CIA no Oriente Médio, Robert Baer, apontou o Jundullah como um dos grupos de “terroristas do bem” que se beneficiam da ajuda americana.
Eu creio que não é coincidência que o ataque de 18 de outubro – o mais sangrento no Irã, desde a guerra de 1980-88, com o Iraque – veio um dia antes das conversações nucleares serem retomada na AIEA, em Viena, para prosseguir com o sucesso de 1º de outubro. As matanças, com certeza, levantariam as suspeitas do Irã sobre a sinceridade americana.
É seguro apostar que a Guarda Revolucionária foi, direto, ao seu patrono, o Líder Supremo Ali Khamenei, argumentando que o ataque à bomba provou que o Ocidente não merece confiança.
Khamenei emitiu um comunicado em 19 de outubro, condenando os terroristas, a quem acusou “de serem apoiados pelas agências de espionagem de certas potências arrogantes.”
O comandante das forças terrestres da Guarda, que perdeu seu vice no ataque, acusou estes terroristas de serem “treinados pela América e Grã-Bretanha, em alguns países vizinhos,” e oc comandante-chefe da Guarda Revolucinária ameaçou retaliação.
O ataque foi uma grande notícia no Irã, mas não foi grande notícia nos Estados Unidos, onde a grande mídia, rapidamente, empurrou o incidente para o grande buraco na memória americana. A grande mídia, também, começou a tratar a resultante raiva do Irã sobre o que ele considerava atos de terrorismo e sua crescente sensibilidade para estrangeiros atravessando suas fronteiras, como esforços para intimidar grupos “pró-democracia” apoiados pelo Ocidente.
Mesmo assim, o Irã envia uma delegação.
Apesar do ataque do Jundullah, e as críticas dos grupos de oposição, uma delegação técnica iraniana de baixo escalão, chegou à Viena, para o encontro em 19 de outubro, mas o principal negociador nuclear do Irã, Saeed Jalili ficou de fora.
Os iranianos questionaram a confiabilidade das potências ocidentais e levantaram objeções a alguns detalhes, tais como, onde deveria ocorrer a transferência. Os iranianos aventaram propostas alternativas que pareciam dignas de serem exploradas, tais como fazer a transferência do urânio em território iraniano ou em algum outro local neutro.
Mas a administração Obama, debaixo de crescente pressão doméstica sobre a necessidade de ser mais dura com o Irã, desconsiderou as contra-propostas do Irã, de antemão, segundo se diz, por instigação do chefe de equipe da Casa Branca, Rahm Emanuel, e o emissário regional neocon, Dennis Ross.
Ambas as autoridades pareciam avessas a dar quaisquer passos que pudessem diminuir a impressão entre os americanos que Ahmadinejad é outra coisa além de um cachorro hidrófobo, precisando ser abatido, a nova mais desprezível bête noire (tendo ficado no lugar do, agora falecido, Saddam Hussein, enforcado pelo governo instalado pelos americanos no Iraque).
Vendo tudo isto, Lula e Erdogan perceberam os paralelos entre as ânsias de Washington por uma escalada da confrontação com o Irã e a forma pela qual os Estados Unidos tinham feito o mundo marchar, passo à passo, para uma invasão do Iraque (e com a mesma profundamente preconceituosa cobertura midiática, dos principais meios de informações americanos.)
Nesta primavera, esperando evitar um resultado similar, os dois líderes tiraram a poeira da iniciativa de transferência de urânio de 1º de outubro e foram à Teerã para efetuar, em termos similares, o acordo da última segunda-feira. Ambos exigiam o envio de 1.200 Kg de urânio de baixo-enriquecimento do Irã, para o exterior, em troca de varetas nucleares que não teriam nenhuma aplicação para uma arma.
Ainda assim, antes do que abraçar esta concessão iraniana, pelo menos, como um passo na direção certa, as autoridades americanas buscam afundá-la, ao pressionar por mais sanções. A grande mídia fez sua parte, ao insistir que o acordo foi, somente, mais outro truque iraniano que deixaria o Irã com bastante urânio para, na teoria, criar uma bomba nuclear.
Um editorial na terça-feira do Washington Post, intitulado “Barganha Ruim”, concluiu, esperançosamente:
”É possível que Teerã recuará, até mesmo, dos termos que ofereceu ao Brasil e Turquia – e neste caso, estes países serão obrigados apoiar as sanções da ONU.”
Na quarta-feira, um editorial do New York Times, retoricamente, passou a mão na cabeça dos líderes do Brasil e Turquia, como se fossem dois caipiras, perdidos na cidade grande da diplomacia dos entendidos. O Times escreveu:
”Brasil e Turquia... estão ansiosos para desempenhar papéis internacionais. E estão ansiosos para evitar um conflito com o Irã. Respeitamos estes desejos. Ms, como muitos outros, eles foram manipulados por Teerã.”
Antes do que irem em frente com o acordo de transferência do urânio, Brasil e Turquia deveriam “se juntar aos outros grandes participantes e votar pela resolução do Conselho de Segurança,” disse o Times. “Mesmo antes disto, eles deveriam voltar à Teerã e pressionar os mulás para fazerem um compromisso crível e iniciar negociações sérias.”
Foco nas sanções.
Ambos, o Times e o Post aplaudiram a atual busca da administração Obama por sanções econômicas mais duras contra o Irã – e, na terça-feira, eles conseguiram algo para aplaudir.
“Alcançamos um acordo sobre um forte rascunho [resolução sobre sanções] com a cooperação, tanto da Rússia como da China,” a secretária Clinton disse ao Comitê de Relações Externas do Senado, deixando claro que ela vê o momento das sanções como uma resposta para o acordo Irã-Brasil-Turquia.
“Este anúncio é a resposta mais convincente para os esforços empreendidos por Teerã nos últimos dias que podemos dar,” ela declarou.
Seus porta-voz, Philip J. Crowley, foi deixado com o trabalho de explicar as implicações óbvias de que o Washington está utilizando as novas sanções para afundar o plano de transferência de metade do urânio enriquecido do Irã para fora do país.
Questão: “Mas você disse que apoia e aprecia [o acordo Irã-Brasil-Turquia], mas, não o estará atrapalhando, de certo modo? Quero dizer, agora, introduzindo a resolução, um dia depois do acordo, você, praticamente, garantiu que o Irã reaja de forma negativa.”
Outra questão: “Por quê, se, de fato, você pensa que sobre este acordo Brasil-Turquia, o Irã provará que não é sério e você não tem muito otimismo que ele irá adiante, e o Irã continuará a demonstrar que não é sério sobre suas ambições nucleares, por quê você, simplesmente, não espera para isto acontecer e, então, você poderá obter uma resolução mais dura e, até mesmo, presumivelmente, o Brasil e a Turquia votarão a favor dela, pois o Irã os terá humilhado e embaraçado? Por quê não, simplesmente, esperar para ver tudo isto acontecer?”
E ainda mais outra questão: “A impressão que fica, entretanto, é que a mensagem aqui – certo, há uma mensagem para o Irã, mas também há uma mensagem para a Turquia e o Brasil – é de que, basicamente, saiam de nosso parquinho, e deixem os meninos e meninas maiores brincando aqui, nós não precisamos da intromissão de vocês. Você não acha que é isto?”
Eu quase senti pena pelo pobre P. J. Crowley, que fez o melhor de si para fazer a quadratura destas e de outras circunferências. Suas respostas careciam de franqueza, mas refletiam uma incomparável habilidde para se apegar a um ponto-chave: isto é, a “chave verdadeira”, a “questão primordial” de que é o enriquecimento em andamento do Irã. Ele disse isto, com palavras idênticas ou similares, nada menos do que dezessete vezes.
Que o Departamento de Estado, neste momento, tenha escolhido citar este ponto único, como impedimento é curioso, no melhor dos casos. O acordo proposto oferecido à Teerã em 1º de outubro não exigia que ele desistisse do enriquecimento, também.
E a atual ênfase na não-observância das resoluções do Conselho de Segurança – que tem sido exigido pelos Estados Unidos e seus aliados – é assustadoramente similar à estratégia para manipular o mundo rumo à invasão do Iraque, em 2003.
Crowley disse que a administração não tem “nenhum prazo em particular” para colocar a resolução em votação, dizendo, “demorará tanto quando for necessário.” Ele acrescentou que o presidente Obama “já determinou como objetivo acabar com isto pelo final da primavera – cerca de um mês a partir de agora.
Contra-Iniciativa.
Apesar dos esforços pelas autoridades de Washington e criadores de opinião neocons, para descarrilhar o plano Irã-Brasil-Turquia, ele ainda está nos trilhos, pelo menos, por enquanto.
Autoridades iranianas disseram que enviariam uma carta confirmando o acordo para a AIEA, numa semana. Num mês, o Irã embarcaria 1.200 Kg de seu urânio de baixo-enriquecimento para a Turquia.
Dentro de um ano, Rússia e França produziriam 120 Kg de urânio enriquecido à 20 porcento, para ser utilizado com reabastecimento para o reator de pesquisas em Teerã que produz isótopos para tratamento do câncer.
Quanto à afirmação de Clinton de que China, tanto como a Rússia, são parte de um consenso sobre o rescunho de resolução do Conselho de Segurança, o tempo irá mostrar.
Há uma dúvida em particular sobre, o quão firmemente a China está à bordo. Na segunda-feira, autoridades chineses saudaram a proposta Irã-Brasil-Turquia e disseram que ela devia ser explorada à fundo. Autoridades russas, também, sugeriram que o novo plano de transferência devia receber uma chance.
Também, as novas sanções propostas não vão tão longe quanto alguns linhas-dura americanos e israelenses queriam. Por exemplo, elas não embargam gasolina e outros produtos refinados de petróleo para o Irã, uma medida dura que alguns neocons esperavam que jogasse o Irã no caos político-econômico, com prelúdio para “mudança de regime”.
Ao invés, as novas sanções propostas pedem pela inspeção dos navios iranianos suspeitos de entrar em portos internacionais com armas ou tecnologia relacionadas com energia nuclear. Alguns analistas duvidam que esta determinação possa ter muito efeito prático sobre o Irã.
Israel estará em conferência com Washington antes de emitir uma resposta oficial, mas autoridades israelenses já disseram à imprensa que o acordo de transferência é um “truque” e e que o Irã “manipulou” a Turquia e o Brasil.
Há todas as razões para acreditar que Israel irá vasculhar no fundo de sua caixa de ferramentas para achar um modo de sabotar o acordo, mas não está claro que as ferramentas diplomáticas usuais irão funcionar neste estágio. Ainda permanece, é claro, a possibilidade de que Israel parta para uma ruptura e desfeche um ataque militar preventivo contra as instalações nucleares do Irã.
Neste meio-tempo, é certo que o primeiro-ministro israelense, Netanyahu, aplicará toda a pressão que puder sobre Obama.
Como antigo analista da CIA, espero que Obama tenha a presença de espírito para determinar uma Estimativa Nacional de Inteligência especial, sobre as implicações do acordo Irã-Brasil-Turquia para os interesses nacionais dos Estados Unidos e destes dos países do Oriente Médio.
Obama precisa de uma avaliação franca e sem retoques dos possíveis benefícios (e seus potenciais malefícios) como contra-peso para o lobby pró-Israel que, inevitavelmente, descerá sobre a Casa Branca e o Departamento de Estado.
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Ray McGovern trabalha com a Tell the Word, o braço editorial da ecumênica Igreja do Salvador, em Washington. Ele serviu na década de 1960, como oficial de infantaria e de informações e, então, tornou-se analista da CIA pelos vinte e sete anos seguintes.
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Re: EUA x Irã
Francoorp escreveu:Cross escreveu: Avigdor Lieberman não é dirigente de nada, é só um louco desbocado que colocaram no ministério das relações exteriores de Israel.
Este senhor Avigdor Lieberman é somente mais um SIONISTA em Israel, mais um que tem grande importância no governo e no estado de Israel, então aquilo que diz tem peso sim !!
Essa afirmação sua anula o que disse o louco d Irã sobre varrer algum povo do mapa, todos dois querem varrer alguém do mapa, mas somente Israel tem as armas de destruição em massa pra faze-lo... e acho que no momento justo acabarão usando-as contra os vizinhos, assim para aumentar o próprio território e ainda para abrir novas colônias hebraicas.
Será mais uma guerra justa, justa como a de combater um povo que não tem nem helicópteros, nem carros armados, nem aviação de caça, nem GRANA !! Fica fácil usar fuzis automáticos contra quem usa pedras (intifada) !!
Muito justo isso tudo, muito justo !!
Valeu !!
Na ultima grande guerra, Israel foi invadido e quase derrotado, nessa época, eles já possuíam armas nucleares, mas decidiram não usá-las, então, ao contrário do seu delírios anti-semitas, Israel não é louco.
Você ao menos pensa antes de postar? Não responda, é um pergunta retórica, eu sei que você não pensa.
Como seria possível que Israel usasse armas nucleares contra seus vizinhos pra "aumentar o próprio território e ainda para abrir novas colônias hebraicas." se as áreas atingidas por armas nucleares ficam radioativas e estéreis por longo tempo? Israelenses são resistentes à radiação?
I know the weakness, I know the pain. I know the fear you do not name. And the one who comes to find me when my time is through. I know you, yeah I know you.
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Re: EUA x Irã
Eu tenho o direito de criticar quem eu quiser, pois vivo em uma democracia!! Posso criticar também Israel sem ter que ser acusado de anti-semita, acho que o maior anti-semita do mundo é alguèm que não aceita criticas, e sai por ai ofendendo e ainda acusando os outros de serem anti-alguém !!então, ao contrário do seu delírios anti-semitas,
Tenho o meu DIREITO à criticar quem eu quiser, tendo obviamente isso assegurado na constituição do meu país !!
Sabia que em Hiroshima os trenzinhos de transporte coletivo já estavam operativos depois de três dias??? O que as fazendas em volta da cidade perderam apenas uma colheita, e que todas aquelas correlações com o câncer e más formações subseqüentes, ocorreram em casos específicos, ocorreram aos descendentes dos que sobreviveram e receberam alto nível de radiação, Gama, Beta, que danificaram o Genoma deles, ou são devidos ao descendentes dos sobreviventes que beberam a água suja depois da explosão, aquela nuvem que depois condensa-se e vira chuva radioativa, que depois na superfície desce no subsolo, até ser purificada pela pressão e calor do interior terrestre, condensando e voltando para a superfície fazendo espaço entre a terra e as rochas, entrando novamente no lençol freático... mas vem purificada, pois as partículas radioativas, são mais densas e não se sabe bem o por que, talvez o calor a que são sujeitas, elas descem continuamente até encontrar o Magma vivo das profundezas terrestres, sabia disso tudo?Como seria possível que Israel usasse armas nucleares contra seus vizinhos pra "aumentar o próprio território e ainda para abrir novas colônias hebraicas." se as áreas atingidas por armas nucleares ficam radioativas e estéreis por longo tempo? Israelenses são resistentes à radiação?
E que em todos os lugares onde foram realizados testes de armas nucleares até os anos 60, hoje já são completamente abitàveis, ou esta com a radiação a baixo nível, quase no ideal??? Depois de esperar um tempo, pode-se viver onde jogou as bombas sim, a radiação reduz-se completamente com o tempo!!
Não é um reator nuclear que explode jogando partículas altamente carregadas, as bombas descarregam poucas partículas em comparação a um reator. Algumas nem radiação descarregam, tem um modelo dos anos 60 que nem efeito colateral deixa, não me lembro o nome, mas posso pesquisar novamente para saber qual é...
Então, eu agora começo a "pensar" que é o senhor que não pensa, e fica ai fazendo somente PROPAGANDA de baixa qualidade !!!Você ao menos pensa antes de postar? Não responda, é um pergunta retórica, eu sei que você não pensa.
Ta na hora de parar com as ofensas pessoais àqueles que pensam diferente de ti !!!!
- Francoorp
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Re: EUA x Irã
Somente uma informação a mais pra ti... os U.S.A. realizaram 1.050 testes nucleares, realizados em maior parte dentro do território continental deles mesmo, se fosse verdade o que dizes sobre estas bombas israelenses, hoje os Yankees viveriam TODOS no exterior, e o inteiro território deles seria coberto de escorias nucleares, sendo que os testes foram realizados em muitos estados, como o Nevada, Alasca, Colorado, Mississippi, e Novo México !!
E a URSS então... com 969 ensaios, fica em segundo lugar, com testes em várias regiões do próprio território, como na Sibéria e Nova Zembla, e mais alguns em vários pontos da Rússia, Cazaquistão, Turquemenistão e Ucrânia.
Mas não fique PASMO ainda, temos mais testes nucleares do que pensas, veja por exemplo os testes ingleses, com 45 ensaios, 21 em território australiano.
Franceses, com 210 testes, a maior parte deles realizados em Reggane e Ekker, na Algéria, e Fangataufa e Moruroa, Polinésia Francesa.
China, com 45 testes (23 atmosféricos e 22 subterrâneos, todos conduzidos na Base de testes de Lop Nur, em Malan, Xinjiang)
Índia, com 5 ou 6 testes, em Pokhran.
Paquistão, com entre 3 e 6 testes, em Chagai Hills.
UFA !! E o mundo não acabou, mesmo depois de mais de 2 mil bombas atômicas explodidas neste planeta, e ainda estamos aqui !!!
Aquilo que o mundo realmente teme é o inverno nuclear, e não explosões de cidades e países...
E a URSS então... com 969 ensaios, fica em segundo lugar, com testes em várias regiões do próprio território, como na Sibéria e Nova Zembla, e mais alguns em vários pontos da Rússia, Cazaquistão, Turquemenistão e Ucrânia.
Mas não fique PASMO ainda, temos mais testes nucleares do que pensas, veja por exemplo os testes ingleses, com 45 ensaios, 21 em território australiano.
Franceses, com 210 testes, a maior parte deles realizados em Reggane e Ekker, na Algéria, e Fangataufa e Moruroa, Polinésia Francesa.
China, com 45 testes (23 atmosféricos e 22 subterrâneos, todos conduzidos na Base de testes de Lop Nur, em Malan, Xinjiang)
Índia, com 5 ou 6 testes, em Pokhran.
Paquistão, com entre 3 e 6 testes, em Chagai Hills.
UFA !! E o mundo não acabou, mesmo depois de mais de 2 mil bombas atômicas explodidas neste planeta, e ainda estamos aqui !!!
Aquilo que o mundo realmente teme é o inverno nuclear, e não explosões de cidades e países...
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Re: EUA x Irã
Cross, é o cérebro e não o fígado o órgão do corpo humano a ser utilizado durante um debate.Cross escreveu:Você ao menos pensa antes de postar? Não responda, é um pergunta retórica, eu sei que você não pensa.
Portanto, tenha mais calma e mais respeito ao responder um post de um colega de DB.
É o primeiro e último aviso.
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Re: EUA x Irã
Clermont escreveu:ESTADOS UNIDOS E ISRAEL DESAFIADOS SOBRE O IRÃ.
Por Ray McGovern – 20 de maio de 2010.
Ray McGovern trabalha com a Tell the Word, o braço editorial da ecumênica Igreja do Salvador, em Washington. Ele serviu na década de 1960, como oficial de infantaria e de informações e, então, tornou-se analista da CIA pelos vinte e sete anos seguintes.
Até que eu gostei deste texto, apesar do cara ser um espiào dos Yankees...
- Paisano
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Re: EUA x Irã
Assino embaixoFrancoorp escreveu:Clermont escreveu:ESTADOS UNIDOS E ISRAEL DESAFIADOS SOBRE O IRÃ.
Por Ray McGovern – 20 de maio de 2010.
Ray McGovern trabalha com a Tell the Word, o braço editorial da ecumênica Igreja do Salvador, em Washington. Ele serviu na década de 1960, como oficial de infantaria e de informações e, então, tornou-se analista da CIA pelos vinte e sete anos seguintes.
Até que eu gostei deste texto, apesar do cara ser um espiào dos Yankees...
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Re: EUA x Irã
ACEITE O ACORDO, SENHOR PRESIDENTE.
Por Patrick J. Buchanan – 21 de maio de 2010.
Se Barack Obama é sincero em sua política de “nenhuma bomba atômica no Irã – nenhuma guerra com o Irã”, ele deterá esta rude desconsideração da oferta que Teerã acabou de fazer de embarcar metade de seu estoque de urânio para a Turquia.
Considerem o que o presidente Ahmadinejad e o próprio aiatolá acabaram de se comprometer em fazer.
O Irã entregará 1.200 Kg de seu estoque de duas toneladas de urânio de baixo-enriquecimento (LEU) para a Turquia. Em troca, o Irã receberá, num ano, 120 Kg de varetas de combustível para seu reator de construção americana, que produz isótopos médicos para tratamento de paciente com câncer.
Não apenas o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan da Turquia e o presidente Lula do Brasil colocaram seu prestígio na reta, ao voarem para Teerã, o acordo que obtiveram é uma réplica quase exata do acordo que Obama ofereceu ao Irã, oito meses atrás.
Por quê o presidente Obama está refugando? Ele não quer um acordo? Ele já terá decidido pelo caminho das sanções que leva à guerra?
Terá o Partido da Guerra capturado a presidência Obama?
Se o Irã embarcar o LEU para a Turquia, ele ficará com urânio o bastante para somente uma explosão-teste. E como este LEU está sob vigilância da ONU, a América teria um longo espaço de tempo para agir se o Irã começasse a converter o LEU para grau bélico.
Como o programa iraniano, então, seria uma “ameaça existencial” para qualquer um?
Israel tem centenas de armas nucleares; a América, milhares.
Os críticos dizem que o Irã ainda se recusa a desativar as centrìfugas produtoras de urânio de baixo-enriquecimento. Mas se o Irã parar as centrífugas, ele entregará seu último elemento de barganha para o levantamento das sanções.
Os críticos também dizem que o Irã está tentando abortar a campanha de Hillary Clinton para fazer o Conselho de Segurança impor uma quarta rodada de sanções. Isto é, inegavelmente, verdade.
Mas, se o propósito das sanções é obrigar o Irã a negociar seu programa nuclear, elas estão funcionando. A mais recente oferta de Teerã significa um avanço real.
Os críticos dizem que o Irã dará para trás, se aceitarmos o acordo. Talvez. A oposição interna levou Ahmadinejad a recuar da oferta original de Obama, após ele ter indicado uma aceitação inicial.
Mas, se for assim, o Irã será visto como um país trapaceiro por Turquia e Brasil.
Hoje, para o mundo, os americanos aparecem como enfurecidos pelo Irã estar respondendo a própria oferta dos Estados Unidos, e que isto mostra que nós não desejamos uma resolução pacífica, que nós e os israelenses estamos inclinados pela guerra e a “mudança de regime” no Irã, da forma como George W. Bush estava inclinado pela guerra e mudança de regime no Iraque.
Embora os brasileiros e os turcos tenham, com certeza, complicado a diplomacia de Hillary, os motivos deles não são, necessariamente, sinistros ou malévolos.
Lula pode estar tentando superar Obama e ganhar um Prêmio Nobel da Paz, quando sair do cargo. Mas o que há de errado com isto? Bill Clinton tinha o Nobel em vista quando, em seus últimos dias, ele fez tudo que podia para uma paz na Palestina.
E Erdogan lidera um país que não pode desejar ver o Irã adquirir armas nucleares. Pois o Irã xiita compartilha uma fronteira com a Turquia sunita, e os dois são rivais pela influência no mundo islâmico e na Ásia Central.
E mais, uma bomba iraniana forçaria a Turquia a considerar uma bomba turca. Erdogan, portanto, tem todas as razões para buscar uma resolução desta crise, para manter o Irã livre de armas nucleares, e evitar uma guerra entre mais outro vizinho e seu aliado da OTAN, os Estados Unidos.
Se Obama recusar a levar à sério a oferta iraniana, isto será um sinal certo de que o Partido da Guerra o levou para seu campo e ele está saindo da trilha da negociação e pegando a trilha da guerra.
Meses atrás, Tony Karon do Times, enunciou a relevante questão: “E se Ahmadinejad for sério?”
E há motivos óbvios porque ele poderia querer um acordo.
Primeiro, neste ano, o Irã ficará sem combustível para seu reator que produz isótopos médicos. E apesar das fanfarronadas de Teerã sobre fabricar, ele mesmo, varetas de combustível a partir de sua pilha de urânio existente, não há evidências de que é, tecnicamente, capaz disto.
Iranianos morrendo de câncer porque Ahmadinejad fracassou em obter estas varetas de combustível, criarão animosidade para com ele, tanto como ódio para com nós, por negá-las para pacientes com câncer iranianos.
Segundo, como a comunidade de informações americana ainda sustenta, não há nenhuma evidência sólida de que o Irã tenha decidido buscar armas nucleares. Pois isto, instantaneamente, colocaria o Irã nas miras das armas nucleares dos Estados Unidos e Israel. E qual o benefício o Irã, persa e xiita (embora metade da população seja não-persa), ganharia dando a partida para uma corrida por armas nucleares numa região que é, predominantemente, árabe e sunita?
Terceiro, Ahmadinejad lidera uma nação que está unida na insistência em exercer todos os seus direitos sob o Tratado de Não-Proliferação, incluindo o direito ao enriquecimento de urânio. Mas sua nação é, profundamente, dividida sobre a legitimidade de seu regime, após a falhada, se não fraudada, eleição de junho.
Se os Estados Unidos aceitarem a contra-proposta do Irã, isto será uma vitória diplomática para Ahmadinejad.
Talvez, seja este o problema. As potências que não querem, realmente, um acordo com o Irã. Elas querem que o Irã seja esmagado.
Por Patrick J. Buchanan – 21 de maio de 2010.
Se Barack Obama é sincero em sua política de “nenhuma bomba atômica no Irã – nenhuma guerra com o Irã”, ele deterá esta rude desconsideração da oferta que Teerã acabou de fazer de embarcar metade de seu estoque de urânio para a Turquia.
Considerem o que o presidente Ahmadinejad e o próprio aiatolá acabaram de se comprometer em fazer.
O Irã entregará 1.200 Kg de seu estoque de duas toneladas de urânio de baixo-enriquecimento (LEU) para a Turquia. Em troca, o Irã receberá, num ano, 120 Kg de varetas de combustível para seu reator de construção americana, que produz isótopos médicos para tratamento de paciente com câncer.
Não apenas o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan da Turquia e o presidente Lula do Brasil colocaram seu prestígio na reta, ao voarem para Teerã, o acordo que obtiveram é uma réplica quase exata do acordo que Obama ofereceu ao Irã, oito meses atrás.
Por quê o presidente Obama está refugando? Ele não quer um acordo? Ele já terá decidido pelo caminho das sanções que leva à guerra?
Terá o Partido da Guerra capturado a presidência Obama?
Se o Irã embarcar o LEU para a Turquia, ele ficará com urânio o bastante para somente uma explosão-teste. E como este LEU está sob vigilância da ONU, a América teria um longo espaço de tempo para agir se o Irã começasse a converter o LEU para grau bélico.
Como o programa iraniano, então, seria uma “ameaça existencial” para qualquer um?
Israel tem centenas de armas nucleares; a América, milhares.
Os críticos dizem que o Irã ainda se recusa a desativar as centrìfugas produtoras de urânio de baixo-enriquecimento. Mas se o Irã parar as centrífugas, ele entregará seu último elemento de barganha para o levantamento das sanções.
Os críticos também dizem que o Irã está tentando abortar a campanha de Hillary Clinton para fazer o Conselho de Segurança impor uma quarta rodada de sanções. Isto é, inegavelmente, verdade.
Mas, se o propósito das sanções é obrigar o Irã a negociar seu programa nuclear, elas estão funcionando. A mais recente oferta de Teerã significa um avanço real.
Os críticos dizem que o Irã dará para trás, se aceitarmos o acordo. Talvez. A oposição interna levou Ahmadinejad a recuar da oferta original de Obama, após ele ter indicado uma aceitação inicial.
Mas, se for assim, o Irã será visto como um país trapaceiro por Turquia e Brasil.
Hoje, para o mundo, os americanos aparecem como enfurecidos pelo Irã estar respondendo a própria oferta dos Estados Unidos, e que isto mostra que nós não desejamos uma resolução pacífica, que nós e os israelenses estamos inclinados pela guerra e a “mudança de regime” no Irã, da forma como George W. Bush estava inclinado pela guerra e mudança de regime no Iraque.
Embora os brasileiros e os turcos tenham, com certeza, complicado a diplomacia de Hillary, os motivos deles não são, necessariamente, sinistros ou malévolos.
Lula pode estar tentando superar Obama e ganhar um Prêmio Nobel da Paz, quando sair do cargo. Mas o que há de errado com isto? Bill Clinton tinha o Nobel em vista quando, em seus últimos dias, ele fez tudo que podia para uma paz na Palestina.
E Erdogan lidera um país que não pode desejar ver o Irã adquirir armas nucleares. Pois o Irã xiita compartilha uma fronteira com a Turquia sunita, e os dois são rivais pela influência no mundo islâmico e na Ásia Central.
E mais, uma bomba iraniana forçaria a Turquia a considerar uma bomba turca. Erdogan, portanto, tem todas as razões para buscar uma resolução desta crise, para manter o Irã livre de armas nucleares, e evitar uma guerra entre mais outro vizinho e seu aliado da OTAN, os Estados Unidos.
Se Obama recusar a levar à sério a oferta iraniana, isto será um sinal certo de que o Partido da Guerra o levou para seu campo e ele está saindo da trilha da negociação e pegando a trilha da guerra.
Meses atrás, Tony Karon do Times, enunciou a relevante questão: “E se Ahmadinejad for sério?”
E há motivos óbvios porque ele poderia querer um acordo.
Primeiro, neste ano, o Irã ficará sem combustível para seu reator que produz isótopos médicos. E apesar das fanfarronadas de Teerã sobre fabricar, ele mesmo, varetas de combustível a partir de sua pilha de urânio existente, não há evidências de que é, tecnicamente, capaz disto.
Iranianos morrendo de câncer porque Ahmadinejad fracassou em obter estas varetas de combustível, criarão animosidade para com ele, tanto como ódio para com nós, por negá-las para pacientes com câncer iranianos.
Segundo, como a comunidade de informações americana ainda sustenta, não há nenhuma evidência sólida de que o Irã tenha decidido buscar armas nucleares. Pois isto, instantaneamente, colocaria o Irã nas miras das armas nucleares dos Estados Unidos e Israel. E qual o benefício o Irã, persa e xiita (embora metade da população seja não-persa), ganharia dando a partida para uma corrida por armas nucleares numa região que é, predominantemente, árabe e sunita?
Terceiro, Ahmadinejad lidera uma nação que está unida na insistência em exercer todos os seus direitos sob o Tratado de Não-Proliferação, incluindo o direito ao enriquecimento de urânio. Mas sua nação é, profundamente, dividida sobre a legitimidade de seu regime, após a falhada, se não fraudada, eleição de junho.
Se os Estados Unidos aceitarem a contra-proposta do Irã, isto será uma vitória diplomática para Ahmadinejad.
Talvez, seja este o problema. As potências que não querem, realmente, um acordo com o Irã. Elas querem que o Irã seja esmagado.