Pressões Nucleares sobre o Brasil
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Há quem queira a bomba brasileira. E esse debate tem que sair do armário
21 de maio de 2010
Por Reinaldo Azevedo (*)
É claro que há antiamericanos delirantes no governo Lula, em especial no Itamaraty, que não estão nem aí para o Irã e seu programa nuclear. Querem é torrar a paciência dos Estados Unidos; criar o tal novo eixo de poder; enfrentar o imperialismo — essas boçalidades, vocês sabem. O que essa questão esconde, no entanto, é muito mais interessante. O Brasil é signatário do Tratado de Não- Proliferação Nuclear (TNP).
E o descontentamento com esse fato une muitos esquerdistas e antiesquerdistas; petistas e antipetistas; lulistas e antilulistas; civis e militares. O Brasil se atrapalhou todo na questão iraniana; meteu os pés pela mãos; foi surpreendido, em plena decolagem do tal acordo, pela declaração do governo iraniano de que o país continuaria a enriquecer urânio etc. Tudo isso é verdade. Mas o que leva o governo a esse comportamento é, quando menos, uma tentativa de método.
O Brasil está menos discutindo o programa nuclear iraniano — no fim das contas, sabe que, se o caldo entornar, ele não decide a resposta militar nem participa dela — do que, simbolicamente, o próprio programa. Notem como a argumentação das autoridades brasileiras termina sempre na “soberania”. A convicção de que o Brasil jamais será respeitado no mundo como merece se não tiver a bomba mais reúne do que divide ideologias e ideólogos.
À boca pequena, em áreas do governo e das Forças Armadas, o exemplo da Índia é sempre lembrado. O país não é signatário do tratado, fez seu primeiro teste nuclear em 1974 e anunciou a bomba em 1998. Não obstante, celebrou um acordo de cooperação nuclear com os EUA naquele mesmo ano. E continuou perfeitamente integrado à chamada ordem mundial. É claro que a Índia não é o Irã — a não ser para o Paquistão, que também tem a bomba… Digamos que as ambições bélicas — ou escatológicas — dos indianos têm aspirações mais modestas…
Ainda que pareça improvável — impossível mesmo —, a possibilidade de o Brasil denunciar o tratado surge aqui e ali. A ação de Lula e do Itamaraty em defesa do Irã acabou saindo dos trilhos. Na sua intenção original, o que se pretendia era debater a questão nuclear no âmbito da soberania, o que o Brasil, em boa medida, já faz. O acesso da Agência Internacional de Energia Atômica às instalações brasileiras é restrito, em nome do “segredo industrial”. E o país já disse que não assina um protocolo adicional do TNP, o que é cobrado pelos Estados Unidos.
Em dezembro de 2008, o governo lançou a Estratégia Nacional de Defesa, em que a energia nuclear ocupa papel central (íntegra aqui). Transcrevo um trechos em que se nota o inconformismo com o TNP e seu caráter limitante, a crítica às potências nucleares — o que parece um tanto descabido num documento como esse — e, entendo, uma certa sugestão de que a defesa do país está acima de tratados. Leiam:
O setor nuclear tem valor estratégico. Transcende, por sua natureza, a divisão entre desenvolvimento e defesa. Por imperativo constitucional e por tratado internacional, privou-se o Brasil da faculdade de empregar a energia nuclear para qualquer fim que não seja pacífico. Fê-lo sob várias premissas, das quais a mais importante foi o progressivo desarmamento nuclear das potências nucleares.
Nenhum país é mais atuante do que o Brasil na causa do desarmamento nuclear. Entretanto o Brasil, ao proibir a si mesmo o acesso ao armamento nuclear, não se deve despojar da tecnologia nuclear.
(…)
Aumentar a capacidade de usar a energia nuclear em amplo espectro de atividades. O Brasil zelará por manter abertas as vias de acesso ao desenvolvimento de suas tecnologias de energia nuclear. Não aderirá a acréscimos ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares destinados a ampliar as restrições do Tratado sem que as potências nucleares tenham avançado na premissa central do Tratado: seu próprio desarmamento nuclear.
Quem investir neste filão da apuração jornalística não vai se arrepender. Há muita gente dentro e fora do governo que acredita que o TNP não pode ser um entrave para um país como o Brasil. A questão, como quase todas, é, se me permitem a palavra, “debatível”.
Mas é preciso tirar o debate do armário — ou das instalações e intenções secretas.
(*) Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/ ... o-armario/
21 de maio de 2010
Por Reinaldo Azevedo (*)
É claro que há antiamericanos delirantes no governo Lula, em especial no Itamaraty, que não estão nem aí para o Irã e seu programa nuclear. Querem é torrar a paciência dos Estados Unidos; criar o tal novo eixo de poder; enfrentar o imperialismo — essas boçalidades, vocês sabem. O que essa questão esconde, no entanto, é muito mais interessante. O Brasil é signatário do Tratado de Não- Proliferação Nuclear (TNP).
E o descontentamento com esse fato une muitos esquerdistas e antiesquerdistas; petistas e antipetistas; lulistas e antilulistas; civis e militares. O Brasil se atrapalhou todo na questão iraniana; meteu os pés pela mãos; foi surpreendido, em plena decolagem do tal acordo, pela declaração do governo iraniano de que o país continuaria a enriquecer urânio etc. Tudo isso é verdade. Mas o que leva o governo a esse comportamento é, quando menos, uma tentativa de método.
O Brasil está menos discutindo o programa nuclear iraniano — no fim das contas, sabe que, se o caldo entornar, ele não decide a resposta militar nem participa dela — do que, simbolicamente, o próprio programa. Notem como a argumentação das autoridades brasileiras termina sempre na “soberania”. A convicção de que o Brasil jamais será respeitado no mundo como merece se não tiver a bomba mais reúne do que divide ideologias e ideólogos.
À boca pequena, em áreas do governo e das Forças Armadas, o exemplo da Índia é sempre lembrado. O país não é signatário do tratado, fez seu primeiro teste nuclear em 1974 e anunciou a bomba em 1998. Não obstante, celebrou um acordo de cooperação nuclear com os EUA naquele mesmo ano. E continuou perfeitamente integrado à chamada ordem mundial. É claro que a Índia não é o Irã — a não ser para o Paquistão, que também tem a bomba… Digamos que as ambições bélicas — ou escatológicas — dos indianos têm aspirações mais modestas…
Ainda que pareça improvável — impossível mesmo —, a possibilidade de o Brasil denunciar o tratado surge aqui e ali. A ação de Lula e do Itamaraty em defesa do Irã acabou saindo dos trilhos. Na sua intenção original, o que se pretendia era debater a questão nuclear no âmbito da soberania, o que o Brasil, em boa medida, já faz. O acesso da Agência Internacional de Energia Atômica às instalações brasileiras é restrito, em nome do “segredo industrial”. E o país já disse que não assina um protocolo adicional do TNP, o que é cobrado pelos Estados Unidos.
Em dezembro de 2008, o governo lançou a Estratégia Nacional de Defesa, em que a energia nuclear ocupa papel central (íntegra aqui). Transcrevo um trechos em que se nota o inconformismo com o TNP e seu caráter limitante, a crítica às potências nucleares — o que parece um tanto descabido num documento como esse — e, entendo, uma certa sugestão de que a defesa do país está acima de tratados. Leiam:
O setor nuclear tem valor estratégico. Transcende, por sua natureza, a divisão entre desenvolvimento e defesa. Por imperativo constitucional e por tratado internacional, privou-se o Brasil da faculdade de empregar a energia nuclear para qualquer fim que não seja pacífico. Fê-lo sob várias premissas, das quais a mais importante foi o progressivo desarmamento nuclear das potências nucleares.
Nenhum país é mais atuante do que o Brasil na causa do desarmamento nuclear. Entretanto o Brasil, ao proibir a si mesmo o acesso ao armamento nuclear, não se deve despojar da tecnologia nuclear.
(…)
Aumentar a capacidade de usar a energia nuclear em amplo espectro de atividades. O Brasil zelará por manter abertas as vias de acesso ao desenvolvimento de suas tecnologias de energia nuclear. Não aderirá a acréscimos ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares destinados a ampliar as restrições do Tratado sem que as potências nucleares tenham avançado na premissa central do Tratado: seu próprio desarmamento nuclear.
Quem investir neste filão da apuração jornalística não vai se arrepender. Há muita gente dentro e fora do governo que acredita que o TNP não pode ser um entrave para um país como o Brasil. A questão, como quase todas, é, se me permitem a palavra, “debatível”.
Mas é preciso tirar o debate do armário — ou das instalações e intenções secretas.
(*) Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/ ... o-armario/
Cabeça dos outros é terra que ninguem anda... terras ermas...
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Incrível, até o Reinaldo Azevedo é capaz de produzir um texto legal, bem que o Paulo Henrique Amorim podia fazer algo que preste também...
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Eu não gostei muito não, essa coisa de que o Lula meteu os pés pelas mãos não é justa, o cara fez foi pegar os potentes do mundo de cueca na mão, e isso não é meter os pés pelas mãos.
Outro ponto é aquele que o Brasil não vai assinar o TNP+, e diz que os Yankees querem... pouco importa o que os Yankees querem, nós não temos que assinar nada somente porque eles querem !!
Creio que este cara não tem mais nenhuma credibilidade depois de ter falado um monte de Merd@ no seu blog, vai ter que melhorar muito pra que eu possa acreditar em uma sò palavra que diz.
Valeu !
Outro ponto é aquele que o Brasil não vai assinar o TNP+, e diz que os Yankees querem... pouco importa o que os Yankees querem, nós não temos que assinar nada somente porque eles querem !!
Creio que este cara não tem mais nenhuma credibilidade depois de ter falado um monte de Merd@ no seu blog, vai ter que melhorar muito pra que eu possa acreditar em uma sò palavra que diz.
Valeu !
- Viktor Reznov
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Só frisando o que o Azevedo disse:
BOÇALIDADES.É claro que há antiamericanos delirantes no governo Lula, em especial no Itamaraty, que não estão nem aí para o Irã e seu programa nuclear. Querem é torrar a paciência dos Estados Unidos; criar o tal novo eixo de poder; essas boçalidades, vocês sabem.
I know the weakness, I know the pain. I know the fear you do not name. And the one who comes to find me when my time is through. I know you, yeah I know you.
- Marino
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Entrevista com Othon Luiz Pinheiro da
Silva: ‘Energia nuclear no Brasil é uma
coisa indispensável’
MACHADO, Priscila. “Entrevista com Othon Luiz Pinheiro da Silva:
‘Energia nuclear no
Brasil é uma coisa indispensável’”
. Brasil Econômico, São Paulo, 13 de maio de 2010.
Observar a trajetória do vice-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva,
presidente da
Eletronuclear – Eletrobras Termonuclear, é acompanhar boa parte do
desenvolvimento
da tecnologia nuclear no Brasil.
Autor do projeto de concepção de ultracentrífugas para enriquecimento
de urânio, ele
já atuou como engenheiro naval do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro
(AMRJ), de
1967 a 1974; foi diretor de Pesquisas de Reatores do Instituto de
Pesquisas
Energéticas e Nucleares (IPEN), de 1982 a 1984; e fundador e
responsável pelo
Programa de Desenvolvimento do Ciclo do Combustível Nuclear e da
Propulsão
Nuclear para submarinos, de 1979 a 1994.
Agora, à frente da estatal, se prepara para a retomada do programa
nuclear brasileiro.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tem afirmado que a
energia
nuclear está se popularizando no mundo. Há um movimento de novas
discussões sobre o assunto e, caso sim, isso pode resultar em uma
retomada de
investimentos?
Existe um preconceito contra a indústria nuclear devido à falta de
conhecimento.
Então, o debate faz com que a população entenda que, como tudo, ela
tem seu lado
positivo e seu lado negativo. A retomada dos investimentos já é uma
realidade.
Energia nuclear no Brasil não é coisa do futuro, é coisa do presente e
é indispensável.
Essa aceitação da usina nuclear é um reconhecimento ou ela ocorre em
detrimento de outras fontes?
É a soma do entendimento de que existe uma tecnologia que é segura e
de que o
aquecimento global pode ser um grande problema para a humanidade. No
caso do
Brasil, existe ainda uma terceira motivação, que é a de que o nosso
sistema integrado
é praticamente composto por hidrelétricas. No entanto, desde a década
de 1980 o
volume de água permaneceu constante.
As novas hidrelétricas são muito boas, mas não têm estoque de energia.
Então é
preciso que agora tenhamos uma complementação de térmicas. Não existe
uma
energia melhor que a outra. O desafio do administrador é fazer um mix
que tenha o
menor impacto ambiental e o melhor preço médio para a sociedade.
O senhor acredita que possa haver concorrência entre as fontes?
Quem trabalha com um tipo de energia acredita que só existe aquela.
Não é o meu
caso, já trabalhei com outras fontes. Tem até um funcionário que
trabalha comigo que
costuma dizer que eu sou um espião hidrelétrico no meio nuclear. O
segredo é saber
como compor. No Brasil, o artista principal tem que ser a hidrelétrica
que, assim como
as nucleares, tem capital intensivo, ou seja, ali o investimento é
alto, mas o
combustível é barato.
Para a sequência de anos secos, é necessário ter diversas térmicas
convencionais,
prontas para funcionar como uma apólice de seguro. Não poderíamos
colocá-las o ano
inteiro para funcionar porque o custo seria alto.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que 60 países cogitam a
geração de energia utilizando fonte nuclear e que até 25 unidades
devem ser
inauguradas nos próximos 20 anos. Como o senhor avalia a participação
do
Brasil nesse cenário?
Nosso programa é menos espetacular do que o da China e o da Índia,
porque temos
uma riqueza energética, uma quantidade de rios muito grande e enormes
reservas de
urânio. A térmica, embora indispensável, entra de forma complementar.
Os países que
não têm fontes naturais se preocupam em ter fonte nuclear, porque é
fácil de estocar.
Quando não se conta com fontes internas, fica-se sujeito aos humores
do mercado.
No atual contexto, mais países em desenvolvimento devem aderir a essa
fonte?
Países que não fecham seu balanço energético com as fontes que têm, no
geral fazem
contratos de longa duração para conseguir as fontes primárias. Os
contratos
internacionais são sempre respaldados pela força existente, ou seja,
quem faz um
contrato internacional tem que ter força.
Casos como o do Irã, podem limitar a expansão do uso da energia
nuclear?
Fechar o balanço com fontes próprias faz com que a vocação do país
seja pacífica. No
Brasil, fechamos o balanço energético. Outros países que não têm essa
vocação, nem
fecham dessa maneira, ficam preocupados, temem a extensão do programa.
Isso é
uma demagogia barata, é o sujeito que proliferou preocupado com quem
tem vocação
pacífica.
Hoje, Angra 3 é o maior projeto brasileiro no segmento nuclear. Quando
a usina
entrará em operação?
Um ano antes da Olimpíada de 2016 ela vai estar em operação. Entre o
final de maio e
o início de junho de 2015 estará funcionando a plena capacidade.
Quais são os outros projetos em andamento liderados pela
Eletronuclear?
É a instalação de usinas nucleares no Nordeste. A decisão final sobre
os lugares onde
elas serão instaladas é do Congresso Nacional, mas estamos entregando
um cardápio
com alguma possibilidades. Só no Nordeste estamos com cinco pratos por
estado. Em
convênio com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estamos
estendendo esse
estudo para todo o país. Adequamos os pratos ao gosto regional.
Quais outras regiões podem vir a ser alvo de investimentos?
Há dois anos, a decisão do Conselho Nacional de Política Energética
(CNPE) era a de
que a prioridade fosse o Nordeste. Está sendo feito um reestudo agora,
não por nós,
então a decisão sobre onde será exatamente não sabemos, mas estamos
preparados
para atender onde quer que seja.
Então ainda há dúvidas sobre a localização da próxima?
Pela decisão do CNPE, a primeira central seria no Nordeste e a
segunda, na região
Sudeste. Agora parece que estão na dúvida se mantêm essa ordem ou não.
Há uma
grande possibilidade de mantê-la, mas isso não é decisão nossa. Se for
decidido que
será no Sudeste, teremos condições de fazer. E se for no Nordeste, já
está pronto.
Preferimos que mantenham a ordem atual.
Alguma região tem vantagens?
Sempre tem uma com vantagem sobre a outra. Uma das coisas
recomendáveis é a
parte de desenvolvimento socioeconômico da região. Se colocamos em
local muito
pobre, contribuímos para a melhoria das condições naquela região.
No Vale do São Francisco, podemos combinar o potencial elétrico já
existente no local
com energia nuclear e podemos fazer um trabalho muito similar ao vale
do Tennessee
americano, ou seja, a energia elétrica pode ser um fator de
desenvolvimento regional.
Silva: ‘Energia nuclear no Brasil é uma
coisa indispensável’
MACHADO, Priscila. “Entrevista com Othon Luiz Pinheiro da Silva:
‘Energia nuclear no
Brasil é uma coisa indispensável’”
. Brasil Econômico, São Paulo, 13 de maio de 2010.
Observar a trajetória do vice-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva,
presidente da
Eletronuclear – Eletrobras Termonuclear, é acompanhar boa parte do
desenvolvimento
da tecnologia nuclear no Brasil.
Autor do projeto de concepção de ultracentrífugas para enriquecimento
de urânio, ele
já atuou como engenheiro naval do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro
(AMRJ), de
1967 a 1974; foi diretor de Pesquisas de Reatores do Instituto de
Pesquisas
Energéticas e Nucleares (IPEN), de 1982 a 1984; e fundador e
responsável pelo
Programa de Desenvolvimento do Ciclo do Combustível Nuclear e da
Propulsão
Nuclear para submarinos, de 1979 a 1994.
Agora, à frente da estatal, se prepara para a retomada do programa
nuclear brasileiro.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tem afirmado que a
energia
nuclear está se popularizando no mundo. Há um movimento de novas
discussões sobre o assunto e, caso sim, isso pode resultar em uma
retomada de
investimentos?
Existe um preconceito contra a indústria nuclear devido à falta de
conhecimento.
Então, o debate faz com que a população entenda que, como tudo, ela
tem seu lado
positivo e seu lado negativo. A retomada dos investimentos já é uma
realidade.
Energia nuclear no Brasil não é coisa do futuro, é coisa do presente e
é indispensável.
Essa aceitação da usina nuclear é um reconhecimento ou ela ocorre em
detrimento de outras fontes?
É a soma do entendimento de que existe uma tecnologia que é segura e
de que o
aquecimento global pode ser um grande problema para a humanidade. No
caso do
Brasil, existe ainda uma terceira motivação, que é a de que o nosso
sistema integrado
é praticamente composto por hidrelétricas. No entanto, desde a década
de 1980 o
volume de água permaneceu constante.
As novas hidrelétricas são muito boas, mas não têm estoque de energia.
Então é
preciso que agora tenhamos uma complementação de térmicas. Não existe
uma
energia melhor que a outra. O desafio do administrador é fazer um mix
que tenha o
menor impacto ambiental e o melhor preço médio para a sociedade.
O senhor acredita que possa haver concorrência entre as fontes?
Quem trabalha com um tipo de energia acredita que só existe aquela.
Não é o meu
caso, já trabalhei com outras fontes. Tem até um funcionário que
trabalha comigo que
costuma dizer que eu sou um espião hidrelétrico no meio nuclear. O
segredo é saber
como compor. No Brasil, o artista principal tem que ser a hidrelétrica
que, assim como
as nucleares, tem capital intensivo, ou seja, ali o investimento é
alto, mas o
combustível é barato.
Para a sequência de anos secos, é necessário ter diversas térmicas
convencionais,
prontas para funcionar como uma apólice de seguro. Não poderíamos
colocá-las o ano
inteiro para funcionar porque o custo seria alto.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que 60 países cogitam a
geração de energia utilizando fonte nuclear e que até 25 unidades
devem ser
inauguradas nos próximos 20 anos. Como o senhor avalia a participação
do
Brasil nesse cenário?
Nosso programa é menos espetacular do que o da China e o da Índia,
porque temos
uma riqueza energética, uma quantidade de rios muito grande e enormes
reservas de
urânio. A térmica, embora indispensável, entra de forma complementar.
Os países que
não têm fontes naturais se preocupam em ter fonte nuclear, porque é
fácil de estocar.
Quando não se conta com fontes internas, fica-se sujeito aos humores
do mercado.
No atual contexto, mais países em desenvolvimento devem aderir a essa
fonte?
Países que não fecham seu balanço energético com as fontes que têm, no
geral fazem
contratos de longa duração para conseguir as fontes primárias. Os
contratos
internacionais são sempre respaldados pela força existente, ou seja,
quem faz um
contrato internacional tem que ter força.
Casos como o do Irã, podem limitar a expansão do uso da energia
nuclear?
Fechar o balanço com fontes próprias faz com que a vocação do país
seja pacífica. No
Brasil, fechamos o balanço energético. Outros países que não têm essa
vocação, nem
fecham dessa maneira, ficam preocupados, temem a extensão do programa.
Isso é
uma demagogia barata, é o sujeito que proliferou preocupado com quem
tem vocação
pacífica.
Hoje, Angra 3 é o maior projeto brasileiro no segmento nuclear. Quando
a usina
entrará em operação?
Um ano antes da Olimpíada de 2016 ela vai estar em operação. Entre o
final de maio e
o início de junho de 2015 estará funcionando a plena capacidade.
Quais são os outros projetos em andamento liderados pela
Eletronuclear?
É a instalação de usinas nucleares no Nordeste. A decisão final sobre
os lugares onde
elas serão instaladas é do Congresso Nacional, mas estamos entregando
um cardápio
com alguma possibilidades. Só no Nordeste estamos com cinco pratos por
estado. Em
convênio com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estamos
estendendo esse
estudo para todo o país. Adequamos os pratos ao gosto regional.
Quais outras regiões podem vir a ser alvo de investimentos?
Há dois anos, a decisão do Conselho Nacional de Política Energética
(CNPE) era a de
que a prioridade fosse o Nordeste. Está sendo feito um reestudo agora,
não por nós,
então a decisão sobre onde será exatamente não sabemos, mas estamos
preparados
para atender onde quer que seja.
Então ainda há dúvidas sobre a localização da próxima?
Pela decisão do CNPE, a primeira central seria no Nordeste e a
segunda, na região
Sudeste. Agora parece que estão na dúvida se mantêm essa ordem ou não.
Há uma
grande possibilidade de mantê-la, mas isso não é decisão nossa. Se for
decidido que
será no Sudeste, teremos condições de fazer. E se for no Nordeste, já
está pronto.
Preferimos que mantenham a ordem atual.
Alguma região tem vantagens?
Sempre tem uma com vantagem sobre a outra. Uma das coisas
recomendáveis é a
parte de desenvolvimento socioeconômico da região. Se colocamos em
local muito
pobre, contribuímos para a melhoria das condições naquela região.
No Vale do São Francisco, podemos combinar o potencial elétrico já
existente no local
com energia nuclear e podemos fazer um trabalho muito similar ao vale
do Tennessee
americano, ou seja, a energia elétrica pode ser um fator de
desenvolvimento regional.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
CARTA MOTIVADORA
Obama encorajou Lula a um acordo com o Irã
Por documento, presidente americano disse que acerto geraria “confiança”
Há duas semanas, antes de ser firmado o acordo entre Brasil, Irã e Turquia sobre troca de combustível nuclear, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama enviou uma carta ao seu colega Luiz Inácio Lula da Silva. O texto diz que um eventual acerto criaria “confiança”.
O Brasil alega que a carta de Obama inspirou a maioria dos pontos da Declaração de Teerã. Em trechos do documento, obtidos pela agência Reuters, Obama retoma os termos do acordo que o Grupo de Viena havia proposto no ano passado, cujos principais elementos constam no acerto fechado na segunda-feira.
– Do nosso ponto de vista, uma decisão do Irã de enviar 1,2 mil quilos de urânio de baixo enriquecimento para fora do país geraria confiança e diminuiria as tensões regionais por meio da redução do estoque iraniano de urânio levemente enriquecido – diz Obama.
Apesar disso, após o anúncio do acordo, os EUA anunciaram que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (EUA, Grã-Bretanha, França, China, Rússia) concordaram com um esboço de resolução contendo novas sanções ao Irã.
– Para iniciar um processo diplomático construtivo, o Irã precisa transmitir à AIEA um compromisso construtivo de engajamento, através dos canais oficiais, algo que não foi feito até o momento. No meio tempo, insistiremos na aprovação de sanções – afirmou, segundo a Reuters.
A Presidência da República confirmou a existência do documento, mas não revelou seu conteúdo. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, afirmou ontem que Obama sugeriu a Lula que negociasse com o Irã. O chanceler brasileiro conversa com vários colegas para evitar as sanções contra o Irã. O ministro brasileiro já falou com representantes de Rússia, China, Áustria, Bósnia, Japão, Grã-Bretanha, Uganda e Turquia.
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora ... ction=1014
Interessante notar também que, antes do acordo, essa era a "última chance".
[]'s
Obama encorajou Lula a um acordo com o Irã
Por documento, presidente americano disse que acerto geraria “confiança”
Há duas semanas, antes de ser firmado o acordo entre Brasil, Irã e Turquia sobre troca de combustível nuclear, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama enviou uma carta ao seu colega Luiz Inácio Lula da Silva. O texto diz que um eventual acerto criaria “confiança”.
O Brasil alega que a carta de Obama inspirou a maioria dos pontos da Declaração de Teerã. Em trechos do documento, obtidos pela agência Reuters, Obama retoma os termos do acordo que o Grupo de Viena havia proposto no ano passado, cujos principais elementos constam no acerto fechado na segunda-feira.
– Do nosso ponto de vista, uma decisão do Irã de enviar 1,2 mil quilos de urânio de baixo enriquecimento para fora do país geraria confiança e diminuiria as tensões regionais por meio da redução do estoque iraniano de urânio levemente enriquecido – diz Obama.
Apesar disso, após o anúncio do acordo, os EUA anunciaram que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (EUA, Grã-Bretanha, França, China, Rússia) concordaram com um esboço de resolução contendo novas sanções ao Irã.
– Para iniciar um processo diplomático construtivo, o Irã precisa transmitir à AIEA um compromisso construtivo de engajamento, através dos canais oficiais, algo que não foi feito até o momento. No meio tempo, insistiremos na aprovação de sanções – afirmou, segundo a Reuters.
A Presidência da República confirmou a existência do documento, mas não revelou seu conteúdo. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, afirmou ontem que Obama sugeriu a Lula que negociasse com o Irã. O chanceler brasileiro conversa com vários colegas para evitar as sanções contra o Irã. O ministro brasileiro já falou com representantes de Rússia, China, Áustria, Bósnia, Japão, Grã-Bretanha, Uganda e Turquia.
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora ... ction=1014
Interessante notar também que, antes do acordo, essa era a "última chance".
[]'s
Alberto -
- Francoorp
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- Contato:
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Se alguém ainda não leu esta analise da situação Nuclear Brasileira da Área Militar, deixo aqui o Link da primeira pag... mas recomendo a leitura de todas as 5 partes desta analise, basta clicar encima à direita, depois de acabar uma:
http://www.areamilitar.net/analise/anal ... ria=53&p=1
Valeu !!
http://www.areamilitar.net/analise/anal ... ria=53&p=1
Valeu !!
- Marino
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Olha, o PT se supera a cada artigo.Francoorp escreveu:Se alguém ainda não leu esta analise da situação Nuclear Brasileira da Área Militar, deixo aqui o Link da primeira pag... mas recomendo a leitura de todas as 5 partes desta analise, basta clicar encima à direita, depois de acabar uma:
http://www.areamilitar.net/analise/anal ... ria=53&p=1
Valeu !!
Incrível a quantidade de falácias escritas.
Como ele é inscrito em nosso fórum, ponho-me a disposição para debater com o mesmo aqui, já que no Área Militar não vi um espaço para comentários dos leitores, o que é uma medida prudente para artigos como este.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
- cassiosemasas
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
olha tem muita coisa interessante, na analise, mas existem pontos(pelo menos pra mim) que não responde da mesma forma para mim...como a preleção pelo governo do Lula, por regimes "barbaros", sim mas acho que isso é uma coisa que o Lula vai levar com ele, pra mim não me parece que sejam relações que o estado Brasileiro vai coadunar por muito tempo, Mesmo com Dilma, se vencer.Francoorp escreveu:Se alguém ainda não leu esta analise da situação Nuclear Brasileira da Área Militar, deixo aqui o Link da primeira pag... mas recomendo a leitura de todas as 5 partes desta analise, basta clicar encima à direita, depois de acabar uma:
http://www.areamilitar.net/analise/anal ... ria=53&p=1
Valeu !!
...
- Francoorp
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Francoorp escreveu:Se alguém ainda não leu esta analise da situação Nuclear Brasileira da Área Militar, deixo aqui o Link da primeira pag... mas recomendo a leitura de todas as 5 partes desta analise, basta clicar encima à direita, depois de acabar uma:
http://www.areamilitar.net/analise/anal ... ria=53&p=1
Valeu !!
Viram que o Brasil caiu em presa aos radicais de esquerda que querem sufocar a democracia brasileira, e usar a bomba atômica nacional para ameaçar o próprio povo e manter-se em eterno no Poder??... Chamem os Yankees para nos salvar desta opressão comunista !!
Chega a ser um texto irresponsável, e realmente um texto que pode gerar reais ameaças ao povo brasileiro, pois poderia servir de base para uma propaganda extrangeira contra o nosso País !!
Vergonha que tenha sido um "brasileiro" a escrever este texto... se bem que os erros de concordância deixam algo de "suspeito" no ar.
Como eu disse antes, a propaganda estrangeira contra o "Brasil Nuclear" já começou, então de agora pra frente devemos nos acostumar com estas ofensas à nossa soberania !
Se um único país do mundo possui estas armas, nós também temos o direito de possui-las !
Valeu !!
- Marino
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Franco, o site e o autor são portugueses.
O autor, forista PT, aqui do DB, anda sumido depois de alguns debates que participou por aqui.
Os outros foristas portugueses, participantes de nosso fórum, várias vezes deixaram de recomendar o Área Militar.
Volto a me colocar a disposição para debatermos o texto.
Também volto a sugerir ao PT um espaço em seu site para opiniões dos leitores.
O autor, forista PT, aqui do DB, anda sumido depois de alguns debates que participou por aqui.
Os outros foristas portugueses, participantes de nosso fórum, várias vezes deixaram de recomendar o Área Militar.
Volto a me colocar a disposição para debatermos o texto.
Também volto a sugerir ao PT um espaço em seu site para opiniões dos leitores.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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- Francoorp
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
HUMMM... Marino, então isso ai é dor de cotovelo, ou inveja mesmo!!!Marino escreveu:Franco, o site e o autor são portugueses.
O autor, forista PT, aqui do DB, anda sumido depois de alguns debates que participou por aqui.
Os outros foristas portugueses, participantes de nosso fórum, várias vezes deixaram de recomendar o Área Militar.
Volto a me colocar a disposição para debatermos o texto.
Também volto a sugerir ao PT um espaço em seu site para opiniões dos leitores.
Se o cara sumiu é porque não seguraria um debate por aqui, sabe muito bem que este tipo de propaganda é destruída rapidamente pelos foristas do DB... que vergonha hein, mais um propagandista internacional contra a integridade e segurança do Brasil !! Vergonha !!
Valeu !!
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
O cara é alter-ego do Olavo de Carvalho??? Cantarola assim:
" Há comunas cobrindo o telhado
E embaixo do meu travesseiro
Há comunas por todos os lados
Há comunas em tudo que eu vejo
Os yankees vão curar estas lástimas
O soro tem gosto de lágrimas
Os comunas tem cheiro de morte
Os yankees vão fechar estes cortes
Comunas
Comunas
Comunas de plástico não morrem..."
" Há comunas cobrindo o telhado
E embaixo do meu travesseiro
Há comunas por todos os lados
Há comunas em tudo que eu vejo
Os yankees vão curar estas lástimas
O soro tem gosto de lágrimas
Os comunas tem cheiro de morte
Os yankees vão fechar estes cortes
Comunas
Comunas
Comunas de plástico não morrem..."