#40202
Mensagem
por Booz » Ter Mai 18, 2010 10:29 pm
O Brasil tem se mostrado realmente um país singular. Enquanto outras nações mantém reserva de suas elites, e estas se revezam com sincrônica alternância sobre suas lideranças políticas (não importando a liderança política do momento ou se esta foi alicerçada nas projeções de suas elites ou não - quase sempre o são), o Brasil consegue a proeza (nem sei se ponho aspas em proeza) em dicotomizar o processo levando de roldão a lógica política e das elites estabelecidas.
O fato é que não sei o que move esta “mola” nacional.
Nossas elites sempre foram motivo de piada. Ora por lastrearem-se nos caricatos (mas deletérios) "coronéis" da guarda nacional, ora sob os dobrados das velhas lideranças militares, sempre ambiciosas e açuladas por grandes latifundiários e homens de fortuna. Abanados, lá estavam de plantão para uma revoltazinha do dia.
Evidentemente, com muita competência, uma horda de políticos dos sempre nascidos partidos do oportunismo, invadiam os governos como locustas se deliciam em plantações de milho
Quer dizer, nunca houve um projeto de liderança séria, de criação, crescimento e fortalecimento de uma elite nacional adida à formação política (não importanto o viés, se centro ou conservador).
Daí que fica difícil entender ( afinal, nunca pensamos assim), como a França se arrisca a perder um negócio "na mão", simplesmente por não querer adicionar mandioca à sua ratatouille. Ou esquecer que tinham presa uma jornalista francesa no Irã e mandar seu público interno às favas.
Os gauleses tem uma história bem distinta da nossa, suas elites montam aos tempos em que nós trocávamos espelhinhos com nossos silvícolas. Ora pois, direcionando nossa lupa à derrière do nosso “parceiro estratégico”, ora sentado em um formigueiro de “lava-pés”, observamos que há duas posições que eles se obrigam a respeitar:
1) O planejamento estratégico do estado não pode ser de todo sodomizado, pois que inarredavelmente aponta ao costurado anos a fio pela entourage de suas elites.
2) O seu (ruidoso e fortíssimo) público interno, que se divide no seu prisma ideológico e que vai se afunilando ao ápice da pirâmide naturalmente (sempre) conservadora, obriga seu governo a abaixar o facho.
Enfim.
Para nós (MRE) parece fácil pensar poder empurrar goela abaixo uma ratatouille com mandioca, feijão preto, e em vez de um Beaujolais uma cuia de tererê paraguaio. Mais, como poucos em nosso país se lixaram pelo fato daquele índio cocalero invadir as refinarias da Petrobrás, chutando-lhe os portões e cercado de "samangos", não nos passa por nossas cabeças que o monsieur Narrigon tá de cueca apertada para explicar, ao seu "respeitável público eleitor", ter uma jornalista (nacional francesa) presa, um desequilíbrio de forças no Oriente Médio, tendo os EAU a pique de ter um (temperamental) vizinho nuclear.
Não é que eles estejam errados, mas nós também não estamos.
Ao contrário, estamos construindo do meio para cima uma política externa que vem dando resultados. Ela é calcada em nosso crescimento econômico. E isto pode ser efêmero, como nos prova a história. Aliás, nos prova nossa própria história. E exatamente como nada dura para sempre, ou como as coisas boas podem ter a duração de um pum, é que temos que manter a única política estratégica (única) traçada com maestria. A perseguição das exigências de transferência de tecnologias. Dinheiro vai mas conhecimento fica.
No mais é tentar entender aquilo que não praticamos. Ou seja, há limites para pressionar tópicos vicinais ou ciliares á aquisição de caças com uma nação que presta contas às suas elites e ao seu eleitorado.
Mas tá bom. Enervante, mas, aparentemente, a melhor negociação “mais extraordinária feita na história deste país....”