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Mensagem
por Marino » Sex Mai 14, 2010 1:16 pm
Alguns dados questionáveis, mas vale o artigo:
Análise Operação Joint Warrior
Um exercício de responsabilidades e segundas intenções
Kaiser Konrad
A bordo da F44
Mar do Norte
Cobertura Exclusiva de DefesaNet
A Joint Warrior é um exercício militar realizado duas vezes ao ano pela Royal Navy em consonância com os interesses navais da OTAN. Na sua primeira edição de 2010 foi realizada entre os dias 12 e 22 de abril e teve a participação das marinhas do Reino Unido, Estados Unidos, França, Alemanha, Bélgica, Holanda e Brasil. Sua importância é muito relevante aos membros da OTAN pois representa a última etapa de preparação para operações reais.
A participação da Fragata F44 Independência é a segunda brasileira, que no ano passado estava representada por sua irmã, a Fragata Defensora. A Marinha do Brasil atendeu ao pedido da OTAN de uma maior cooperação em exercícios navais de forma tardia, pois o primeiro convite para que a MB participasse da Joint Warrior aconteceu em 1998, e a presença de um navio brasileiro veio a se consumar somente 11 anos depois.
Paralelo ao convite de uma Fragata brasileira chegou também o pedido para que o país enviasse um submarino, o que não aconteceu até o momento devido aos riscos de sua operação em áreas com muita atividade de pesca. A área de exercícios da JW 10-1 pode compreender todo o Reino Unido, incluindo os mares que o rodeiam e seu espaço aéreo.
As operações navais são concentradas geralmente no norte da Escócia, onde a liberdade de manobra em águas profundas e rasas, juntamente com uma pequena população civil, menor tráfego aéreo e marítimo, oferecem oportunidades de formação excelentes aos participantes.
O exercício foi concebido para proporcionar uma maior interação entre as forças e maximizar as oportunidades de formação de diferentes capacidades militares, inserindo os participantes num conflito muito próximo da realidade, deixando eles prontos para o combate real.
Na fase de operações marítimas os participantes realizam um amplo leque de atividades que incluem apoio de fogo naval e terrestre, disparos de mísseis de forma simulada e se possível contra as embarcações de pesca costeira e de ataque rápido (representando ameaças assimétricas e terroristas); guerra de minas, guerra submarina, operações anfíbias, antiaéreas e de combate aeronaval.
A Joint Warrior tem como principal função preparar as marinhas dos países participantes para integrar Forças-Tarefa Conjuntas para operar com a OTAN em diferentes regiões do mundo onde a presença de um esforço militar internacional seja necessária. Hoje, o exercício tem preparado os participantes para operações de patrulha no Mar Báltico e no Chifre da África combatendo os piratas somalis.
Na Joint Warrior a presença brasileira não se resumiu somente á uma troca de experiências e doutrinas operacionais. A OTAN espera do Brasil uma postura mais proativa referente aos atuais desafios de segurança internacionais. Se o país almeja pelas vias diplomáticas e comerciais ser o mais forte e influente “global player” da América do Sul, ele também deve ser através do poder militar.
Por isso, a OTAN solicitou o envio de um navio para a missão de combate à pirataria nas águas da Somália, o que não veio a se consumar até o momento, e só deverá acontecer quando uma embarcação de Bandeira e tripulação brasileira for atacada por piratas. Para enfrentar estas ameaças assimétricas é que a Fragata Independência foi acionada inúmeras vezes para efetuar operações de abordagem e retomada, onde utilizou um destacamento de Mergulhadores de Combate.
Na operação eles eram lançados através do Super Lynx. O Brasil era o único participante que possuía Forças Especiais na operação. Êxito das missões realizadas pelos MECs com o apoio do helicóptero HA-1 foi destacado na operação, o que mostra que os militares brasileiros estão preparados para operar nas águas da Somália.
Mesmo assim, caso esta missão venha a acontecer, será necessária uma modernização urgente nos sistemas de comunicação do navio, a incorporação de metralhadora lateral no Super Lynx, de forma a dar a capacidade de alto-proteção quando em zona de combate, principalmente quando em voo pairado para lançamento através de Fast-Rope de Mergulhadores de Combate. Outra necessidade é a de lanchas especiais e com maior velocidade, para serem usadas pelos Grupos de Vistoria e inspeção e os MECs.
Inserida na Comissão Joint Warrior, a Aliança Atlântica também pediu ao Brasil que após a operação a Fragata Independência se deslocasse para efetuar uma patrulha no Mar Báltico, o que de forma acertada foi negado pelo governo brasileiro pois iria desagradar a Rússia, uma importante parceira comercial do país.
Ademais, a Joint Warrior serviu para apresentar as fragatas americanas e inglesas que em breve serão desmobilizadas e oferecidas à Marinha do Brasil. Antes da fase operacional, navios e submarinos estavam atracados na Base de Submarinos Nucleares de Clyde, em Faslane.
Nesta fase pôde ser percebida uma dificuldade na integração dos sistemas entre os navios da OTAN e a Fragata brasileira, ocasionada pela imensa barreira tecnológica existente entre o navio brasileiro e os demais participantes. Apesar desta diferença, a Fragata Independência registrou a melhor participação da Marinha do Brasil em exercícios internacionais. Com o senso de oportunismo sua tripulação “transformou o navio numa embarcação mercante”, enganou o navio Capitânia da Esquadra Inglesa, dando o golpe final, atacando o Porta-aviôes Ark Royal.
A Força Aérea Brasileira teve uma participação com três observadores militares na JW 10-1. A FAB pretende participar no próximo ano com o P-3 BR. Existe uma necessidade muito grande de conhecer a doutrina operacional destas aeronaves no ambiente OTAN, correndo atrás do tempo perdido buscando retomar sua capacidade de guerra anti-submarino.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco