Estratégia Nacional de Defesa

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Re: Estratégia Nacional de Defesa

#706 Mensagem por Marino » Seg Mar 22, 2010 9:59 am

Globo:
ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA
Jobim quer aumentar em 2/3 cargos na Defesa
Ministro diz que atual estrutura está aquém das necessidades criadas por "novos desafios" da
pasta
Evandro Éboli
BRASÍLIA. O projeto de reestruturação das Forças Armadas, que é parte da Estratégia Nacional
de Defesa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prevê a criação de 647 novos cargos de
confiança na estrutura do Ministério da Defesa. Com o argumento de que as atribuições de sua pasta
irão aumentar com os novos desafios nessa área, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, encaminhou a
Lula, em fevereiro, minuta do decreto com esse aumento do número de cargos. São os chamados
Direção e Assessoramento Superior (DAS), vagas de livre escolha do ministro, sem concurso. O pleito de
Jobim está sendo analisado na Casa Civil da Presidência da República.
O Ministério da Defesa conta hoje com 931 cargos de DAS. Esses 647 novos postos
representam 70% da atual estrutura. Um contingente que representa quase um novo ministério. Na
justificativa, Jobim afirma que as atribuições do ministério hoje são outras e serão ainda maiores coma
reformulação em curso. O ministro diz ainda que o Ministério da Defesa continua com a mesma estrutura
desde que foi criado, há dez anos, considerada insuficiente.
“A atual estrutura está aquém das necessidades criadas pelos desafios atualmente enfrentados
pelo Ministério da Defesa e essa insuficiência se agravará com o atendimento aos marcos estabelecidos
pela Estratégia Nacional de Defesa”, argumenta Nelson Jobim em exposição de motivos enviada a Lula.
Jobim diz ainda que o crescimento dessas obrigações e das atribuições geradas pela Estratégia
Nacional de Defesa acarretarão demandas adicionais à já ultrapassada capacidade de ação do Ministério
da Defesa e se torna imperiosa a ampliação da força de trabalho.
O ministro afirma que a reestruturação que pretende implementar é resultado de um profundo
estudo feito na Defesa elevou em conta questões estratégicas.Segundo Jobim, é preciso considerar uma
peculiaridade da pasta em relação a todas as outras da Esplanada: a convivência de duas vertentes, a
institucional, como ministério civil, e a operacional,como condutor das ações militares da Defesa. O
objetivo da reestruturação é integrar as ações dessas duas áreas.
Jobim: projetos novos justificam ampliação
Para justificar o aumento de cargos, Nelson Jobim também argumentou que o ministério assumiu
incumbências de tocar projetos de interesse do governo mas que não eram de sua competência original.
Ele citou os projetos Calha Norte, Soldado-Cidadão e o Projeto Rondon, que consomem recursos da
Defesa.
“Todos vêm sendo conduzidos com bons resultados, embora acarretem ônus considerável para a
estrutura do Ministério da Defesa, que se mantém inalterada, em termos de força de trabalho, desde sua
criação, em 1999.
As mudanças que Jobim pretende fazer incluem a reformulação do papel do Estado-Maior de
Defesa e a definição de novas secretarias. O projeto aprovado na Câmara dos Deputados, semana
retrasada, criou a figura do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas.
No entendimento de Jobim, o Ministério da Defesa, quando inaugurado, recebeu uma estrutura
reduzida tanto em número de secretarias quatro ao todo quanto do número de cargos comissionados.
Entre as secretarias que estão sendo criadas está a de Produtos de Defesa, que será uma das
principais, considerada estratégica pelo ministro. Segundo Jobim, outras novas secretarias surgirão. Será
preciso aumentar os quadros para dar conta desse trabalho
Os números da Defesa
- Cargos comissionados atuais (DAS): 931
- Cargos comissionados que podem ser criados a mais (DAS): 647
- Orçamento global do ministério para 2010: R$ 59 bilhões
- Gasto com pessoal e encargos sociais para 2010: R$ 42,6 bilhões (72,2% do total)
- POR CADA SETOR:
- Gasto com pessoal da estrutura do Ministério da Defesa: R$ 40,7 milhões
- Gasto com pessoal do Comando do Exército: R$ 21,9 bilhões
- Gasto com pessoal do Comando da Marinha: R$ 10,8 bilhões
- Gasto com pessoal do Comando da Aeronáutica: R$ 9,5 bilhões




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Re: Estratégia Nacional de Defesa

#707 Mensagem por Mental Ray » Sex Mar 26, 2010 5:27 pm

Pessoal, estive pensando. Teremos apenas mais um ano de governo Lula e, por conseguinte, um ano de Nelson Jobim como ministro da defesa. Independente de qualquer coisa ele foi o melhor ministro desde a criação da pasta e fez muito em tão pouco tempo, teve vários sucessos no âmbiro de reaparelhamento das forças armadas e também na inclusão da sociedade no debate.

Caso a Dilma assuma o poder é possível que haja uma continuação do trabalho, caso o Serra assuma ainda há possibilidade devido a amizade entre o ministro e presidenciável.
Existe possibilidade de Jobim continuar no comando dessa pasta no próximo governo ou, caso contrário, alguém que poderia desempenhar a função com o mesmo ímpeto e não mais um apenas apontado para ocupar o cargo por divisão de pastas em razão de alianças políticas?




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Re: Estratégia Nacional de Defesa

#708 Mensagem por Viktor Reznov » Sex Mar 26, 2010 11:19 pm

Mental Ray escreveu:Caso a Dilma assuma o poder é possível que haja uma continuação do trabalho, caso o Serra assuma ainda há possibilidade devido a amizade entre o ministro e presidenciável.
Com o Serra eu duvido muito, ele odeia mortalmente militares e policiais.




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Re: Estratégia Nacional de Defesa

#709 Mensagem por Marino » Qui Abr 15, 2010 9:29 am

Rumo à inteligência competitiva de Estado

CARLOS FREDERICO DE AGUIAR

É fundamental que o Brasil tenha uma visão estratégica sobre a necessidade de dispor de material de emprego militar próprio



Desde o lançamento da Estratégia Nacional de Defesa (END), em dezembro de 2008, enfim nos deparamos com as grandes mudanças preconizadas naquele documento de Estado.

Recentemente foram aprovadas alterações na lei complementar nº 97/ 99, que trazem importantes mudanças no setor da indústria brasileira de defesa, nas Forças Armadas e na organização do segmento como um todo. Trata-se de nova perspectiva sobre o tema defesa nacional, em que a sociedade organizada passa a ser também agente desse processo, que não é mais assunto exclusivo do governo.

Uma das questões mais sensíveis ao setor é a compra de material bélico.

Enquanto nossa dimensão geopolítica demanda poderes dissuasórios compatíveis com a nova realidade de "player" mundial do Brasil, o orçamento da União destinado à indústria de defesa não vem sendo integralmente cumprido, fruto de seguidos contingenciamentos.

Para reverter esse cenário, um dos principais pleitos das empresas é o estabelecimento de orçamentos impositivos e plurianuais que permitam a execução de programas de longo prazo, necessários à pesquisa e ao desenvolvimento de tecnologias de ponta.

Com a nova lei, surge a expectativa de que esse quadro mude para melhor. Afinal, uma das mudanças é a centralização das decisões de compra de material bélico em uma única secretaria do Ministério da Defesa, medida que, provavelmente, terá influência na redução dos custos, na otimização das tecnologias sensíveis e na eliminação de gastos sobrepostos.

Dessa forma, é fundamental que o Brasil tenha uma visão estratégica sobre a necessidade de dispor de material de emprego militar próprio. Ainda necessitamos definir "produto estratégico de defesa" e "empresa estratégica de interesse da defesa" como formas de salvaguardar os investimentos nacionais em tecnologias sensíveis.

O governo precisa aderir à tendência mundial de "inteligência competitiva de Estado", indicando com clareza quais são as áreas de interesse máximo e cuidando para que elas sejam desenvolvidas.

Nesse contexto, três são as temáticas por implementar rumo à "inteligência competitiva de Estado". Um corolário dessas medidas é o conceito de "centros de competência", ou "centros de excelência", que existe na Alemanha. O governo alemão, dentre as indústrias de defesa, investe na excelência de uma só empresa por segmento tecnológico, pois a criação de empresas de ponta concorrentes no país é um desperdício de recursos.

Some-se a isso a necessidade de atualizar e aperfeiçoar, em defesa, os mecanismos de "offset", que caracterizam os contratos governamentais de compra de sistemas de defesa em todo o mundo, para beneficiar verdadeiramente a indústria nacional; equilibrar as forças das empresas nacionais quando em negociação com as empresas estrangeiras, visando garantir a efetiva entrega de tecnologia de defesa ao domínio nacional.

Por fim, diferentemente de outros países que concedem benefícios fiscais aos produtos fabricados internamente, no Brasil não há taxação para produtos importados, e as empresas nacionais ainda são penalizadas com uma carga tributária de cerca de 40% sobre os produtos de defesa fabricados no país.

Essa medida impõe perversa desvantagem competitiva para a indústria de defesa nacional frente às estrangeiras.

A nova lei estabelece pontos importantes, mas ainda parecem insuficientes diante do que define a estratégia nacional de defesa, principalmente se considerarmos que, até o fim do ano, deverão ser definidos os mais significativos investimentos na área de defesa nacional.

Serão US$ 10 bilhões investidos em programa da Marinha para aquisição de submarinos, US$ 6 bilhões no programa da FAB de compra da aeronave de caça e de superioridade aérea FX-2 e US$ 10 bilhões no programa "Combatente do Futuro" do Exército.

O interesse do Brasil na área de defesa deve crescer na mesma velocidade em que o mundo vem aumentando o interesse pelo país.

É imperativo o permanente entrosamento entre os poderes Executivo e Legislativo, fato que está permitindo a concretização dessas importantes modificações para o arcabouço legal do setor de Defesa e para as Forças Armadas, e que também possibilitará a implementação da "inteligência competitiva de Estado".

CARLOS FREDERICO DE AGUIAR , 39, bacharel em direito, é presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde).




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Re: Estratégia Nacional de Defesa

#710 Mensagem por Guerra » Sex Abr 16, 2010 12:25 pm

Cross escreveu:
Mental Ray escreveu:Caso a Dilma assuma o poder é possível que haja uma continuação do trabalho, caso o Serra assuma ainda há possibilidade devido a amizade entre o ministro e presidenciável.
Com o Serra eu duvido muito, ele odeia mortalmente militares e policiais.
...e como a Dilma tb odeia, o militar esta com o c# rifado e esses demonios compraram todos os bilhetes.




A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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Re: Estratégia Nacional de Defesa

#711 Mensagem por suntsé » Sex Abr 16, 2010 2:53 pm

Guerra escreveu:
Cross escreveu: Com o Serra eu duvido muito, ele odeia mortalmente militares e policiais.
...e como a Dilma tb odeia, o militar esta com o c# rifado e esses demonios compraram todos os bilhetes.

Lendo este post eu me lembro de um episodio lamentavel do governo desse senhor aqui em SP.

OS policiais tentaram marcar uma audiencia com o governador para discutir questões salariais....e este senhor não os recebeu...ai deu no que deu...aquele tiroteio entre as policias que muitos devem lembrar.

O mais curioso é que uma semana depois do incidente ele estava recebendo os lideres da "mancha verde" em audiencia, simplesmente lamentavel.




Mental Ray
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Re: Estratégia Nacional de Defesa

#712 Mensagem por Mental Ray » Sex Abr 16, 2010 4:01 pm

Essa questão foi outra, foi uma parte da Polícia Civil manifestar com carro da CUT e tudo. Tinha civil indo pra cima do choque da PM, mas o GOE ficava tentando empurrar pra trás os pcs. Ou seja, tinha coisa lá, não era unânime aquela manifestação.




Carlos Mathias

Re: Estratégia Nacional de Defesa

#713 Mensagem por Carlos Mathias » Sáb Abr 17, 2010 3:13 pm

Essa questão foi outra, foi uma parte da Polícia Civil manifestar com carro da CUT e tudo
E eles iam prá lá com que carro protestar? Da FIESP ? :roll:




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Re: Estratégia Nacional de Defesa

#714 Mensagem por suntsé » Sáb Abr 17, 2010 5:45 pm

Carlos Mathias escreveu:
Essa questão foi outra, foi uma parte da Polícia Civil manifestar com carro da CUT e tudo
E eles iam prá lá com que carro protestar? Da FIESP ? :roll:
Ao Despretigiar as forças policiais de são paulo e depois receber a mancha verde de braços abertos, o senhor serra tomou uma atitude despresivel.




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Re: Estratégia Nacional de Defesa

#715 Mensagem por Junker » Sáb Abr 17, 2010 11:06 pm

TRUNFOS DA TROPA
Nova cartada do Exército brasileiro

Com investimentos de R$ 149 bilhões até 2030, arma desloca quartéis para ampliar vigilância da Amazônia e prepara reforço de contingente com mais 59 mil novos integrantes

Os quartéis brasileiros estão em ebulição e não se trata apenas de comemorar a Semana do Exército, que transcorre até segunda-feira. É que está em andamento a maior modificação no tabuleiro de tropas já realizada no país desde que os militares assumiram o poder no Brasil, em 1964. A diferença é que a motivação agora não é ideológica, mas geopolítica. No cenário atual, brigadas de infantaria se mudaram ou estão em processo de mudança, desde o Litoral para o Planalto Central e para a Amazônia. Serão criados 28 novos postos de fronteira na região amazônica, para se somar aos 21 existentes. Outras unidades, de blindados, foram transferidas do Rio para o Rio Grande do Sul e Paraná ao longo dos últimos anos – e esses regimentos vivenciam, agora, o processo de modernização e aquisição de tanques de última geração.

Quando toda essa movimentação cessar, o Brasil terá 59 mil novos militares do Exército, a se somar aos 210 mil existentes agora. E um aparato bélico mais ágil. Os primeiros 8,3 mil soldados devem ser incorporados em até quatro anos. As mudanças no desenho das forças disponíveis das Forças Armadas começaram em meados dos anos 2000 e acontecerão até 2030. Como tudo na área militar, são cuidadosamente planejadas, a curto, médio e longo prazo. A maioria faz parte do Plano Nacional de Defesa, concebido pelo ministro da Defesa, o gaúcho Nelson Jobim em 2009.

Como sempre, as principais modificações atingem a maior das forças, o Exército, que denominou Estratégia Braço Forte o seu planejamento estratégico para os próximos anos. A Braço Forte tem dois programas, Amazônia Protegida e Sentinela da Pátria. No primeiro, serão criados 28 pelotões de fronteira, cada um deles com 50 integrantes, além de uma brigada com sede em Manaus. Com isso, o efetivo atual na Amazônia deve quase dobrar, passando de 25 mil para 49 mil militares (22 mil dos 59 mil previstos no reforço de contingente brasileiro devem ir para essa região).

Reforço é recado a países vizinhos

O segundo programa do Exército, o Sentinela da Pátria, prevê reforço de estruturas operacional e logística do meio para o oeste do país. É aí que entram as transferências de brigadas de infantaria do Rio para o Planalto Central e também de uma base da Força Aérea composta de aviões de transporte Hércules. A maior parte das mudanças envolve brigadas, que são módulos de combate independentes, cada uma delas com 3 mil militares. Elas são unidades capazes de se autogerenciar, já que, além de combatentes, têm servidores nas áreas de logística e contam com apoio de fogo (canhões ou tanques).

Para o fundador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade de Campinas (Unicamp), coronel reservista do Exército Geraldo Cavagnari, não acontece por acaso essa interiorização do Exército. O país é fronteiriço com 10 nações – algumas com sérias tensões fronteiriças. O reforço na Amazônia seria um recado subliminar a dois países vizinhos do Brasil que figuram entre os que mais investiram em aparato bélico na última década, Venezuela e Colômbia.

Nos venezuelanos, governados por um dirigente socialista, os militares brasileiros veem um adversário em potencial, até porque Hugo Chávez adquiriu dezenas de caças russos e centenas de milhares de fuzis nos últimos meses. Os militares colombianos, em tese, são aliados dos brasileiros, mas enfrentam guerrilhas que costumam entrar em território brasileiro. Investir em patrulhamento na fronteira com essas duas nações é dissuadi-las (ou a seus adversários internos) de tentarem qualquer enfrentamento aventureiro. Já o fortalecimento das unidades de blindados no Rio Grande do Sul é para exibir musculatura militar aos rivais históricos, os argentinos. No Paraná, também com forças mecanizadas reforçadas, a ideia é proteger a usina de Itaipu.

Tudo isso significa dinheiro, muito dinheiro. Mesmo quando não há aquisição de aparato bélico, a simples mudança de quartéis representa despesa, com transferência dos militares e suas famílias. Até 2030, somente para atendimento dos programas defendidos pelo Exército, a necessidade total de recursos atinge R$ 149 bilhões, o que equivale a R$ 7,5 bilhões por ano, durante duas décadas. O ministério da Defesa teve em 2009, para investir, apenas R$ 4,1 bilhões – e só o Exército precisa, agora, de R$ 7,5 bilhões anuais para se adequar à Estratégia Braço Forte. Nelson Düring, editor do site Defesanet.com.br e especialista em assuntos militares, diz que o pré-sal talvez resulte em verbas para o Braço Forte. Talvez.

– Há três décadas os militares imploram verbas. Se não sair agora, será posta em xeque a credibilidade do governo – pondera Düring.

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Re: Estratégia Nacional de Defesa

#716 Mensagem por kurgan » Dom Abr 18, 2010 8:25 am

Junker escreveu:
TRUNFOS DA TROPA
Nova cartada do Exército brasileiro

Com investimentos de R$ 149 bilhões até 2030, arma desloca quartéis para ampliar vigilância da Amazônia e prepara reforço de contingente com mais 59 mil novos integrantes

Os quartéis brasileiros estão em ebulição e não se trata apenas de comemorar a Semana do Exército, que transcorre até segunda-feira. É que está em andamento a maior modificação no tabuleiro de tropas já realizada no país desde que os militares assumiram o poder no Brasil, em 1964. A diferença é que a motivação agora não é ideológica, mas geopolítica. No cenário atual, brigadas de infantaria se mudaram ou estão em processo de mudança, desde o Litoral para o Planalto Central e para a Amazônia. Serão criados 28 novos postos de fronteira na região amazônica, para se somar aos 21 existentes. Outras unidades, de blindados, foram transferidas do Rio para o Rio Grande do Sul e Paraná ao longo dos últimos anos – e esses regimentos vivenciam, agora, o processo de modernização e aquisição de tanques de última geração.

Quando toda essa movimentação cessar, o Brasil terá 59 mil novos militares do Exército, a se somar aos 210 mil existentes agora. E um aparato bélico mais ágil. Os primeiros 8,3 mil soldados devem ser incorporados em até quatro anos. As mudanças no desenho das forças disponíveis das Forças Armadas começaram em meados dos anos 2000 e acontecerão até 2030. Como tudo na área militar, são cuidadosamente planejadas, a curto, médio e longo prazo. A maioria faz parte do Plano Nacional de Defesa, concebido pelo ministro da Defesa, o gaúcho Nelson Jobim em 2009.

Como sempre, as principais modificações atingem a maior das forças, o Exército, que denominou Estratégia Braço Forte o seu planejamento estratégico para os próximos anos. A Braço Forte tem dois programas, Amazônia Protegida e Sentinela da Pátria. No primeiro, serão criados 28 pelotões de fronteira, cada um deles com 50 integrantes, além de uma brigada com sede em Manaus. Com isso, o efetivo atual na Amazônia deve quase dobrar, passando de 25 mil para 49 mil militares (22 mil dos 59 mil previstos no reforço de contingente brasileiro devem ir para essa região).

Reforço é recado a países vizinhos

O segundo programa do Exército, o Sentinela da Pátria, prevê reforço de estruturas operacional e logística do meio para o oeste do país. É aí que entram as transferências de brigadas de infantaria do Rio para o Planalto Central e também de uma base da Força Aérea composta de aviões de transporte Hércules. A maior parte das mudanças envolve brigadas, que são módulos de combate independentes, cada uma delas com 3 mil militares. Elas são unidades capazes de se autogerenciar, já que, além de combatentes, têm servidores nas áreas de logística e contam com apoio de fogo (canhões ou tanques).

Para o fundador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade de Campinas (Unicamp), coronel reservista do Exército Geraldo Cavagnari, não acontece por acaso essa interiorização do Exército. O país é fronteiriço com 10 nações – algumas com sérias tensões fronteiriças. O reforço na Amazônia seria um recado subliminar a dois países vizinhos do Brasil que figuram entre os que mais investiram em aparato bélico na última década, Venezuela e Colômbia.

Nos venezuelanos, governados por um dirigente socialista, os militares brasileiros veem um adversário em potencial, até porque Hugo Chávez adquiriu dezenas de caças russos e centenas de milhares de fuzis nos últimos meses. Os militares colombianos, em tese, são aliados dos brasileiros, mas enfrentam guerrilhas que costumam entrar em território brasileiro. Investir em patrulhamento na fronteira com essas duas nações é dissuadi-las (ou a seus adversários internos) de tentarem qualquer enfrentamento aventureiro. Já o fortalecimento das unidades de blindados no Rio Grande do Sul é para exibir musculatura militar aos rivais históricos, os argentinos. No Paraná, também com forças mecanizadas reforçadas, a ideia é proteger a usina de Itaipu.

Tudo isso significa dinheiro, muito dinheiro. Mesmo quando não há aquisição de aparato bélico, a simples mudança de quartéis representa despesa, com transferência dos militares e suas famílias. Até 2030, somente para atendimento dos programas defendidos pelo Exército, a necessidade total de recursos atinge R$ 149 bilhões, o que equivale a R$ 7,5 bilhões por ano, durante duas décadas. O ministério da Defesa teve em 2009, para investir, apenas R$ 4,1 bilhões – e só o Exército precisa, agora, de R$ 7,5 bilhões anuais para se adequar à Estratégia Braço Forte. Nelson Düring, editor do site Defesanet.com.br e especialista em assuntos militares, diz que o pré-sal talvez resulte em verbas para o Braço Forte. Talvez.

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Se os militares brasileiros veem a Venezuela como adversário em potencial estamos muito mal... [005]

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Re: Estratégia Nacional de Defesa

#717 Mensagem por Marino » Dom Abr 18, 2010 11:22 am

Junker escreveu:
TRUNFOS DA TROPA
Nova cartada do Exército brasileiro

Com investimentos de R$ 149 bilhões até 2030, arma desloca quartéis para ampliar vigilância da Amazônia e prepara reforço de contingente com mais 59 mil novos integrantes

Os quartéis brasileiros estão em ebulição e não se trata apenas de comemorar a Semana do Exército, que transcorre até segunda-feira. É que está em andamento a maior modificação no tabuleiro de tropas já realizada no país desde que os militares assumiram o poder no Brasil, em 1964. A diferença é que a motivação agora não é ideológica, mas geopolítica. No cenário atual, brigadas de infantaria se mudaram ou estão em processo de mudança, desde o Litoral para o Planalto Central e para a Amazônia. Serão criados 28 novos postos de fronteira na região amazônica, para se somar aos 21 existentes. Outras unidades, de blindados, foram transferidas do Rio para o Rio Grande do Sul e Paraná ao longo dos últimos anos – e esses regimentos vivenciam, agora, o processo de modernização e aquisição de tanques de última geração.

Quando toda essa movimentação cessar, o Brasil terá 59 mil novos militares do Exército, a se somar aos 210 mil existentes agora. E um aparato bélico mais ágil. Os primeiros 8,3 mil soldados devem ser incorporados em até quatro anos. As mudanças no desenho das forças disponíveis das Forças Armadas começaram em meados dos anos 2000 e acontecerão até 2030. Como tudo na área militar, são cuidadosamente planejadas, a curto, médio e longo prazo. A maioria faz parte do Plano Nacional de Defesa, concebido pelo ministro da Defesa, o gaúcho Nelson Jobim em 2009.

Como sempre, as principais modificações atingem a maior das forças, o Exército, que denominou Estratégia Braço Forte o seu planejamento estratégico para os próximos anos. A Braço Forte tem dois programas, Amazônia Protegida e Sentinela da Pátria. No primeiro, serão criados 28 pelotões de fronteira, cada um deles com 50 integrantes, além de uma brigada com sede em Manaus. Com isso, o efetivo atual na Amazônia deve quase dobrar, passando de 25 mil para 49 mil militares (22 mil dos 59 mil previstos no reforço de contingente brasileiro devem ir para essa região).

Reforço é recado a países vizinhos

O segundo programa do Exército, o Sentinela da Pátria, prevê reforço de estruturas operacional e logística do meio para o oeste do país. É aí que entram as transferências de brigadas de infantaria do Rio para o Planalto Central e também de uma base da Força Aérea composta de aviões de transporte Hércules. A maior parte das mudanças envolve brigadas, que são módulos de combate independentes, cada uma delas com 3 mil militares. Elas são unidades capazes de se autogerenciar, já que, além de combatentes, têm servidores nas áreas de logística e contam com apoio de fogo (canhões ou tanques).

Para o fundador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade de Campinas (Unicamp), coronel reservista do Exército Geraldo Cavagnari, não acontece por acaso essa interiorização do Exército. O país é fronteiriço com 10 nações – algumas com sérias tensões fronteiriças. O reforço na Amazônia seria um recado subliminar a dois países vizinhos do Brasil que figuram entre os que mais investiram em aparato bélico na última década, Venezuela e Colômbia.

Nos venezuelanos, governados por um dirigente socialista, os militares brasileiros veem um adversário em potencial, até porque Hugo Chávez adquiriu dezenas de caças russos e centenas de milhares de fuzis nos últimos meses. Os militares colombianos, em tese, são aliados dos brasileiros, mas enfrentam guerrilhas que costumam entrar em território brasileiro. Investir em patrulhamento na fronteira com essas duas nações é dissuadi-las (ou a seus adversários internos) de tentarem qualquer enfrentamento aventureiro. Já o fortalecimento das unidades de blindados no Rio Grande do Sul é para exibir musculatura militar aos rivais históricos, os argentinos. No Paraná, também com forças mecanizadas reforçadas, a ideia é proteger a usina de Itaipu.

Tudo isso significa dinheiro, muito dinheiro. Mesmo quando não há aquisição de aparato bélico, a simples mudança de quartéis representa despesa, com transferência dos militares e suas famílias. Até 2030, somente para atendimento dos programas defendidos pelo Exército, a necessidade total de recursos atinge R$ 149 bilhões, o que equivale a R$ 7,5 bilhões por ano, durante duas décadas. O ministério da Defesa teve em 2009, para investir, apenas R$ 4,1 bilhões – e só o Exército precisa, agora, de R$ 7,5 bilhões anuais para se adequar à Estratégia Braço Forte. Nelson Düring, editor do site Defesanet.com.br e especialista em assuntos militares, diz que o pré-sal talvez resulte em verbas para o Braço Forte. Talvez.

– Há três décadas os militares imploram verbas. Se não sair agora, será posta em xeque a credibilidade do governo – pondera Düring.

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Sul se transformou no reino dos blindados



As mudança no Exército mexem diretamente com a vida de 200 mil brasileiros (os militares e seus familiares) e, indiretamente, com milhões nas cidades que serão afetadas. Mas pouco atingirá o Rio Grande do Sul. É que a Região Sul já viveu sua maior alteração nas casernas. Juntos, paranaenses e gaúchos receberam três grandes unidades de blindados ao longo da última década, todas do Rio de Janeiro. Um regimento de carros de combate foi para Santa Maria, um foi para Ponta Grossa (PR) e os santamarienses receberam, ainda, o Centro de Instruções de Blindados.

O resultado disso é que a Região Sul concentra 90% dos blindados sobre lagarta (a maioria em Rosário do Sul, Santa Maria e Ponta Grossa, no Paraná), 100% da artilharia sobre carros (obuseiros), concentrados em Santa Maria, e 75% dos blindados sobre rodas (Cascavel e Urutu).

– O pampa e as planícies centrais do Paraná são as áreas do país mais apropriadas para uso de carros de combate – explica o coronel Sylvio Cardoso, chefe de Comunicação Social do Comando Militar do Sul.

Além de sediar a maioria dos blindados, a Região Sul terá os melhores. Já começaram a chegar 250 carros de combate Leopard 1 A5, de fabricação alemã, considerados os melhores do mundo.





Pacote com mísseis e aviões-robô



As mudanças não incluem apenas movimentação de tropas, mas modernização de arsenal. Os exportadores de armas não saem de Brasília. Sabem que o Brasil está indo às compras e representa a bola da vez no mercado bélico internacional. Caso seja levado ao pé da letra, o Plano Nacional de Defesa efetivará compras no valor de R$ 20 bilhões.

Entre as metas está um sistema antiaéreo com mísseis de médio e pequeno porte e aviões não tripulados (Vants), além de equipamentos de comunicações e radares. O Exército planeja ainda substituir os blindados sobre rodas Cascavel e Urutu por outros, mais modernos. A Marinha quer logo seu submarino nuclear. E a Aeronáutica está prestes a renovar sua frota de caças.

Os russos saíram na frente na tentativa de vender mísseis e ofertaram um sistema antiaéreo denominado Tor, para proteger cidades com grupamentos de artilharia anti-aérea como Brasília, Guarujá, Rio e Caxias do Sul. No páreo estão Israel, Suécia, França e China, que oferecem também mísseis pequenos, capazes de serem manejados por até dois homens.

Os mesmos países, além de Estados Unidos e Alemanha, ofereceram Vants, aviões que não usam piloto e fazem espionagem por meio de câmeras. A Polícia Federal já tem os seus, agora é a Aeronáutica que os deseja. O Exército planeja também adquirir pontes móveis para ceder, em casos de catástrofes. Ele tem algumas, alemãs. Quer ampliar a quantidade. Pretende ainda comprar telefones via satélite para os pelotões de fronteira e 150 mil fuzis, já que muitos dos FAL (arma-padrão nas Forças Armadas) estão com 40 anos de uso.




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Re: Estratégia Nacional de Defesa

#718 Mensagem por Marino » Seg Abr 19, 2010 10:48 am

Revista Época:

BRASIL ENTREVISTA - NELSON JOBIM
Nelson Jobim: "Com Dilma ou Serra, a defesa não muda"
O ministro diz que projetos estratégicos na área militar terão continuidade no próximo governo Eumano Silva O ministro da defesa, Nelson Jobim, desfruta uma situação única no governo Lula. Homem de confiança do presidente numa das áreas mais sensíveis da Esplanada, Jobim mantém estreitas relações com o candidato da oposição ao Planalto, José Serra (PSDB). A dupla militância permite a previsão de que, em assuntos de Defesa, o Brasil manterá as diretrizes atuais caso a eleição seja vencida por Serra ou pela ex-ministra Dilma Rousseff. “Fiz reuniões com PT, PMDB, DEM e com o ex-presidente Fernando Henrique”, diz Jobim, ao explicar as mudanças na área militar, como a subordinação ao poder civil, aprovadas no Congresso.
Nesta entrevista a ÉPOCA, Jobim faz um balanço dos acordos internacionais do país e das medidas para tentar organizar a aviação no Brasil.
ÉPOCA – Como vai ficar a defesa nacional do Brasil no futuro?
Nelson Jobim – Os políticos e os governos civis viam a defesa com certa distância. Na época da Constituinte, a defesa se confundia com repressão política. Com isso, militares tinham de tomar certas decisões que, a rigor, eram decisões de governo civil. Exemplo: quais as hipóteses de emprego (das Forças Armadas) que politicamente interessam ao país? Isso é um misto de política internacional com defesa. Cabe ao poder civil definir o que os militares devem fazer em termos de defesa. Os militares decidem a parte operacional.
ÉPOCA – Isso aconteceu no governo Lula?
Jobim – Tudo é um processo. Não acontece assim, bum! Começou no governo Fernando Henrique, com a criação do Ministério da Defesa, em 1999, nas condições possíveis naquele momento. No governo Lula, avançou-se um pouco no início, com o ministro Viegas (José Viegas, primeiro ministroda Defesa de Lula). Os avanços mais doutrinários são consolidados pelo vice-presidente (José Alencar) que o sucedeu e, depois, pelo Waldir Pires. Quando assumi, decidi que precisávamos realizar uma mudança de concepção para dar mais musculatura ao Ministério da Defesa.
ÉPOCA – Como assim?
Jobim – O orçamento, por exemplo. Antes, as Forças (Marinha, Exército e Aeronáutica) se acertavam entre si dentro do limite fixado pelo Ministério do Planejamento. O ministro (da Defesa) não tinha participação. Também foi aprovado na Câmara o projeto de alteração da Lei Complementar nº 97. O Estado-Maior de Defesa passa a ser o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Será chefiado por um oficial de quatro estrelas escolhido pelo presidente, indicado pelo ministro da Defesa. Vai ter a mesma precedência dos comandantes de Força. Ao assumir, vai para a reserva. Hoje, ele volta para a Força de origem.
ÉPOCA – Qual é o problema?
Jobim – Dá constrangimentos. Às vezes, precisa tomar decisão contrária ao interesse da Força de origem e tem dificuldade. Outra mudança é na política de compras, que hoje é fixada pelas Forças, mas será fixada pelo ministério em função do que o poder civil considera relevante. Precisamos de monitoramento e controle, mobilidade e presença. O monitoramento deve ser feito, por satélite, na Amazônia Legal e na Plataforma Continental, onde o Brasil tem soberania.
ÉPOCA – São planos de longo prazo?
Jobim – Ah, uns 20 anos...
ÉPOCA – O senhor, então, não espera grandes mudanças se o próximo presidente for Dilma Rousseff ou José Serra?
Jobim – Eu não espero.
ÉPOCA – A Defesa está acima das questões políticas?
Jobim – Tudo que estou falando foi discutido com todos os partidos. Fiz reuniões com o PT, o PMDB e com o DEM. Fui ao Instituto Fernando Henrique Cardoso. Estava cheio de gente lá, todos os ministros dele, todos meus colegas, e várias outras pessoas, intelectuais também. ÉPOCA – Não há ideologia nessa área?
Jobim – Eu quis descolar, mostrar que não é um programa do governo. É um programa do Estado.
ÉPOCA – O que mais mudou?
Jobim – Tem uma mudança doutrinária. Saímos do conceito de operações combinadas para o conceito de operações conjuntas. Na combinada, cada Força tem seu comando próprio. Na conjunta, tem um comando só para as três Forças. O comandante da operação vai depender do teatro de operações. Se for a Amazônia, o comandante da operação vai ser do Exército. Se for no mar, vai ser um almirante.
ÉPOCA – O que, de fato, interessa ao Brasil em termos de defesa?
Jobim – O Brasil não é um país com pretensões territoriais, não vamos atacar ninguém. Então, devemos ter um poder dissuasório. Temos três coisas fundamentais. Uma é energia, que tem o pré-sal e também energia alternativa, energia limpa, entre elas a energia nuclear. Segundo, o Brasil tem as maiores reservas de água potável do mundo: a Amazônia e o Aquífero Guarani. E, terceiro, temos a maior produção de grãos. São coisas que, progressivamente, o mundo vai demandar mais.
ÉPOCA – Na América do Sul, quais são as maiores preocupações?
Jobim – A estabilidade política e econômica. Quanto mais desenvolvido o país, mais estável será. Quando o Brasil paga mais pelo excedente de energia elétrica do Paraguai, ajuda a criar condições para que o Paraguai se estabilize. Um país que tem a dimensão do nosso não pode botar o pé em cima dos outros.
ÉPOCA – Qual é sua opinião sobre a relação do Brasil com a Venezuela?
Jobim – É boa. A Venezuela viveu sempre do óleo. A elite se apropriou dessa riqueza e não investiu no país. Ficou um conjunto de pessoas muito pobres. Aí, surgiu o presidente Hugo Chávez, que lidera esse setor. Está conseguindo avançar. Agora, o Chávez é um homem, digamos, de uma retórica forte. Isso não atrapalha. Faz parte do hispano-americano. É preciso ter paciência. Boa sorte à Venezuela.
ÉPOCA – E com os Estados Unidos?
Jobim – Estamos muito bem. Com a vitória do presidente Obama, mudou muito. Concluímos um acordo de defesa para criar novas perspectivas de cooperação bilateral. Vai nos permitir, por exemplo, vender aviões da Embraer para eles sem licitação.
ÉPOCA – O Irã é o maior ponto de divergência entre Brasil e Estados Unidos?
Jobim – A posição do presidente Obama não é nesse sentido. Há setores nos EUA, principalmente no governo Bush, que demonizam o islã. O islã é pacífico. A posição do Brasil é assegurar a legitimidade do enriquecimento do urânio para fins pacíficos. Nós temos tecnologia para isso e temos urânio. Ainda precisamos completar a parte industrial.
ÉPOCA – Qual é sua opinião sobre o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares?
Jobim – É assimétrico. Divide os países em nucleares e não nucleares. Os nucleares assumiram compromisso de reduzir as armas e transferir tecnologia nuclear com fins pacíficos para os não nucleares. Não fizeram nem uma coisa nem outra. O Brasil só desenvolveu tecnologia de urânio com luta própria, com cientistas militares brasileiros.
ÉPOCA – Quais são os interesses do Brasil na área de defesa em Israel?
Jobim – Temos interesses em Veículos Aéreos Não Tripulados, os Vatns, para fazer monitoramento. Algumas empresas israelenses produzem. Estou examinando a possibilidade de produzirmos no Brasil, com uma empresa brasileira associada a uma israelense. "O presidente Hugo Chávez é um homem de retórica forte. Faz parte do hispano-americano. É preciso ter paciência"
ÉPOCA – E a compra dos caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), quando se resolve?
Jobim – Pretendo terminar em abril uma exposição de motivos para o presidente, com uma opção. O presidente convoca o Conselho de Defesa Nacional, que emite um parecer e, aí, o presidente decide.
ÉPOCA – Como estão as buscas dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia?
Jobim – A segunda etapa já começou.
ÉPOCA – A irmã de um guerrilheiro desaparecido encontrou ossadas. Isso ajuda?
Jobim – Sim. Qualquer pessoa que encontrar ossos tem de chamar a polícia e identificar. Se isso estiver no âmbito de execução da sentença penal que estamos cumprindo com as buscas, vamos ter de aproveitar isso. Não há um conflito.
ÉPOCA – O senhor foi nomeado para resolver o caos aéreo do Brasil. Considera a missão cumprida?
Jobim – Vou falar o que fizemos. A primeira medida foi substituir a direção da Infraero, despartidarizar. Formulamos a Política Nacional de Aviação Civil. Ela foi aprovada. Pretendemos oferecer um tratamento diferente para a aviação regional. Vamos enviar um projeto de lei ao Congresso. Em 2005, instituímos liberdade de rota e liberdade tarifária. Esse sistema funciona para a aviação doméstica, mas não para a regional, que precisa de estímulos. Vamos investir nos aeroportos regionais.
ÉPOCA – Nossa estrutura de aeroportos estará preparada para as Olimpíadas do Rio em 2016? Jobim – Sim. Tem um calendário da Infraero para as obras necessárias. Temos um crescimento anual médio de 10% na aviação civil. Na Copa do Mundo, terá um aumento de 2% em dois meses. Mas nossa preocupação não é só com a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Tem muito mais gente viajando, os preços caíram. Em 2002, o quilômetro voado custava R$ 0,71. Em 2009, custa R$ 0,49.
ÉPOCA – E em relação aos passageiros?
Jobim – Incentivamos uma resolução da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) sobre a responsabilidade das empresas em relação a atrasos, overbooking. É o que a Anac podia fazer dentro da legislação. Paralelamente, nós mandamos para o Congresso um projeto que cria um dever de indenização por parte das empresas se os atrasos forem devidos a qualquer agente. Se o atraso for decorrente da Infraero, a empresa se ressarce do que entregou ao passageiro. ÉPOCA – E se for culpa da meteorologia?
Jobim – Nesse caso, não tem ressarcimento.
ÉPOCA – Dá trabalho ser ministro da Defesa?
Jobim – Na época das demissões da Infraero, recebi críticas de amigos meus porque eu demiti pessoas indicadas por eles. Fiz exatamente o que eu precisava fazer. Como não sou candidato a coisa nenhuma e sempre gostei de confusão, não teve problema.




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Re: Estratégia Nacional de Defesa

#719 Mensagem por Bolovo » Seg Abr 19, 2010 11:25 am

"Como não sou candidato a coisa nenhuma e sempre gostei de confusão, não teve problema."

huehue que figura :mrgreen:




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Re: Estratégia Nacional de Defesa

#720 Mensagem por tenso » Seg Abr 19, 2010 12:46 pm

ÉPOCA – E com os Estados Unidos?
Jobim – Estamos muito bem. Com a vitória do presidente Obama, mudou muito. Concluímos um acordo de defesa para criar novas perspectivas de cooperação bilateral. Vai nos permitir, por exemplo, vender aviões da Embraer para eles sem licitação.
Isso é em relação aos ST's?




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