A Rússia é um quebra cabeças étnico. De russo mesmo, russo de VERDADE, é pouco, diria que a região de Moscou e St Petesburgo e mais um pouco. O resto são trocentas etnias diferentes que foram incorporadas o território russo seja pela expansão na época do Império Russo, seja pela russificação promovida durante a União Soviética. São umas quase 30 repúblicas existentes dentro da Rússia, dentre elas a Chechenia. Se uma pede independência, a outra vai pedir também, depois outra, outra e outra, fragmentando todo o território russo. Por isso a mão de ferro deles quanto esse assunto. Imagine o que ocorreu na década de 90 na Iugoslávia, só que elevado a mil.suntsé escreveu:A russia só reconheceria a independencia da chechenia....só se estive-se disposta a cometer suicidio.
Não falo isso por sinpatia aos Russos ou porque seja insencivel aos masacres, falo isso analizando a situação estratégica Russa.
explosões no metrô de Moscou
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Re: explosões no metrô de Moscou
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Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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Re: explosões no metrô de Moscou
POR QUÊ HOMENS-BOMBA NÃO ATACARAM OS METRÔS AMERICANOS – Pura sorte é uma parte grande disto.
Fred Kaplan – 30 de março de 2010.
Os ataques ao metrô de Moscou, desta semana, levantaram uma série de questões, porém, uma das mais misteriosas deve ser: por quê algo semelhante não aconteceu aqui?
Há várias explicações plausíveis, a maioria delas relacionadas às medidas de segurança tomadas desde o 11 de Setembro de 2001: listas de vigilância de terroristas, detenções, restrições mais apertadas sobre visas e imigração, crescente vigilância de certos grupos radicais, controle sobre a venda de materiais potencialmente explosivos.
Mas, outra, mais ampla razão, é que homens-bomba são um grupo peculiar. Eles tendem a ser impulsionados por motivos muito específicos e estes motivos não tem muita ressonância em solo americano.
Robert Pape, um professor de ciência política na Universidade de Chicago, argumentou em seu livro “Dying to Win: The Logic of Suicide Terrorism” que os homens-bomba são motivados não tanto por fervor islâmico (ou outra qualquer espécie de religião), mas, antes, por raiva contra tropas estrangeiras ocupando suas terras.
Deste então, como diretor e fundador do Chicago Project on Security and Terrorism, Pape tem coletado e analisado um banco de dados de 2.668 ataques suicidas levados à cabo entre 1980 e 2009 – que confirmou, até mesmo reforçou, sua teoria inicial.
Ocorre, Pape disse-me numa conversa telefônica, hoje, que 96 porcento destes homens-bomba estavam engajando-se no que eles viam como atos de resistência nacional contra ocupação militar estrangeira: a maioria deles vivia dentro de uns poucos quilômetros de onde o atentado teve lugar. (Os homens-bomba do Metrô de Moscou, segundo se relata, eram, provavelmente, muçulmanos lutando pela independência chechena).
Dos 2.668 homens-bomba no banco de dados de Pape, somente 255 – nem 10 % - eram terroristas “transnacionais”, isto e´, militantes que viajaram para outros países ou que atacaram alvos em seus próprios países como gesto de simpatia. E, 200 destes 255 explodiram suas bombas, e a si mesmos, no Iraque. (Pape relata a totalidade de suas descobertas num livro, a ser publicado neste outono, chamado ”Cutting the Fuse: The Explosion of Global Suicide Terrorism and How to Stop It”.)
Em outras palavras, os Estados Unidos não são o tipo de lugar onde atentados suicidas são prováveis de ocorrerem. Ele não é um território ocupado. E, embora atos terroristas tenham sido cometidos aqui, em protesto contra políticas americanas alhures (principalmente, no Oriente Médio, Iraque ou Afeganistão), poucos destes atos tem sido ataques suicidas.
Os ataques do 11 de Setembro foram, é claro, grandes excepções. Porém, como um resultado destes ataques, é agora muito mais difícil para grupos terroristas abordarem aeronaves no final das contas, muito menos fazerem isto portanto armas de qualquer tipo. E, nos casos onde terroristas individuais tentaram detonar bombas (Richard Reid no sapato, Umar Farouk Abdulmutallab na cueca), tripulantes e passageiros do avião estavam alertas o bastante para frustrarem seus planos.
Pode-se imaginar radicais do Oriente Médio ou do Sul da Ásia vindo aos Estados Unidos, estabelecendo-se aqui, então, certo dia, explodindo-se num local abarrotado. Mas as autoridades da alfândega e imigração tem tornado muito mais árduo para qualquer um saído destas regiões, obterem entrada no país, precisamente devido a esta preocupação.
Só que, mais difícil, não é a mesma coisa que impossível. É duro para terroristas entrarem em aviões, porém, - como Reid e Abdulmutallab mostraram – não é impossível. É duro obter material para fabrico de bombas – mas muito longe de ser impossível. E, se terroristas puderem montar uma bomba, não há quase nada para impedi-los de levá-la para um vagão de metrô lotado.
Como Richard Clarke, o antigo chefe de contraterrorismo da Casa Branca contou-me, em entrevista telefônica, hoje, “A facilidade com a qual alguém pode fazer isto é estarrecedora.” (A Autoridade de Transporte Metropolitano de Nova York ganhou um processo na justiça, vários anos atrás, garantindo seu direito de conduzir revistas aleatórias de pessoas entrando nas estações de metrô. Clarke testemunhou neste caso. Mas as revistas são muito raras.
Clarke tem umas poucas teorias sobre o por quê não terem ocorrido quaisquer atentados suicidas aqui. “Após o 11 de Setembro,” ele disse, “todas as varreduras de segurança e detenções deixaram a al-Qaida com a sensação de que era muito difícil operar nos Estados Unidos – mais difícil do que, realmente, era. Enquanto isto, eles descobriram que era muito mais fácil ir atrás de americanos no Iraque. Eles pararam de ir atrás do inimigo estrangeiro no “além-mar”. Nós fomos até eles, portanto eles foram atrás de nós, lá.”
Clarke acha que pode haver algo a mais sobre a análise de Papek, mas, no que concerne à segurança do metrô, isto ultrapassa o ponto em questão. Os ataques nos trens e metrô de Madri e Tóquio, não foram ataques suicidas. “A maioria dos ataques aos metrôs no mundo, não tem sido suicidas,” disse Clarke.
Como antigo repórter de jornal da cidade de Nova York, eu lembro bem, da tentativa de ataque ao metrô, de julho de 1997, quatro anos antes do 11 de Setembro. Dois homens usando passaportes jordanianos, foram pegos fabricando bombas com canos, em seu apartamento do Brooklyn; sob interrogatório, disseram que estavam planejando amarrar as bombas na cintura e as detonar num dos metrôs na estação próxima da Atlantic Avenue, durante a hora do “rush”. Seu motivo aparente era matar um bocado de judeus em ato de simpatia para com a resistência palestina contra Israel.
Este complô foi detido, quase que, inteiramente, por acidente. Um amigo dos fabricantes de bombas, que estava visitando o apartamento deles, viu o que estavam fazendo e correu para um policial na rua, fazendo gestos desvairados com os braços. O amigo não falava inglês, mas o tira conseguiu entendê-lo dizer “bomba”. Assim, levou-o até a delegacia, onde foi encontrado um intérprete de árabe. Em questão de horas, a polícia efetuou uma “blitz” antes do amanhecer, no apartamento e deteve os jordanianos.
Iriam eles, realmente, explodirem as bombas, e eles mesmos? Teriam as bombas, funcionado? Reportagens subseqüentes informaram que os jordanianos eram conhecidos na vizinhança (predominantemente árabe) como indolentes inúteis, que viviam da caridade alheia. Mesmo assim, a polícia testemunhou no julgamento deles que as bombas com canos estavam, completamente, montadas, e pareciam funcionais. (Eles foram considerados culpados no julgamento e estão cumprindo prisão perpétua.) Se o amigo não tivesse falado com o policial na rua, e se este não o tivesse conduzido a um intérprete, dezenas de nova-iorquinos poderiam ter sido mortos, e centenas feridos.
O que é perturbador sobre os atentados no metrô de Moscou, sobre o complô da Atlantic Avenue, sobre andar no campo minado da moderna vida, em geral: é que o desastre não chegou, em parte, devido a pura, e cega sorte.
Fred Kaplan – 30 de março de 2010.
Os ataques ao metrô de Moscou, desta semana, levantaram uma série de questões, porém, uma das mais misteriosas deve ser: por quê algo semelhante não aconteceu aqui?
Há várias explicações plausíveis, a maioria delas relacionadas às medidas de segurança tomadas desde o 11 de Setembro de 2001: listas de vigilância de terroristas, detenções, restrições mais apertadas sobre visas e imigração, crescente vigilância de certos grupos radicais, controle sobre a venda de materiais potencialmente explosivos.
Mas, outra, mais ampla razão, é que homens-bomba são um grupo peculiar. Eles tendem a ser impulsionados por motivos muito específicos e estes motivos não tem muita ressonância em solo americano.
Robert Pape, um professor de ciência política na Universidade de Chicago, argumentou em seu livro “Dying to Win: The Logic of Suicide Terrorism” que os homens-bomba são motivados não tanto por fervor islâmico (ou outra qualquer espécie de religião), mas, antes, por raiva contra tropas estrangeiras ocupando suas terras.
Deste então, como diretor e fundador do Chicago Project on Security and Terrorism, Pape tem coletado e analisado um banco de dados de 2.668 ataques suicidas levados à cabo entre 1980 e 2009 – que confirmou, até mesmo reforçou, sua teoria inicial.
Ocorre, Pape disse-me numa conversa telefônica, hoje, que 96 porcento destes homens-bomba estavam engajando-se no que eles viam como atos de resistência nacional contra ocupação militar estrangeira: a maioria deles vivia dentro de uns poucos quilômetros de onde o atentado teve lugar. (Os homens-bomba do Metrô de Moscou, segundo se relata, eram, provavelmente, muçulmanos lutando pela independência chechena).
Dos 2.668 homens-bomba no banco de dados de Pape, somente 255 – nem 10 % - eram terroristas “transnacionais”, isto e´, militantes que viajaram para outros países ou que atacaram alvos em seus próprios países como gesto de simpatia. E, 200 destes 255 explodiram suas bombas, e a si mesmos, no Iraque. (Pape relata a totalidade de suas descobertas num livro, a ser publicado neste outono, chamado ”Cutting the Fuse: The Explosion of Global Suicide Terrorism and How to Stop It”.)
Em outras palavras, os Estados Unidos não são o tipo de lugar onde atentados suicidas são prováveis de ocorrerem. Ele não é um território ocupado. E, embora atos terroristas tenham sido cometidos aqui, em protesto contra políticas americanas alhures (principalmente, no Oriente Médio, Iraque ou Afeganistão), poucos destes atos tem sido ataques suicidas.
Os ataques do 11 de Setembro foram, é claro, grandes excepções. Porém, como um resultado destes ataques, é agora muito mais difícil para grupos terroristas abordarem aeronaves no final das contas, muito menos fazerem isto portanto armas de qualquer tipo. E, nos casos onde terroristas individuais tentaram detonar bombas (Richard Reid no sapato, Umar Farouk Abdulmutallab na cueca), tripulantes e passageiros do avião estavam alertas o bastante para frustrarem seus planos.
Pode-se imaginar radicais do Oriente Médio ou do Sul da Ásia vindo aos Estados Unidos, estabelecendo-se aqui, então, certo dia, explodindo-se num local abarrotado. Mas as autoridades da alfândega e imigração tem tornado muito mais árduo para qualquer um saído destas regiões, obterem entrada no país, precisamente devido a esta preocupação.
Só que, mais difícil, não é a mesma coisa que impossível. É duro para terroristas entrarem em aviões, porém, - como Reid e Abdulmutallab mostraram – não é impossível. É duro obter material para fabrico de bombas – mas muito longe de ser impossível. E, se terroristas puderem montar uma bomba, não há quase nada para impedi-los de levá-la para um vagão de metrô lotado.
Como Richard Clarke, o antigo chefe de contraterrorismo da Casa Branca contou-me, em entrevista telefônica, hoje, “A facilidade com a qual alguém pode fazer isto é estarrecedora.” (A Autoridade de Transporte Metropolitano de Nova York ganhou um processo na justiça, vários anos atrás, garantindo seu direito de conduzir revistas aleatórias de pessoas entrando nas estações de metrô. Clarke testemunhou neste caso. Mas as revistas são muito raras.
Clarke tem umas poucas teorias sobre o por quê não terem ocorrido quaisquer atentados suicidas aqui. “Após o 11 de Setembro,” ele disse, “todas as varreduras de segurança e detenções deixaram a al-Qaida com a sensação de que era muito difícil operar nos Estados Unidos – mais difícil do que, realmente, era. Enquanto isto, eles descobriram que era muito mais fácil ir atrás de americanos no Iraque. Eles pararam de ir atrás do inimigo estrangeiro no “além-mar”. Nós fomos até eles, portanto eles foram atrás de nós, lá.”
Clarke acha que pode haver algo a mais sobre a análise de Papek, mas, no que concerne à segurança do metrô, isto ultrapassa o ponto em questão. Os ataques nos trens e metrô de Madri e Tóquio, não foram ataques suicidas. “A maioria dos ataques aos metrôs no mundo, não tem sido suicidas,” disse Clarke.
Como antigo repórter de jornal da cidade de Nova York, eu lembro bem, da tentativa de ataque ao metrô, de julho de 1997, quatro anos antes do 11 de Setembro. Dois homens usando passaportes jordanianos, foram pegos fabricando bombas com canos, em seu apartamento do Brooklyn; sob interrogatório, disseram que estavam planejando amarrar as bombas na cintura e as detonar num dos metrôs na estação próxima da Atlantic Avenue, durante a hora do “rush”. Seu motivo aparente era matar um bocado de judeus em ato de simpatia para com a resistência palestina contra Israel.
Este complô foi detido, quase que, inteiramente, por acidente. Um amigo dos fabricantes de bombas, que estava visitando o apartamento deles, viu o que estavam fazendo e correu para um policial na rua, fazendo gestos desvairados com os braços. O amigo não falava inglês, mas o tira conseguiu entendê-lo dizer “bomba”. Assim, levou-o até a delegacia, onde foi encontrado um intérprete de árabe. Em questão de horas, a polícia efetuou uma “blitz” antes do amanhecer, no apartamento e deteve os jordanianos.
Iriam eles, realmente, explodirem as bombas, e eles mesmos? Teriam as bombas, funcionado? Reportagens subseqüentes informaram que os jordanianos eram conhecidos na vizinhança (predominantemente árabe) como indolentes inúteis, que viviam da caridade alheia. Mesmo assim, a polícia testemunhou no julgamento deles que as bombas com canos estavam, completamente, montadas, e pareciam funcionais. (Eles foram considerados culpados no julgamento e estão cumprindo prisão perpétua.) Se o amigo não tivesse falado com o policial na rua, e se este não o tivesse conduzido a um intérprete, dezenas de nova-iorquinos poderiam ter sido mortos, e centenas feridos.
O que é perturbador sobre os atentados no metrô de Moscou, sobre o complô da Atlantic Avenue, sobre andar no campo minado da moderna vida, em geral: é que o desastre não chegou, em parte, devido a pura, e cega sorte.