Noticias de Portugal
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- Rui Elias Maltez
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Re: Noticias de Portugal
Gostaria de saber quem realmente nos governa, se parlamentos eleitos ou agências de rating, bancos centrais e nacionais, se economistas de cartilha.
No fundo são estes os verdadeiros poderes, a quem os estados se rendem, todos em nome da velhas e desgastadas sebentas da economia de mercado livre, como se as lições recentes de nada tivessem servido.
Ao Estado compete apenas e só, seguir caninamente o que tais agentes nos mandam fazer.
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- Rui Elias Maltez
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Re: Noticias de Portugal
não sei se se refere à mesma coisa, mas ajuste fiscal aqui já está anunciado: para agregados familiares cujos rendimentos anuais ultrapassem os 20.000/25.000 €, as deduções fiscais (despesas com saúde, educação etc.» ficam mais limitadas, o que na prática resulta num aumento de IRS em cerca de 8 €/mês.
- tflash
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Re: Noticias de Portugal
pelo que eu li, as famílias que ganhem mais de 7000 e tal euros já são penalizadas. ou seja uma família em que um ganhe 600 euros por mês já perde. (visto que os ordenados mínimos não descontam para o irs, dois ordenados mínimos não são afectados)
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Re: Noticias de Portugal
tflash escreveu:pelo que eu li, as famílias que ganhem mais de 7000 e tal euros já são penalizadas. ou seja uma família em que um ganhe 600 euros por mês já perde. (visto que os ordenados mínimos não descontam para o irs, dois ordenados mínimos não são afectados)
mas esses são ricos , segundo o sócas
Triste sina ter nascido português
- tflash
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Re: Noticias de Portugal
mas isto é o inicio de uma bola de neve, que vai aumentar o desemprego. a classe média é que pode inverter a retracção da receita fiscal com o aumento do consumo. Se os rendimentos são reduzidos a montante, as pessoas vão deixar (ainda mais) de beber o seu café ou jantar fora ou mesmo ir de férias o que aumentará o desemprego e a receita fiscal que se pode obter com essas empresas.
Isso, por sua vez, vai causar um esforço maior da segurança social, já que tem que pagar mais subsídios de desemprego e aumenta a despesa corrente. Para não falar no aumento do rendimento mínimo já que muitos dos empregados de restauração vivem no limiar da pobreza.
A seguir temos o aumento dos crimes contra pessoas e contra o património e a necessidade de reforçar a segurança por meios públicos e privados. Pergunta um leigo como eu, vão poupar dinheiro como?
Isso, por sua vez, vai causar um esforço maior da segurança social, já que tem que pagar mais subsídios de desemprego e aumenta a despesa corrente. Para não falar no aumento do rendimento mínimo já que muitos dos empregados de restauração vivem no limiar da pobreza.
A seguir temos o aumento dos crimes contra pessoas e contra o património e a necessidade de reforçar a segurança por meios públicos e privados. Pergunta um leigo como eu, vão poupar dinheiro como?
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- Rui Elias Maltez
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Re: Noticias de Portugal
Oui seja: para equilibrar as contas públicas, destroi-se o que resta da economia.
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Re: Noticias de Portugal
tflash escreveu:mas isto é o inicio de uma bola de neve, que vai aumentar o desemprego. a classe média é que pode inverter a retracção da receita fiscal com o aumento do consumo. Se os rendimentos são reduzidos a montante, as pessoas vão deixar (ainda mais) de beber o seu café ou jantar fora ou mesmo ir de férias o que aumentará o desemprego e a receita fiscal que se pode obter com essas empresas.
Isso, por sua vez, vai causar um esforço maior da segurança social, já que tem que pagar mais subsídios de desemprego e aumenta a despesa corrente. Para não falar no aumento do rendimento mínimo já que muitos dos empregados de restauração vivem no limiar da pobreza.
A seguir temos o aumento dos crimes contra pessoas e contra o património e a necessidade de reforçar a segurança por meios públicos e privados. Pergunta um leigo como eu, vão poupar dinheiro como?
Tens toda a razão, mas em Portugal SEMPRE FOI ASSIM, foram sempre os MESMOS a sustentar os devaneios e as loucuras dos sucessivos governos, este conseguiu afundar Portugal como nunca antes, eu sinceramente já não sei o que esperar, acho que isto só lá vai com um levantamento de massas e outro 25 de Abril, mas desta vez sem cravos nas espingardas, têm de ser balas mesmo.
O problema é que os portugueses parecem anestesiados, completamente amorfos e aceitam tudo e mais alguma coisa.
Eu só digo uma coisa, quem puder faça as malinhas e saia daqui o mais rápido possivel, isto não interessa a ninguém, infelizmente eu tenho familia e a minha mulher não está muito interessada em sair (embora já diga que eu é que tinha razao!), eu se fosse solteiro já me tinha pirado daqui á muito tempo, para bem longe, e nunca mais voltava, este país é um vampiro que nos suga a vida lentamente, somos governados por criminosos e toda a gente diz amén.
Eu estou 1000% FARTO!
Triste sina ter nascido português
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Re: Noticias de Portugal
"António Spínola queria eliminar adversários", revela jornalista
09h54m
Francisco Assunção*
António Spínola queria voltar ao poder através de um golpe de Estado e "eliminar fisicamente" os adversários políticos, disse o jornalista Guenter Wallraff, que em 1976 se encontrou com o general na Alemanha, disfarçado de traficante de armas.
"Nas conversas que tive com ele em Dusseldorf, disse-me que precisava de armas para exterminar fisicamente os adversários", garantiu Wallraff em entrevista à Agência Lusa, em Berlim.
Em 1976, o jornalista, já então famoso pelas reportagens "undercover", conseguiu infiltrar-se no MDLP liderado pelo ex-Presidente da República, disfarçado de nacionalista germânico que forneceria armas ao movimento.
Wallraff recordou o episódio que serviu de base ao seu livro "Aufdeckung einer Verschwoerung - die Spínola Aktion" ("A Descoberta de uma conspiração, a acção Spínola", ed. Bertrand, 1976), nas vésperas do 35.º Aniversário do 11 de Março, o golpe que levou o militar do monóculo a fugir do país e a criar o MDLP, uma força clandestina anti-comunista.
"Eu estava a trabalhar numa cooperativa em Portugal, a Estrela Vermelha, e resolvi ir ao Norte, à Póvoa do Varzim, a um local de encontro dos terroristas", contou Wallraff.
O jornalista, hábil a representar, estabeleceu contacto com a organização de Spínola, dizendo que trabalhava para Franz-Josef Strauss, conhecido pelas suas posições conservadoras e líder dos democratas cristãos da Baviera.
Conquistada a confiança dos interlocutores lusos, chegou a ter "encontros secretos" nas montanhas de Portugal com os seus líderes, a quem prometeu armas.
Regressado à Alemanha, em Março de 1976, Wallraff recebeu um telefonema, indicando que o "general Walter", nome de código de Spínola, iria pessoalmente a Dusseldorf falar com ele e com os elementos da sua "organização".
Spínola chegou, "com a gola do sobretudo levantada, e de óculos escuros", e só quando, no hotel onde se reuniram, tirou os óculos e pôs o monóculo que o celebrizou, Wallraff soube quem tinha pela frente.
"Eu nem queria acreditar, era o lendário ex-Presidente da República, o ex-guia da Revolução dos Cravos", disse o jornalista alemão, hoje com 68 anos.
Wallraff recordou ainda que as conversas que tiveram foram "escaldantes", e que Spínola lhe disse que a sua organização já tinha pontos de apoio no Alentejo, e estava prestes a tomar o poder.
O facto de Spínola lhe ter dito que queria armas para exterminar fisicamente os adversários levou depois a que as autoridades suíças, a quem Wallraff entregou provas, o detivessem e extraditasse mais tarde para o Brasil.
Durante algum tempo, Wallraff também evitou ir a Portugal, "porque era perigoso", diz, e mesmo na Alemanha foi alvo da fúria da extrema direita, que lhe incendiou o escritório e destruiu o arquivo.
Mas o escritor e jornalista alemão continua a ter amigos em Portugal, adora Lisboa e revelou à Lusa que em breve irá a Lisboa visitar a filha do falecido cantor José Afonso, de quem foi amigo.
"Tenho recordações muito nostálgicas de Lisboa, e quero voltar para desfrutar do ambiente da cidade", disse Wallraff, lamentando a extinção das cooperativas criadas pela Reforma Agrária no Alentejo.
"Os latifundiários voltaram, é trágico", desabafou o jornalista alemão, que continua a ser uma figura polémica, e a pôr a nu injustiças sociais no seu país.
*agência Lusa
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Re: Noticias de Portugal
Trabalhem cães, quando morrerem deixam de ter de trabalhar
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Idade de reforma na Função Pública volta a aumentar este ano
Margarida Peixoto, Marta Moitinho Oliveira e Denise Fernandes
10/03/10 00:05
O PEC vai antecipar o período de convergência das reformas no sector público com o privado. A idade legal da aposentação no Estado deverá aumentar já este ano em mais três meses.
A idade legal da reforma dos funcionários públicos deverá aumentar já este ano três meses, passando de 62 anos e meio para 62 anos e nove meses, apurou o Diário Económico. Este é o cenário que está em cima da mesa do Governo e, a concretizar-se, será a consequência mais imediata da antecipação do período de convergência com o sector privado que foi ontem anunciada por Teixeira dos Santos. A proposta final será apresentada e afinada em concertação social.
O ministro das Finanças reconheceu ontem que o Governo está a preparar uma alteração que prevê "a antecipação do período de convergência em dois ou três anos". Contactado, o Ministério das Finanças não quis avançar mais pormenores, remetendo para a concertação social. No entanto, o Diário Económico sabe que o ritmo de subida da idade legal de reforma acelera em três, seis, nove e doze meses, de forma a chegar aos 65 anos de idade em 2013. Até agora estava previsto que esta uniformização com o privado só acontecesse em 2015.
Na prática, significa que, se a proposta ficar tal como está, este ano a idade da reforma passa para 62 anos e nove meses. Em 2011 fica em 63 anos e três meses; em 2012 é de 64 anos e em 2013 será de 65 anos. Quem não cumprir estes requisitos, leva um corte no valor da pensão.
O anúncio da proposta do Executivo para acelerar a convergência foi feito no final da reunião com os parceiros sociais, no âmbito do Programa de Estabilidade e Crescimento. "É uma proposta que iremos apresentar aos parceiros sociais, a possibilidade de podermos acelerar essa convergência e antecipar o período em cerca de dois a três anos, é isso que está a ser ponderado", confirmou o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos. "Em vez de [o período de convergência] terminar em 2015, será antes", explicou o ministro.
http://economico.sapo.pt/noticias/idade ... 83699.html
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Idade de reforma na Função Pública volta a aumentar este ano
Margarida Peixoto, Marta Moitinho Oliveira e Denise Fernandes
10/03/10 00:05
O PEC vai antecipar o período de convergência das reformas no sector público com o privado. A idade legal da aposentação no Estado deverá aumentar já este ano em mais três meses.
A idade legal da reforma dos funcionários públicos deverá aumentar já este ano três meses, passando de 62 anos e meio para 62 anos e nove meses, apurou o Diário Económico. Este é o cenário que está em cima da mesa do Governo e, a concretizar-se, será a consequência mais imediata da antecipação do período de convergência com o sector privado que foi ontem anunciada por Teixeira dos Santos. A proposta final será apresentada e afinada em concertação social.
O ministro das Finanças reconheceu ontem que o Governo está a preparar uma alteração que prevê "a antecipação do período de convergência em dois ou três anos". Contactado, o Ministério das Finanças não quis avançar mais pormenores, remetendo para a concertação social. No entanto, o Diário Económico sabe que o ritmo de subida da idade legal de reforma acelera em três, seis, nove e doze meses, de forma a chegar aos 65 anos de idade em 2013. Até agora estava previsto que esta uniformização com o privado só acontecesse em 2015.
Na prática, significa que, se a proposta ficar tal como está, este ano a idade da reforma passa para 62 anos e nove meses. Em 2011 fica em 63 anos e três meses; em 2012 é de 64 anos e em 2013 será de 65 anos. Quem não cumprir estes requisitos, leva um corte no valor da pensão.
O anúncio da proposta do Executivo para acelerar a convergência foi feito no final da reunião com os parceiros sociais, no âmbito do Programa de Estabilidade e Crescimento. "É uma proposta que iremos apresentar aos parceiros sociais, a possibilidade de podermos acelerar essa convergência e antecipar o período em cerca de dois a três anos, é isso que está a ser ponderado", confirmou o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos. "Em vez de [o período de convergência] terminar em 2015, será antes", explicou o ministro.
http://economico.sapo.pt/noticias/idade ... 83699.html
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Re: Noticias de Portugal
Pouco percebo destas coisas, mas permitir reformas mais cedo, ou pelo menos não tão tarde, não seria forma de baixar o desemprego e fazer com que entrassem no Estado, ou noutras empresas e organizações pessoal normalmente mais qualificado, jovem e com maior motivação?
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Re: Noticias de Portugal
Rui,
actualmente o pessoal do Estado reforma-se em catadupa e não põem ninguém a substituir.
motivação? ganhar 450 € por mês motiva alguém?
actualmente o pessoal do Estado reforma-se em catadupa e não põem ninguém a substituir.
motivação? ganhar 450 € por mês motiva alguém?
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Re: Noticias de Portugal
"A Justiça portuguesa é lenta e irresponsável"
Fonte: http://pub.oab-rj.org.br/index.jsp?conteudo=11869
Fonte: http://pub.oab-rj.org.br/index.jsp?conteudo=11869
Da revista eletrônica Conjur
08/03/2010 - Busca e apreensão em escritórios de advocacia em que não há advogado investigado, posições conflitantes do Ministério Público no mesmo processo, críticas de juízes de primeira instância ao presidente da Suprema Corte por decisão proferida, advogados demais e mal preparados. O cenário descrito não se refere ao de um grande país da América do Sul, mas corresponde à visão que o o presidente da Ordem dos Advogados de Portugal, advogado António Marinho e Pinto, tem de seu próprio país. Do que está acontecendo nas áreas do Direito e da Justiça no Brasil, o visitante fala até com um certo entusiasmo e uma certa inveja.
Nos dias 22, 23 e 24 de março, advogados de países de língua portuguesa vão se reunir em Lisboa para debater assuntos relacionados à profissão. Marinho acredita que a troca de experiências de advogados de países como Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, entre outros, pode ajudar os profissionais a enfrentar problemas em comuns. "É preciso que os estados reconheçam, não só nos discursos políticos, mas através de leis concretas, a importância dos advogados no processo de administração da Justiça."
O advogado esteve em Niterói no início deste ano e, em entrevista concedida à revista Consultor Jurídico, fez duras críticas ao Judiciário português. Para ele, muitos "se apropriaram do poder de julgar, do poder soberano da administração da Justiça, em beneficio da corporação". O presidente da Ordem acredita que tal situação é um fator que impede o desenvolvimento do país e que tem desprestigiado a Justiça. "Muitos juízes atuam, não em função dos direitos e da Justiça, mas em função de seus interesses políticos e partidários", contou.
António Marinho reclamou que a balança da Justiça não tem sido equilibrada. "O juiz tem que ter uma postura de rigorosa equidistância em relação aos interesses punitivos do Estado em um crime e aos direitos fundamentais do cidadão que está sendo julgado."
Mas o advogado também creditou parte dos problemas à própria advocacia. "Há muitos advogados em Portugal. A Ordem dos Advogados não soube exercer o poder de regulação, impedindo que a profissão se massificasse. Em alguns aspectos, há uma degradação da qualidade de patrocínio dos advogados. Nós queremos recuperar isso."
António também falou da ética profissional, que entrará em discussão no I Congresso Internacional de Advogados de Língua Portuguesa. "Nem tudo o que a lei permite, um advogado pode fazer", disse. Ele também afirmou que as experiências trocadas pelos advogados vão ajudar na elaboração de um código de ética forte. "Quanto mais forte for o código de ética dos advogados, mais prestígio, confiança, respeito e dignidade ele conseguirá da sociedade, do Estado e dos poderes."
Há dois anos António Marinho está à frente da Ordem dos Advogados de Portugal. O advogado, que estudou em Coimbra, já foi jornalista, quando tinha 29 anos, e professor durante quase 40. "Eu sempre me bati pelo Direito, pela Justiça. Fui dirigente da Associação Acadêmica de Coimbra no tempo da ditadura. Estive preso pela polícia jurídica", contou.
Leia a entrevista.
O que será discutido no I Congresso Internacional de Advogados de Língua Portuguesa?
O congresso vai permitir a troca de experiências profissionais, o estudo do Direito, o aprofundamento da defesa dos valores fundamentais. Também vai reforçar as prerrogativas dos advogados. As imunidades profissionais não podem ser vistas como benefícios ou privilégios dos advogados, mas como garantias do cidadão e das empresas que necessitam de serviços advocatícios. Vivemos em uma época, inclusive em Portugal, em que as prerrogativas dos advogados estão sendo tripudiadas por juízes que não têm uma cultura democrática. O Brasil deu um passo importante para garantir as prerrogativas.
Em que sentido?
A OAB, quando foi presidida pelo advogado Cezar Britto, conseguiu que fosse aprovada uma lei que criminaliza a violação do sigilo do advogado. É necessária uma lei como essa para que as prerrogativas possam ser respeitadas em Portugal. O sigilo profissional do advogado é tão importante para a boa administração da Justiça quanto a independência do juiz. O Estado democrático pode se transformar, rapidamente, em um Estado policial, que busca no escritório do advogado provas para incriminar os clientes dele. Isso está acontecendo em Portugal e não é próprio de um Dstado de Direito; é próprio de um Estado terrorista. Era na ditadura que advogados eram presos e tinham seus escritórios revistados com o objetivo de achar documentos e saber quem era da oposição.
Como os advogados podem auxiliar os colegas de outros países?
Eles podem ajudar com as experiências deles. As prerrogativas dos advogados do Brasil é um bom exemplo para os advogados de Angola, Moçambique, Guiné. A Justiça dos países civilizados tem três pilares fundamentais: o juiz, que exerce a função jurisdicional; o Ministério Público, que representa o Estado na ação penal; e o advogado, que é representante do cidadão. Ninguém pode se considerar mais importante, porque se faltar um deles não há Justiça. É preciso que os estados reconheçam, não só nos discursos políticos, mas através de leis concretas, a importância dos advogados no processo de administração da Justiça.
O juiz está no meio.
Naturalmente, o juiz tem uma função central, é o mais importante na balança. Mas os outros dois pratos têm que estar equilibrados. O juiz tem que ter uma postura de rigorosa equidistância em relação aos interesses punitivos do Estado no julgamento de um crime e aos direitos fundamentais do cidadão que está sendo julgado. Em muitos países, o Ministério Público tem prerrogativas que se traduzem em verdadeiros privilégios, acima das prerrogativas normais que são concedidas aos advogados. Eu espero que o debate sobre este assunto seja aprofundado no congresso dos advogados e que haja um avanço na concretização das prerrogativas funcionais. O advogado não tem interesses próprios no processo; os interesses dele são os do cliente.
O congresso também discutirá questões éticas. O que precisa ser debatido em relação a esse assunto?
O advogado tem que ser independente. Isso exige que ele estabeleça limites à sua própria atividade. Nem tudo o que a lei permite, um advogado pode fazer. Há princípios, regras, valores de natureza moral e ética que ele tem de respeitar nas relações com o cliente, com os colegas advogados, com o juiz, com o Estado e com a sociedade. Ele tem deveres especiais como tratar com urbanidade, manter o sigilo profissional, cobrar honorários moderados de acordo com o seu trabalho e não de forma especulativa. Vamos analisar o conjunto amplo dos deveres, que variam de país para país, e as experiências dos advogados para fazer um código de ética forte. Quanto mais forte for o código de ética dos advogados, mais prestígio, confiança, respeito e dignidade ele conseguirá da sociedade, do Estado e dos poderes.
No Brasil, quando há uma busca e apreensão em escritórios de advogados cujos clientes estão sendo investigados, a OAB, através da Comissão de Prerrogativas, tem levado o problema aos tribunais superiores. Como é em Portugal?
Em Portugal, é muito pior. O que passa em Portugal é próprio de um Estado terrorista. A primeira coisa que fazem no escritório é apreender a correspondência do advogado à procura de elementos que possam incriminar seu cliente. Isso é um fundamentalismo justiceiro por parte de juízes portugueses. O advogado ajuda o cliente, suspeito de um crime, a se defender em juízo. Ele não pode ajudar o cliente a cometer um crime. Se o advogado é suspeito de um crime, ele deve ser investigado como qualquer cidadão, e punido como qualquer criminoso. Mas se o advogado ajuda o cliente a se defender em juízo, ele deve ser respeitado, porque está cumprindo a sua obrigação e, mais do que isso, está cumprindo uma função extremamente importante para o Estado de Direito, que é defender o suspeito em um tribunal.
E como o Judiciário tem agido nas buscas e apreensões em escritórios?
Os magistrados portugueses, muitas vezes, emitem mandado de busca e apreensão em branco, para apreender tudo que possa interessar para a investigação. Se um advogado esconde droga de um cliente, o mandado deve mandar apreender a droga que está no escritório. Se o advogado esconde dinheiro sujo do tráfico em um cofre no escritório, deve-se mandar apreender o dinheiro que está lá. Mas, se não há suspeita de um advogado colaborar em um crime ou ter objeto criminoso no escritório, a busca para apreender tudo o que possa incriminar seu cliente é terrorismo de Estado puro. É uma vergonha que isso esteja acontecendo em Portugal.
Mas é permitido esse tipo de mandado em branco?
São os juízes que permitem o mandado. Um juiz faz tudo. Isso é incompatível. É muito importante que os advogados de língua portuguesa prestem solidariedade aos colegas portugueses que estão sendo vítimas desses atos por parte de magistrados que têm cultura de Estado totalitário.
Os juízes costumam receber os advogados? Isso é permitido em Portugal?
Possivelmente, hoje, a maioria dos juízes se recusa a receber, porque acha que os advogados são um parceiro menor. Esta é uma cultura quase salomônica que muitos juízes portugueses têm, de achar que não precisam nem do Ministério Público e, sobretudo, não precisam de advogados. Não há uma cultura de respeito. A Justiça em Portugal, quase 40 anos depois do fim do Estado Novo, ainda não foi democratizada. Está funcionando pior do que na ditadura de [António de Oliveira] Salazar e [Marcelo] Caetano. Está, em muitos aspectos, funcionando do mesmo jeito há séculos; é uma justiça medieval, em conflito com a democracia e com os valores democráticos. Daí a relutância e até a repugnância que muitos juízes de Portugal têm em relação aos advogados. Há também uma promiscuidade funcional muito acentuada entre juízes e membros Ministério Público.
De que modo?
Eles estudam na mesma escola, são colegas no centro de formação, trabalham do mesmo lado - o MP está instalado no tribunal -, viajam e almoçam juntos, discutem, muitas vezes, questões que deveriam analisar em separado. O Ministério Público é equiparado aos juízes em tudo; agem com total independência. Eles têm de representar os interesses do Estado, mas representam a si próprios dentro dos processos, às suas convicções pessoais, com suas idiossincrasias e preconceitos.
No mesmo processo, com as mesmas partes e provas, o Ministério Público tem uma posição na primeira instância, na segunda instância tem outra oposta e, na terceira, tem uma posição diferente das outras duas. Portanto, não representa o Estado. Pior do que isso, muitos juízes que atuam como se fossem procuradores. Enquanto um advogado influencia um juiz nas audiências, em um debate oral, com o contraditório, o MP influencia muitas vezes fora da sala da audiência. Isso é uma realidade terrível que lança uma mancha muito grave sobre a imparcialidade da Justiça portuguesa, sobretudo na esfera penal.
Essa questão da posição do Ministério Público ser diferente nas várias instâncias também acontece no Brasil. Eles dizem que é por causa da independência funcional.
O promotor não é independente. Ele representa o Estado. Quem é independente é o juiz, que atua de acordo com o que entende ser o melhor. Já o Ministério Público é mandatário, procurador da República. E o advogado é o procurador do cidadão. Deviam estar no mesmo patamar, mas o Ministério Público tem todo poder do mundo; pode prender, fazer revistas e buscas e, depois, ainda vai conseguir que alguns juízes determinem buscas aos escritórios dos advogados para procurar tudo que encontrar. Isso é o poder da força bruta, de quem interpreta mal o Direito e que não está de acordo com valores democráticos e civilizados.
Essas mudanças de entendimento atrapalham a atuação do MP?
O Ministério Público tem que ter uma estrutura hierarquizada, que é representada por um procurador-geral da República, responsável por todos. A independência do juiz não é um privilégio do juiz, é uma garantia do cidadão. Já o procurador tem que atuar com o seu mandante, que é o Estado. E isso não permite que cada um interprete os interesses do Estado à sua maneira. Um procurador de esquerda interpreta de certa maneira, o de direita de outra forma, um procurador homossexual interpreta de modo diferente, um judeu ou um católico de outro. Não é assim. O interesse do Estado é um só, não é dividido em interpretações diversas. E, se houver interpretações diversas, tem que ser unificado pelo procurador-geral ou pelas estruturas hierárquicas superiores. O procurador não pode atuar de acordo com sua cabeça. Isso tem causado graves problemas no funcionamento da Justiça.
Quais são os problemas que a Justiça portuguesa enfrenta hoje? Há lentidão na resposta do Judiciário?
Há lentidão e irresponsabilidade. Os magistrados não prestam contas a ninguém e fazem o que querem. Isto é incompatível com a Justiça em um Estado democrático. O que é mais trágico, em Portugal, é que há juízes que se formam em Direito com 23 ou 24 anos, fazem um exame interno para uma escola de magistrado, e saem vinculados a um poder soberano para toda a vida. Para ser juiz, não basta ter a cabeça cheia de tecnicidade jurídica; é preciso ter maturidade, experiência de vida, bom senso. Nós temos magistrados com 27 ou 28 anos, resolvendo questões de famílias extremamente relevantes, sem saber o que fazer, limitando-se a uma aplicação formal e mecanicista da lei. Isso o computador faz. Com 26, 27 e 28 anos não se compreende muitos dos fatos que vão ser julgados. Isso é um grave problema da Justiça, que hoje está desprestigiada. Há também problemas que decorrem da própria advocacia.
Quais problemas em relação à advocacia?
Há muitos advogados em Portugal. A Ordem dos Advogados não soube exercer o poder de regulação, impedindo que a profissão se massificasse. Em alguns aspectos, há uma degradação da qualidade de patrocínio dos advogados. Nós queremos recuperar isso. Tudo isso também iremos discutir no congresso, trocar as boas e as más experiências que cada Estado e cada Ordem tem.
No Brasil, existe o exame de Ordem, obrigatório para os estudantes que se formam em Direito e que querem advogar. Em Portugal, há um exame de admissão?
Não. Eu estou criando agora. O primeiro vai começar no final de março.
E como o senhor avalia o ensino jurídico?
Bom e mal. Há ensino jurídico da mais alta qualidade e faculdades respeitadas como a de Coimbra. E há péssimas escolas. O governo deu permissão para a atuação de muitas sem que elas tivessem professores capacitados. Em muitas faculdades, houve uma degradação do ensino do Direito. Também se está atuando para reverter essa situação.
No seu discurso no evento de abertura do ano judiciário, o senhor citou uma situação que envolveu o presidente da Suprema Corte e críticas abertas de juízes por uma decisão que ele havia tomado. O que aconteceu?
Em Portugal, há um abuso no uso das escutas telefônicas; qualquer pessoa pode ter suas conversas interceptadas. Estavam investigando um empresário e, em uma das conversas interceptadas, ele falava com um dirigente de um banco. Passou-se a escutar o dirigente do banco, que é amigo pessoal do primeiro ministro. O dirigente do banco estava tendo uma conversa privada com o ministro e essa conversa foi escutada por um jovem juiz de primeira instância. O código de processo penal diz que a escuta de conversas que envolvam o presidente da República, o primeiro ministro e o presidente do parlamento tem que ser autorizada pelo presidente do Supremo Tribunal. Mas o juiz de uma cidade do interior foi quem escutou todas as conversas, gravou e as transcreveu, tudo o que era competência do presidente do Supremo. E depois qualificou juridicamente as conversas, dizendo que havia crime contra o Estado de Direito. Só depois disso, o juiz enviou para o presidente do Supremo.
E o que o presidente do Supremo fez?
Ele analisou as escutas e concluiu que não havia atentado ao Estado de Direito e ordenou a destruição das conversas. Foi esse equivoco que eu falei na abertura do ano judiciário.
A globalização tem feito com que empresas atuem, cada vez mais, em outros países. Como fica a atuação do advogado a partir dessa perspectiva?
A globalização se traduz, sobretudo, em uma livre circulação mundial de empresas, mercadorias e capitais. Mas ainda não se traduziu na livre circulação de pessoas. É necessário que haja a livre circulação dos advogados no mundo, para poder defender os interesses de seus clientes em qualquer lugar, diretamente ou em parceira com escritórios de outros países. Uma empresa brasileira que se instala em Portugal tem direito a ser patrocinada por advogados brasileiros lá. São os advogados que, por ventura, acompanharam a empresa desde sua fundação. Provavelmente, haverá dificuldade com os conhecimentos do ordenamento jurídico português, mas, nesses casos, são feitas parcerias com escritórios de Portugal. O mesmo vale para empresas portuguesas no Brasil. As Ordens dos Advogados dos dois países têm um acordo de livre circulação de advogados. No âmbito da União dos Advogados de Língua Portuguesa, foi criada uma globalização para livre circulação de advogados que acompanham seus clientes em parceria com escritórios em outros países.
Entre os países europeus, isso já é permitido?
Sim. Os advogados dos outros países da Europa podem atuar em Portugal. E os advogados brasileiros que se inscrevem na Ordem de Portugal podem atuar em outros países da Europa.
O senhor acha que as leis, sobretudo em países da Europa, também tendem a ser unificadas?
Hoje, entidades da União Europeia estão caminhando para a unificação das leis. Já estão aparecendo questões jurídicas em alguns países que, em certos aspectos, estão unificados a uma política comum de defesa, de representação e de diplomacia. Há aspectos de soberania também que são comuns. Temos que estar preparados para isso. Portugal sozinho na União Europeia tem um peso pequeno. Mas Portugal é a língua portuguesa, é o Brasil, Moçambique, Cabo Verde. E nesse aspecto ganha um peso na União Europeia.
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Re: Noticias de Portugal
http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx? ... 0000000093Conduta contraditória
Marinho Pinto prescindiu de ser bastonário da OA há já algum tempo e obcecou-se com a defesa do primeiro-ministro, expondo uma tendência beatificadora do poder político que contrasta com a veia polemista que o afamou.
Na sua cruzada socrática, Marinho Pinto confundiu os interesses da OA com simpatias governamentais. Até publicou um panegírico de Sócrates no Boletim Oficial da OA. Agora, numa táctica demasiado antiga, é ele mesmo quem denuncia a promiscuidade entre Justiça e política – apesar de ser a imagem de marca desse dislate.
A coisa agravou-se já que um cérebro privilegiado (que alguém, distraído, içou a secretário de Estado) quis negar a acusação mas só a confirmou. Alberto Martins tem uma tarefa cada vez mais difícil pela frente.
Kids - there is no Santa. Those gifts were from your parents. Happy New Year from Wikileaks