Lígia Hougland, Portal Terra
WASHINGTON - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, se encontrou nesta terça-feira, em Washington, com o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, para tratar de dois assuntos: a compra de caças e a recuperação do Haiti. "Há uma preferência política por comprar os caças da França, mas a decisão depende de elementos técnicos e políticos no sentido de capacitação nacional. O Brasil vai fazer o que mais lhe convém", disse o ministro.
O País exige a transferência global de tecnologia. A Boeing, empresa americana que está concorrendo com a francesa Dassault no processo de licitação, afirma estar disposta a cumprir plenamente com este requisito. No entanto, em carta enviada ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em meados de 2009, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que o governo americano concordava com o compartilhamento de "tecnologias necessárias" somente. Jobim disse que analisa agora o que significam "esses adjetivos" com a proposta americana nas mãos
No momento, as propostas estão sendo analisadas pelo ministério da Defesa. Concorrem os F-18 da Boeing, os Rafale da Dassault, e os Gripen da sueca Saab.
Segundo o ministro Jobim, dentro de cerca de 20 dias, a análise será concluída e enviada ao presidente Luís Inácio Lula da Silva. O presidente, então, encaminhará a análise ao Conselho de Segurança Nacional. Somente depois de ouvir a orientação do Conselho de Segurança o presidente tomará a decisão final com respeito à compra dos 36 caças. "O presidente manifestou sua predisposição política em relação à França, mas é evidente que isso tem que ter um suporte técnico e é exatamente nisso em que estou trabalhando", afirmou Jobim.
Haiti
O ministro Jobim disse que deixou claro para Gates que há uma grande desconfiança da América Latina com relação aos Estados Unidos, principalmente por causa do tratamento americano, há tantos anos, dispensado à Cuba. "A cooperação dos EUA nos esforços de recuperação e reconstrução do Haiti é uma boa maneira de desenvolver esta confiança. Precisamos ver atos concretos", disse o ministro brasileiro.
"Apesar de, no começo, ter havido um leve frissón entre os militares americanos e brasileiros, apreciamos muito a ajuda americana no Haiti", afirmou Jobim. Gates disse ao ministro brasileiro que as tropas americanas começariam a se retirar em massa do Haiti em abril. Já o governo brasileiro, na mesma ocasião, começará a enviar mais 900 soldados ao país caribenho. O Brasil já tem 1,3 mil soldados no Haiti. Em janeiro, o Haiti foi atingido por um terremoto de forte magnitude, que deixou centenas de milhares de mortos.
Também no mês de abril, o secretário de Defesa dos EUA visitará o Brasil. "Vou levá-lo à Amazônia para que ele veja não só a imagem turística da região, mas como a preservamos por meio da resisitência dos postos nas fronteiras", disse Jobim.
Fonte: http://jbonline.terra.com.br/pextra/201 ... 029132.asp