Mas hein? De que país estamos falando mesmo? Ou como diria Silvio Santos: "Você tem certeza disso?"lobo_guara escreveu:Oras, acordo é acordo. O Presidente esta tentando conter os seus aloprados
Revanchismo sem fim
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- Viktor Reznov
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Re: Revanchismo sem fim
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Re: Revanchismo sem fim
Ola Rodrigo, a censura foi por aquela entrevista para o correio brasiliense descendo a lenha na atuação da USAID na Amazônia, mas fiquei na dúvida, a classificação de traidores foi na confusão dos oficiais que queriam concorrer nas eleições?rodrigo escreveu:Se fosse revelada a correspondência de todo o alto comando, ficaríamos sem 4 estrelas. Mas concordo que houve quebra de hierarquia. O Gen Santa Rosa é um homem digno, inclusive perdeu a visão de um olho em serviço, mas foi pego na divulgação de sua sinceridade. Ele já havia sido censurado em sua função anterior, e também havia dirigido correspondência interna no EB, classificando oficiais que se esquivavam do comando de traidores da instituição.
- rodrigo
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Re: Revanchismo sem fim
Confesso que não me lembro de detalhes, confira aqui no resultado da minha pesquisa no google: http://www.defesanet.com.br/blog/2010/0 ... to-maynardLoki escreveu:a censura foi por aquela entrevista para o correio brasiliense descendo a lenha na atuação da USAID na Amazônia,
Não, ao assumir a Diretoria de Pessoal, o Gen Santa Rosa encontrou centenas de pedidos de oficiais para não comandar unidades, em seus diversos níveis. São muitos os motivos, por exemplo, ao mudar de cidade, a esposa não encontra emprego, o oficial pode não ter residência adequada, ou mesmo mudar para lugar muito pior. Diante desse quadro, ele escreveu uma carta dizendo que o oficial que nega um comando por razões pessoais é um traidor.Loki escreveu:a classificação de traidores foi na confusão dos oficiais que queriam concorrer nas eleições?
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Re: Revanchismo sem fim
rodrigo escreveu:Confesso que não me lembro de detalhes, confira aqui no resultado da minha pesquisa no google: http://www.defesanet.com.br/blog/2010/0 ... to-maynardLoki escreveu:a censura foi por aquela entrevista para o correio brasiliense descendo a lenha na atuação da USAID na Amazônia,
Não, ao assumir a Diretoria de Pessoal, o Gen Santa Rosa encontrou centenas de pedidos de oficiais para não comandar unidades, em seus diversos níveis. São muitos os motivos, por exemplo, ao mudar de cidade, a esposa não encontra emprego, o oficial pode não ter residência adequada, ou mesmo mudar para lugar muito pior. Diante desse quadro, ele escreveu uma carta dizendo que o oficial que nega um comando por razões pessoais é um traidor.Loki escreveu:a classificação de traidores foi na confusão dos oficiais que queriam concorrer nas eleições?
Entendi, os que só queriam postos no Rio!
Mas acho que a censura foi sim por causa das ongs e da USAID. Foi uma entrevista ao Correio brasiliense, na epoca ou um pouco antes do Raposa Serra do Sol.
- Marino
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Re: Revanchismo sem fim
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: Revanchismo sem fim
Achei, foi em 27 de maio de 2007, mas acho melhor continuarmos essa conversa em Ameaça real ao Brasil
Entrevista com o General Santa Rosa
"Há espionagem na região"
O general Maynard Marques Santa Rosa, secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa, é um dos mais antigos e experientes quatro-estrelas do Brasil. Aos 63 anos, já comandou sete unidades militares na Amazônia. Nos anos 1988 e 1989, fez o curso de Política e Estratégia do US Army War College, na Pensylvania, Estados Unidos. Foi lá, segundo conta, que detectou pela primeira vez os interesses estrangeiros pela Amazônia brasileira onde, por seus cálculos, existem mais de 100 mil ONGs de todos os tipos e interesses atuando sem que o Estado brasileiro tenha controle sobre elas. Há um mês o general prestou depoimento na Câmara e alertou os parlamentares sobre o risco desse descontrole. Na sexta-feira ele reiterou a preocupação em entrevista ao Correio.
Por que o senhor considera arriscada a atuação de ONGs na Amazônia brasileira?
O risco é o descontrole sobre essas organizações. Protegidas pela Constituição, trabalham livremente sem que nossas instituições tenham competência para investigá-las. Acobertadas por essa proteção, defendem interesses ocultos das suas fontes de financiamento. Sabemos que existem ONGs prolíficas e com atuação humanística. Mas há outras que se prestam ao tráfico internacional de drogas, armas e até de pessoas, inclusive indígenas, além de lavagem de dinheiro. Algumas dessas ONGs, muito facilmente e de maneira barata, são utilizadas como instrumentos de captação de informações por organismos de inteligência estrangeiros, atuam na espionagem. Sabe-se disso porque os serviços secretos do Reino Unido e dos Estados Unidos têm trabalhado na área. Temos informações seguras sobre isso.
Até que ponto isso preocupa?
Posso garantir que se trata da compra da omissão de brasileiros para dificultar o desenvolvimento do país, a serviço de estrangeiros. A América do Sul, região que está à margem da faixa de intercâmbio comercial de interesse do Hemisfério Norte e ainda hoje é produtora de matérias primas e alimentos, agora é considerada como preservadora da ecologia do planeta. Isso esconde o interesse de manter sem exploração os minerais do subsolo brasileiro e controlar o imenso banco de biodiversidade e esta riqueza potencial que nós ainda não temos tecnologia para explorar. Então, o maior risco que eu vejo é o de impedir o desenvolvimento do Brasil.
O que o governo brasileiro pode fazer para ter mais segurança e transparência na relação com as ONGs?
Muito pouco, considerando as limitações jurídicas. Não podemos nem sequer saber o conteúdo dos interesses dessas organizações porque a lei não permite. A não ser que seja feita uma reforma constitucional que defenda os interesses do Brasil. O governo está de mãos atadas. A única coisa que se pode fazer é um trabalho de inteligência para a obtenção de informações. Acredito até que elas agem intencionalmente para fragilizar o controle do Estado sobre o território. Nós já alertamos às autoridades desde a Constituinte de 1988, mas fomos vozes clamando no deserto. Não estamos combatendo as ONGs como instituições, não podemos ser preconceituosos. O que alertamos e criticamos é o descontrole.
Entrevista com o General Santa Rosa
"Há espionagem na região"
O general Maynard Marques Santa Rosa, secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa, é um dos mais antigos e experientes quatro-estrelas do Brasil. Aos 63 anos, já comandou sete unidades militares na Amazônia. Nos anos 1988 e 1989, fez o curso de Política e Estratégia do US Army War College, na Pensylvania, Estados Unidos. Foi lá, segundo conta, que detectou pela primeira vez os interesses estrangeiros pela Amazônia brasileira onde, por seus cálculos, existem mais de 100 mil ONGs de todos os tipos e interesses atuando sem que o Estado brasileiro tenha controle sobre elas. Há um mês o general prestou depoimento na Câmara e alertou os parlamentares sobre o risco desse descontrole. Na sexta-feira ele reiterou a preocupação em entrevista ao Correio.
Por que o senhor considera arriscada a atuação de ONGs na Amazônia brasileira?
O risco é o descontrole sobre essas organizações. Protegidas pela Constituição, trabalham livremente sem que nossas instituições tenham competência para investigá-las. Acobertadas por essa proteção, defendem interesses ocultos das suas fontes de financiamento. Sabemos que existem ONGs prolíficas e com atuação humanística. Mas há outras que se prestam ao tráfico internacional de drogas, armas e até de pessoas, inclusive indígenas, além de lavagem de dinheiro. Algumas dessas ONGs, muito facilmente e de maneira barata, são utilizadas como instrumentos de captação de informações por organismos de inteligência estrangeiros, atuam na espionagem. Sabe-se disso porque os serviços secretos do Reino Unido e dos Estados Unidos têm trabalhado na área. Temos informações seguras sobre isso.
Até que ponto isso preocupa?
Posso garantir que se trata da compra da omissão de brasileiros para dificultar o desenvolvimento do país, a serviço de estrangeiros. A América do Sul, região que está à margem da faixa de intercâmbio comercial de interesse do Hemisfério Norte e ainda hoje é produtora de matérias primas e alimentos, agora é considerada como preservadora da ecologia do planeta. Isso esconde o interesse de manter sem exploração os minerais do subsolo brasileiro e controlar o imenso banco de biodiversidade e esta riqueza potencial que nós ainda não temos tecnologia para explorar. Então, o maior risco que eu vejo é o de impedir o desenvolvimento do Brasil.
O que o governo brasileiro pode fazer para ter mais segurança e transparência na relação com as ONGs?
Muito pouco, considerando as limitações jurídicas. Não podemos nem sequer saber o conteúdo dos interesses dessas organizações porque a lei não permite. A não ser que seja feita uma reforma constitucional que defenda os interesses do Brasil. O governo está de mãos atadas. A única coisa que se pode fazer é um trabalho de inteligência para a obtenção de informações. Acredito até que elas agem intencionalmente para fragilizar o controle do Estado sobre o território. Nós já alertamos às autoridades desde a Constituinte de 1988, mas fomos vozes clamando no deserto. Não estamos combatendo as ONGs como instituições, não podemos ser preconceituosos. O que alertamos e criticamos é o descontrole.
Re: Revanchismo sem fim
O pior é que este papo de verdade e justiça não serve para nada, apenas para maquiar a imagem do PT, afinal, a imagem de esquerdistas tinha de ser criada...WalterGaudério escreveu:Evidentemente estou do lado do general. como se pode criar uma comissão de "verdade e Justiça" se essa comissão é formada por apenas um dos lados? Justamente dos derrotados ideologicamente e financeiramente vencedores.
Agora segura peão, que a coisa vai dar piti. Aí o Lula vai precisar de acompanhamento médico.
Aonde estão as Ogivas Nucleares do Brasil???
- Clermont
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Re: Revanchismo sem fim
(E todo mundo querendo mamar nas tetas do Estado...)
Ziraldo não terá anistia de Cony.
De Ilimar Franco - O GLOBO.
A juíza federal Cristiane Pederzolli, de Brasília, negou, dia 20, pedido de Ziraldo para aumentar sua prestação mensal de anistiado político de R$ 4,3 mil para R$ 19,4 mil.
O cartunista argumentou que merece receber valor equivalente ao do jornalista Carlos Heitor Cony, que teve aprovada mensalidade de R$ 19,1 mil, em 2004.
A juíza alegou que Ziraldo, se na ativa estivesse, não chegaria ao cargo de diretor de redação por ocupar o posto de "chargista político". Cabe recurso.
Ziraldo não terá anistia de Cony.
De Ilimar Franco - O GLOBO.
A juíza federal Cristiane Pederzolli, de Brasília, negou, dia 20, pedido de Ziraldo para aumentar sua prestação mensal de anistiado político de R$ 4,3 mil para R$ 19,4 mil.
O cartunista argumentou que merece receber valor equivalente ao do jornalista Carlos Heitor Cony, que teve aprovada mensalidade de R$ 19,1 mil, em 2004.
A juíza alegou que Ziraldo, se na ativa estivesse, não chegaria ao cargo de diretor de redação por ocupar o posto de "chargista político". Cabe recurso.
- suntsé
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Re: Revanchismo sem fim
Um general do Exercito é demitido por expressar uma opinião particular. Esta Opnião foi propagada pela internet indevidamente...não sei como esta propagação ocorreu. Mas uma questão que eu levanto é que espécie de democrácia é esta?Ainda pela manhã, o General Enzo confirmou as informações. Segundo o Comandante, “trata-se de correspondência pessoal do referido Oficial-general indevidamente propagada pela Internet, sendo, portanto, uma opinião particular”.
Mas, diante do caso, o Comandante do Exército sugeriu que a providência solicitada pelo Ministro fosse a exoneração do Oficial-general, proposta aceita e imediatamente encaminhada à apreciação do Presidente da República.
Ao meu ver a democrácia é para todos, para civis e para militares. Muitas afirmações despropositadas são atribuidas as nossas autoridades CIVIS em jornais e revistas (ISTO NO EXERCICIO DA PROPRIA FUNSÂO), e não sofrem qualquer espécie de constrangimento em virtude de afirmações irresponsaveis (QUE SOMOS OBRIGADOS A TOLERAR).
Discordo totalmente da demição do General em questão e acho preocupante.
Isto demostra o quanto é imatura a democracia em nosso país.
- rodrigo
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Re: Revanchismo sem fim
Pelo contrário, o Rio é punição. A não ser quem sirva e more na Praia Vermelha, o restante é complicado. Os locais mais desejados são as capitais do Nordeste e Brasília.Entendi, os que só queriam postos no Rio!
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- Ilya Ehrenburg
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Re: Revanchismo sem fim
Clermont escreveu:(E todo mundo querendo mamar nas tetas do Estado...)
Ziraldo não terá anistia de Cony.
De Ilimar Franco - O GLOBO.
A juíza federal Cristiane Pederzolli, de Brasília, negou, dia 20, pedido de Ziraldo para aumentar sua prestação mensal de anistiado político de R$ 4,3 mil para R$ 19,4 mil.
O cartunista argumentou que merece receber valor equivalente ao do jornalista Carlos Heitor Cony, que teve aprovada mensalidade de R$ 19,1 mil, em 2004.
A juíza alegou que Ziraldo, se na ativa estivesse, não chegaria ao cargo de diretor de redação por ocupar o posto de "chargista político". Cabe recurso.
Ziraldo merece muito mais que o Cony, sem falar que o cara jamais brochou.
Não se tem razão quando se diz que o tempo cura tudo: de repente, as velhas dores tornam-se lancinantes e só morrem com o homem.
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Uma pena incansável e combatente, contra as hordas imperialistas, sanguinárias e assassinas!
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Re: Revanchismo sem fim
A exoneração do general
A exoneração do general Maynard Marques de Santa Rosa, da chefia do Departamento-Geral de Pessoal do Exército, foi decisão do ministro Nelson Jobim, prontamente apoiada pelo comandante em chefe das Forças Armadas, o presidente da República. Confirmou-se, assim, que foi alcançado um dos objetivos que levaram à criação do Ministério da Defesa: a subordinação dos militares ao Poder Civil, ínsita ao Estado Democrático de Direito.
O general cometeu uma transgressão disciplinar, ao manifestar-se sobre uma questão política - o que a lei veda aos militares. Em carta que depois de circular pela internet teve trechos publicados pela Folha de S.Paulo, o general Santa Rosa criticou a Comissão da Verdade, que o governo federal pretende criar para investigar violações de direitos humanos durante o regime militar. O general classificou-a como "comissão da calúnia", dizendo que será composta por "fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o sequestro de inocentes e o assalto a bancos, como meio de combate ao regime para alcançar o poder".
O incidente é mais um subproduto do Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro, que aprovou o 3º Programa Nacional dos Direitos Humanos, provocando, com inédita intensidade, a rejeição de diversos setores da sociedade - militares, juristas, magistrados, produtores rurais, ambientalistas, religiosos, jornalistas, etc. É que, na mixórdia de suas 521 "diretrizes", o decreto postula a proibição da exibição de símbolos religiosos nos espaços públicos, a exigência de "audiência coletiva" prévia às concessões de liminares de reintegração de posse, o controle da imprensa por uma comissão governamental encarregada de colocar os veículos de comunicação num "ranking"- de obediência aos "direitos humanos", a descriminalização do aborto, o casamento de homossexuais, a exigência de aprovação de comissões sindicais para as licenças ambientais - e outras extravagâncias. Essas ideias estapafúrdias foram geradas em um dos "fóruns sociais" com os quais certos setores do petismo radical pretendem implantar uma forma de democracia direta no País, e aos quais o governo do presidente Lula tem dado foros de respeitabilidade. Na parte relativa às investigações das violações dos direitos humanos, no regime militar, o sectarismo do texto original era tão flagrante que o presidente Lula concordou em alterá-lo. Cedeu, afinal, à forte reação dos militares, que o ministro Jobim soube represar, para que não se transformasse em indisciplina. O caráter nitidamente revanchista da proposta foi atenuado, mas isso, obviamente, não satisfez a todos, como ficou evidente pela descabida reação do general Santa Rosa.
O que continua perturbando certos setores militares, e também parcelas ponderáveis da sociedade civil, não é a possibilidade de mudanças na lei da anistia - risco que parece afastado, no momento -, mas a forma como o governo cuidou da instituição da chamada "Comissão da Verdade". Ninguém negará a importância, para os brasileiros, de conhecer em detalhes aqueles períodos conturbados de sua história - o que acabará acontecendo, mais cedo ou mais tarde. Mas, se seu objetivo fosse apenas a real apuração histórica, o governo não deveria ter permitido que a iniciativa fosse marcada por forte viés ideológico e indisfarçável laivo de revanchismo. Poderia, por exemplo, delegar essa investigação para universidades de elevada reputação, que estivessem isentas das paixões e do oportunismo político no exame aprofundado do importante tema.
Deste episódio se extrai uma constatação positiva. Se houve despautérios e provocações eles não partiram da caserna. Os militares reagiram sempre com serenidade e ponderação, transmitindo suas insatisfações, quando foi o caso, pelos canais próprios, de tal forma que não se pode dizer que tenham representado, em qualquer momento, ameaça à normalidade institucional ou mesmo um fator de constrangimento para o governo. A atual geração de militares está plenamente consciente do papel que as Forças Armadas exercem numa democracia. Atitudes como a do general Santa Rosa são pessoais e excepcionais.
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 0093,0.php
A exoneração do general Maynard Marques de Santa Rosa, da chefia do Departamento-Geral de Pessoal do Exército, foi decisão do ministro Nelson Jobim, prontamente apoiada pelo comandante em chefe das Forças Armadas, o presidente da República. Confirmou-se, assim, que foi alcançado um dos objetivos que levaram à criação do Ministério da Defesa: a subordinação dos militares ao Poder Civil, ínsita ao Estado Democrático de Direito.
O general cometeu uma transgressão disciplinar, ao manifestar-se sobre uma questão política - o que a lei veda aos militares. Em carta que depois de circular pela internet teve trechos publicados pela Folha de S.Paulo, o general Santa Rosa criticou a Comissão da Verdade, que o governo federal pretende criar para investigar violações de direitos humanos durante o regime militar. O general classificou-a como "comissão da calúnia", dizendo que será composta por "fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o sequestro de inocentes e o assalto a bancos, como meio de combate ao regime para alcançar o poder".
O incidente é mais um subproduto do Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro, que aprovou o 3º Programa Nacional dos Direitos Humanos, provocando, com inédita intensidade, a rejeição de diversos setores da sociedade - militares, juristas, magistrados, produtores rurais, ambientalistas, religiosos, jornalistas, etc. É que, na mixórdia de suas 521 "diretrizes", o decreto postula a proibição da exibição de símbolos religiosos nos espaços públicos, a exigência de "audiência coletiva" prévia às concessões de liminares de reintegração de posse, o controle da imprensa por uma comissão governamental encarregada de colocar os veículos de comunicação num "ranking"- de obediência aos "direitos humanos", a descriminalização do aborto, o casamento de homossexuais, a exigência de aprovação de comissões sindicais para as licenças ambientais - e outras extravagâncias. Essas ideias estapafúrdias foram geradas em um dos "fóruns sociais" com os quais certos setores do petismo radical pretendem implantar uma forma de democracia direta no País, e aos quais o governo do presidente Lula tem dado foros de respeitabilidade. Na parte relativa às investigações das violações dos direitos humanos, no regime militar, o sectarismo do texto original era tão flagrante que o presidente Lula concordou em alterá-lo. Cedeu, afinal, à forte reação dos militares, que o ministro Jobim soube represar, para que não se transformasse em indisciplina. O caráter nitidamente revanchista da proposta foi atenuado, mas isso, obviamente, não satisfez a todos, como ficou evidente pela descabida reação do general Santa Rosa.
O que continua perturbando certos setores militares, e também parcelas ponderáveis da sociedade civil, não é a possibilidade de mudanças na lei da anistia - risco que parece afastado, no momento -, mas a forma como o governo cuidou da instituição da chamada "Comissão da Verdade". Ninguém negará a importância, para os brasileiros, de conhecer em detalhes aqueles períodos conturbados de sua história - o que acabará acontecendo, mais cedo ou mais tarde. Mas, se seu objetivo fosse apenas a real apuração histórica, o governo não deveria ter permitido que a iniciativa fosse marcada por forte viés ideológico e indisfarçável laivo de revanchismo. Poderia, por exemplo, delegar essa investigação para universidades de elevada reputação, que estivessem isentas das paixões e do oportunismo político no exame aprofundado do importante tema.
Deste episódio se extrai uma constatação positiva. Se houve despautérios e provocações eles não partiram da caserna. Os militares reagiram sempre com serenidade e ponderação, transmitindo suas insatisfações, quando foi o caso, pelos canais próprios, de tal forma que não se pode dizer que tenham representado, em qualquer momento, ameaça à normalidade institucional ou mesmo um fator de constrangimento para o governo. A atual geração de militares está plenamente consciente do papel que as Forças Armadas exercem numa democracia. Atitudes como a do general Santa Rosa são pessoais e excepcionais.
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 0093,0.php
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Re: Revanchismo sem fim
O Estadão gosta de pensar que as lideranças militares de hoje não são ferrenhamente anti-comunistas como foram as de 1964, eu espero que nunca tenhamos de descobrir o quanto esses sonhadores do Estadão estão enganados.
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- Marino
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Re: Revanchismo sem fim
Será que vão extraditar os mano esquerdista?
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DIPLOMACIA
Paraguai cobra extradição de três acusados de terrorismo
Refugiados políticos no Brasil desde 2004, eles também estariam envolvidos em sequestros
João Domingos, BRASÍLIA
O Paraguai pretende aumentar a pressão para que o governo brasileiro extradite três ativistas de esquerda que estariam envolvidos em atos de terrorismo e sequestro comum no país vizinho: Anuncio Marti Mendez, Juan Arrom e Victor Colman. Eles integram o Exército do Povo do Paraguai (EPP), grupo que teria ligação com as Farc e que o governo de Fernando Lugo considera terroristas e sequestradores. Estão no Brasil desde 2004, na condição de refugiados políticos.
O EPP esteve envolvido em crimes que causaram grande comoção no Paraguai nos últimos anos, principalmente para extorsão. Entre eles, o sequestro de Maria Edith de Debernardi Bordon - libertada em fevereiro de 2002 após 64 dias de cativeiro, em troca de um resgate de U$ 300 mil -, o assassinato de Cecília Cubas, filha do ex-presidente Raul Cubas, em 2005, e do fazendeiro Fidel Zavala, que terminou em janeiro deste ano, depois de 94 dias, em troca de US$ 550 mil. Todas as ações foram reivindicadas pelo EPP. Os libertados têm contado que ficaram presos em tocas embaixo da terra, o que é muito semelhante à forma como as Farc escondem seus prisioneiros.
O governo Lugo oferece recompensa de cerca de 500 milhões de guaranis (US$ 107 mil) para quem ajudar na captura dos membros do EPP. Eles receberam do Brasil o status de refugiados políticos depois do sequestro de Maria Edith. Alegaram que estavam sendo perseguidos pelo governo de lá, e que haviam sido sequestrados e torturados pela polícia paraguaia. Lugo, no entanto, assegura que agora o Paraguai vive em plena democracia e que os três terroristas terão direito a um julgamento justo e imparcial.
Além do presidente Lugo, que pretende recorrer diretamente a seu colega Lula, para que seja revisto o refúgio político dos três militantes do EPP, o presidente da Comissão Permanente do Congresso, Oscar González Daher, solicitou no início do mês à embaixada do Brasil em Assunção que agende uma audiência com os presidentes da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e com o secretário nacional de Justiça do Ministério da Justiça, Romeu Tuma Júnior.
Os partidos de oposição a Lugo, entre eles o Colorado, e a parte dissidente do Partido Liberal Radical Autêntico (PL), acusam o governo de ser conivente com as ações do EPP, que age principalmente na região centro-norte do Paraguai. Um dos motivos citados pelos oposicionistas é o fato de até hoje os sequestradores de Zavala não terem sido presos.
Lugo, porém, assegura que sua polícia tem agido. Tanto é que até oferta em dinheiro tem oferecido para quem ajudar na prisão dos sequestradores. As autoridades paraguaias sustentam que os antigos dirigentes, entre eles os três radicados no Brasil, continuam a ter contato com o EPP, o que é
proibido a quem recebe o status de asilado político. Por isso, querem que o governo brasileiro reveja sua decisão e extradite os três.
O pedido de revogação do status que o Brasil concedeu a Arrom, Marti e Colman foi entregue ao Ministério das Relações Exteriores e às autoridades do Conselho Nacional dos Refugiados (Conare), órgão do Ministério da Justiça que há seis anos aceitou a solicitação de refúgio. Como o Paraguai considera que os três não são perseguidos políticos, mas criminosos comuns, o governo do país vizinho quer que o Brasil siga as normas da Convenção de Genebra, de 1951, segundo as quais nenhum deles teria o direito de refugiado.
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DIPLOMACIA
Paraguai cobra extradição de três acusados de terrorismo
Refugiados políticos no Brasil desde 2004, eles também estariam envolvidos em sequestros
João Domingos, BRASÍLIA
O Paraguai pretende aumentar a pressão para que o governo brasileiro extradite três ativistas de esquerda que estariam envolvidos em atos de terrorismo e sequestro comum no país vizinho: Anuncio Marti Mendez, Juan Arrom e Victor Colman. Eles integram o Exército do Povo do Paraguai (EPP), grupo que teria ligação com as Farc e que o governo de Fernando Lugo considera terroristas e sequestradores. Estão no Brasil desde 2004, na condição de refugiados políticos.
O EPP esteve envolvido em crimes que causaram grande comoção no Paraguai nos últimos anos, principalmente para extorsão. Entre eles, o sequestro de Maria Edith de Debernardi Bordon - libertada em fevereiro de 2002 após 64 dias de cativeiro, em troca de um resgate de U$ 300 mil -, o assassinato de Cecília Cubas, filha do ex-presidente Raul Cubas, em 2005, e do fazendeiro Fidel Zavala, que terminou em janeiro deste ano, depois de 94 dias, em troca de US$ 550 mil. Todas as ações foram reivindicadas pelo EPP. Os libertados têm contado que ficaram presos em tocas embaixo da terra, o que é muito semelhante à forma como as Farc escondem seus prisioneiros.
O governo Lugo oferece recompensa de cerca de 500 milhões de guaranis (US$ 107 mil) para quem ajudar na captura dos membros do EPP. Eles receberam do Brasil o status de refugiados políticos depois do sequestro de Maria Edith. Alegaram que estavam sendo perseguidos pelo governo de lá, e que haviam sido sequestrados e torturados pela polícia paraguaia. Lugo, no entanto, assegura que agora o Paraguai vive em plena democracia e que os três terroristas terão direito a um julgamento justo e imparcial.
Além do presidente Lugo, que pretende recorrer diretamente a seu colega Lula, para que seja revisto o refúgio político dos três militantes do EPP, o presidente da Comissão Permanente do Congresso, Oscar González Daher, solicitou no início do mês à embaixada do Brasil em Assunção que agende uma audiência com os presidentes da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e com o secretário nacional de Justiça do Ministério da Justiça, Romeu Tuma Júnior.
Os partidos de oposição a Lugo, entre eles o Colorado, e a parte dissidente do Partido Liberal Radical Autêntico (PL), acusam o governo de ser conivente com as ações do EPP, que age principalmente na região centro-norte do Paraguai. Um dos motivos citados pelos oposicionistas é o fato de até hoje os sequestradores de Zavala não terem sido presos.
Lugo, porém, assegura que sua polícia tem agido. Tanto é que até oferta em dinheiro tem oferecido para quem ajudar na prisão dos sequestradores. As autoridades paraguaias sustentam que os antigos dirigentes, entre eles os três radicados no Brasil, continuam a ter contato com o EPP, o que é
proibido a quem recebe o status de asilado político. Por isso, querem que o governo brasileiro reveja sua decisão e extradite os três.
O pedido de revogação do status que o Brasil concedeu a Arrom, Marti e Colman foi entregue ao Ministério das Relações Exteriores e às autoridades do Conselho Nacional dos Refugiados (Conare), órgão do Ministério da Justiça que há seis anos aceitou a solicitação de refúgio. Como o Paraguai considera que os três não são perseguidos políticos, mas criminosos comuns, o governo do país vizinho quer que o Brasil siga as normas da Convenção de Genebra, de 1951, segundo as quais nenhum deles teria o direito de refugiado.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: Revanchismo sem fim
Pensaram que o assunto havia terminado (inclusive com a demissão de um General)?
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Vannuchi duvida de crise militar
Titular da Secretaria de Direitos Humanos critica Nelson Jobim
Roldão Arruda
Em palestra proferida em São Paulo, o ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) criticou o titular da pasta da Defesa, Nelson Jobim, e pôs em dúvida a crise militar ocorrida em dezembro, com a ameaça de demissão dos chefes das Forças Armadas, que teriam manifestado descontentamento com o Programa Nacional de Direitos Humanos. "Tenho dúvida se as cartas de demissão existiram ou não", afirmou. "Foram os militares que pressionaram Jobim? Ou foi ele que pressionou os militares para se solidarizarem com ele?"
A crise militar levou o presidente Lula a rever itens do programa que havia aprovado dias antes. Na ocasião, Vannuchi, abatido e sem contar com nenhuma manifestação de apoio oficial do Palácio do Planalto, chegou a acenar com um pedido de demissão. Na segunda-feira, porém, se mostrou animado e comemorou o fato de o 4º Congresso do PT, realizado no fim de semana, ter aprovado por unanimidade uma moção de apoio às suas ações à frente da Secretaria de Direitos Humanos.
Além do ministro da Defesa, ele criticou setores da Igreja Católica que atacaram o programa: "Essa não é a igreja de d. Paulo Evaristo Arns e de d. Pedro Casaldáliga. Ela é muito parecida com a Igreja de 1964 (que apoiou o golpe militar)."
Vannuchi apresentou um histórico de suas divergências com Jobim. Disse que começaram a se agravar em abril do ano passado, quando o ministro da Defesa, sem consultá-lo, criou uma comissão militar para realizar as buscas de corpos de mortos e desaparecidos na região da Guerrilha do Araguaia, ocorrida no início dos anos 70.
Vannuchi protestou imediatamente, dizendo que se tratava de uma responsabilidade de sua pasta e que a comissão não podia ser constituída sem a presença de familiares dos mortos. "Disse a ele que não podia fazer aquilo, que o presidente havia me dado mandato para fazer", contou.
A disputa teve de ser arbitrada pelo presidente Lula e pela Casa Civil. No fim, Jobim criou um grupo de observação, com a presença de familiares.
No caso do Programa Nacional de Direitos Humanos, Vannuchi lembrou que a principal divergência foi em torno da Comissão da Verdade, destinada a levantar informações e apurar responsabilidades por crimes de violações de direitos humanos ocorridas na ditadura.
Jobim teria batido pé, até as vésperas do lançamento do programa, para que o texto evitasse a expressão "no contexto da repressão política". Falando em nome da cúpula militar, o ministro da Defesa preferia "conflitos políticos" o que significava que havia grupos divergentes em disputa.
Lula tentou intermediar. Em Copenhague, onde participava da conferência mundial sobre clima chegou a pedir ao chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, que ligasse para Vannuchi. "Eu disse que não dava mais tempo, porque o programa já estava na gráfica, assinado por todo mundo. E eu tenho dúvidas se deveria entrar "conflitos políticos", porque isso poderia criar complicação para a Dilma e o Franklin Martins (ministros que participaram da luta armada), porque poderiam ir depor ao lado do Ustra." Vannuchi se referia ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou a repressão política em São Paulo, entre 1971 e 1974, e é acusado por crimes de tortura e morte de opositores do regime. "Nós não podemos cometer uma estupidez dessas."
Vannuchi também disse que o País precisa conhecer melhor o pensamento das Forças Armadas: "Ainda não sabemos qual a transição que as Forças Armadas fizeram, ou não, para o pensamento democrático constitucional."
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Vannuchi duvida de crise militar
Titular da Secretaria de Direitos Humanos critica Nelson Jobim
Roldão Arruda
Em palestra proferida em São Paulo, o ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) criticou o titular da pasta da Defesa, Nelson Jobim, e pôs em dúvida a crise militar ocorrida em dezembro, com a ameaça de demissão dos chefes das Forças Armadas, que teriam manifestado descontentamento com o Programa Nacional de Direitos Humanos. "Tenho dúvida se as cartas de demissão existiram ou não", afirmou. "Foram os militares que pressionaram Jobim? Ou foi ele que pressionou os militares para se solidarizarem com ele?"
A crise militar levou o presidente Lula a rever itens do programa que havia aprovado dias antes. Na ocasião, Vannuchi, abatido e sem contar com nenhuma manifestação de apoio oficial do Palácio do Planalto, chegou a acenar com um pedido de demissão. Na segunda-feira, porém, se mostrou animado e comemorou o fato de o 4º Congresso do PT, realizado no fim de semana, ter aprovado por unanimidade uma moção de apoio às suas ações à frente da Secretaria de Direitos Humanos.
Além do ministro da Defesa, ele criticou setores da Igreja Católica que atacaram o programa: "Essa não é a igreja de d. Paulo Evaristo Arns e de d. Pedro Casaldáliga. Ela é muito parecida com a Igreja de 1964 (que apoiou o golpe militar)."
Vannuchi apresentou um histórico de suas divergências com Jobim. Disse que começaram a se agravar em abril do ano passado, quando o ministro da Defesa, sem consultá-lo, criou uma comissão militar para realizar as buscas de corpos de mortos e desaparecidos na região da Guerrilha do Araguaia, ocorrida no início dos anos 70.
Vannuchi protestou imediatamente, dizendo que se tratava de uma responsabilidade de sua pasta e que a comissão não podia ser constituída sem a presença de familiares dos mortos. "Disse a ele que não podia fazer aquilo, que o presidente havia me dado mandato para fazer", contou.
A disputa teve de ser arbitrada pelo presidente Lula e pela Casa Civil. No fim, Jobim criou um grupo de observação, com a presença de familiares.
No caso do Programa Nacional de Direitos Humanos, Vannuchi lembrou que a principal divergência foi em torno da Comissão da Verdade, destinada a levantar informações e apurar responsabilidades por crimes de violações de direitos humanos ocorridas na ditadura.
Jobim teria batido pé, até as vésperas do lançamento do programa, para que o texto evitasse a expressão "no contexto da repressão política". Falando em nome da cúpula militar, o ministro da Defesa preferia "conflitos políticos" o que significava que havia grupos divergentes em disputa.
Lula tentou intermediar. Em Copenhague, onde participava da conferência mundial sobre clima chegou a pedir ao chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, que ligasse para Vannuchi. "Eu disse que não dava mais tempo, porque o programa já estava na gráfica, assinado por todo mundo. E eu tenho dúvidas se deveria entrar "conflitos políticos", porque isso poderia criar complicação para a Dilma e o Franklin Martins (ministros que participaram da luta armada), porque poderiam ir depor ao lado do Ustra." Vannuchi se referia ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou a repressão política em São Paulo, entre 1971 e 1974, e é acusado por crimes de tortura e morte de opositores do regime. "Nós não podemos cometer uma estupidez dessas."
Vannuchi também disse que o País precisa conhecer melhor o pensamento das Forças Armadas: "Ainda não sabemos qual a transição que as Forças Armadas fizeram, ou não, para o pensamento democrático constitucional."
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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