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Mensagem
por Marino » Ter Fev 09, 2010 11:10 am
Bom, temos que nos colocar no período temporal de aquisição do meio.
Pensar nele com as condições de hoje, trás uma distorção para os que não viveram o período.
Na época tínhamos o saudoso MG, do qual fui Chefe de Operações, operando com restrição de máquinas (lembrem dos argentinos nas malvinas), com um convoo restrito (mas usado pela perícia de nossos pilotos), mais um porta-helicópteros que um PA.
Quais eram as opções da época? Lembre-se de que a MB tinha adquirido os A-4 e retomado a operação de asa fixa, e não podia, na época ainda sob as "injunções políticas", perder a capacitação sob pena de nunca mais ter PA ou aviação embarcada (não falo de helis).
As opções eram PA americanos, que não cabiam em nenhum dique que dispúnhamos na MB, com uma tripulação em nº incompatível com a nossa Esquadra, com um custo imenso de manutenção e modernização (muitas vezes o SP), etc.
E tínhamos o Foch, em tamanho, deslocamento, tripulação, capacidade da ala aérea, tamanho do convoo, etc, compatível com o que necessitávamos.
Sabíamos MUITO bem das condições do navio.
Uma delegação da MB embarcou na África do Sul durante uma comissão do mesmo, e veio até o Rio inspecionando o navio.
Sabíamos das necessidades do mesmo, do tempo de reparo, dos custos envolvidos, etc. Mas víamos o quanto seria útil para a MB, para a aviação naval renascida a pouco, que precisava ser preservada a todo custo.
Hoje, como bem dito por vc, as questões são outras, a decisão de construir aqui, de dominar a tecnologia, os processos, de gerar empregos, de capacitar a indústria nacional, está tomada, e não vai ter volta.
Mas na época, foi a decisão mais acertada.
Sobre uma praça que embarca no SP, ou Oficial (vamos expandir), eu sou do tempo dos Contratorpedeiros Fletcher, Allan Summer e Guering, servi com orgulho nos mesmos, que foram uma verdadeira escola na MB (os bicos fino), mas que fechavam a água ao suspender, com banho de duração de 3 a 5 minutos por dia, onde dormi em cima da mesa de navegação (por falta de beliches) (e eu era Tenente), com eletrônica da década de 60 do século passado, sem estabilizadores (jogavam uma monstruosidade), com uma vida que não era para humanos.
E, apesar de tudo isso, tenho uma imensa saudade dos mesmos, forjavam homens de aço, um espírito de corpo enorme, um amor inexplicável por seus navios.
Então, quando uma praça, ou oficial, embarca hoje no SP, vai ter seu alojamento/camarote, ar condicionado, água aberta, rancho de primeira, um navio modernizado, uma aviação naval onde o horizonte apresenta imensa perspectiva, possibilidade de viajar para o exterior, enfim, realização profissional.
Mas parece que as facilidades enfraquecem o espírito.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco