ninjanki escreveu:
Não precisamos desqualificar o texto do Brigadeiro, ele já fez isso sozinho quando escreveu.
Primeiro, ninguém deveria, muito menos um piloto aviador, dizer que o que menos importa no FX-2 é o avião. O propósito do FX-2 é o avião, não se trata de uma concorrencia para adquirir transferência de tecnologia, ou para desenvolver um avião sem objetivos definidos. Logo, sob todas as perspectivas, oque mais importa no FX-2 é o avião sim. Oque ele poderia ter dito é que, além dos aviões, outros fatores também importam na compra. Eventualmente ele fala isso, quanto diz que se a pontuação for próxima, um avião pior avaliado pode ser escolhido com base em outros fatores. Mas não apaga a frase idiota. Errado o princípio do FX-2 é adquirir tecnologia através do vetor escolhido para no futuro termos o nosso caça nacional. A condição primordial não é o vetor é a transferência de tecnologia, caso contrário o SU-35 teria levado essa nas costas, e aí seriam compras de prateleira.
O objetivo do porjeto F-X2 é a aquisição do vetor. A condição para a aquisição, no entanto, é a de incluir TOTs. Isso não quer dizer, de forma alguma, que o vetor em sí é irrelevante. Uma condição primordial não é o objetivo do projeto, mas um requisito do qual não abrimos mão. Podemos ficar debatendo por dias a semântica da coisa, mas é óbvio que o Brigadeiro colocou essa frase com um único objetivo: Justificar a sua escolha de um avião de performance inferior ou desconhecida por causa dos "acessórios" prometidos...
Segundo, dizer que a pontuação deveria guiar a escolha política é uma simplificação extrema. Quem define os pesos e critérios da pontuação é a comissão, e portanto eles podem tornar as diferenças de pontuação grandes ou pequenas à vontade. Logo, se fiar na pontuação para saber oque é viável ou não, seria dar a eles um poder indevido, principalmente quando entram na pontuação tanto critérios práticos como logística e características de uso quanto critérios financeiros como custo de manutenção e estratégicos como transferência de tecnologia e parceria industrial. Se os aviões não podem ser comparados na base do super-trunfo, como tantos criticam, muito menos deveriam as propostas serem comparadas de forma definitiva com base em um único atributo virtual e genérico. Exato, mas acabaste de te contrapor ao primeiro ponto quando falaste que o que importa é o avião,se fosse o avião que importasse seria na base do super-trunfo e não é o que queremos, caso contrário o SU-35 provavelmente estaria na short-list.Não seja binário, eu não fui. Falei claramente que não dá para considerar uma pontuação que soma diversos quesitos distintos como definitiva, porque a definição dos pesos de cada quesito é uma escolha política tanto quanto prática. Não falei que a performance do avião em sí é irrelevante, muito pelo contrário. Minha preocupação com os pesos é que os vazamentos de informação dão à entender que a FAB valorizou muito mais custos de aquisição e operação doque performance, mas ao olhar a pontuação final, a conclusão que é tirada é que o Rafale é um avião inferior aos outros dois. A cadeia lógica dessa inferência que fazem está toda errada, e sua origem é justamente a mistura de coisas totalmente distintas, com pesos definidos politicamente pela comissão do projeto, como se fossem definitivos, indiscutíveis e produzidos por profissionais. Só que produzir pesos, mais doque uma atividade "profissional", é também uma atividade altamente subjetiva, e que pode trazer tanto o sucesso quanto o fracasso do processo decisório.
Terceiro, o exemplo do carro que ele deu é triste, e sim, tacanho. Quem tem um Monza 87 e vai trocar de carro, ou juntou dinheiro com muito trabalho e vai comprar algo barato e de baixo custo de manutenção, logo nenhuma das três opções apresentadas, ou ganhou na loteria, e vai comprar algo que satisfaça suas expectativas, e nesse caso os três modelos são completamente diferentes. Cadillac, Pegeout e SAAB tem conceitos de carro, valores e atributos totalmente diversos, e atendem à classes de clientes totalmente diferentes, e não estou falando de preço. O mesmo, certamente de forma inesperada pelo brigadeiro, ocorre com os caças. Rafale, F-18 e Gripen NG podem ser muito parecidos no super-trunfo, mas cada um tem uma filosofia de construção, manutenção, emprego, propósito e fatores de geopolítica totalmente diferentes.
Custa entender de forma simples ??? O cara tem um carro velho e vai trocar, a FAB tem caças velhos e vai trocar, mas todos atendem as necessidades carros e caças então o que sobra para definirmos os carros e caças são os opcionais que podemos barganhar nele.
Claro que não custa, mas nem tudo que é simples é certo.
E para terminar, se há um histórico de sucesso e fracasso do projeto AMX(ele mesmo diz), porque automaticamente a oferta de maior risco, e que mais se aproxima dos princípios e idéias que apoiaram o projeto AMX, é a melhor????? Vc prefere entender como um mecanismo funciona ou prefere apenas ser treinado para faze-lo operar ?Eu prefiro que o mecanismo faça oque ele tem de fazer, que eu saiba opera-lo, e como ele funciona, nessa ordem de importância. O Gripen NG não é o único projeto que tem TOTs, apenas é o projeto que mais dá dinheiro para a indústria nacional, e dar dinheiro para a indústria não é a minha maior preocupação, ainda que eu entenda que é necessário.
Allan