Revanchismo sem fim

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Re: Revanchismo sem fim

#211 Mensagem por Túlio » Qui Jan 14, 2010 7:22 pm

Dieneces escreveu:
Quiron escreveu:
Só alteraram o pedaço relacionado aos militares. O pior ainda está lá.
Sim , como o caso da "desconstrução da heteronormatividade" , mas esse assunto deixarei para o Túlio.

E eu ainda me dou ao trabalho de pesquisar para saber que diabos é isso... :roll: :lol:

Bem, agora que já sei posso dizer com certeza que começaram a tale de 'desconstrução' por São Gaybriel... :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:




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Re: Revanchismo sem fim

#212 Mensagem por Edu Lopes » Qui Jan 14, 2010 8:10 pm

O decreto da incompetência

Acuado pela ampla reação contrária ao Programa Nacional dos Direitos Humanos ? criticado até por ministros ?, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu recuar para evitar custos políticos maiores, mas procurou poupar a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, sua candidata à Presidência da República. Ela é, no entanto, pelo menos tão responsável quanto o secretário de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, pelo embaraço causado ao presidente. De certo modo, sua responsabilidade é maior, porque cabe à Casa Civil a avaliação final de qualquer projeto encaminhado ao chefe do governo. Segundo informação daquela Pasta, só os aspectos legais do programa foram analisados. Isso equivale à confissão de uma falha. É função do gabinete civil não só a "verificação prévia da constitucionalidade e da legalidade dos atos presidenciais", mas também a "análise do mérito, da oportunidade e da compatibilidade das propostas, inclusive das matérias em tramitação no Congresso Nacional, com as diretrizes governamentais". Não é preciso pesquisar a legislação para descobrir esses dados. Tudo isso está nas páginas da Casa Civil, facilmente acessíveis pelo site do Palácio do Planalto.

Não tem sentido, em termos administrativos, lançar sobre o secretário Paulo Vannuchi toda a responsabilidade pela desastrosa publicação do decreto sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos. O secretário fez um péssimo trabalho em todos os sentidos ? muito ruim como projeto para o País e politicamente custoso para o governo ?, mas o texto foi submetido a uma instância intermediária, antes de chegar ao chefe de governo. O presidente alegou ter assinado sem ler. Não explicou se o fez por aversão à leitura, mas, de toda forma, deve ter confiado no trabalho de seus auxiliares. Se confiou, errou.

Com esse escorregão, a ministra Dilma Rousseff demonstrou de forma irrefutável seu despreparo para mais um cargo federal. Já havia mostrado sua inépcia ao chefiar o Ministério de Minas e Energia, onde sua gestão foi abaixo de inexpressiva. Chamada para a Casa Civil, foi desde o início poupada, pelo presidente, de toda a responsabilidade pela articulação política. Foi-lhe atribuída a gerência dos investimentos federais e, em 2007, o presidente Lula entregou-lhe a coordenação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mais que isso, ele a nomeou "mãe do PAC". Mais uma vez a ministra demonstrou sua inépcia gerencial, desmentindo novamente sua injustificável fama de executiva.

No ano passado ? o de melhor desempenho na execução das obras ? o Tesouro desembolsou apenas 65% do valor previsto no orçamento para o programa. Além disso, pouco mais de metade do total desembolsado correspondeu a restos a pagar. Mas o presidente Lula ainda não está saciado. Persistente, decidiu proporcionar à ministra Dilma Rousseff a oportunidade invejável de exibir sua inépcia no posto mais alto da administração nacional, a Presidência da República. Se Lula tiver sucesso, terá contribuído de forma notável para a revisão do Peter Principle, divulgado em 1969 pelo professor Lawrence Johnston Peter: "Numa hierarquia, todo funcionário tende a subir até seu nível de incompetência." Na formulação revista, ampliada e já comprovada em parte, a ascensão pode continuar por níveis de incompetência cada vez mais altos e mais perigosos para a organização ? ou, neste caso, para o País.

Não se sabe se Lula conseguirá transferir para sua candidata prestígio suficiente para permitir sua eleição. Neste momento, ele está empenhado em transferir-lhe um de seus atributos mais invejáveis, semelhante à propriedade principal das panelas teflon. Graças a essa propriedade, nenhum escândalo grudou em sua figura e nenhum erro importante maculou sua imagem, pelo menos perante uma grande parcela dos cidadãos. Ao isentar a chefe da Casa Civil de responsabilidade pelo desastroso decreto, Lula procura transformá-la numa candidata igualmente imune a prejuízos de imagem. Na terça-feira, por exemplo, ele a conduziu ao primeiro grande evento eleitoral de 2010, em Brasília, perante uma plateia de prefeitos, governadores e parlamentares. A cerimônia teve até beija-mão, protagonizado pelo presidente do Congresso, senador José Sarney. Foram liberados na ocasião R$ 3 bilhões para prefeituras, destinados ao programa de habitação popular. Um grande investimento, sem dúvida ? pelo menos na candidatura oficial.


Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 5268,0.php




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Re: Revanchismo sem fim

#213 Mensagem por marcelo l. » Qui Jan 14, 2010 8:36 pm

O decreto merece as críticas, mas algumas são injustas, em termos jurídicos acredito ser ruim por que tem muito sociologues, como na descontrução da heterosexualidade que deve ser inspirado em Foucault...o que eles querem se não me engano é mudar o hetero como sendo o normal em direito de família...assim, dando direito a quem não tem essa opção de se casar e adotar crianças...sei que é bem mais complexo, mas podemos reduzir a isso, que é a reivindicação principal e o mais plausível de vencer no Congresso, na sociedade dúvido que passe um ou outro...mas




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Re: Revanchismo sem fim

#214 Mensagem por Quiron » Sex Jan 15, 2010 12:24 am

Túlio escreveu:
Dieneces escreveu: Sim , como o caso da "desconstrução da heteronormatividade" , mas esse assunto deixarei para o Túlio.

E eu ainda me dou ao trabalho de pesquisar para saber que diabos é isso... :roll: :lol:

Bem, agora que já sei posso dizer com certeza que começaram a tale de 'desconstrução' por São Gaybriel... :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:
É simples. Nossos filhos terão que brincar de barbie e casinha na escola. Se o pivete reclamar, vão enviar para a psicóloga "corrigir" o problema e chamarão os pais para uma conversa.

Haverá também uma gaystapo para justiçar na base do cassete (em todos os sentidos) os que insistirem que viado não tá com nada e bom mesmo é mulher.




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Túlio
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Re: Revanchismo sem fim

#215 Mensagem por Túlio » Sex Jan 15, 2010 12:29 am

GAYSTAPO é sodas... :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:

Devem estar formando uma neste exato momento na capital da bandeira do arco-íris, São Gaybriel... :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:




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Re: Revanchismo sem fim

#216 Mensagem por Bolovo » Sex Jan 15, 2010 3:53 pm

GAYSTAPO HUAHUAHUA

cara, essa valeu o dia! :mrgreen: :mrgreen:




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Re: Revanchismo sem fim

#217 Mensagem por prp » Sex Jan 15, 2010 6:25 pm

kkkkkkk puts




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Re: Revanchismo sem fim

#218 Mensagem por Marino » Sáb Jan 16, 2010 12:44 pm

Plano de direitos humanos é "intolerante", critica CNBB

Programa impede "ostentação" de símbolos religiosos em estabelecimentos da União

Plano argumenta que a proposta visa o respeito ao Estado laico; igreja critica também descriminalização do aborto e união entre gays

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA



Por meio de nota divulgada ontem, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) classificou de "intolerante" a proposta do 3º Programa Nacional de Direitos Humanos de impedir "a ostentação" de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União.

A proposta é justificada no programa, lançado em dezembro por Lula, como sinal de respeito ao Estado laico. Para a Igreja Católica, que se manifestou pela primeira vez oficialmente, a medida ignora "raízes históricas" do país.

Na nota, assinada por toda a cúpula a CNBB, a entidade reitera a oposição à descriminalização do aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e à adoção por casais gays.

A CNBB afirma que o programa contém "elementos" de consenso, que "podem e devem" ser implementados imediatamente, mas avalia que há também pontos de "dissenso", que requerem mais diálogo.

Na semana passada, Lula não reconheceu como uma posição de governo a defesa da descriminalização do aborto contida no programa de direitos humanos. O texto defende a autonomia das mulheres para decidir sobre a interrupção da gravidez. Interlocutores de Lula chegaram a admitir a mudança no decreto que o presidente havia assinado em dezembro, mas o presidente se limitou a contornar as críticas dos militares a outros pontos do plano.

O Planalto não quer mais se envolver com a questão. Segundo interlocutores do presidente Lula, o texto do programa ficará como está, deixando para o Congresso a discussão, pois existem projetos de lei sobre o tema em tramitação.



Agricultura

O plano sofreu críticas também do ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) e de ruralistas, que viram no texto uma investida contra o agronegócio.

Anteontem, Stephanes disse que foram feitas alterações na versão do programa a que teve acesso. A Casa Civil informou que não houve mudanças no texto encaminhado aos ministros 13 dias antes de sua publicação no "Diário Oficial".

De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos, um dos acréscimos criticados por Stephanes, o que defende avanços na reforma agrária, foi proposto pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, ainda na versão preliminar, discutida em julho.

A Agricultura também teria proposto alterações, como a garantia de informação ao consumidor sobre transgênicos. Uma das mudanças, porém, teria sido proposta após o envio da versão final pela Casa Civil, diz a equipe de Paulo Vannuchi.




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Re: Revanchismo sem fim

#219 Mensagem por Viktor Reznov » Sáb Jan 16, 2010 11:15 pm

Eu sou à favor do aborto e da união civil entre gays, mas esse decreto é uma afronta ao Estado democrático de direito (pra não usar termos de baixo calão), fôsse esse Legislativo nosso um Legislativo sério, já estaríamos em via de cassar o mandato do Lula.

PS: "desconstrução da heteronormatividade" uma ova, heterossexualismo é normal, homossexualismo uma aberração da natureza e é assim que criarei meus filhos




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Re: Revanchismo sem fim

#220 Mensagem por Marino » Dom Jan 17, 2010 11:57 am

Em guerra retórica, Vannuchi acumula pendências em sua pasta

No cargo há 4 anos, ele não consegue dar desfecho ao processo de identificação de restos mortais do Araguaia

Leonencio Nossa



Centro da polêmica envolvendo o Programa Nacional de Direitos Humanos, o ministro Paulo Vannuchi acumula pendências para resolver em sua área em relação à época do regime militar (1964-1985) e dos dias de hoje. Em permanente guerra de retórica com as Forças Armadas, ele chegou a ameaçar pedir demissão do ministério, contrariado com o bombardeio que o programa recebeu de setores da sociedade civil e até do governo, por propor mudanças tão amplas como a liberação do aborto e a taxação sobre grandes fortunas. Foi mantido no cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva - mas o deixou irritado com confusão criada, que desgastou o governo.

Ao mesmo tempo, desde que chegou ao governo, há quatro anos, Paulo Vannuchi não consegue dar desfecho ao processo de identificação de dez conjuntos de fragmentos ósseos retirados do Araguaia, onde o Exército executou guerrilheiros nos anos 1970. Nove deles estão nos armários de sua secretaria e um no IML de São Paulo à espera de reconhecimento para ser entregues às famílias ou devolvidos para os cemitérios da região - embora o ministro seja incisivo na defesa do direito dos familiares de enterrar seus mortos.

Em dezembro passado, o governo até causou constrangimento aos parentes de mortos no Araguaia ao pedir o arquivamento da ação deles na Organização dos Estados Americanos (OEA) que cobra esclarecimentos sobre a guerrilha no Araguaia.

A coleção de restos mortais sob guarda do governo inclui fragmento de um guerrilheiro do Araguaia que, décadas antes, foi vítima do Estado Novo. O esqueleto do marinheiro Francisco Manoel Chaves, colega do escritor Graciliano Ramos nas celas da Ilha Grande, está nas gavetas do IML, de São Paulo. Chaves foi para o Araguaia com cerca de 60 anos, morrendo num confronto com o Exército em 1972.

Esse caso é um dos mais fáceis para resolver, avalia a professora da UFRJ Victoria Grabois, filha de Maurício Grabois, comandante das Forças Guerrilheiras do Araguaia, morto no combate do Natal de 1973.

Nos armários de Brasília estão um conjunto de ossos retirados do cemitério de Xambioá em 2001 apontado pelos moradores como de Paulo Mendes Rodrigues, um chefe de destacamento da guerrilha. Há também o esqueleto de um homem sem os ossos das mãos e de uma mulher, com os braços para frente, como tivesse sido amarrada.

Victoria Grabois diz que o governo brasileiro trata a questão dos desaparecidos com "doses homeopáticas". Faz questão de ressaltar que sua crítica é ao "governo como um todo", sem personalizar.

"Se ele (governo) tivesse coragem, seguiria em frente", diz. "Em 2006, colheram material das famílias, fizeram um banco de DNA. Se tivesse interesse político, já tinha feito exame desses ossos." E avalia: "A secretaria faz muito para outros segmentos, mas em relação aos mortos e desaparecidos tem muito a fazer."

O ministro também é cobrado por suas posições sobre episódios atuais. Uma análise nos nove principais discursos feitos por Vannuchi em sua gestão, divulgados no site da secretaria, mostra que ele não tem hábito de falar das execuções de civis pelas polícias nem sobre tortura nos presídios e delegacias. Não há referências a 1.308 pessoas mortas pelos policiais militares de São Paulo e do Rio no ano passado.

Nesses discursos, Vannuchi só citou como caso específico da falha do sistema de segurança a prisão da jovem Carolina Pivetta por grafitar na Bienal de São Paulo.

Irmão José de Jesus Filho, da direção nacional da Pastoral Carcerária, lembra que a secretaria avançou no tema ao criar o Programa de Proteção de Defensores de Direitos Humanos e a Coordenação de Combate à Tortura. Ele considera como aspecto negativo a demora na implantação do grupo para controlar e monitorar violações no sistema prisional, previsto no protocolo de combate à tortura, um aditivo da Convenção da ONU sobre a tortura. Na avaliação do ativista, o mecanismo é a chave para resolver o problema. "Embora o ministro tenha se esforçado, o governo como um todo não tomou as medidas necessárias."

Na noite da última quinta-feira, após mais um dia de visita a presídios paulistas, irmão José disse ao Estado que a secretaria não tem a força de outras pastas. "A tortura neste país é diária", observou. "Estou cansado de cuidar de tanta tortura."



FRASES



Victoria Grabois

Filha de guerrilheiro

"Em 2006, colheram material das famílias, fizeram um banco de DNA. Se tivesse interesse político já tinha feito exame desses ossos"



José de Jesus Filho

Pastoral Carcerária

"Embora o ministro tenha se esforçado, o governo como um todo não tomou as medidas necessárias"



"A tortura neste país é diária. Estou cansado de cuidar de tanta tortura"





Secretaria não divulga resultado de suas ações

Leonencio Nossa e Felipe Recondo



Embora tenha apresentado um Programa Nacional de Direitos Humanos abrangente, o ministro Paulo Vannuchi tem marcado sua gestão pela defesa de poucos temas, às vezes tratados de forma genérica. A apresentação do programa teria sido uma forma de agradar de uma vez só todos os setores da rede social.

O tema ditadura, por exemplo, está presente na maioria dos discursos do ministro. Mas se desconhece os resultados das ações na área. No ano passado, o governo divulgou campanha publicitária no valor de R$ 13,5 milhões para resgatar documentos do período militar. Até hoje a secretaria não informou os resultados da campanha. A assessoria de imprensa diz que a campanha foi de responsabilidade da Casa Civil e da Secretaria de Comunicação. Já os assessores de Vannuchi dizem que a Secretaria de Direitos Humanos não é uma secretaria "fim", mas uma secretaria "meio".

Quando surgem denúncias graves na área, o ministro Paulo Vannuchi tem posições dúbias. Em outubro passado, ele pediu numa reunião fechada do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana intervenção no sistema prisional do Espírito Santo, onde presos ficavam em contêineres expostos ao sol e cubículos infestados de ratos.

Participantes do encontro relataram que o ministro foi incisivo nas críticas ao governo capixaba. Ao sair, diante dos holofotes, Vannuchi contemporizou e disse que governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB) era um parceiro.




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Re: Revanchismo sem fim

#221 Mensagem por Marino » Seg Jan 18, 2010 11:45 am

O Globo :shock: :
Direitos humanos

DENIS LERRER ROSENFIELD

O atual governo, em íntima colaboração com os ditos movimentos sociais e as alas mais à esquerda do PT, está produzindo uma completa deformação dos direitos humanos. De perspectiva universal, eles estão se tornando, nas mãos daqueles que teimam em instaurar no Brasil uma sociedade socialista/comunista, um instrumento particular de conquista do Poder. Acontece que essa conquista do Poder é agora mais insidiosa, passando por uma ampla campanha de formação da opinião pública.

De fato, se perguntarmos a qualquer um se é favorável ou não aos "direitos humanos", a resposta será certamente "sim". Se fizermos a mesma pergunta por uma sociedade socialista/comunista, a resposta será majoritariamente "não". Eis por que a forma de influenciar a opinião pública pressupõe essa armadilha das palavras, que corresponde a um plano ideológico pré-definido.

Eis uma das razões de por que o dito Plano insistiu em abrir uma crise com os militares, com o intuito claro de indispor a sociedade brasileira com a instituição militar. O uso de expressões como "repressão política", agora alterada para "violação dos direitos humanos", tem precisamente o propósito de reabrir uma ferida, de preferência infeccioná-la, para que o projeto socialista/comunista possa se tornar mais palatável. Afinal de contas, os militares seriam, nesta perspectiva, os "repressores", enquanto os que pegaram em armas por uma sociedade comunista seriam as "vítimas", os "democratas".

Maior falsificação da história é impossível. Os que lutaram contra o regime militar, em armas, o fizeram, por livre escolha, em nome da instalação do comunismo no Brasil. A guerrilha do Araguaia era maoísta, totalitária. Não o fizeram pela democracia. São, neste sentido, responsáveis por suas escolhas e não deveriam ter sido agraciados pelo "bolsa-ditadura". Se optaram pelo comunismo, deveriam ser responsáveis por sua opção e não deveriam se colocar como vítimas. Lamarca, Marighela e o próprio secretário Vannuchi pretendiam instalar o totalitarismo no Brasil. O primeiro, aliás, era um assassino confesso, tendo matado covardemente um refém, um tenente da Polícia Militar de São Paulo, a golpes de coroadas. Eis os heróis dos "direitos humanos".

Todo o documento está escrito na linguagem própria dos ditos movimentos sociais, que são organizações políticas com o mesmo propósito socialista/comunista. Em seus documentos não escondem isto, embora, para efeitos públicos, utilizem a linguagem mais palatável dos "direitos humanos". O "neoliberalismo" e o "direito de propriedade" se tornam os vilões dessa nova versão deturpada dos direitos humanos.

Reintegrações de posse não seriam mais cumpridas, sem que antes uma comissão de "direitos humanos" fizesse a mediação entre as partes. Ou seja, uma decisão judicial perderia simplesmente valor. Na verdade, esses comitês seriam erigidos em uma instância judiciária final, que decidiria pelo cumprimento ou não de uma decisão judicial. O MST julgaria a ação do MST. No Estado do Pará, onde esse modelo já foi aplicado a partir de uma recomendação da Ouvidoria Agrária Nacional, o caos é total. Até uma intervenção federal encaminhada pela CNA já foi pedida ao Supremo. A Justiça lá não era mais respeitada.

Qual é, então, o objetivo dessa diretriz de impedir o cumprimento de decisões judiciais? Legitimar, senão legalizar, as invasões dos ditos movimentos sociais, que teriam completa liberdade de ação. Sequestros, destruição de maquinário, corte de tendões do gado, incêndio de galpões, destruição de alojamentos de empregados e sedes de empresas não seriam mais "crimes", mas expressões de ações baseadas nesta muito peculiar doutrina dos direitos humanos.

O agronegócio, em particular, torna-se um vilão do documento. Não faltam, inclusive, críticas às monoculturas de eucalipto, cana-de-açúcar e soja, que, nessa exótica perspectiva, seriam culturas atentatórias aos direitos humanos. A falta de qualquer cultura dos assentamentos seria, essa sim, expressão de uma nova forma de agricultura. Os despropósitos, porém, não param por aí. Os setores de habitação e de construção civil tornam-se, também, novos alvos. Não faltam propostas sobre novas abordagens sobre o "Estatuto das Cidades", que deveriam corresponder a essa nova doutrina. Há, mesmo, uma expressão algo enigmática de identificação de "terras produtivas" nas cidades, seja lá o que se queira dizer com isto. Em todo caso, o esquema é o mesmo. A invasão de um prédio em construção não seria suscetível de uma sentença judicial de reintegração de posse, sem antes passar por uma "mediação" dos ditos movimentos sociais. Os mesmos que invadem são os que fazem a dita mediação.

Não pensem os industriais que essas medidas não os afetam. Há, também, no cardápio medidas dirigidas a esse setor. A expansão de uma usina de etanol, de uma siderurgia, de uma empresa de mineração, deveria passar pela aprovação de um comitê de fábrica, por razões ditas ambientais. Não bastariam as licenças ambientais, já suficientemente rigorosas, mas, se esse Plano for levado adiante, seria, então, necessário passar por esses novos "sovietes", porque é disto, na verdade, que se trata.

Para que as medidas sejam totais, torna-se imprescindível que a opinião pública seja controlada. Se elas forem mostradas em seu autoritarismo, certamente não passarão. Eis por que as empresas de comunicação deveriam estar subordinadas a um "conselho de direitos humanos", de fato, à autoridade dos novos "comissários da mídia", cujo poder poderia chegar a revogar uma concessão. Por exemplo, a filmagem divulgada pela Rede Globo de destruição dos laranjais da Cutrale seria, nessa nova ótica, atentatória aos "direitos humanos", por "criminalizar os movimentos sociais". Os novos comissários, que têm a ousadia de se apresentarem como representantes dos direitos humanos, solapariam as próprias bases da democracia. Eis o que está em questão. O resto é palavreado!

DENIS LERRER ROSENFIELD é professor de filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.




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Re: Revanchismo sem fim

#222 Mensagem por Marino » Seg Jan 18, 2010 11:46 am

Globo :shock: :
Direitos desumanos

IVES GANDRA MARTINS FILHO



O decreto presidencial 7.037/09 tem gerado muita polêmica porque quis incluir na Declaração Brasileira de Direitos Humanos muitos elementos de extrema controvérsia, a par de desdizerem do sentido do que sejam Direitos Humanos.

Realmente, nosso PNDH-3, em que pese 90% de seu conteúdo ser altamente positivo, não faz jus, naquilo que incluiu de realmente atentatório aos Direitos Humanos, à sadia tradição das Declarações Universais, nem da Revolução Francesa (1789), nem da ONU (1948).

Com efeito, se a vida é o primeiro e principal direito humano fundamental, de 1ª geração, e assegurado desde a concepção (art. 4º, 1) pelo Pacto de São José da Costa Rica sobre Direitos Humanos (1969), ratificado pelo Brasil, destoa absolutamente da tradição a orientação incluída no PNDH-3 de "apoiar a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos" (Diretriz 9, Orientação Estratégica III, g). Como se o nascituro, com código genético distinto e vocacionado para o nascimento, ainda pudesse ser considerado como mero órgão da mãe, passível de amputação!

Seria de se perguntar se a referida proposta não conflita com a saudável Diretriz 6, que prevê "promover e proteger os direitos ambientais como Direitos Humanos, incluindo as gerações futuras como sujeitos de direitos". Ora, se o próprio PNDH-3 quer dar tratamento aos não nascidos como sujeitos de direitos, como deixa ao arbítrio da mãe o decidir se a criança concebida terá, ou não, direito de nascer?

Outra incongruência notória do PNDH-3 é, na mesma Diretriz 7, prever louvavelmente o combate e a erradicação do trabalho escravo (VII), por representar o tratamento do ser humano como objeto e mercadoria, e, ironicamente, no item exatamente anterior, falar em "garantir os direitos trabalhistas e previdenciários de profissionais do sexo por meio da regulamentação de sua profissão" (D. 7, VI, n), quando o reconhecimento legal da prostituição atenta contra a dignidade da mulher, considerada como mero objeto de prazer. Quais os pais que desejam que sua filha seja prostituta? Qual a mulher que vende o próprio corpo por opção? E a diretriz trata da matéria dentro do capítulo que assegura a todos um "Trabalho Decente"!

Não é por menos que o programa se proponha, para tanto, "realizar campanhas e ações educativas para desconstruir os estereótipos relativos às profissionais do sexo" (D. 9, III, h). Ou seja, com o uso de eufemismos, procura mostrar a prostituição como uma atividade boa e decente, igual a qualquer outra! Se não é possível erradicar essa triste realidade, o programa deveria promover ações para retirar a mulher dessa situação, a par de, como o fez, proteger as prostitutas contra as violências de que possam ser objeto (a própria prostituição já é uma violência contra a mulher) e assegurar seu acesso aos programas de saúde (D. 7, IV, q).

Mas o eufemismo maior, digno do "Ministério da Verdade" da obra clássica de George Orwell "1984", é o que propõe a instituição da "Comissão Nacional da Verdade", para examinar as violações de Direitos Humanos praticadas no contexto da repressão política (D. 23, I, a), "incentivar a produção de filmes, vídeos, áudios e similares, voltada para a educação em Direitos Humanos e que reconstrua a história recente do autoritarismo no Brasil, bem como as iniciativas populares de organização e de resistência" (D. 22, II, c) e "desenvolver programas e ações educativas, inclusive a produção de material didático-pedagógico para ser utilizado pelos sistemas de educação básica e superior sobre o regime de 1964-1985 e sobre a resistência popular à repressão" (D. 24, sobre a "Construção Pública da Verdade", I, f). Na disputa política desse período ninguém foi santo: nem militares, nem guerrilheiros. Mas reescrever a história, para canonizar os últimos e anatematizar os primeiros também faz lembrar outro livro de Orwell, "A Revolução dos Bichos", em que o 1º mandamento passa a receber nova versão: "Todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais do que os outros".

Sem mencionar outros temas altamente polêmicos para serem incluídos reconhecidamente como Direitos Humanos, tais como o casamento entre homossexuais e o seu direito de adoção (D. 10, V, b e c), desconsiderando o direito da própria criança, e a proposta de "desenvolver mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União" (D. 10, VI, c), desconsiderando que uma das manifestações mais humanas é a da religiosidade e da preservação de seus valores culturais mais profundos, como são, em nossa pátria, os da civilização cristã...

Essas inclusões fazem sombra a aspectos tão positivos e inovadores quanto são os de incentivar a economia solidária e o cooperativismo (D. 4, I, e), de combater melhor os crimes eleitorais (D. 7, IX, b e c) e a pornografia infanto-juvenil na Internet (D. 8, IV, f).

Enfim, o PNDH-3, pelas distorções tópicas que apresenta, se não forem oportunamente corrigidas, não obstante o qualificadíssimo planejamento global, poderá receber o título de "Plano Nacional dos Direitos Desumanos", por desconhecer a natureza humana e suas exigências.

IVES GANDRA MARTINS FILHO é ministro do Tribunal Superior do Trabalho e membro do Conselho Nacional de Justiça.




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Re: Revanchismo sem fim

#223 Mensagem por Marino » Seg Jan 18, 2010 11:58 am

ESP. Parece que os jornais acordaram:
Violações resistem, fora dos porões

Focada nos anos de chumbo, discussão sobre decreto ignora violência policial e tortura que ocorre às claras

Bruno Paes Manso

Para onde quer que se olhe no Brasil, os números do desrespeito aos direitos humanos na área de segurança são excessivos. Desde o começo da década, entre 45 mil e 51 mil assassinatos ocorrem todo ano no País. Só em São Paulo e no Rio, entre 2002 e outubro do ano passado, foram 12.972 mortes de civis em supostos confrontos com policiais. As prisões permanecem superlotadas, com déficit de quase 140 mil vagas.

Os direitos humanos voltaram ao centro do debate após a divulgação do Programa Nacional de Direitos Humanos, no final do ano passado. O decreto avança para aborto, controle social da mídia e revisão da Lei da Anistia, o que gerou reações contrárias de entidades, da Igreja e dos militares. O presidente Luiz Inácio Lula da Sila teve de amenizar o tópico da Comissão da Verdade, que tinha entre os objetivos punir torturadores.

A tortura, porém, se antes era feita nos porões, hoje ocorre em público. Na maior parte das vezes, não aparece nos registros oficiais. Foi o que mostrou pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública que ouviu quase 5 mil jovens entre junho e julho do ano passado e constatou que 57,6% dos moradores de bairros violentos presenciaram mais de um caso de violência policial no período de um ano.


RESPONSABILIDADE

O setor de segurança pública não produziu só más notícias desde 2002. Especialistas apontam que os principais avanços começaram em 2007, com o lançamento do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), que marcou a iniciativa do governo de repartir a responsabilidade em um assunto que era considerado tarefa exclusiva dos Estados.

"Se olharmos os números, existe pouco para comemorar. Mas a divisão das responsabilidades no setor é uma novidade importante", afirma o sociólogo Renato Sérgio de Lima, secretário executivo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Até pela demora em tirar o projeto do papel, os resultados no dia a dia ainda não apareceram. Os homicídios, que em 2003 atingiram recorde de casos no Brasil, com 51.043 ocorrências, caíram nos anos seguintes, principalmente pela redução no Estado de São Paulo. Foi também nesse ano que o País aprovou o Estatuto do Desarmamento, que, entre outras medidas, tornou crime inafiançável a posse de armas ilegais.

Para enfrentar a violência e melhorar o trabalho das corporações policiais de forma mais efetiva, o governo passou a indicar, com a anuência de governadores, delegados da Polícia Federal para comandar 17 secretarias de Segurança nos Estados.

Alguns resultados estão surgindo. No ano passado, Pernambuco e Alagoas, marcados pelo elevado número de homicídios, reverteram a tendência. "Existem políticas que deram certo e precisam ser replicadas", diz o sociólogo Ignacio Cano, pesquisadordo Laboratório de Análises da Violência e professor da Uerj. Como exemplo de resultado efetivo da parceria entre Estado e União, ele cita as Unidades de Polícia Pacificadora, que ocupam morros no Rio com a ajuda do Pronasci.

A diretora executiva da ONG Justiça Global, Andressa Caldas, vê com ceticismo as parcerias por iniciativa federal. Ela compara o alcance do Pronasci com o ambicioso Sistema Único de Segurança Pública (Susp), aos moldes do Sistema Único de Saúde. O Susp não decolou e até 2007 a distribuição anual de verbas foi, em média, de R$ 162 milhões. O Pronasci, que sucedeu o projeto, distribuiu mais de R$ 900 milhões em 2009.

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Vannuchi infla números sobre Araguaia

Pasta cita identificação de restos mortais de pessoas que não estiveram ali

Leonencio Nossa

BRASÍLIA

Em meio a críticas pela demora na identificação de nove conjuntos ósseos de guerrilheiros do Araguaia sob a guarda do governo, como divulgou ontem o Estado, a Secretaria de Direitos Humanos inflou o número de corpos já identificados de militantes do movimento armado ocorrido no Sul do Pará nos anos 1970.

Oficialmente, a secretaria inclui os restos mortais de outras três pessoas que nunca estiveram no Araguaia na lista de identificados. Até hoje, no entanto, apenas dois corpos retirados da região foram entregues às famílias.

Procurada para esclarecer a situação do processo de identificação de fragmentos ósseos retirados do Araguaia que estão nos armários de Brasília, a secretaria comandada pelo ministro Paulo Vannuchi informou, por e-mail, que foram identificados "positivamente" os fragmentos de militantes da esquerda mortos em São Paulo - Flávio Molina, executado em 1971, antes da Guerrilha do Araguaia começar, e Luiz José da Cunha e Miguel Sabat Nuet, assassinados em 1973.

Integrantes da guerrilha do Araguaia, Maria Lúcia Petit foi identificada em 1996 e Bérgson Gurjão Farias teve o corpo reconhecido no ano passado, em um processo de pressão de pesquisadores que contestavam laudos negativos apresentados por Vannuchi. Por fim, o ministro apresentou um laudo positivo e entregou os restos mortais do guerrilheiro para a família.

A pasta informa que examinou as nove "ossadas" - como se refere aos restos mortais que estão nos seus armários. "Os resultados foram inconclusivos (devido ao estado em que foram encontradas) ou negativos em comparação com as mostras disponíveis no banco de DNA. À medida que a tecnologia avança e mais familiares doam amostras de sangue ao banco, as ossadas podem ser testadas novamente", observou.

A assessoria não deu detalhes dos exames. Os corpos de Maria Lúcia e de integrantes da guerrilha urbana foram identificados, nos anos 1990, por antropologia e antropometria, levando em conta informações obtidas a partir da análise dos ossos e do histórico dos sepultamentos. À época, os exames de DNA não existiam. A secretaria informa que o banco de DNA montado pelo governo já conta com amostras de sangue de 142 familiares de 108 desaparecidos.




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Re: Revanchismo sem fim

#224 Mensagem por Marino » Seg Jan 18, 2010 12:07 pm

Correio Brasiliense:
O PNDH-3 desmascarou o governo

Luiz Eduardo Rocha Paiva

General da Reserva, professor emérito e ex-comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército



O Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH) fez cair a máscara da esquerda radical do governo. Nas eleições para a presidência da República em 2002, ficou patente a guinada para o centro do PT e do seu então candidato, consubstanciada na Carta ao Povo Brasileiro. Após três derrotas sucessivas, entenderam que o discurso e a proposta de um regime socialista radical — ultrapassado e desagregador — eram rechaçados pela nação amante da liberdade e da paz e avessa ao totalitarismo e à intolerância. Havia uma dúvida. Seria autocrítica sincera ou apenas tática protelatória para acumular forças, esperando o momento propício para desvendar o véu?

O PT abriga diferentes linhas de pensamento da esquerda, mas sua identidade original é a da corrente radical. Ela ocupa amplos espaços no governo e no Estado, exercendo cargos importantes e a chefia dos ministérios e secretarias da área social, de relações internacionais, da justiça, de direitos humanos, de comunicação, da Casa Civil e outras.

Uma das vedetes do plano é o “Reconhecimento da Memória e da Verdade”. O interesse da sociedade em nossa história recente não se resume, é claro, em conhecer as violações aos direitos humanos e violências praticadas pelo Estado, na repressão à luta armada, mas também as cometidas pela esquerda revolucionária, deixada fora do plano. A propósito, conhecer a história não obriga rever a Lei de Anistia.

A verdade só virá à tona se a pesquisa não ficar a cargo de grupos dirigidos e compostos, em sua maioria, por pessoas ligadas à perfeitamente identificada esquerda radical do governo ou por ela selecionadas para constituir a Comissão Nacional da Verdade, como prevê o PNDH. O trabalho da comissão só terá credibilidade se realizado por historiadores de pensamento ideológico distinto e sem vínculo político-partidário, indicados em igual efetivo pelos ministérios da Justiça e da Defesa. A presidência da comissão não pode estar a cargo de nenhum dos lados em conflito, sendo essa a maior dificuldade para sua constituição.

Na realidade, a verdade histórica será conhecida com o tempo, havendo ou não a tal comissão, cujo propósito não é resgatar a verdade. Trata-se de um instrumento de propaganda ideológica e de ação psicológica visando ao desgaste, intimidação e desconstrução das instituições, particularmente das Forças Armadas, o que se enquadra na estratégia de tomada do poder.

O PNDH desvendou a força e o propósito golpista da esquerda radical do governo ao revogar, de fato, a Constituição Federal e travestir de legalidade instrumentos ilegítimos de pressão e controle da sociedade como foi mostrado detalhadamente na mídia. As reações das instituições, imprensa, setores democráticos do próprio governo e a repercussão na sociedade implicam a tomada de uma decisão pelo presidente da República, que tem três alternativas.

Anular o decreto do PNDH e reduzir substancialmente o poder da esquerda radical governista. Justifica-se, pois é imperdoável que ela tenha traído a confiança do presidente, mais uma vez, ao fazê-lo assinar um documento sem alertá-lo sobre seu conteúdo explosivo. Calaria quem considera a postura adotada em 2002, na campanha eleitoral, uma tática dissimuladora e oportunista. Decisão típica de estadistas, pois eles têm sabedoria para identificar as aspirações e os valores fundamentais dos povos que dirigem e zelar pela paz e harmonia social.

Determinar a revisão do PNDH, ciente de que ela será superficial, contemporizando inicialmente e decidindo a favor de um lado quando a conjuntura indicar que tem poder para neutralizar o que vier a ser contrariado. Opção de um chefe político de perfil tradicional, que costuma priorizar a manutenção do poder e os interesses político-partidários, mesmo com riscos para a coesão nacional, a paz e a harmonia social.

Manter o plano como está ou com modificações que não inviabilizem o seu propósito original de preparar o terreno para a tomada do poder. Reforçaria a opinião dos que consideram um engodo a mencionada guinada para o centro e veem o presidente como adepto de um regime totalitário, ainda que sua imposição gere um conflito interno com sérias consequências para a nação.

Outra alternativa caberia à sociedade e às instituições, por meio de seus representantes e dentro da lei, impondo a opção pela democracia, ou seja, a anulação do nefasto PNDH-3.




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Re: Revanchismo sem fim

#225 Mensagem por Marino » Seg Jan 18, 2010 12:10 pm

Zero Hora:
Por que e para que o decreto fatídico?

Por Paulo Brossard *


A encrenca armada a pretexto de guarnecer “direitos humanos” se me apresenta de particular gravidade, quiçá a maior para o governo que vai chegando ao seu termo. Isto sem falar em seus aspectos enigmáticos. Formalizado sob a forma de decreto, que só o presidente da República pode expedir, referendado por 28 ministros, dois terços da totalidade deles, estampado no Diário Oficial, é obra exclusiva do governo Luiz Inácio, no começo, no meio e na finalidade.

Se esse monumento de insânia fosse construído maquiavelicamente por adversários radicais, poder-se-ia compreender, pois não é impossível que o prélio das ambições exceda os limites razoáveis da disputa. Mas, que mais de dois terços dos ministros do presidente, por ele escolhidos livremente e livremente demissíveis, fossem os autores da peça teratológica, já seria de corar um frade de pedra; mas o decreto é, por definição, ato privativo do presidente e, sendo do presidente, como é, seria inconcebível e inacreditável, a menos estivesse a prevalecer uma lógica esquizofrênica; pois bem, e talvez devesse dizer-se “pois mal”, isso aconteceu. Retire-se desse corpo a assinatura do presidente e o decreto não existiria, poderia ser projeto de decreto, mas decreto não seria, nem poderia sê-lo, porque só ele e exclusivamente ele pode baixar o que na terminologia jurídica e na linguagem da Constituição se denomina decreto; por maiores e eminentes sejam os poderes do papa Bento XVI ou da rainha Elizabeth, do presidente Obama ou do imperador Hiroito, nenhum deles pode fazer o que só o presidente brasileiro pode fazer e fez. E não fez às escondidas, saliente-se ainda uma vez, mas à luz da mais intensa publicidade. Em outras palavras, trata-se de fato objetivo, preciso nos termos e certo na data em que foi lançado ao mundo. O Diário Oficial é de 21 de dezembro passado.Essa fantasmagórica fantasmagoria da qual o presidente só iria ocupar-se em abril, como declarado ao viajar para aprazível vilegiatura na Bahia, contrariadamente, teve de enfrentar em janeiro, e irritado com a alegada troca de insultos ministeriais. Parece que o presidente continua a não ler, pois por parte dos ministros que participaram do bate-barba, até onde sei, nenhum deles dirigiu “insultos” a outro. Com isso, o presidente pretendeu equiparar os ministros envolvidos na querela? Em nenhum momento notei a recíproca faina insultuosa aos ministros atribuída por seu chefe. Limito-me a registrar o fato que me parece estranho.

Ao cabo, o presidente, em janeiro, e não em abril como anunciara, teve de engolir o indigesto decreto, gratuitamente lançado por ele mesmo, embora não o tenha lido, nem o tenha lido sua candidata, que só teria cuidado de seus aspectos legais, assertiva que a mim parece inexata, porque o decreto por ofender frontalmente cláusula constitucional, não pode ter sido isento de ilegalidades; em suas 92 páginas o projetado é uma verdadeira anticonstituição, e a inconstitucionalidade é a mais conspícua das ilegalidades.

E mais uma vez me pergunto o que pretende o sagacíssimo presidente Luiz Inácio. Não tenho pretensão de penetrar nos arcanos do pensamento alheio. Por que e para que criar um problema no entardecer de seu governo que ele, ele e não outro teve de engolir e dizer que o dito era como se não tivesse sido dito?

O que me parece clara é a similitude entre o programa-decreto ou decreto-programa com a doutrina de caudilho da Venezuela. É assustador. Não me cheira bem.

O horror no Haiti excedeu as imaginárias reservas do coração humano. Fico nessas pobres palavras.

Jurista, ministro aposentado do STF




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