P44 escreveu:O barato às vezes sai caro, diz Amorim sobre compra de caças
07 de janeiro de 2010 • 12h36 • atualizado às 12h41
0 de setembro de 2009
Foto: Divulgação
Lúcia Müzell
Direto de Paris
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, voltou a comentar o vazamento do relatório da Força Aérea Brasileira (FAB) sobre a compra de novos caças para a Defesa
. "Caberá ao presidente, que lidera o País politicamente, tomar a decisão, levando em conta todos os dados, técnicos e outros. As vezes os técnicos dão uma impressão que vai num sentido e muitas vezes o barato sai caro", disse Amorim, que um dia após a divulgação do relatório foi a Paris, onde participou nesta quarta-feira de um simpósio de economia que também contou com a presença do presidente francês, Nicolas Sarkozy.
O ministro deu a entender que a decisão do governo brasileiro
não deverá se basear apenas no preço como fator decisivo da opção da FAB pelos caças suecos Gripen NG, da Saab, ao invés dos franceses Rafale, da Dassault.
"É claro que os dados técnicos também são importantes, mas outras considerações também são importantes. (...) Não estou diminuindo o valor do trabalho feito, nem estou dizendo que ele é o único fator", afirmou o ministro, dizendo que o processo de decisão ainda está em curso e a palavra final caberá apenas ao presidente Lula.
Sarkozy abriu o evento na manhã de hoje e incluiu o Brasil diversas vezes em seu discurso. Diante de Amorim, e por duas ocasiões, lembrou da admiração e da amizade que mantém com o presidente Lula e o Brasil.
"Quem pode pensar que, hoje, podemos resolver os problemas do mundo sem o Brasil?", afirmou, ao defender a inclusão dos grandes países emergentes no Conselho de Segurança e o alargamento do G-8 - o grupo dos oito países mais ricos do mundo - para o G20 - que inclui emergentes, como o Brasil.
A parceria estratégica entre o Brasil e a França é a principal razão para que o presidente Lula e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, prefiram os Rafale aos outros concorrentes, por mais que o preço das aeronaves francesas seja quase o dobro do que os Gripen custariam, conforme a empresa sueca.
Amorim, no entanto, negou que houvesse interesses por trás dos elogios de Sarkozy. Para ele, fazer uma relação entre as palavras do presidente francês e o possível fracasso da venda dos Rafale seria "pensar pequeno". O brasileiro foi um dos palestrantes da primeira mesa-redonda do evento e, em francês, defendeu a maior inserção dos emergentes na governança global.
Ao deixar o simpósio, ele se reuniu com o conselheiro diplomático do Palácio do Eliseu, Jean-David Levitt. Na saída do encontro, o ministro brasileiro disse que a conversa foi "ótima".
Amorim disse que o tema da venda dos caças foi abordado, mas de uma forma "serena", sem preocupações por parte dos franceses. Este, conforme Amorim, não foi o tema principal da reunião.
"Eles estavam interessados, e eu ficaria surpreso se não estivessem. A palavra que ele (Levitt) usou sempre foi serenidade", disse Amorim. "Eu disse: 'olha, não sou eu quem negocia isso'."
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