Pedro Teixeira
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Pedro Teixeira
AGENCIA SENADO
10 Dez 09
PLENÁRIO
Homenagem
Senado comemora 370 anos da expedição amazônica de Pedro Teixeira
O Senado vai comemorar, em sessão especial nesta quinta-feira (10), às 10h, os 370 anos da expedição amazônica do desbravador português Pedro Teixeira. O requerimento solicitando a sessão é do senador Aloizio Mercadante (PT-SP).
Conhecido como "conquistador da Amazônia", o explorador, sertanista e militar português Pedro Teixeira produziu, segundo Mercadante, uma das maiores façanhas sertanistas no país. Com sua famosa expedição que contou com 47 grandes canoas, 70 soldados e 1.200 índios flecheiros, Pedro Teixeira partiu de Gurupá (PA), em outubro de 1637, e subiu os rios Amazonas e Negro, chegando até a cidade de Quito, atual capital do Equador.
Na viagem de volta, segundo relata Mercadante em seu requerimento, a expedição de Pedro Teixeira fundou a cidade de Franciscana, "para servir de baliza aos domínios das casas de Portugal e Espanha". Em 12 de dezembro de 1639, mais de dois anos depois de iniciada, a expedição chegava ao seu fim no porto de Belém (PA).
"Os objetivos desse monumental esforço de exploração foram tomar posse das terras em nome do rei de Portugal e estabelecer Belém como rota de escoamento das mercadorias que saíam do Peru para a Espanha pelo Pacífico", disse o senador. Tal façanha foi descrita no livro Novo Descobrimento do Grande Rio Amazonas, lançado em Madri, em 1641. Mas, por contrariar seus interesses, as autoridades espanholas mandaram queimar todos os exemplares da obra, pois ela dava sustentáculo às reivindicações territoriais de Portugal na Amazônia ocidental, para além do que dispunha o Tratado de Tordesilhas, relatou Mercadante.
Devido a esse feito, Pedro Teixeira foi nomeado capitão-mor do Grão Pará, em 1640. Faleceu no dia 4 de julho de 1641, apenas um ano e cinco meses após receber tal homenagem. Para Mercadante, "seu exemplo de dedicação e heroísmo ficou indelevelmente gravado na história da Amazônia e na história do Brasil. Graças a ele, Portugal pôde reivindicar exitosamente a posse de vastas terras na Amazônia. Terras que hoje estão no mapa do Brasil".
Pedro Teixeira
De ascendência nobre, Pedro Teixeira nasceu em 1585, em Cantanhede, cidade portuguesa do distrito de Coimbra. Segundo a página da Biblioteca Municipal de Cantanhede na internet, Teixeira era casado com Ana da Cunha e chegou ao Brasil em 1607. Começou a ser conhecido no país ao participar da luta com franceses fixados em São Luís (MA).
Em 25 de Dezembro de 1615, Teixeira partiu do Maranhão para o Pará, com objetivo de explorar, conquistar e colonizar aquela região. Em 12 janeiro de 1616, participou da fundação da cidade de Belém (PA).
Em princípios de 1622, foi encarregado de abrir uma estrada que ligasse as capitanias do Pará e do Maranhão. Tal empreendimento não chegou a ser concluído devido às dificuldades da região, especialmente a grande quantidade de rios para atravessar.
Ainda conforme o site da Biblioteca Municipal de Cantanhede, entre várias missões recebidas no país, Pedro Teixeira foi incumbido de destruir os fortes holandeses Nassau, situado à margem direita do rio Xingu (PA), e Orange, na Ilha de Itamaracá, litoral de Pernambuco. Além desses, destruiu ainda o forte holandês Mandiutuba, também nas margens do rio Xingu, atacou um navio holandês no rio Amazonas e expulsou os ingleses sediados no forte Torrego, às margens desse mesmo rio.
Helena Daltro Pontual / Agência Senado
10 Dez 09
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Homenagem
Senado comemora 370 anos da expedição amazônica de Pedro Teixeira
O Senado vai comemorar, em sessão especial nesta quinta-feira (10), às 10h, os 370 anos da expedição amazônica do desbravador português Pedro Teixeira. O requerimento solicitando a sessão é do senador Aloizio Mercadante (PT-SP).
Conhecido como "conquistador da Amazônia", o explorador, sertanista e militar português Pedro Teixeira produziu, segundo Mercadante, uma das maiores façanhas sertanistas no país. Com sua famosa expedição que contou com 47 grandes canoas, 70 soldados e 1.200 índios flecheiros, Pedro Teixeira partiu de Gurupá (PA), em outubro de 1637, e subiu os rios Amazonas e Negro, chegando até a cidade de Quito, atual capital do Equador.
Na viagem de volta, segundo relata Mercadante em seu requerimento, a expedição de Pedro Teixeira fundou a cidade de Franciscana, "para servir de baliza aos domínios das casas de Portugal e Espanha". Em 12 de dezembro de 1639, mais de dois anos depois de iniciada, a expedição chegava ao seu fim no porto de Belém (PA).
"Os objetivos desse monumental esforço de exploração foram tomar posse das terras em nome do rei de Portugal e estabelecer Belém como rota de escoamento das mercadorias que saíam do Peru para a Espanha pelo Pacífico", disse o senador. Tal façanha foi descrita no livro Novo Descobrimento do Grande Rio Amazonas, lançado em Madri, em 1641. Mas, por contrariar seus interesses, as autoridades espanholas mandaram queimar todos os exemplares da obra, pois ela dava sustentáculo às reivindicações territoriais de Portugal na Amazônia ocidental, para além do que dispunha o Tratado de Tordesilhas, relatou Mercadante.
Devido a esse feito, Pedro Teixeira foi nomeado capitão-mor do Grão Pará, em 1640. Faleceu no dia 4 de julho de 1641, apenas um ano e cinco meses após receber tal homenagem. Para Mercadante, "seu exemplo de dedicação e heroísmo ficou indelevelmente gravado na história da Amazônia e na história do Brasil. Graças a ele, Portugal pôde reivindicar exitosamente a posse de vastas terras na Amazônia. Terras que hoje estão no mapa do Brasil".
Pedro Teixeira
De ascendência nobre, Pedro Teixeira nasceu em 1585, em Cantanhede, cidade portuguesa do distrito de Coimbra. Segundo a página da Biblioteca Municipal de Cantanhede na internet, Teixeira era casado com Ana da Cunha e chegou ao Brasil em 1607. Começou a ser conhecido no país ao participar da luta com franceses fixados em São Luís (MA).
Em 25 de Dezembro de 1615, Teixeira partiu do Maranhão para o Pará, com objetivo de explorar, conquistar e colonizar aquela região. Em 12 janeiro de 1616, participou da fundação da cidade de Belém (PA).
Em princípios de 1622, foi encarregado de abrir uma estrada que ligasse as capitanias do Pará e do Maranhão. Tal empreendimento não chegou a ser concluído devido às dificuldades da região, especialmente a grande quantidade de rios para atravessar.
Ainda conforme o site da Biblioteca Municipal de Cantanhede, entre várias missões recebidas no país, Pedro Teixeira foi incumbido de destruir os fortes holandeses Nassau, situado à margem direita do rio Xingu (PA), e Orange, na Ilha de Itamaracá, litoral de Pernambuco. Além desses, destruiu ainda o forte holandês Mandiutuba, também nas margens do rio Xingu, atacou um navio holandês no rio Amazonas e expulsou os ingleses sediados no forte Torrego, às margens desse mesmo rio.
Helena Daltro Pontual / Agência Senado
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Barão do Rio Branco
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Re: Pedro Teixeira
Muito boa a lembrança.Esse fato é sem dúvida muito relevante para a territorialidade brasileira.Bem hajam!Marino escreveu:AGENCIA SENADO
10 Dez 09
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Senado comemora 370 anos da expedição amazônica de Pedro Teixeira
O Senado vai comemorar, em sessão especial nesta quinta-feira (10), às 10h, os 370 anos da expedição amazônica do desbravador português Pedro Teixeira. O requerimento solicitando a sessão é do senador Aloizio Mercadante (PT-SP).
Conhecido como "conquistador da Amazônia", o explorador, sertanista e militar português Pedro Teixeira produziu, segundo Mercadante, uma das maiores façanhas sertanistas no país. Com sua famosa expedição que contou com 47 grandes canoas, 70 soldados e 1.200 índios flecheiros, Pedro Teixeira partiu de Gurupá (PA), em outubro de 1637, e subiu os rios Amazonas e Negro, chegando até a cidade de Quito, atual capital do Equador.
Na viagem de volta, segundo relata Mercadante em seu requerimento, a expedição de Pedro Teixeira fundou a cidade de Franciscana, "para servir de baliza aos domínios das casas de Portugal e Espanha". Em 12 de dezembro de 1639, mais de dois anos depois de iniciada, a expedição chegava ao seu fim no porto de Belém (PA).
"Os objetivos desse monumental esforço de exploração foram tomar posse das terras em nome do rei de Portugal e estabelecer Belém como rota de escoamento das mercadorias que saíam do Peru para a Espanha pelo Pacífico", disse o senador. Tal façanha foi descrita no livro Novo Descobrimento do Grande Rio Amazonas, lançado em Madri, em 1641. Mas, por contrariar seus interesses, as autoridades espanholas mandaram queimar todos os exemplares da obra, pois ela dava sustentáculo às reivindicações territoriais de Portugal na Amazônia ocidental, para além do que dispunha o Tratado de Tordesilhas, relatou Mercadante.
Devido a esse feito, Pedro Teixeira foi nomeado capitão-mor do Grão Pará, em 1640. Faleceu no dia 4 de julho de 1641, apenas um ano e cinco meses após receber tal homenagem. Para Mercadante, "seu exemplo de dedicação e heroísmo ficou indelevelmente gravado na história da Amazônia e na história do Brasil. Graças a ele, Portugal pôde reivindicar exitosamente a posse de vastas terras na Amazônia. Terras que hoje estão no mapa do Brasil".
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De ascendência nobre, Pedro Teixeira nasceu em 1585, em Cantanhede, cidade portuguesa do distrito de Coimbra. Segundo a página da Biblioteca Municipal de Cantanhede na internet, Teixeira era casado com Ana da Cunha e chegou ao Brasil em 1607. Começou a ser conhecido no país ao participar da luta com franceses fixados em São Luís (MA).
Em 25 de Dezembro de 1615, Teixeira partiu do Maranhão para o Pará, com objetivo de explorar, conquistar e colonizar aquela região. Em 12 janeiro de 1616, participou da fundação da cidade de Belém (PA).
Em princípios de 1622, foi encarregado de abrir uma estrada que ligasse as capitanias do Pará e do Maranhão. Tal empreendimento não chegou a ser concluído devido às dificuldades da região, especialmente a grande quantidade de rios para atravessar.
Ainda conforme o site da Biblioteca Municipal de Cantanhede, entre várias missões recebidas no país, Pedro Teixeira foi incumbido de destruir os fortes holandeses Nassau, situado à margem direita do rio Xingu (PA), e Orange, na Ilha de Itamaracá, litoral de Pernambuco. Além desses, destruiu ainda o forte holandês Mandiutuba, também nas margens do rio Xingu, atacou um navio holandês no rio Amazonas e expulsou os ingleses sediados no forte Torrego, às margens desse mesmo rio.
Helena Daltro Pontual / Agência Senado
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"A inveja é doce,o olho grande é que é uma merda"Autor desconhecido.
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Re: Pedro Teixeira
Cá em Portugal pouco ou nada se sabe dele, só agora, com o súbito interesse por parte dos Brasileiros é que se começou a falar das façanhas do senhor.
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Re: Pedro Teixeira
Devo ser descendente desse cidadão , ele Teixeira e sua mulher Cunha , meus dois sobrenomes maternos Sempre gostei dessas expedições . p.s. Tem um desses navios da MB lá da Amazônia que tem esse nome se não me engano.
Brotei no Ventre da Pampa,que é Pátria na minha Terra/Sou resumo de uma Guerra,que ainda tem importância/Sou Raiz,sou Sangue,sou Verso/Sou maior que a História Grega/Eu sou Gaúcho e me chega,p'ra ser Feliz no Universo.
- Marino
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Re: Pedro Teixeira
Exato caro amigo.Dieneces escreveu:Devo ser descendente desse cidadão , ele Teixeira e sua mulher Cunha , meus dois sobrenomes maternos Sempre gostei dessas expedições . p.s. Tem um desses navios da MB lá da Amazônia que tem esse nome se não me engano.
existem duas classes de NaPaFlu, e a maior delas tem seu primeiro navio com o nome Pedro Teixeira. o outro é o Raposo Tavares.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: Pedro Teixeira
http://www.mar.mil.br/menu_h/navios/patrulha/pedro.htmMarino escreveu:Exato caro amigo.Dieneces escreveu:Devo ser descendente desse cidadão , ele Teixeira e sua mulher Cunha , meus dois sobrenomes maternos Sempre gostei dessas expedições . p.s. Tem um desses navios da MB lá da Amazônia que tem esse nome se não me engano.
existem duas classes de NaPaFlu, e a maior delas tem seu primeiro navio com o nome Pedro Teixeira. o outro é o Raposo Tavares.
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Re: Pedro Teixeira
Se o Brasil fosse uma país mais cioso de sua história, ou se o Pedro Teixeira fosse um desbravador inglês do território Americano já haveriam tantos filmes, avenidas e escolas a consagrar o seu nome que nem teria graça. Mas por aqui...P44 escreveu:Sinceramente nunca tinha ouvido falar dele
Só há 2 tipos de navios: os submarinos e os alvos...
Armam-se homens com as melhores armas.
Armam-se Submarinos com os melhores homens.
Os sábios PENSAM
Os Inteligentes COPIAM
Os Idiotas PLANTAM e os
Os Imbecis FINANCIAM...
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Re: Pedro Teixeira
Por Maria da Paz Trefaut, para o Valor, de Brasília
Rodolfo Braga/Valor Pedro Teixeira, em retrato no Museu Histórico do Pará: o militar português participou da fundação do forte do Presépio, em 1616, que deu origem à cidade de Belém
Uma homenagem a um vulto histórico pouco conhecido, que nunca chegou a ser louvado nos livros escolares, movimentou o Senado na semana passada. Muitos dos presentes ouviram pela primeira vez o nome de Pedro Teixeira, militar português que, aos 67 anos, comandou uma expedição pelo alto rio Amazonas (atual Solimões) com mais de 2 mil pessoas e 48 canoas a remo. A odisseia não teria particular significado se não tivesse trazido para a coroa portuguesa um ganho territorial imenso e desenhado o mapa geopolítico do que conhecemos como Amazônia Brasileira.
A expedição de Teixeira durou dois anos, de 1637 a 1639. Foi uma epopeia, da qual participaram 600 soldados portugueses e 1.200 índios com mulheres e filhos (provavelmente, de nações tupinambás).
Acompanhado por essa armada, o capitão português percorreu o rio no sentido inverso à viagem que, quase um século antes, havia sido feita pelo espanhol Francisco Orellana até a foz do Amazonas. Se Orellana é considerado o descobridor do Amazonas, Teixeira é o artífice do que os historiadores consideram "a primeira grande bandeira fluvial da história do continente".
Na época, Portugal estava subordinado ao reino da Espanha e a viagem foi feita à revelia dos espanhóis. O Brasil também não era o todo integrado que hoje se conhece. A política colonial pregava a descentralização administrativa. Então, o Estado do Maranhão e Grão-Pará, cujo governador organizou a expedição, era vinculado diretamente a Portugal e não pertencia ao governo-geral do Brasil.
Antes da expedição, que tinha o objetivo de alargar a soberania portuguesa na bacia amazônica, Teixeira havia participado da fundação do forte do Presépio (1616), que deu origem à cidade de Belém. No Brasil desde 1607, já era um militar conceituado e foi escolhido para a missão por ter tido papel de destaque na expulsão de franceses, ingleses e holandeses.
De ascendência nobre, era "fidalgo da Casa Real e Cavalheiro da Ordem de Cristo", diz a historiadora paraense radicada em Portugal Anete Ferreira, que estudou o período durante três anos para escrever "A Expedição de Pedro Teixeira: Sua Importância para Portugal e o Futuro da Amazônia". Ainda na esfera pessoal, ela encontrou provas de dois casamentos, de uma filha única e de uma neta que continuaram na Amazônia após a morte do português, em junho de 1641, quando já era capitão-mor e governador do Grão-Pará.
O militar navegador partiu de Gurupá, no Pará, em 17 de outubro de 1637, e adentrou a área que, pelo Tratado de Tordesilhas, pertencia à Espanha. Na viagem, descobriu os rios Madeira, Negro, Tapajós e vários outros da bacia amazônica. Depois de chegar à nascente do rio, no Peru, foi além: subiu a Cordilheira dos Andes e alcançou Quito, no atual Equador. Na volta, demarcou a Vila de Franciscana, na fronteira do Peru com a Amazônia, que, nos seus dizeres, deveria servir "de baliza aos domínios das duas coroas (de Espanha e Portugal)".
Muitos anos mais tarde, em 1750, quando o Tratado de Madri substituiu Tordesilhas na definição das fronteiras das colônias sul-americanas, os relatos de Teixeira e a cartografia que fez da região foram usados para garantir a soberania portuguesa na área.
Personagem obscuro no Sudeste, o herói português sobreviveu na literatura histórica da Amazônia e alimentou mitos regionais. Sua importância foi longamente analisada na obra do historiador português Jaime Cortesão, especialista na aventura dos descobrimentos.
Paradoxalmente, fora da esfera civil, Teixeira sempre foi um nome reverenciado pelas Forças Armadas brasileiras. Sua façanha tem especial destaque no livro "Uma Geopolítica Pan-Amazônica", do general Meira Matos, editado pela Biblioteca do Exército em 1980. Há ainda referências patrióticas à sua jornada na "Canção do Soldado da Amazônia", hino que começa assim: "Nossa origem se prende às glórias/Da bravura sem par das bandeiras/Pois de Pedro Teixeira as vitórias/Demarcaram as nossas fronteiras".
Embora seja menos conhecido em Portugal do que por aqui, há duas décadas Teixeira ganhou uma gigantesca estátua de bronze no município de Cantanhede, na região de Coimbra, onde nasceu. O reconhecimento foi tardio, mas deu início a debates e seu nome passou a ser usado para batizar escolas e praças, nas quais é identificado como "conquistador da Amazônia".
Ao descobrir o personagem por acaso, o cineasta português José Borges realizou o documentário "Curiuá-Catu: A Grande Expedição de Pedro Teixeira 1637-1639". Curiuá-Catu seria "homem branco bom", apelido que o militar recebeu dos índios tupis que o acompanharam pelas águas do que se chamava, na época, o "rio doce". Ao subir o Amazonas com sua equipe de filmagem, em pleno século XXI e com toda a tecnologia, Borges sentiu que "era inconcebível sequer imaginar" como uma expedição com quase duas mil pessoas, sem recursos, havia feito um percurso muito maior durante dois anos.
Para enriquecer ainda mais a releitura contemporânea da obra do navegador, a Metalivros acaba de lançar "Grandes Expedições à Amazônia Brasileira 1500-1930", de João Meirelles Filho, diretor do Instituto Peabiru, ONG ligada à sustentabilidade. Há um capítulo que fala de Teixeira, que, para o autor, é "um grande herói esquecido, não no sentido antigo de ser um representante da pátria", mas por nunca ter sido devidamente reconhecido.
"A gente precisa entender como a Amazônia se tornou brasileira e como o país foi formado, senão parece que tudo se resolveu num passe de mágica", afirma o autor. "Foi uma aventura completamente louca, que contrariou os dizeres da coroa espanhola e só foi possível porque os espanhóis estavam muito mais interessados nas minas de prata dos Andes do que em desbravar terras impenetráveis que nem sabiam para o que serviriam".
Articulada pelo líder do PT no senado, Aloizio Mercadante, com o apoio da Portugal Telecom, a cerimônia no Congresso procurou "reconstituir pedaços da história, para fazer justiça". O senador, que convidou embaixadores e autoridades portuguesas, explicou: "Do ponto de vista geo-estratégico, a bandeira do Pedro Teixeira é a mais importante da história do Brasil. Quero resgatar o significado de tudo isso, para salientar a responsabilidade que devemos ter com esse patrimônio".
Rever a história é sempre saudável. "Max Weber dizia que a história sempre é recontada a partir do presente", lembra Antonio Carlos Robert Moraes, coordenador do laboratório de geopolítica da Universidade de São Paulo. Na sua visão, embora o feito de Teixeira tenha dado a dimensão do país que se tem hoje, talvez ele tenha permanecido como herói regional por ter sido ofuscado pelo mito de Raposo Tavares, que saiu de São Paulo e também chegou ao Amazonas.
A justiça histórica que se reivindica para Teixeira tem como fundo uma discussão sobre a construção da identidade nacional. "Há três correntes que reivindicam o berço da nacionalidade. Os paulistas, com os bandeirantes; os pernambucanos, que acham que o país nasce com a expulsão dos holandeses; e os mineiros, que dizem que tudo começa com a Inconfidência Mineira. As controvérsias sobre o mito de origem são permanentes", avisa o professor de geopolítica.
Rodolfo Braga/Valor Pedro Teixeira, em retrato no Museu Histórico do Pará: o militar português participou da fundação do forte do Presépio, em 1616, que deu origem à cidade de Belém
Uma homenagem a um vulto histórico pouco conhecido, que nunca chegou a ser louvado nos livros escolares, movimentou o Senado na semana passada. Muitos dos presentes ouviram pela primeira vez o nome de Pedro Teixeira, militar português que, aos 67 anos, comandou uma expedição pelo alto rio Amazonas (atual Solimões) com mais de 2 mil pessoas e 48 canoas a remo. A odisseia não teria particular significado se não tivesse trazido para a coroa portuguesa um ganho territorial imenso e desenhado o mapa geopolítico do que conhecemos como Amazônia Brasileira.
A expedição de Teixeira durou dois anos, de 1637 a 1639. Foi uma epopeia, da qual participaram 600 soldados portugueses e 1.200 índios com mulheres e filhos (provavelmente, de nações tupinambás).
Acompanhado por essa armada, o capitão português percorreu o rio no sentido inverso à viagem que, quase um século antes, havia sido feita pelo espanhol Francisco Orellana até a foz do Amazonas. Se Orellana é considerado o descobridor do Amazonas, Teixeira é o artífice do que os historiadores consideram "a primeira grande bandeira fluvial da história do continente".
Na época, Portugal estava subordinado ao reino da Espanha e a viagem foi feita à revelia dos espanhóis. O Brasil também não era o todo integrado que hoje se conhece. A política colonial pregava a descentralização administrativa. Então, o Estado do Maranhão e Grão-Pará, cujo governador organizou a expedição, era vinculado diretamente a Portugal e não pertencia ao governo-geral do Brasil.
Antes da expedição, que tinha o objetivo de alargar a soberania portuguesa na bacia amazônica, Teixeira havia participado da fundação do forte do Presépio (1616), que deu origem à cidade de Belém. No Brasil desde 1607, já era um militar conceituado e foi escolhido para a missão por ter tido papel de destaque na expulsão de franceses, ingleses e holandeses.
De ascendência nobre, era "fidalgo da Casa Real e Cavalheiro da Ordem de Cristo", diz a historiadora paraense radicada em Portugal Anete Ferreira, que estudou o período durante três anos para escrever "A Expedição de Pedro Teixeira: Sua Importância para Portugal e o Futuro da Amazônia". Ainda na esfera pessoal, ela encontrou provas de dois casamentos, de uma filha única e de uma neta que continuaram na Amazônia após a morte do português, em junho de 1641, quando já era capitão-mor e governador do Grão-Pará.
O militar navegador partiu de Gurupá, no Pará, em 17 de outubro de 1637, e adentrou a área que, pelo Tratado de Tordesilhas, pertencia à Espanha. Na viagem, descobriu os rios Madeira, Negro, Tapajós e vários outros da bacia amazônica. Depois de chegar à nascente do rio, no Peru, foi além: subiu a Cordilheira dos Andes e alcançou Quito, no atual Equador. Na volta, demarcou a Vila de Franciscana, na fronteira do Peru com a Amazônia, que, nos seus dizeres, deveria servir "de baliza aos domínios das duas coroas (de Espanha e Portugal)".
Muitos anos mais tarde, em 1750, quando o Tratado de Madri substituiu Tordesilhas na definição das fronteiras das colônias sul-americanas, os relatos de Teixeira e a cartografia que fez da região foram usados para garantir a soberania portuguesa na área.
Personagem obscuro no Sudeste, o herói português sobreviveu na literatura histórica da Amazônia e alimentou mitos regionais. Sua importância foi longamente analisada na obra do historiador português Jaime Cortesão, especialista na aventura dos descobrimentos.
Paradoxalmente, fora da esfera civil, Teixeira sempre foi um nome reverenciado pelas Forças Armadas brasileiras. Sua façanha tem especial destaque no livro "Uma Geopolítica Pan-Amazônica", do general Meira Matos, editado pela Biblioteca do Exército em 1980. Há ainda referências patrióticas à sua jornada na "Canção do Soldado da Amazônia", hino que começa assim: "Nossa origem se prende às glórias/Da bravura sem par das bandeiras/Pois de Pedro Teixeira as vitórias/Demarcaram as nossas fronteiras".
Embora seja menos conhecido em Portugal do que por aqui, há duas décadas Teixeira ganhou uma gigantesca estátua de bronze no município de Cantanhede, na região de Coimbra, onde nasceu. O reconhecimento foi tardio, mas deu início a debates e seu nome passou a ser usado para batizar escolas e praças, nas quais é identificado como "conquistador da Amazônia".
Ao descobrir o personagem por acaso, o cineasta português José Borges realizou o documentário "Curiuá-Catu: A Grande Expedição de Pedro Teixeira 1637-1639". Curiuá-Catu seria "homem branco bom", apelido que o militar recebeu dos índios tupis que o acompanharam pelas águas do que se chamava, na época, o "rio doce". Ao subir o Amazonas com sua equipe de filmagem, em pleno século XXI e com toda a tecnologia, Borges sentiu que "era inconcebível sequer imaginar" como uma expedição com quase duas mil pessoas, sem recursos, havia feito um percurso muito maior durante dois anos.
Para enriquecer ainda mais a releitura contemporânea da obra do navegador, a Metalivros acaba de lançar "Grandes Expedições à Amazônia Brasileira 1500-1930", de João Meirelles Filho, diretor do Instituto Peabiru, ONG ligada à sustentabilidade. Há um capítulo que fala de Teixeira, que, para o autor, é "um grande herói esquecido, não no sentido antigo de ser um representante da pátria", mas por nunca ter sido devidamente reconhecido.
"A gente precisa entender como a Amazônia se tornou brasileira e como o país foi formado, senão parece que tudo se resolveu num passe de mágica", afirma o autor. "Foi uma aventura completamente louca, que contrariou os dizeres da coroa espanhola e só foi possível porque os espanhóis estavam muito mais interessados nas minas de prata dos Andes do que em desbravar terras impenetráveis que nem sabiam para o que serviriam".
Articulada pelo líder do PT no senado, Aloizio Mercadante, com o apoio da Portugal Telecom, a cerimônia no Congresso procurou "reconstituir pedaços da história, para fazer justiça". O senador, que convidou embaixadores e autoridades portuguesas, explicou: "Do ponto de vista geo-estratégico, a bandeira do Pedro Teixeira é a mais importante da história do Brasil. Quero resgatar o significado de tudo isso, para salientar a responsabilidade que devemos ter com esse patrimônio".
Rever a história é sempre saudável. "Max Weber dizia que a história sempre é recontada a partir do presente", lembra Antonio Carlos Robert Moraes, coordenador do laboratório de geopolítica da Universidade de São Paulo. Na sua visão, embora o feito de Teixeira tenha dado a dimensão do país que se tem hoje, talvez ele tenha permanecido como herói regional por ter sido ofuscado pelo mito de Raposo Tavares, que saiu de São Paulo e também chegou ao Amazonas.
A justiça histórica que se reivindica para Teixeira tem como fundo uma discussão sobre a construção da identidade nacional. "Há três correntes que reivindicam o berço da nacionalidade. Os paulistas, com os bandeirantes; os pernambucanos, que acham que o país nasce com a expulsão dos holandeses; e os mineiros, que dizem que tudo começa com a Inconfidência Mineira. As controvérsias sobre o mito de origem são permanentes", avisa o professor de geopolítica.
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Barão do Rio Branco
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