O fim do Dollar e da Hegemonia U.S.A.
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Re: O fim do Dollar e da Hegemonia U.S.A.
"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
NJ
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Re: O fim do Dollar e da Hegemonia U.S.A.
Carlos Almeida Andrade
Optimistas versus pessimistas
Ao longo dos últimos meses, tem sido possível assistir a um conjunto de discussões interessantes sobre a tendência de aumento dos défices e dívida pública na Europa e nos Estados Unidos, bem como sobre as suas possíveis consequências para...
Ao longo dos últimos meses, tem sido possível assistir a um conjunto de discussões interessantes sobre a tendência de aumento dos défices e dívida pública na Europa e nos Estados Unidos, bem como sobre as suas possíveis consequências para o futuro destas economias. Um dos pólos mais visíveis destas discussões envolve o historiador Niall Ferguson, que alerta para os riscos de um endividamento excessivo, e o economista Paul Krugman, que não só defende a necessidade pontual de subida dos défices e dívida como insiste que, pelo menos no caso dos Estados Unidos, o esforço orçamental de estímulo à actividade económica levado a cabo até aqui pode ser ainda insuficiente.
Para enquadrar devidamente o tema, torna-se útil ter presentes alguns números. De acordo com as previsões mais recentes da Comissão Europeia, o défice público da UE27 deverá subir de 0,8% do PIB em 2007 (ano de início da crise financeira) para 7,5% do PIB em 2010, podendo depois reduzir-se para 6,9% do PIB em 2011 ("wishfull thinking"?). Nesta evolução até 2011, destacam-se algumas economias, como a Irlanda, com défices próximos de 15% do PIB; a Grécia, com défices próximos de 13% do PIB; ou o Reino Unido, com défices próximos de 13% do PIB. Neste contexto, a Comissão espera que, entre 2007 e 2011, o stock da dívida pública da UE suba de 58,7% para 83,7% do PIB. No caso dos países acima referidos, os aumentos são mais significativos. A dívida pública da Irlanda aumenta de 25,1% para 96,2% do PIB. No caso da Grécia, aumenta de 95,6% para 135,4% do PIB. No Reino Unido, aumenta de 44,2% para 88,2% do PIB. Não querendo abusar da paciência dos leitores com esta sucessão de números, convém também referir as expectativas relativas às contas públicas dos Estados Unidos. A Comissão Europeia vê o défice orçamental norte-americano em cerca de 13% do PIB em 2010 e 2011 (2,7% em 2007) e a dívida pública a subir de 62,2% para 87,3% do PIB entre 2007 e 2011.
Mas quais são, então, as interpretações alternativas sobre estes números? No campo dos pessimistas, Niall Ferguson não se limita às consequências estritamente económicas do endividamento excessivo. Ele vê nesta tendência as sementes da queda do "império americano", isto é, a perda gradual do poder económico, político e militar de que os Estados Unidos usufruíram nas últimas décadas. De acordo com esta perspectiva, o problema surge, em primeiro lugar, associado a um potencial excesso de oferta de títulos de dívida pública que se poderia vir a verificar num futuro próximo. Isto é, as emissões de dívida pelo Tesouro não encontrariam compradores suficientes. O sector bancário tem sido, ao longo do último ano, uma fonte importante de procura, canalizando uma parte importante das injecções de liquidez levadas a cabo pelos bancos centrais para títulos de dívida pública, considerados um investimento seguro num contexto ainda marcado por alguma incerteza e por baixa propensão ao risco. Mas, à medida que a política monetária se for normalizando e as operações extraordinárias de injecção de liquidez forem sendo revertidas, o sector bancário poderá ter que diminuir o respectivo investimento em dívida pública. No caso específico dos Estados Unidos, uma outra fonte importante de procura de títulos de dívida pública ("Treasuries") tem sido a China e outras economias da Ásia emergente. Mas com estas economias a basearem, cada vez mais, o seu crescimento na procura interna, a poupança doméstica e a acumulação de reservas em dólares tenderão a atenuar-se, o que se poderia reflectir numa moderação da procura de "Treasuries". Neste caso, haveria ainda a acrescentar o receio crescente de uma depreciação significativa e sustentada do dólar, que leva a que economias como a China não queiram aumentar indefinidamente a sua exposição a activos expressos na divisa americana.
Neste contexto, e na ausência de uma forte correcção dos desequilíbrios das contas públicas, o campo pessimista vê apenas duas saídas para o excesso de oferta de dívida pública: ou um "default" (uma hipótese muito improvável no caso das principais economias da UE e sem sentido no caso dos Estados Unidos), ou a "monetarização" dos défices, com os bancos centrais a criarem moeda para financiarem a aquisição dos títulos de dívida pública emitidos pelo Governo (uma hipótese associada, sobretudo, aos Estados Unidos e à Reserva Federal). No caso americano, a penalização do dólar que resultaria desta opção levaria os investidores externos a exigirem um retorno superior nos seus investimentos em activos em dólares. Os pessimistas vêem aqui a fonte de uma subida significativa das taxas de juro reais, não apenas com um impacto negativo no crescimento da actividade económica, mas gerando também uma pressão acrescida sobre o serviço da dívida. Tendo em conta a rigidez esperada ao nível das despesas com saúde e pensões, essa pressão teria que ser acomodada através de cortes mais profundos nas despesas de funcionamento do Estado, noutras despesas sociais e, particularmente no caso dos Estados Unidos, nas despesas de Defesa. Assim, o campo pessimista defende que, para se evitarem estes cenários de declínio económico e político, é necessário assumir, tão cedo quanto possível, uma estratégia de correcção e estabilização das contas públicas.
Do outro lado, o campo dos que partilham uma visão mais benigna dos défices e dívida públicos não é indiferente, por princípio, às potenciais consequências negativas de uma situação orçamental desequilibrada. No entanto, este campo vê como fundamental qualificar e contextualizar essa subida dos défices. Como Krugman referiu recentemente, no que respeita aos défices, "the causes matter". Isto é, não podemos ser indiferentes às causas dos desequilíbrios orçamentais. No caso de uma economia em "velocidade cruzeiro", ou numa situação próxima de pleno emprego, a deterioração das contas públicas não é justificável e pode, de facto, conduzir aos efeitos negativos atrás descritos. Mas numa situação de forte recessão, risco de depressão e forte quebra dos níveis de confiança, o aumento dos défices pode ser justificável e necessário. Com o crédito e a liquidez em contracção, e com o sector privado sem qualquer propensão à despesa, a economia enfrentaria um sério risco de depressão e deflação, das quais seria extremamente difícil sair. Neste contexto, o campo dos optimistas vê o aumento da despesa pública (e, em certos casos, a descida de impostos) como um meio de quebrar o círculo vicioso da depressão, contribuindo para o aumento do rendimento, da confiança e da propensão à despesa ao nível das famílias e das empresas.
Como os aumentos da despesa e das necessidades de financiamento públicas vêm ocupar os espaços deixados pela despesa privada (que se contrai) e pela poupança privada (que sobe), a subida dos défices não vem asfixiar a economia. Não há competição pelo financiamento, pelo que não faria sentido esperar uma subida significativa dos juros reais.
O interessante confronto entre estas duas posições deverá continuar no futuro próximo, ambas em busca de dados e factos que as validem. Não cabe aqui avaliar todos os méritos da questão, dado que uma discussão mais profunda exigiria mais espaço. No entanto, e para lá das posições políticas que também os motivam, é possível ver alguma razão nos dois campos.
As medidas orçamentais de emergência terão, de facto, evitado cenários bem mais negativos para a economia mundial. E é provavelmente ainda cedo para uma saída rápida de cena dos estímulos públicos. Mas o grande desafio será saber retirar estes estímulos no "timing" adequado, sob pena de se enfrentarem, de facto, consequências negativas importantes. Mas estas ficarão para um outro artigo.
Economista-chefe do BES e
Docente Universitário
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Optimistas versus pessimistas
Ao longo dos últimos meses, tem sido possível assistir a um conjunto de discussões interessantes sobre a tendência de aumento dos défices e dívida pública na Europa e nos Estados Unidos, bem como sobre as suas possíveis consequências para...
Ao longo dos últimos meses, tem sido possível assistir a um conjunto de discussões interessantes sobre a tendência de aumento dos défices e dívida pública na Europa e nos Estados Unidos, bem como sobre as suas possíveis consequências para o futuro destas economias. Um dos pólos mais visíveis destas discussões envolve o historiador Niall Ferguson, que alerta para os riscos de um endividamento excessivo, e o economista Paul Krugman, que não só defende a necessidade pontual de subida dos défices e dívida como insiste que, pelo menos no caso dos Estados Unidos, o esforço orçamental de estímulo à actividade económica levado a cabo até aqui pode ser ainda insuficiente.
Para enquadrar devidamente o tema, torna-se útil ter presentes alguns números. De acordo com as previsões mais recentes da Comissão Europeia, o défice público da UE27 deverá subir de 0,8% do PIB em 2007 (ano de início da crise financeira) para 7,5% do PIB em 2010, podendo depois reduzir-se para 6,9% do PIB em 2011 ("wishfull thinking"?). Nesta evolução até 2011, destacam-se algumas economias, como a Irlanda, com défices próximos de 15% do PIB; a Grécia, com défices próximos de 13% do PIB; ou o Reino Unido, com défices próximos de 13% do PIB. Neste contexto, a Comissão espera que, entre 2007 e 2011, o stock da dívida pública da UE suba de 58,7% para 83,7% do PIB. No caso dos países acima referidos, os aumentos são mais significativos. A dívida pública da Irlanda aumenta de 25,1% para 96,2% do PIB. No caso da Grécia, aumenta de 95,6% para 135,4% do PIB. No Reino Unido, aumenta de 44,2% para 88,2% do PIB. Não querendo abusar da paciência dos leitores com esta sucessão de números, convém também referir as expectativas relativas às contas públicas dos Estados Unidos. A Comissão Europeia vê o défice orçamental norte-americano em cerca de 13% do PIB em 2010 e 2011 (2,7% em 2007) e a dívida pública a subir de 62,2% para 87,3% do PIB entre 2007 e 2011.
Mas quais são, então, as interpretações alternativas sobre estes números? No campo dos pessimistas, Niall Ferguson não se limita às consequências estritamente económicas do endividamento excessivo. Ele vê nesta tendência as sementes da queda do "império americano", isto é, a perda gradual do poder económico, político e militar de que os Estados Unidos usufruíram nas últimas décadas. De acordo com esta perspectiva, o problema surge, em primeiro lugar, associado a um potencial excesso de oferta de títulos de dívida pública que se poderia vir a verificar num futuro próximo. Isto é, as emissões de dívida pelo Tesouro não encontrariam compradores suficientes. O sector bancário tem sido, ao longo do último ano, uma fonte importante de procura, canalizando uma parte importante das injecções de liquidez levadas a cabo pelos bancos centrais para títulos de dívida pública, considerados um investimento seguro num contexto ainda marcado por alguma incerteza e por baixa propensão ao risco. Mas, à medida que a política monetária se for normalizando e as operações extraordinárias de injecção de liquidez forem sendo revertidas, o sector bancário poderá ter que diminuir o respectivo investimento em dívida pública. No caso específico dos Estados Unidos, uma outra fonte importante de procura de títulos de dívida pública ("Treasuries") tem sido a China e outras economias da Ásia emergente. Mas com estas economias a basearem, cada vez mais, o seu crescimento na procura interna, a poupança doméstica e a acumulação de reservas em dólares tenderão a atenuar-se, o que se poderia reflectir numa moderação da procura de "Treasuries". Neste caso, haveria ainda a acrescentar o receio crescente de uma depreciação significativa e sustentada do dólar, que leva a que economias como a China não queiram aumentar indefinidamente a sua exposição a activos expressos na divisa americana.
Neste contexto, e na ausência de uma forte correcção dos desequilíbrios das contas públicas, o campo pessimista vê apenas duas saídas para o excesso de oferta de dívida pública: ou um "default" (uma hipótese muito improvável no caso das principais economias da UE e sem sentido no caso dos Estados Unidos), ou a "monetarização" dos défices, com os bancos centrais a criarem moeda para financiarem a aquisição dos títulos de dívida pública emitidos pelo Governo (uma hipótese associada, sobretudo, aos Estados Unidos e à Reserva Federal). No caso americano, a penalização do dólar que resultaria desta opção levaria os investidores externos a exigirem um retorno superior nos seus investimentos em activos em dólares. Os pessimistas vêem aqui a fonte de uma subida significativa das taxas de juro reais, não apenas com um impacto negativo no crescimento da actividade económica, mas gerando também uma pressão acrescida sobre o serviço da dívida. Tendo em conta a rigidez esperada ao nível das despesas com saúde e pensões, essa pressão teria que ser acomodada através de cortes mais profundos nas despesas de funcionamento do Estado, noutras despesas sociais e, particularmente no caso dos Estados Unidos, nas despesas de Defesa. Assim, o campo pessimista defende que, para se evitarem estes cenários de declínio económico e político, é necessário assumir, tão cedo quanto possível, uma estratégia de correcção e estabilização das contas públicas.
Do outro lado, o campo dos que partilham uma visão mais benigna dos défices e dívida públicos não é indiferente, por princípio, às potenciais consequências negativas de uma situação orçamental desequilibrada. No entanto, este campo vê como fundamental qualificar e contextualizar essa subida dos défices. Como Krugman referiu recentemente, no que respeita aos défices, "the causes matter". Isto é, não podemos ser indiferentes às causas dos desequilíbrios orçamentais. No caso de uma economia em "velocidade cruzeiro", ou numa situação próxima de pleno emprego, a deterioração das contas públicas não é justificável e pode, de facto, conduzir aos efeitos negativos atrás descritos. Mas numa situação de forte recessão, risco de depressão e forte quebra dos níveis de confiança, o aumento dos défices pode ser justificável e necessário. Com o crédito e a liquidez em contracção, e com o sector privado sem qualquer propensão à despesa, a economia enfrentaria um sério risco de depressão e deflação, das quais seria extremamente difícil sair. Neste contexto, o campo dos optimistas vê o aumento da despesa pública (e, em certos casos, a descida de impostos) como um meio de quebrar o círculo vicioso da depressão, contribuindo para o aumento do rendimento, da confiança e da propensão à despesa ao nível das famílias e das empresas.
Como os aumentos da despesa e das necessidades de financiamento públicas vêm ocupar os espaços deixados pela despesa privada (que se contrai) e pela poupança privada (que sobe), a subida dos défices não vem asfixiar a economia. Não há competição pelo financiamento, pelo que não faria sentido esperar uma subida significativa dos juros reais.
O interessante confronto entre estas duas posições deverá continuar no futuro próximo, ambas em busca de dados e factos que as validem. Não cabe aqui avaliar todos os méritos da questão, dado que uma discussão mais profunda exigiria mais espaço. No entanto, e para lá das posições políticas que também os motivam, é possível ver alguma razão nos dois campos.
As medidas orçamentais de emergência terão, de facto, evitado cenários bem mais negativos para a economia mundial. E é provavelmente ainda cedo para uma saída rápida de cena dos estímulos públicos. Mas o grande desafio será saber retirar estes estímulos no "timing" adequado, sob pena de se enfrentarem, de facto, consequências negativas importantes. Mas estas ficarão para um outro artigo.
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"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
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soultrain escreveu:Carlos Almeida Andrade
Optimistas versus pessimistas
Ao longo dos últimos meses, tem sido possível assistir a um conjunto de discussões interessantes sobre a tendência de aumento dos défices e dívida pública na Europa e nos Estados Unidos, bem como sobre as suas possíveis consequências para...
Ao longo dos últimos meses, tem sido possível assistir a um conjunto de discussões interessantes sobre a tendência de aumento dos défices e dívida pública na Europa e nos Estados Unidos, bem como sobre as suas possíveis consequências para o futuro destas economias. Um dos pólos mais visíveis destas discussões envolve o historiador Niall Ferguson, que alerta para os riscos de um endividamento excessivo, e o economista Paul Krugman, que não só defende a necessidade pontual de subida dos défices e dívida como insiste que, pelo menos no caso dos Estados Unidos, o esforço orçamental de estímulo à actividade económica levado a cabo até aqui pode ser ainda insuficiente.
Para enquadrar devidamente o tema, torna-se útil ter presentes alguns números. De acordo com as previsões mais recentes da Comissão Europeia, o défice público da UE27 deverá subir de 0,8% do PIB em 2007 (ano de início da crise financeira) para 7,5% do PIB em 2010, podendo depois reduzir-se para 6,9% do PIB em 2011 ("wishfull thinking"?). Nesta evolução até 2011, destacam-se algumas economias, como a Irlanda, com défices próximos de 15% do PIB; a Grécia, com défices próximos de 13% do PIB; ou o Reino Unido, com défices próximos de 13% do PIB. Neste contexto, a Comissão espera que, entre 2007 e 2011, o stock da dívida pública da UE suba de 58,7% para 83,7% do PIB. No caso dos países acima referidos, os aumentos são mais significativos. A dívida pública da Irlanda aumenta de 25,1% para 96,2% do PIB. No caso da Grécia, aumenta de 95,6% para 135,4% do PIB. No Reino Unido, aumenta de 44,2% para 88,2% do PIB. Não querendo abusar da paciência dos leitores com esta sucessão de números, convém também referir as expectativas relativas às contas públicas dos Estados Unidos. A Comissão Europeia vê o défice orçamental norte-americano em cerca de 13% do PIB em 2010 e 2011 (2,7% em 2007) e a dívida pública a subir de 62,2% para 87,3% do PIB entre 2007 e 2011.
Mas quais são, então, as interpretações alternativas sobre estes números? No campo dos pessimistas, Niall Ferguson não se limita às consequências estritamente económicas do endividamento excessivo. Ele vê nesta tendência as sementes da queda do "império americano", isto é, a perda gradual do poder económico, político e militar de que os Estados Unidos usufruíram nas últimas décadas. De acordo com esta perspectiva, o problema surge, em primeiro lugar, associado a um potencial excesso de oferta de títulos de dívida pública que se poderia vir a verificar num futuro próximo. Isto é, as emissões de dívida pelo Tesouro não encontrariam compradores suficientes. O sector bancário tem sido, ao longo do último ano, uma fonte importante de procura, canalizando uma parte importante das injecções de liquidez levadas a cabo pelos bancos centrais para títulos de dívida pública, considerados um investimento seguro num contexto ainda marcado por alguma incerteza e por baixa propensão ao risco. Mas, à medida que a política monetária se for normalizando e as operações extraordinárias de injecção de liquidez forem sendo revertidas, o sector bancário poderá ter que diminuir o respectivo investimento em dívida pública. No caso específico dos Estados Unidos, uma outra fonte importante de procura de títulos de dívida pública ("Treasuries") tem sido a China e outras economias da Ásia emergente. Mas com estas economias a basearem, cada vez mais, o seu crescimento na procura interna, a poupança doméstica e a acumulação de reservas em dólares tenderão a atenuar-se, o que se poderia reflectir numa moderação da procura de "Treasuries". Neste caso, haveria ainda a acrescentar o receio crescente de uma depreciação significativa e sustentada do dólar, que leva a que economias como a China não queiram aumentar indefinidamente a sua exposição a activos expressos na divisa americana.
Neste contexto, e na ausência de uma forte correcção dos desequilíbrios das contas públicas, o campo pessimista vê apenas duas saídas para o excesso de oferta de dívida pública: ou um "default" (uma hipótese muito improvável no caso das principais economias da UE e sem sentido no caso dos Estados Unidos), ou a "monetarização" dos défices, com os bancos centrais a criarem moeda para financiarem a aquisição dos títulos de dívida pública emitidos pelo Governo (uma hipótese associada, sobretudo, aos Estados Unidos e à Reserva Federal). No caso americano, a penalização do dólar que resultaria desta opção levaria os investidores externos a exigirem um retorno superior nos seus investimentos em activos em dólares. Os pessimistas vêem aqui a fonte de uma subida significativa das taxas de juro reais, não apenas com um impacto negativo no crescimento da actividade económica, mas gerando também uma pressão acrescida sobre o serviço da dívida. Tendo em conta a rigidez esperada ao nível das despesas com saúde e pensões, essa pressão teria que ser acomodada através de cortes mais profundos nas despesas de funcionamento do Estado, noutras despesas sociais e, particularmente no caso dos Estados Unidos, nas despesas de Defesa. Assim, o campo pessimista defende que, para se evitarem estes cenários de declínio económico e político, é necessário assumir, tão cedo quanto possível, uma estratégia de correcção e estabilização das contas públicas.
Do outro lado, o campo dos que partilham uma visão mais benigna dos défices e dívida públicos não é indiferente, por princípio, às potenciais consequências negativas de uma situação orçamental desequilibrada. No entanto, este campo vê como fundamental qualificar e contextualizar essa subida dos défices. Como Krugman referiu recentemente, no que respeita aos défices, "the causes matter". Isto é, não podemos ser indiferentes às causas dos desequilíbrios orçamentais. No caso de uma economia em "velocidade cruzeiro", ou numa situação próxima de pleno emprego, a deterioração das contas públicas não é justificável e pode, de facto, conduzir aos efeitos negativos atrás descritos. Mas numa situação de forte recessão, risco de depressão e forte quebra dos níveis de confiança, o aumento dos défices pode ser justificável e necessário. Com o crédito e a liquidez em contracção, e com o sector privado sem qualquer propensão à despesa, a economia enfrentaria um sério risco de depressão e deflação, das quais seria extremamente difícil sair. Neste contexto, o campo dos optimistas vê o aumento da despesa pública (e, em certos casos, a descida de impostos) como um meio de quebrar o círculo vicioso da depressão, contribuindo para o aumento do rendimento, da confiança e da propensão à despesa ao nível das famílias e das empresas.
Como os aumentos da despesa e das necessidades de financiamento públicas vêm ocupar os espaços deixados pela despesa privada (que se contrai) e pela poupança privada (que sobe), a subida dos défices não vem asfixiar a economia. Não há competição pelo financiamento, pelo que não faria sentido esperar uma subida significativa dos juros reais.
O interessante confronto entre estas duas posições deverá continuar no futuro próximo, ambas em busca de dados e factos que as validem. Não cabe aqui avaliar todos os méritos da questão, dado que uma discussão mais profunda exigiria mais espaço. No entanto, e para lá das posições políticas que também os motivam, é possível ver alguma razão nos dois campos.
As medidas orçamentais de emergência terão, de facto, evitado cenários bem mais negativos para a economia mundial. E é provavelmente ainda cedo para uma saída rápida de cena dos estímulos públicos. Mas o grande desafio será saber retirar estes estímulos no "timing" adequado, sob pena de se enfrentarem, de facto, consequências negativas importantes. Mas estas ficarão para um outro artigo.
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O problema com esse texto é que limita a análise aos aspectos da dívidas ou dos défictes, quando o problema é bem mais profundo, existe uma perda da eficiência na capacidade produtiva dos EUA, em face, aos países emergentes. Dado que as barreiras não comerciais estão diminuindo de forma crescente. Quer dizer, de fato o mercado está se tornando global, e dentro desse contexto, não é viável a concentração de riqueza como ocorria antes.
As dívidas são apenas uma das consequências do fato acima. Porém, as políticas hegemônicas dos EUA, estão agravando o desequilíbrio. É a velha fábula do escorpião e o sapo, é da minha natureza...
[]´s
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Re: O fim do Dollar e da Hegemonia U.S.A.
E vai indo, vai indo... .
Leandro G. CardBrasil quer mais comércio em moeda local no Mercosul
DENISE CHRISPIM MARIN, ENVIADA ESPECIAL - Agencia Estado
MONTEVIDÉU - O governo brasileiro apresentou hoje a seus sócios do Mercosul uma oferta de integração ao Sistema de Comércio em Moeda Local (SML). Segundo Luiz Eduardo Melin, chefe de gabinete do ministro da Fazenda, Guido Mantega, o Brasil pretende ampliar este sistema com a inclusão de novos países como uma forma de estimular o comércio em um momento em que em nível internacional se mostra enfraquecido.
O SML funciona apenas entre Brasil e Argentina. A expectativa brasileira é que a inclusão do Uruguai se dê no primeiro semestre de 2010. A proposta brasileira foi apresentada durante a XXXVIII Reunião do Conselho do Mercado Comum, integrada pelos ministros da economia e comércio dos países do Mercosul.
Durante a reunião, o governo brasileiro apresentou também proposta de dinamização do convênio de crédito recíproco (CCR). A intenção é convocar os países que integram o convênio a fazerem estudos internos a partir de consultas aos usuários do CCR para identificar medidas que possam torná-lo mais atraente. O resultado dessas consultas deverá ser analisado pela Associação Latino Americana de Integração (Aladi) para que as medidas sejam adotadas no mais curto prazo possível. Luiz Eduardo Melin disse que o CCR, que já completou 40 anos, precisaria passar por reforma.
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Re: O fim do Dollar e da Hegemonia U.S.A.
Realmente, agora que estamos reunindo artigos, notas e outros sobre este tema, a coisa parece ser bem mais próxima do que pensamos:
25/11/2009 - 10h09
Rússia diz que Brasil tem interesse em comércio com moeda local
MOSCOU, 25 de novembro (Reuters) - O Brasil está interessado em realizar o comércio bilateral com a Rússia em moedas locais, disse nesta quarta-feira um integrante do banco central russo, em mais uma demonstração do interesse de Moscou de usar mais a moeda nacional em detrimento do dólar.
A Rússia já discute realizar o comércio bilateral em moedas nacionais com a China e com a Índia --que junto com o Brasil e a Rússia formam o grupo Bric de países emergentes--, além de outros países como Turquia e Vietnã.
"Houve uma iniciativa dentro dos Brics. Esses países pretendem criar as condições para o pagamento direto do comércio em moedas nacionais", disse Alexander Potemkin, assessor do presidente do banco central russo.
"O Brasil já expressou esse interesse. A Índia... está pronta para discutir o tema", acrescentou, falando na Duma, câmara baixa do Parlamento.
Ele estimou que as transações em iuan e rublos já representem cerca de 2 por cento do comércio da Rússia com a China.
(Reportagem de Yelena Fabrichnaya)
25/11/2009 - 10h09
Rússia diz que Brasil tem interesse em comércio com moeda local
MOSCOU, 25 de novembro (Reuters) - O Brasil está interessado em realizar o comércio bilateral com a Rússia em moedas locais, disse nesta quarta-feira um integrante do banco central russo, em mais uma demonstração do interesse de Moscou de usar mais a moeda nacional em detrimento do dólar.
A Rússia já discute realizar o comércio bilateral em moedas nacionais com a China e com a Índia --que junto com o Brasil e a Rússia formam o grupo Bric de países emergentes--, além de outros países como Turquia e Vietnã.
"Houve uma iniciativa dentro dos Brics. Esses países pretendem criar as condições para o pagamento direto do comércio em moedas nacionais", disse Alexander Potemkin, assessor do presidente do banco central russo.
"O Brasil já expressou esse interesse. A Índia... está pronta para discutir o tema", acrescentou, falando na Duma, câmara baixa do Parlamento.
Ele estimou que as transações em iuan e rublos já representem cerca de 2 por cento do comércio da Rússia com a China.
(Reportagem de Yelena Fabrichnaya)
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Re: O fim do Dollar e da Hegemonia U.S.A.
a coisa ta devagar mas ta andando!
De 1 em 1% do mercado mundial. Pouco a pouco o dolar perde espaço, e é justamente quando os EUA mais precisam do dolar circulando!
De 1 em 1% do mercado mundial. Pouco a pouco o dolar perde espaço, e é justamente quando os EUA mais precisam do dolar circulando!
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Re: O fim do Dollar e da Hegemonia U.S.A.
Tem sempre mais pela Internet, a coisa ta indo!!!
domingo, 28 de junho de 2009, 18:10 | Online
Brasil e Índia estudam uso de moeda local em comércio!!
JAMIL CHADE -
BASILEIA - Depois de iniciar trabalhos com a China, o Brasil entra em entendimento com a Índia para estudar a adoção de moedas locais no comércio bilateral. Hoje, na Basileia, o presidente do Banco Central brasileiro, Henrique Meirelles, esteve reunido com autoridades indianas e determinaram o início dos trabalhos.
Neste fim de semana, Meirelles já havia fechado um entendimento similar com a China, ainda que o projeto com Pequim esteja mais avançado. O objetivo do governo é dispensar gradativamente a moeda americana nas relações com seus principais parceiros e, assim, reduzir a volatilidade nas transações.
No médio prazo, a esperança do Brasil é de que alguns produtos comecem a ser cotados não mais em dólares, mas em moedas locais. Para isso, porém, o número de acordos como o que o Brasil começa a fechar com a China e Índia terá de ser ampliado. No caso da Índia, a assessoria de imprensa do BC brasileiro indicou que ficou determinado que uma missão seria enviada pelo Brasil para discutir o projeto com Nova Deli.
domingo, 28 de junho de 2009, 18:10 | Online
Brasil e Índia estudam uso de moeda local em comércio!!
JAMIL CHADE -
BASILEIA - Depois de iniciar trabalhos com a China, o Brasil entra em entendimento com a Índia para estudar a adoção de moedas locais no comércio bilateral. Hoje, na Basileia, o presidente do Banco Central brasileiro, Henrique Meirelles, esteve reunido com autoridades indianas e determinaram o início dos trabalhos.
Neste fim de semana, Meirelles já havia fechado um entendimento similar com a China, ainda que o projeto com Pequim esteja mais avançado. O objetivo do governo é dispensar gradativamente a moeda americana nas relações com seus principais parceiros e, assim, reduzir a volatilidade nas transações.
No médio prazo, a esperança do Brasil é de que alguns produtos comecem a ser cotados não mais em dólares, mas em moedas locais. Para isso, porém, o número de acordos como o que o Brasil começa a fechar com a China e Índia terá de ser ampliado. No caso da Índia, a assessoria de imprensa do BC brasileiro indicou que ficou determinado que uma missão seria enviada pelo Brasil para discutir o projeto com Nova Deli.
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Re: O fim do Dollar e da Hegemonia U.S.A.
Tem mais...sentem-se...relaxa-se e veja com calma o futuro que nos espera!
Brasil poderá ter comércio em moeda local com China, Rússia e Índia, diz Meirelles
out 28, 2009
O Brasil poderá ter comércio em moeda local com a China, Rússia e Índia, informou nesta terça-feira o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
De acordo com Meirelles, o BC tem trabalhado com os bancos centrais dos três países para possibilitar a compra e venda de produtos nas moedas locais, como já ocorre com a Argentina.
Nível de otimismo do empresariado é o maior desde 2005, diz CNI
Desvalorização do dólar reduz preços de eletroeletrônicos
Miguel Jorge contraria Mantega e diz que IOF não melhora exportação
“Estamos trabalhando os dois bancos centrais juntos para viabilizar comércio com a China em moeda local. Estamos trabalhando também em conjunto com os bancos centrais da Rússia e da Índia”, afirmou.
Na semana passada, o BC brasileiro assinou acordo com a autoridade monetária do Uruguai para iniciar processo semelhante. De acordo com o BC, o comércio em moeda local com o Uruguai deverá começar no segundo trimestre do próximo ano.
O comércio em moeda local com a Argentina já funciona desde setembro do ano passado. Em setembro, a corrente de comércio em moeda local entre os dois países foi de R$ 74,8 milhões.
Fonte: Folha On Line
Brasil poderá ter comércio em moeda local com China, Rússia e Índia, diz Meirelles
out 28, 2009
O Brasil poderá ter comércio em moeda local com a China, Rússia e Índia, informou nesta terça-feira o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
De acordo com Meirelles, o BC tem trabalhado com os bancos centrais dos três países para possibilitar a compra e venda de produtos nas moedas locais, como já ocorre com a Argentina.
Nível de otimismo do empresariado é o maior desde 2005, diz CNI
Desvalorização do dólar reduz preços de eletroeletrônicos
Miguel Jorge contraria Mantega e diz que IOF não melhora exportação
“Estamos trabalhando os dois bancos centrais juntos para viabilizar comércio com a China em moeda local. Estamos trabalhando também em conjunto com os bancos centrais da Rússia e da Índia”, afirmou.
Na semana passada, o BC brasileiro assinou acordo com a autoridade monetária do Uruguai para iniciar processo semelhante. De acordo com o BC, o comércio em moeda local com o Uruguai deverá começar no segundo trimestre do próximo ano.
O comércio em moeda local com a Argentina já funciona desde setembro do ano passado. Em setembro, a corrente de comércio em moeda local entre os dois países foi de R$ 74,8 milhões.
Fonte: Folha On Line
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Re: O fim do Dollar e da Hegemonia U.S.A.
mais e mais...
Moedas da Ásia caem após taxação de ADR no Brasil
19/11 - 07:27 - Reuters.
NOVA DÉLHI/JACARTA - As moedas da Índia e da Indonésia foram pressionadas nesta quinta-feira pela decisão do Brasil de taxar as operações com recibos de ações brasileiras no exterior, com o objetivo de restringir a migração de investidores do mercado local depois da cobrança de IOF anunciada no mês passado. A medida levantou temores na Ásia de que mais países asiáticos possam adotar controles de fluxo de capital.
O presidente do banco central de Taiwan aproveitou a oportunidade para alimentar as dúvidas de especuladores sobre apostas em ganhos na moeda local, enquanto a Índia descartou a necessidade de uma ação imediata, mas ambos ressaltaram que estão observando de perto os fluxos de capital.
Com as economias ocidentais ainda saindo da recessão e os juros em recorde de baixa, os mercados emergentes, com crescimento mais forte, estão sendo inundados de recursos.
Na Indonésia, a rúpia caiu cerca de 1%, para 9.510 ante o dólar, mesmo com o BC vendendo dólares para dar suporte à moeda.
A rúpia da Índia recuava 0,5%, para 46,41/42 por dólar.
Na quarta-feira, o Brasil anunciou a taxação de 1,5%, dizendo que a cobrança busca "equalizar" os mercados após a cobrança de 2% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para investimentos estrangeiros voltados a renda fixa e ações no Brasil, como forma de tentar conter a valorização do real.
Com a medida, muitos investidores em bolsa passaram a negociar apenas ADRs, para evitar a taxação. Mas outros compravam ADRs com o objetivo de cancelar os recibos, tendo em troca ações no mercado doméstico e, assim, escapando da incidência de IOF.
Moedas da Ásia caem após taxação de ADR no Brasil
19/11 - 07:27 - Reuters.
NOVA DÉLHI/JACARTA - As moedas da Índia e da Indonésia foram pressionadas nesta quinta-feira pela decisão do Brasil de taxar as operações com recibos de ações brasileiras no exterior, com o objetivo de restringir a migração de investidores do mercado local depois da cobrança de IOF anunciada no mês passado. A medida levantou temores na Ásia de que mais países asiáticos possam adotar controles de fluxo de capital.
O presidente do banco central de Taiwan aproveitou a oportunidade para alimentar as dúvidas de especuladores sobre apostas em ganhos na moeda local, enquanto a Índia descartou a necessidade de uma ação imediata, mas ambos ressaltaram que estão observando de perto os fluxos de capital.
Com as economias ocidentais ainda saindo da recessão e os juros em recorde de baixa, os mercados emergentes, com crescimento mais forte, estão sendo inundados de recursos.
Na Indonésia, a rúpia caiu cerca de 1%, para 9.510 ante o dólar, mesmo com o BC vendendo dólares para dar suporte à moeda.
A rúpia da Índia recuava 0,5%, para 46,41/42 por dólar.
Na quarta-feira, o Brasil anunciou a taxação de 1,5%, dizendo que a cobrança busca "equalizar" os mercados após a cobrança de 2% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para investimentos estrangeiros voltados a renda fixa e ações no Brasil, como forma de tentar conter a valorização do real.
Com a medida, muitos investidores em bolsa passaram a negociar apenas ADRs, para evitar a taxação. Mas outros compravam ADRs com o objetivo de cancelar os recibos, tendo em troca ações no mercado doméstico e, assim, escapando da incidência de IOF.
- soultrain
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Re: O fim do Dollar e da Hegemonia U.S.A.
Resumo:
The Dollar and the Deficits
How Washington Can Prevent the Next Crisis
November/December 2009
C. Fred Bergsten
C. FRED BERGSTEN is Director of the Peter G. Peterson Institute for International Economics. He was Assistant Secretary of the Treasury for International Affairs from 1977 to 1981 and Assistant for International Economic Affairs to the National Security Council from 1969 to 1971. Copyright 2009, Peterson Institute for International Economics.
Even as efforts to recover from the current crisis go forward, the United States should launch new policies to avoid large external deficits, balance the budget, and adapt to a global currency system less centered on the dollar. Although it will take a number of years to fully implement these measures, they should be initiated promptly both to bolster confidence in the recovery and to build the foundation for a sustainable U.S. economy over the long haul. This is not just an economic imperative but a foreign policy and national security one as well.
A first step is to recognize the dangers of standing pat. For example, the United States' trade and current account deficits have declined sharply over the last three years, but absent new policy action, they are likely to start climbing again, rising to record levels and far beyond. Or take the dollar. Its role as the dominant international currency has made it much easier for the United States to finance, and thus run up, large trade and current account deficits with the rest of the world over the past 30 years. These huge inflows of foreign capital, however, turned out to be an important cause of the current economic crisis, because they contributed to the low interest rates, excessive liquidity, and loose monetary policies that -- in combination with lax financial supervision -- brought on the overleveraging and underpricing of risk that produced the meltdown.
It has long been known that large external deficits pose substantial risks to the U.S. economy because foreign investors might at some point refuse to finance these deficits on terms compatible with U.S. prosperity. Any sudden stop in lending to the United States would drive the dollar down, push inflation and interest rates up, and perhaps bring on a hard landing for the United States -- and the world economy at large. But it is now evident that it can be equally or even more damaging if foreign investors do finance large U.S. deficits for prolonged periods.
U.S. policymakers, therefore, must recognize that large external deficits, the dominance of the dollar, and the large capital inflows that necessarily accompany deficits and currency dominance are no longer in the United States' national interest. Washington should welcome initiatives put forward over the past year by China and others to begin a serious discussion of reforming the international monetary system.
Copyright © 2002-2009 by the Council on Foreign Relations, Inc.
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The Dollar and the Deficits
How Washington Can Prevent the Next Crisis
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Even as efforts to recover from the current crisis go forward, the United States should launch new policies to avoid large external deficits, balance the budget, and adapt to a global currency system less centered on the dollar. Although it will take a number of years to fully implement these measures, they should be initiated promptly both to bolster confidence in the recovery and to build the foundation for a sustainable U.S. economy over the long haul. This is not just an economic imperative but a foreign policy and national security one as well.
A first step is to recognize the dangers of standing pat. For example, the United States' trade and current account deficits have declined sharply over the last three years, but absent new policy action, they are likely to start climbing again, rising to record levels and far beyond. Or take the dollar. Its role as the dominant international currency has made it much easier for the United States to finance, and thus run up, large trade and current account deficits with the rest of the world over the past 30 years. These huge inflows of foreign capital, however, turned out to be an important cause of the current economic crisis, because they contributed to the low interest rates, excessive liquidity, and loose monetary policies that -- in combination with lax financial supervision -- brought on the overleveraging and underpricing of risk that produced the meltdown.
It has long been known that large external deficits pose substantial risks to the U.S. economy because foreign investors might at some point refuse to finance these deficits on terms compatible with U.S. prosperity. Any sudden stop in lending to the United States would drive the dollar down, push inflation and interest rates up, and perhaps bring on a hard landing for the United States -- and the world economy at large. But it is now evident that it can be equally or even more damaging if foreign investors do finance large U.S. deficits for prolonged periods.
U.S. policymakers, therefore, must recognize that large external deficits, the dominance of the dollar, and the large capital inflows that necessarily accompany deficits and currency dominance are no longer in the United States' national interest. Washington should welcome initiatives put forward over the past year by China and others to begin a serious discussion of reforming the international monetary system.
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"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
NJ
- soultrain
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Re: O fim do Dollar e da Hegemonia U.S.A.
Incumprimento estratégico
Ter dinheiro e não pagar a casa começa a ser normal nos EUA
Muitos norte-americanos enfrentam uma escolha inédita na gestão das suas finanças pessoais, reporta o "Wall Street Journal". A questão, para muitas famílias, é que com a decida do valor do imobiliário, a dívida supera a avaliação actual da casa, pelo que "compensa" deixar de cumprir o pagamento das mensalidades da hipoteca de sua casa, perdendo a casa e poupando dinheiro.
Hugo Paula
hugopaula@negocios.pt
Muitos norte-americanos enfrentam uma escolha inédita na gestão das suas finanças pessoais, reporta o "Wall Street Journal". A questão, para muitas famílias, é que com a descida do valor do imobiliário, a dívida supera a avaliação actual da casa, pelo que "compensa" deixar de cumprir o pagamento das mensalidades da hipoteca de sua casa, perdendo a casa e poupando dinheiro.
Nos Estados norte-americanos onde os preços das casas estão a cair mais, muitas famílias consideram a hipótese de “incumprimento estratégico”. Ou seja, abandonarem a sua casa não por dificuldade financeira, mas porque acreditam que é a melhor estratégia, refere o "Wall Street Journal".
É que nos Estados onde os preços das casas foram mais penalizados durante a crise financeira, existem bairros onde a generalidade dos moradores estão a pagar hipotecas com valores muito superiores ao valor de mercado das casas.
Ainda assim, esta decisão não é livre de risco nem de dilemas morais. Nos Estados Unidos, um contrato de hipoteca-padrão diz: “prometo pagar” o montante emprestado, bem como o juro que lhe corresponde, relembra o "Wall Street Journal". Em resultado disso muitos defendem que a promessa de pagamento deve ser cumprida, enquanto a pessoa puder pagar, mesmo que não lhe seja conveniente.
O professor de Ética nos Negócios, da Universidade de Georgetown disse ao "Wall Street Journal", que os devedores que possam pagar e não tenham sido enganados pelo banco acerca da natureza do empréstimo, têm a responsabilidade moral de pagar.
Além disso, virar as costas a um contrato de empréstimo não é uma decisão livre de consequências. O incumprimento fica no registo de crédito do consumidor durante sete anos – impedindo-o de comprar outra casa com recurso a crédito durante três a cinco anos – e leva o registo de crédito a piorar por um período de sete anos, nos Estados Unidos.
Por outro lado, vários bancos já avisaram que vão ser duros com quem utilizar esta estratégia. “Vamos tentar reduzir os pagamentos de pessoas que tenham dificuldades em pagar”, disse ao jornal o porta-voz do JP Morgan, Thomas Kelly. “Mas temos a responsabilidade financeira de obrigar as pessoas a pagar aquilo que devem, quando estas o podem pagar”.
O "Wall Street Journal" refere o caso Steve Olson, que entrou em “incumprimento estratégico” em 2007, quando a sua casa passou a valer muito menos do que o empréstimo que se encontrava a pagar, “pensando que podia continuar com a minha vida” disse ao jornal.
No entanto, o RBC Bank processou-o e procura obrigá-lo a pagar 400 mil dólares ao banco, para cobrir as perdas relacionadas com o incumprimento da hipoteca. O caso está em tribunal.
Ter dinheiro e não pagar a casa começa a ser normal nos EUA
Muitos norte-americanos enfrentam uma escolha inédita na gestão das suas finanças pessoais, reporta o "Wall Street Journal". A questão, para muitas famílias, é que com a decida do valor do imobiliário, a dívida supera a avaliação actual da casa, pelo que "compensa" deixar de cumprir o pagamento das mensalidades da hipoteca de sua casa, perdendo a casa e poupando dinheiro.
Hugo Paula
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Muitos norte-americanos enfrentam uma escolha inédita na gestão das suas finanças pessoais, reporta o "Wall Street Journal". A questão, para muitas famílias, é que com a descida do valor do imobiliário, a dívida supera a avaliação actual da casa, pelo que "compensa" deixar de cumprir o pagamento das mensalidades da hipoteca de sua casa, perdendo a casa e poupando dinheiro.
Nos Estados norte-americanos onde os preços das casas estão a cair mais, muitas famílias consideram a hipótese de “incumprimento estratégico”. Ou seja, abandonarem a sua casa não por dificuldade financeira, mas porque acreditam que é a melhor estratégia, refere o "Wall Street Journal".
É que nos Estados onde os preços das casas foram mais penalizados durante a crise financeira, existem bairros onde a generalidade dos moradores estão a pagar hipotecas com valores muito superiores ao valor de mercado das casas.
Ainda assim, esta decisão não é livre de risco nem de dilemas morais. Nos Estados Unidos, um contrato de hipoteca-padrão diz: “prometo pagar” o montante emprestado, bem como o juro que lhe corresponde, relembra o "Wall Street Journal". Em resultado disso muitos defendem que a promessa de pagamento deve ser cumprida, enquanto a pessoa puder pagar, mesmo que não lhe seja conveniente.
O professor de Ética nos Negócios, da Universidade de Georgetown disse ao "Wall Street Journal", que os devedores que possam pagar e não tenham sido enganados pelo banco acerca da natureza do empréstimo, têm a responsabilidade moral de pagar.
Além disso, virar as costas a um contrato de empréstimo não é uma decisão livre de consequências. O incumprimento fica no registo de crédito do consumidor durante sete anos – impedindo-o de comprar outra casa com recurso a crédito durante três a cinco anos – e leva o registo de crédito a piorar por um período de sete anos, nos Estados Unidos.
Por outro lado, vários bancos já avisaram que vão ser duros com quem utilizar esta estratégia. “Vamos tentar reduzir os pagamentos de pessoas que tenham dificuldades em pagar”, disse ao jornal o porta-voz do JP Morgan, Thomas Kelly. “Mas temos a responsabilidade financeira de obrigar as pessoas a pagar aquilo que devem, quando estas o podem pagar”.
O "Wall Street Journal" refere o caso Steve Olson, que entrou em “incumprimento estratégico” em 2007, quando a sua casa passou a valer muito menos do que o empréstimo que se encontrava a pagar, “pensando que podia continuar com a minha vida” disse ao jornal.
No entanto, o RBC Bank processou-o e procura obrigá-lo a pagar 400 mil dólares ao banco, para cobrir as perdas relacionadas com o incumprimento da hipoteca. O caso está em tribunal.
"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
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Re: O fim do Dollar e da Hegemonia U.S.A.
the United States should launch new policies to avoid large external deficits, balance the budget, and adapt to a global currency system less centered on the dollar.
Eles estão falando o mesmo que os Brics!!!
U.S. policymakers, therefore, must recognize that large external deficits, the dominance of the dollar, and the large capital inflows that necessarily accompany deficits and currency dominance are no longer in the United States' national interest. Washington should welcome initiatives put forward over the past year by China and others to begin a serious discussion of reforming the international monetary system.
Até eles mesmos estào caindo na Real!!
Valeu Soultrain!!
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Re: O fim do Dollar e da Hegemonia U.S.A.
Olhe bem.... comento mais a frente
P. S. Olhar o que o cara fez pode ser interessante, mas não quer dizer muito.
P. S. Olhar o que o cara fez pode ser interessante, mas não quer dizer muito.
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Re: O fim do Dollar e da Hegemonia U.S.A.
soultrain escreveu:Resumo:
Não têm grandes novidades, mas vamos lá.The Dollar and the Deficits
How Washington Can Prevent the Next Crisis
November/December 2009
C. Fred Bergsten
C. FRED BERGSTEN is Director of the Peter G. Peterson Institute for International Economics. He was Assistant Secretary of the Treasury for International Affairs from 1977 to 1981 and Assistant for International Economic Affairs to the National Security Council from 1969 to 1971. Copyright 2009, Peterson Institute for International Economics.[/size]
Está citando um assunto que foi e é muito discutido sobre os desequilíbrios globais. Principalmente, referente até quanto essa dinâmica dos EUA crescentemente deficitários se sustenta.Even as efforts to recover from the current crisis go forward, the United States should launch new policies to avoid large external deficits, balance the budget, and adapt to a global currency system less centered on the dollar. Although it will take a number of years to fully implement these measures, they should be initiated promptly both to bolster confidence in the recovery and to build the foundation for a sustainable U.S. economy over the long haul. This is not just an economic imperative but a foreign policy and national security one as well.
A parte em verde refere-se das vantagens de uma país ter a sua moeda forte e maioria das transações internacionais efetuada em sua moeda nacional. Assim sendo, fica fácil sustentar deficits externos ao longo do tempo e ter maior estabilidade contra instabilidades. Por isso sempre falo que é importante o Brasil ter uma moeda forte, que é uma manifestação do poder do país.A first step is to recognize the dangers of standing pat. For example, the United States' trade and current account deficits have declined sharply over the last three years, but absent new policy action, they are likely to start climbing again, rising to record levels and far beyond. Or take the dollar. Its role as the dominant international currency has made it much easier for the United States to finance, and thus run up, large trade and current account deficits with the rest of the world over the past 30 years. These huge inflows of foreign capital, however, turned out to be an important cause of the current economic crisis, because they contributed to the low interest rates, excessive liquidity, and loose monetary policies that -- in combination with lax financial supervision -- brought on the overleveraging and underpricing of risk that produced the meltdown.
Os EUA sugador da liquidez mundial, ou seja, atraem capitais para financiar seus déficits e consumo, impulsionado pelos países que mantém grandes reservas em dólares e precisam aplicar em algum coisa. Por isso que as taxas de juros norte-americanas são baixas e grande oferta de credito. O que pode mascarar o quadro e parecer algo que as coisas estão bem quando não estão bem na medida em que os agentes financeiros e tomadores de empréstimos estão se arriscando cada vez mais e se dando bem. Porém um dia isso acaba e "boom".
Fala que no passado a estratégia de manter deficits externos e públicos foi compatível com prosperidade norte-americana. Isso realmente aconteceu. A década de 1990 foi maravilhosa para os EUA, contrariando muitos catastrofistas que previam a nova hegemonia nipo-germânica e do capitalismo organizado. Tenho um texto da Maria Conceição Tavares do começo da década de 1990 que defende com entusiasmo essas prerrogativas.It has long been known that large external deficits pose substantial risks to the U.S. economy because foreign investors might at some point refuse to finance these deficits on terms compatible with U.S. prosperity. Any sudden stopin lending to the United States would drive the dollar down, push inflation and interest rates up, and perhaps bring on a hard landing for the United States -- and the world economy at large. But it is now evident that it can be equally or even more damaging if foreign investors do finance large U.S. deficits for prolonged periods.
O temor do autor é em relação a perda de confiança dos investidores nos EUA, levando anão mais investir e/ou retirar seus capitais dos EUA. O que provocaria a insustentabilidade dos déficits externos e públicos através da fuga de capitais "sudden stop" que provocará a desvalorização acentuada do dólar, aumento da inflação e das taxas de juros para combatê-la.
Sugere que os norte-americanos tem que começar a desarmar a bomba antes que faça "boom" e os prejudica mais do que uma saída negociada.U.S. policymakers, therefore, must recognize that large external deficits, the dominance of the dollar, and the large capital inflows that necessarily accompany deficits and currency dominance are no longer in the United States' national interest. Washington should welcome initiatives put forward over the past year by China and others to begin a serious discussion of reforming the international monetary system.
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