Olá Kirk,kirk escreveu:Olá Alberto, Boa Tarde !AlbertoRJ escreveu: Não é tão off-topic assim.
A escolha política dos caças está ligada com a política externa e com as aspirações nacionais.
Nós não podemos condenar o Irã porque também estamos desenvolvendo um programa nuclear e, se os arsenais continuarem ativos, o destino nos levará a implementar um programa militar.
O Brasil é a única potência emergente que não dispõe de um arsenal nuclear e isso sempre será um ponto fraco nas nossas relações. Hoje precisamos apoiar um país que tem o direito legítimo de enriquecer urânio por conta própria porque é nosso direito também fazê-lo. Se Índia, China ou Rússia ou outras potências não hegemônicas não possuíssem seus programas nucleares independentes, estes países também usariam da diplomacia para apoiar o Irã.
O país não procura uma política de enfrentamento e sim a não subserviência. A diplomacia serve para alcançar os Objetivos Nacionais sem entrar em conflito.
Entendo que a França, como parceira, é dos males, o menor. Alguns dos nossos interesses encontram mais respaldo na política francesa. O Acordo de Defesa Brasil-França não garante nem independência nem soberania mas deve ser considerado o melhor ponto de partida para isso.
Queiram os amigos ou não, o Brasil tenderá a ter posições que não agradarão os EUA, embora as boas relações deverão ser mantidas por interesse mútuo. O Brasil não será membro de nenhum "eixo do mal" mas tenderá a tomar atitudes de maneira independente e preparar o seu futuro.
Os EUA são nossos amigos mas também são a potência hegemônica mundial. Seus interesses nem sempre serão os nossos. No seio das próprias Forças Armadas existe muita desconfiança política como relação aos EUA e em relação às suas intenções para transferência tecnológica. O passado os condena.
Abraços
Concordo em muito do que disse, ... porém, permita-me discordar na questão do "precedente" Norte Americano sobre TT ... acho pouco crível que os concorrentes transfiram seus segredos militares em base à venda de 36 vetores ... acho menos crível ainda a mensão de transferência irrestríta ... creio que mesmo sob contrato tais compromissos não serão cumpridos, pois, não há uma regulamentação internacional sobre vendas de armas ...
Nossos reclamos, sobre a tt americana acontecem porque a esmagadora maioria de nossos equipamentos militares são oriundos dos EEUU (minha opinião), porisso a questão de "maus precedentes" ou "o passado os condena" são aplicados exclusivamente aos americanos ... entretanto pergunto : Há "Bons Precedentes" de Franceses ou Suécos ? ... vc conhece ou poderia me (nos) lembrar de um caso em que a França transferiu sua tecnologia a um país estrangeiro ? ... ou a Suécia ?
Creio que se houver quaisquer transferência de tecnologia no ambito do FX2, será exclusivamente por INTERESSE da empresa privada que fabrica os aviões, sob essa ótica :
- A Dassault tem o apoio do gov francês e não participa nem de consórcio internacional para desenv de aviões, levanta a tradicional bandeira francesa de independência em relação a equipamentos militares, vê na Embraer um potencial e temeroso rival, sendo seu principal interesse a "inauguração" da venda externa do Rafale e recursos para a conclusão do desenvolvimento do seu equipamento ... a venda ao Brasil torna-se um EXCELENTE argumento nas demais concorrências e um BELISSIMO "cartão de visita" ... porém, ao meu ver, não é suficiente para transferir tecnologia sensível ... irrestríta nem pensar ...
- A Boeing tbm conta com o apoio de seu gov. com vendas expressivas de seu equipamento à USNavy, ... não exerga a Embraer como concorrente de relevância, ... não fará diferença para a empresa vencer ou não no Brasil, demonstraram interesse no KC-390 (co-participação), pois, conhece esse mercado, e talves vislumbre um potencial oponente ao C-130 da Lockheed dentro do mercado americano ... não sei mensurar se suficiente para transerência de alguma tecnologia sensível pedida pela FAB ...
- A Saab falta apoio de seu governo, bem como, a suécia não é vista como um "player" na comunidade internacional, acomodada em sua tradicional "neutralidade", ... a Saab enxerga a Embraer como uma empresa "complementar", isto posto, "pode" haver forte interesse da Saab em "compartilhar" com a Embraer e com o Brasil ... a Embraer conta com uma rede de manutenção de alcance mundial ... é uma marca respeitada e agrega valor à Saab, o Brasil já é um "player" no cenário internacional, com forte influência sobre os "não alinhados" ... mercado alvo do Gripen ... e o "peso" do nosso país pode fazer diferença em uma disputa ...
Resumidamente é isso o que eu penso sobre transferência de tecnologia.
Sds
kirk
É pouco crível que alguém realmente transfira segredos industriais com a venda de meros 36 caças. Principalmente se o vendedor não precisa se esforçar muito para ter uma indústria bélica independente, se ele já domina a maioria dos mercados, se tem uma capacidade industrial e financeira praticamente infinita e ainda tem uma clara política de não compartilhar tecnologias, inclusive com aliados próximos.
Como eu disse, dos males o menor.
A Dassault pode querer vender os 36 caças mas o Governo Francês não quer parar por aí, porque eles depende tanto de um parceiro quanto nós. Então são os 36 caças mais helicópteros, radares, navios, submarinos e quem sabe. Eles querem um Acordo de Defesa tanto porque precisam. A França ainda quer manter a sua indústria de defesa independente e nós queremos criar a nossa. Vale o esforço.
É óbvio que compramos e compraremos ainda muitos equipamentos norte-americanos. Mas quando se trata de transferência de tecnologia, as opções reais estão na Europa, mais especificamente com quem é independente de terceiros para fazê-lo.
O passado condena sim os EUA e os Comandantes das FFAA sabem disso e existem inúmeros exemplos. Mas os equipamentos são bons e têm bom preço. Isso é indiscutível.
A França já demonstrou que tem interesses maiores aqui.
Abraços!