AlbertoRJ escreveu:Vinicius Pimenta escreveu:
Eu concordo.
Do que foi dito lá sobre esses pontos foi o seguinte. Eles garantem o NG pronto em 2014 (vejo "poréns" aí, tento comentar depois). O governo sueco se compromete com o programa se o Brasil o escolher. Para mim ficou bem claro que o NG depende mais do Brasil do que da própria Suécia. É um ponto negativo claro para mim. A explicação que eles deram é que o Parlamento ainda não decidiu sobre o número de caças da Força Aérea local, então basicamente eles não podem dizer quando e quantos NGs eles vão adquirir, mas dizem que vão, até porque os C/D não vão durar para sempre. Resta saber se é viável a gente ficar nessa indecisão. Pessoalmente não sei opinar sobre isso.
Aí é que entra essa questão do Plano B que você tem dito. Não sei quem te falou, mas está equivocado. Na verdade, esse não é o Plano B. Esse é o Plano A. Eles vão operar 100 Gripen C/D, que é o número de aeronaves autorizadas pelo Parlamento na próxima década. Só após a autorização do Parlamento para a reconfiguração da Força Aérea sueca, é que eles comprarão o NG (se existir).
Em relação a componentes de terceiros, o Gripen NG realmente tem esse aspecto. Isso tem sido muito citado aqui no Brasil, e eu não sei até que ponto é válido. De onde vem a turbina do nosso KC-390? Quanto de nacional tem no Super Tucano?
Está se debatendo um assunto realmente relevante (independência) como se fosse possível resolver um problema de 500 anos em uma única compra de caças. Eu acho que não dá. Não acho que ter um caça 100% de uma procedência seja independência. Com os Rafales somos tão dependentes dos franceses quanto somos hoje com os F-5 norte-americanos, AMX, Super Tucanos e seremos com o KC-390.
O processo de independência tecnológica será longo. Exige investimentos continuados. O segredo está em escolher em qual proposta o caminho para essa indendência é melhor. Há quem considere o Rafale, há quem considere o NG. Eu não sei, não tive acesso a nenhuma proposta. Só sei o que querem que se saiba. Por isso eu acho extremamente complicado escolher um lado. A escolha para quem está de fora passa muito mais pela "crença" do que pelo embasamento.
Vinícius,
Seu post é muito bom e não há muito o que argumentar.
Sobre o plano B, me referi a um comentário feito aqui de que seriam Gripens C/D para a FAB, no caso de não conseguirem cumprir o prazo. Mas eu mesmo não posso dizer que esse plano existe de fato.
Sobre a independência, já que não a teremos, melhor escolher bem os amigos.
[]'s
Essa coisa de amizade entre países é bem complicado.
As relações entre os países podem mudar radicalmente em um prazo relativamente curto.
As vezes a pressão vem de onde não se espera...
UE cobra que Brasil atue de acordo com nova envergadura
"Ser maior também significa maior responsabilidade", diz chefe da Comissão Europeia
Durão Barroso quer que país aja para fazer Irã ser mais franco sobre programa nuclear e se empenhe mais em negociações comerciais
SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS
O presidente da Comissão Europeia (órgão executivo da União Europeia), José Manuel Durão Barroso, cobrou ontem do governo brasileiro que assuma mais responsabilidades diplomáticas, comerciais e ambientais se quiser ter um maior reconhecimento de sua atuação internacional.
Feitas às vésperas da terceira cúpula União Europeia-Brasil, na próxima terça, em Estocolmo, as declarações de Durão Barroso refletem o estado das divergências bilaterais em relação a temas que o governo brasileiro considera parte de sua atuação estratégica e soberana.
"Ser maior também [significa ter] maior responsabilidade, não é só mais poder e influência. Com a influência vem a responsabilidade", disse o chefe do braço executivo da UE, numa referência à ambição declarada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de transformar o Brasil num protagonista global. Ao receber na manhã de ontem em seu gabinete, em Bruxelas, um grupo de jornalistas brasileiros, Durão Barroso pediu que o Brasil ajude a pressionar o Irã a ser mais transparente em relação ao seu programa nuclear, suspeito de ter fins militares -o que Teerã nega.
"Espero que o presidente Lula utilize não só a força e a influência do Brasil, mas também sua própria autoridade política -pois hoje em dia é um líder global muito respeitado- para avançarmos no objetivo da não proliferação nuclear", afirmou. Lula é contra isolar o Irã e defende o direito, assegurado pelo Tratado de Não Proliferação Nuclear, de o país enriquecer urânio com fins pacíficos.
Durão Barroso também cobrou mais empenho do governo brasileiro para destravar as negociações da Rodada Doha na Organização Mundial do Comércio e do acordo de livre comércio Mercosul-UE. Segundo os europeus, as conversas estão emperradas por causa da dificuldade de acesso aos mercados industriais dos países em desenvolvimento. Já o Brasil atribui o impasse às barreiras comerciais e tarifárias impostas pelos países ricos.
"A Europa é o mercado mais aberto do mundo e o maior para as exportações agrícolas dos países em desenvolvimento. Às vezes há uma ideia de que a Europa é protecionista. Francamente isso não corresponde à verdade", disse Durão Barroso. Em relação a questões ambientais, Durão Barroso disse querer que o Brasil se alie aos europeus em torno de um compromisso concreto sobre redução de gases poluentes, tema central de uma cúpula em dezembro em Copenhague.
Na contramão das cobranças, o presidente da Comissão Europeia também defendeu as gestões do governo Lula em Honduras, dizendo que apoia "todos os esforços brasileiros para resolver o problema" e destacando que também teria ajudado o presidente deposto Manuel Zelaya se ele tivesse pedido abrigo numa embaixada europeia.
O jornalista SAMY ADGHIRNI viajou a convite da Comissão Europeia
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Paris teme leniência de governo Obama com Irã nuclear
Para França, acordo para que urânio iraniano seja enriquecido no exterior não basta para que não sejam aplicadas novas sanções
Diplomatas de país europeu dizem que Teerã tem de continuar a ser pressionada a parar totalmente com o enriquecimento de urânio
DO "FINANCIAL TIMES"
A França expressou ansiedade quanto à busca do governo americano por um possível acordo sobre o programa nuclear do Irã e alertou que os EUA não deveriam permitir que Teerã expanda suas atividades de enriquecimento de urânio sem que isso acarrete novas sanções.
Enquanto as potências mundiais avaliam o resultado da importante reunião de anteontem em Genebra com o Irã, a atenção diplomática se volta à proposta de um acordo sob o qual o Irã poderia excluir cerca de 80% de sua produção de urânio de baixo enriquecimento de qualquer uso militar.
Sob os termos do acordo, o Irã transferiria a maior parte de seu estoque de urânio de baixo enriquecimento, avaliado em 1,5 tonelada, à Rússia e à França, onde ele seria processado na forma de combustível capaz de produzir isótopos médicos, dos quais o Irã precisa para uso em tratamentos de câncer.
Diplomatas americanos creem que isso seria importante para promover a confiança mútua, porque o Irã não poderia usar a maior parte de seu estoque de urânio para produzir uma bomba.
No entanto, representantes do governo francês estão preocupados com as implicações de um acordo desse tipo. Embora aceitem que ele seria uma forma de criar confiança, insistem em que Teerã também deve prometer, até dezembro, que congelará a expansão do enriquecimento de urânio, sob pena de novas sanções.
"Não existe lógica alguma em remover o urânio de baixo enriquecimento do Irã se o país puder simplesmente continuar produzindo cem quilos do material por mês", disse uma fonte no governo francês. "O Irã quer ganhar mais tempo e procura um acordo que ofereça legitimidade ao seu programa. Impor o congelamento é absolutamente essencial."
Um funcionário do governo dos EUA reconheceu ontem que a proposta sobre o urânio de uso médico, que conta com a aprovação pessoal do presidente Barack Obama, "não é a solução para o programa nuclear iraniano". Ele acrescentou que "é um primeiro passo, uma medida modesta para criar confiança. Não vamos caracterizá-la como nada mais ambicioso".
Mas alguns diplomatas europeus acreditam que os EUA possam considerar em dezembro que há justificativa para continuar negociando com o Irã em 2010, o que implicaria em adiar as sanções.
"Caso o Irã aceite o acordo sobre os isótopos, haverá muito mais atividade internacional na usina [iraniana] de Natanz, e todos nos sentiremos muito mais relaxados", disse um diplomata da União Europeia. "Por que precisaríamos de novas sanções, nesse caso?"
Em Teerã, funcionários iranianos elogiaram o resultado das conversações em Genebra como "vitória para todos os envolvidos". Ali-Akbar Javanfekr, assessor do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, disse ao "Financial Times" que as posições de Reino Unido, França, Alemanha e EUA eram "mais lógicas e mais sábias" do que na rodada anterior de negociações, realizada em 2008.
"A proposta de fornecer ao Irã urânio enriquecido para propósitos médicos demonstra a abordagem positiva e construtiva dos europeus e dos EUA, que nada pediram ao Irã como contraparte."