Leandro,LeandroGCard escreveu:Dito e pago.orestespf escreveu: O que o ministro disse é a verdade, Leandro, por mais que possa doer. Não nos tornamos donos das tecnologias, não podemos usá-la mesmo pra nós sem autorização dos alemães, e não aprendemos a fazer submarinos, aprendemos fazer o que eles fazem, ou seja, no máximo uma cópia (isto é muito diferente). Sobre o Tikuna, bem, tudo é deles, qualquer alteração na "plataforma básica" feita por nós automaticamente era dos alemães, força contratual. A verdade é que o que foi dito, lá trás no passado, não representou a verdade verdadeira, apenas meia-verdade, sei que me entende...
Abração!
Pelo que meu professor da época me contava, o projeto do IKL-204 era realmente propriedade dos alemães, e o uso dele mesmo que modificado estava restrito pelo contrato. Mas os conhecimentos sobre detalhes de projeto e construção, como conceitos de cálculo e dimensionamento, técnicas de soldagem, medição e controle de qualidade do casco, etc... não estavam limitadas, e tornaram-se patrimônio nacional (que depois foi perdido, desta história já sabemos).
Ainda segundo ele, isto explicava porque a princípio pensou-se em desenvolver no Brasil uma primeira classe basicamente do mesmo porte e capacidade do IKL-204 mas com projeto novo (seria o SNAC-1), ao invés de simplesmente construir mais IKL's. Só depois seria projetada uma outra classe com o casco maior, já em preparação para o nuclear que viria a seguir. Estaria tudo previsto nos planos de capacitação.
Agora, se tudo isso era mentira e a verdade só apareceu hoje, minha procupação só aumenta. Vou ter que esperar até depois da classe inteira do SNA estar pronta (20, 30 anos?) e se iniciar o projeto da próxima para saber com certeza se desta vez estamos realmente adquirindo a tecnologia, com todo o dinheiro que estamos gastando, ou se afinal seria melhor ter apenas comprado um projeto pronto, ou mesmo logo os sub's.
Um abraço preocupado,
Leandro G. Card
a coisa mais importante que tirei das falas do ministro NJ é que "não sabemos construir submarinos". Esta frase diz muito pra mim. Veja, não estou dizendo que não aprendemos nada com os alemães, estou dizendo que a tal "transferência de tecnologias" que disseram existir não nos permitiu fazer um submarino convencional por nossa conta.
Digamos que isso seja "óbvio" (não conseguir um sub), então precisamos de ajuda de fora para conseguir fazer um. Ok? Considere dois candidatos a "ajudantes" (capazes, claro). Então é razoável analisar o que eles poderiam nos repassar para conseguirmos dominar a construção do sub (que ainda não temos, por hipótese). Se a transferência de tecnologias para o IKL-214 for praticamente a mesma repassada nos IK-209, então não se ganha "fluência" para se fazer sozinho um sub, no máximo novas capacidades para fazer mais do mesmo (ou seja, (re)aprendemos a fazer o mesmo tipo de peça, mas aquela que não aprendemos continuaremos sem saber). Se os franceses ofereceram acesso a peças e equipamentos que não tínhamos até então, sem falar no "mais do mesmo" (ou seja, fazer o que já sabemos, mas "adaptado" a outro sub), então não restam dúvidas que a proposta é muito melhor. Acho que foi isso que aconteceu.
Suponho este "roteiro" aceitável, não se pode dizer que houve mentiras, pode-se dizer que as verdades não foram bem explicadas. Assim sendo, não podemos dizer que o ministro mentiu, mas que apenas colocou o dedo na ferida. E se ele fez tal coisa, bem, não podemos acusá-lo de revelar certos detalhes, não podemos esquecer que ele (e a MB) foram recentemente bombardeados com o fato do preço dos IKL-214 (que disseram ser inferior) e que os alemães transferem tecnologias. Oras, se eles disseram que transferiram tecnologias, se eles disseram que novamente transfeririam tecnologias, que se aproveite o momento para esclarecer o que realmente aconteceu, o que foi ou não transferido e que tipo de transferência de tecnologias nos foi repassada a ponto de não termos capacidades críveis de projetar um submarino por conta própria.
Agora, seria bom também que esclarecessem se as tecnologias oriundas da França nos permitirá fazer um submarino completo (um dia) e totalmente projetado e desenvolvido por nós. Se não formos capazes mesmo assim, que se diga logo, caso contrário as cobranças virão mais adiante, até porque dizer que não temos capacidade para projetar e fazer um sub. conv. completo como justificativa para comprar de outro fornecedor, passa a idéia que a nova escolher permitirá tal coisa. Em suma, acho prudente dizer agora o que se espera com tudo isso, é transparência, não implicará em possíveis mal-entendidos lá adiante.
Abração,
Orestes