GEOPOLÍTICA

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Re: GEOPOLÍTICA

#691 Mensagem por Marino » Seg Ago 24, 2009 3:41 pm

Fonte: Noticiarionaval

Bolivia volverá al mar por el Atlántico no por el Pacífico, asegura
Morales

Bolivia volverá al mar por el Atlántico antes que por el Pacífico,
sostuvo hoy el presidente Evo Morales, al recordar la vieja aspiración
boliviana de recuperar su cualidad marítima, perdida en una guerra
frente a Chile.


Oruro. AFP. "Tarde o temprano vamos a tener salida al mar y más
temprano vamos a tener salida al océano Atlántico por el río Paraná-
Paraguay", afirmó el gobernante durante un discurso en la ciudad de
Oruro, en el oeste del país, donde se celebró el Día de las Fuerzas
Armadas.


Morales reveló que se está proyectando un canal que una la población
de Puerto Suárez con Puerto Busch, colindante con Brasil, para que
"tengamos acceso al océano Atlántico". Además, la Armada tendría un
sistema de transporte fluvial de 30 barcazas en trámite de
adquisición.


Morales sostuvo una reunión con su par de Uruguay, Tabaré Vázquez, a
mediados de julio, en la que conversó para lograr una mejor
utilización del sistema portuario uruguayo a través de Nueva Palmira
(sobre el Río Uruguay) y Montevideo a fin de movilizar la carga de su
comercio exterior.


Bolivia impulsa además un diálogo con Chile --a pesar de carecer de
relaciones diplomáticas desde 1978--, país con el que perdió en 1879
una guerra y 400 km2 de territorio costero, para recuperar.


07/08/09
LA NACION – ASUNCIÓN DEL PARAGUAY




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Re: GEOPOLÍTICA

#692 Mensagem por rafafoz » Seg Ago 24, 2009 5:13 pm

? como ele vai conseguir essa proeza, essa eu gostaria de ver.




“melhor seria viver sozinho, mas isso não é possível: precisamos do poder de todos para proteger o de cada um e dos outros” (Francis Wolff)
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Re: GEOPOLÍTICA

#693 Mensagem por Túlio » Seg Ago 24, 2009 5:23 pm

Bueno, se essa tchurma aí que está no governo continuar, não duvido nada que consigam tudo...às nossas custas...




“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: GEOPOLÍTICA

#694 Mensagem por Marino » Seg Ago 24, 2009 5:32 pm

Seria interessante se alguem pudesse copiar estas localidades do google maps e postar aqui.




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Re: GEOPOLÍTICA

#695 Mensagem por rafafoz » Ter Ago 25, 2009 8:11 am

É verdade, pois até agora eu não me achei nos mapas, para saber como ele faria isso, quais rios ele iria (pretende ou pretenderia) trafegar? Fala-se no Rio Paraná, bem pelo lago de Itaipu há um leve probleminha que impede. Mais se não me engano o Paraguai possui um rio que liga Assunção ao rio Paraná, que desemboca próximo a ponte da amizade, seria por esse caminho será? O problema que esse rio possui certa limitação para trafego de embarcações, acho que não comportaria embarcações médias (não sei confirmar, talvez possa) ou grandes, somente pequenas. Eu me lembro que o Paraguai trafegou uma de suas embarcações da marinha através desse rio para treinamento no Rio Paraná, a qual veio de Assunção, isso deve ter uns 2 anos mais ou menos, sendo que em épocas de seca, o rio diminui e muito sua vazão, o que eu acredito que impediria o trafego de embarcações ou as limitaria.




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Re: GEOPOLÍTICA

#696 Mensagem por Paisano » Ter Ago 25, 2009 5:12 pm

A estratégia política dos EUA em relação ao Brasil*

Fonte: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... ao-brasil/
As dimensões geográficas, demográficas e econômicas do Brasil, seu potencial, sua privilegiada posição geopolítica e geoestratégica no continente sul-americano, voltado de frente para o continente africano, o tornam o único possível rival à influência hegemônica dos Estados Unidos no Hemifério Ocidental Sul.

Assim, a estratégia estadunidense geral visa preservar a aproximação com o Brasil, aumentar a sua influência sobre a elite brasileira, convencê-la da inevitabilidade, irresistibilidade e dos benefícios da influência hegemônica e da liderança norte-americana no hemisfério. Em segundo lugar, cooperar para que o país se mantenha como ponto de equilíbrio ao sul, mas que ao mesmo tempo não se desenvolva, econômica e militarmente, em níveis que possam torná-lo competitivo com os Estados Unidos, em termos de influência econômica e política, na região do Hemisfério Ocidental.

Desta forma, ao mesmo tempo em que se aplicam ao Brasil alguns dos objetivos estratégicos em nível mundial e para a América Latina, é possível identificar objetivos estratégicos específicos da superpotência hegemônica para o Brasil.

Do ponto de vista de sua estratégia militar, os EUA têm procurado, em primeiro lugar, manter a influência americana sobre a doutrina e o equipamento militar brasileiro, enquanto, a partir da queda do Muro de Berlim e dentro do enfoque geral de desarmamento da periferia, argumentam que a inexistência de inimigos, ameaças, visíveis no momento atual, fazem prever uma era de paz perpétua, em que as Forças Armadas brasileiras devem ser reduzidas em efetivos e se adaptar à luta contra os “novos inimigos”, quais sejam, o narcotráfico, o terrorismo, etc. Em segundo lugar, sua estratégia tem como objetivo evitar o surgimento de uma indústria bélica brasileira de nível competitivo e, muito em especial, evitar a aquisição pelo Brasil de tecnologias de armas modernas e de destruição em massa.

A estratégia política norte-americana em relação ao Brasil tem como seu principal objetivo apoiar os governos brasileiros que sejam receptivos à iniciativas políticas americanas no hemisfério e em geral e, simultaneamente, manter canais abertos ao diálogo com a oposição, mesmo a oposição a esses governos “simpáticos”. Como corolário desse objetivo maior, a estratégia estadunidense procura evitar a articulação brasileira com outros Estados que possa pôr em risco a hegemonia e a capacidade de negociação americana.

Um aspecto de sua estratégia tem sido convencer a sociedade e o governo brasileiro da “culpa exclusiva” brasileira pela situação de direitos humanos no país e pela situação de subdesenvolvimento em geral e até eliminar o conceito de “desenvolvimento”, substituindo-o pela noção de injustiça. A lapidar frase “O Brasil não é mais um país subdesenvolvido, é um país injusto” reflete, cabalmente, a equivocada percepção de um amplo setor da intelectualidade brasileira, e que é, cada vez mais, desmentida cotidianamente pela realidade.

No campo econômico, a estratégia americana tem como objetivo máximo assegurar a maior liberdade de ação possível para as empresas americanas, evitar o surgimento de empresas competidoras fortes de capital brasileiro no Brasil e, como corolário, reduzir o papel do Estado como investidor, regulamentador e fiscalizador da atividade econômica. Secundariamente, porém certamente de forma complementar, procura sugerir com insistência a adoção de políticas de “crescimento” econômico com base em vantagens comparativas estáticas e propugnar o combate assistencial à pobreza de preferência a uma estratégia de desenvolvimento econômico e social.

A estratégia ideológica, que é central para todas as demais, procura convencer a elite e a população brasileira do desinteresse e do altruísmo americano em suas relações com o Brasil, inclusive com o objetivo de garantir o apoio da elite brasileira à idéia de liderança americana benéfica no continente e no mundo. Para atingir tais objetivos, a estratégia estadunidense considera como imprescindível garantir o livre acesso dos instrumentos de difusão do American Way of Life à sociedade brasileira e formar grupos de influência norte-americana no Brasil e, como meio, formar a elite brasileira em instituições americanas.

Como reverter essa influência nefasta para a Nação? Eu diria que através de medidas governamentais – abrangendo o amplo espectro da tecitura social -, no sentido de esclarecer a sociedade brasileira das mazelas do Neoliberalismo e do “atrelamento automático” aos ditames da superpotência mundial. Faz-se mister conscientizar e mobilizar as elites brasileiras no sentido de que dispam-se do comodismo e assumam atitudes corajosas objetivando reeducar as nossas lideranças e o povo em geral, criando condições favoráveis ao florescimento de uma atitude mais nacionalista, mais patriótica e mais favorável ao surgimento de um desenvolvimento autóctene, sem a intromissão de potências estrangeiras em assuntos de natureza interna, em nosso país.

*Manuel Cambeses Júnior - Coronel-aviador, conferencista especial da ESG, membro do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil e vice-diretor do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica.

- Artigo publicado no Monitor Mercantil (25/08/2009)




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Re: GEOPOLÍTICA

#697 Mensagem por delmar » Qua Ago 26, 2009 9:46 am

Imagem

Puerto Suarez fica perto de Corumbá e Ladário. Tem ligação com o rio Paraguai. Assim os barcos que sobem até Ladário ou Corumbá podem ir até a Bolivia, em Porto Suarez. Parece que precisam aumentar o canal, que liga a laguna em frente a Porto Suarez com o rio, para as barcos maiores passarem. Em alguns lugares, mais abaixo de forte Coimbra, o rio Paraguai faz divisa direto entre a Bolivia e o Brasil.

saudações




Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
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Re: GEOPOLÍTICA

#698 Mensagem por Sterrius » Qua Ago 26, 2009 12:24 pm

Bem, como transportar cargas em barco custam 3 a 6x menos que transportar por avião. Não importa o custo das obras, elas se pagarão relativamente rapido.

Tb trarão um novo boom pra região tanto do lado boliviano quanto do lado brasileiro.




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Re: GEOPOLÍTICA

#699 Mensagem por Marino » Qua Ago 26, 2009 8:06 pm

Como tem jegue escrevendo hoje em dia.
Vamos abandonar as descobertas do pré-sal, deixa no buraco.
Cada argumentação que o jegue usa...
===================================================
Divulgação, Nota oficial | 3 Comentários

A dimensão militar da pré-sal


Carlos Tautz

Em breve, o governo apresenta o novo marco regulatório para explorar a camada pré-sal sem ter estimulado o debate público sobre as graves implicações de o Brasil se transformar em um dos maiores produtores mundiais de óleo. A história prova que integrar o grande jogo mundial do petróleo gera repercussões geopolíticas, militares e financeiras globais.

Porém, a informação de que petróleo e guerra necessariamente andam juntos está sendo escamoteada pelo discurso ufanista de que os recursos advindos da exploração do petróleo resolverão todos as injustiças sociais que marcam a trajetória do povo brasileiro. Falta a grandeza dos estadistas para tornar público o debate sobre os rumos que esta nação deseja para si. A mobilização em torno da institucionalidade do pré-sal seria um ótimo momento para fazê-lo.

Explorar estas reservas, que podem chegar à onírica marca dos 100 bilhões de baris de óleo de excelente qualidade, não vai apenas garantir o ingresso de centenas de bilhões de dólares para o Estado brasileiro. Petróleo não é uma mercadoria como outra qualquer. Fundamentalmente, ele é o principal energético utilizado no mundo e tudo que o envolve impacta as finanças internacionais, podendo gerar crises de resultados imprevisíveis.

A exploração desta riqueza nos dará a responsabilidade de integrar o reduzido grupo de nações que definem os rumos de toda a humanidade. Teremos bônus e ônus decorrentes da condição de grande jogador e precisamos ter ciência e consciência do que isto representa. Mas, quantas pessoas sabem disso?

Ter reservas extraordinárias de petróleo e exportá-las mundo afora exige vontade de Nação de usar capacidade militar para garantir os canais de comercialização do óleo em qualquer parte do mundo. Frequentemente estaremos em guerra e seremos convocados a intervir com força sempre que nosso petróleo estiver ameaçado.

Essa é a lógica desse setor, estimulada inclusive porque as indústrias militar e de petróleo são interconectadas. Fazer guerra para garantir o óleo dá um enorme ganho de escala ao seleto grupo de empresas como a estadunidense Halliburton, que lucram em ambos os lados do problema e chegam a influenciar eleições presidenciais.

A defesa e a exploração da pré-sal, além da exportação em larga de óleo, abre espaço para que alguém reivindique a adoção pelo Brasil de capacidade atômica para dissuadir outros atores internacionais interessados em projetar o seu próprio poder sobre nossas reservas, meios de transporte e armazenamento de petróleo (cerca de 2/3 do petróleo brasileiro já são armazenadas nos navios da Petrobras, o que coloca a suscita o desenvolvimento de submarinos atômicos).

Seguindo a lógica do petróleo&guerra, teríamos até de modificar a Constituição para permitir a adoção do poder atômico militar pelo País.Eventualmente, mesmo a ratificação do Tratado de Não Proliferação de Armas Atômicas seria questionada.

É isso o que realmente desejamos?

Só para se ter uma idéia do terreno que estamos adentrando. Nos anos 1980, os EUA pressionaram legal e também ilegalmente os grandes em níveis baixos os preços do produto. O objetivo era enfraquecer economicamente a então União Soviética, que tinha na exportação de gás natural e petróleo sua maior fonte de divisas internacionais, e que a duras penas conseguia até aquele momento rivalizar militarmente com os americanos.

Com os preços mantidos artificialmente em baixa durante anos, devido à grande disponibilidade no mercado internacional, o ingresso de moedas fortes para os soviéticos caiu e, com ele, a própria URSS se desmanchou em 1991.

Além do aumento das emissões de gases causadores do Efeito Estufa (uma contradição com a aposta no etanol) a discussão sobre a dimensão militar da pré-sal é tão difícil quanto urgente. O Brasil está às vésperas de tomar decisões que terão impacto sobre a atual e as futuras gerações de brasileiros, mas nenhuma instituição se dispõe à trabalhosa e inadiável tarefa de ouvir o povo brasileiro.

Carlos Tautz é jornalista

FONTE: Blog do Noblat




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Re: GEOPOLÍTICA

#700 Mensagem por Penguin » Qui Ago 27, 2009 9:09 am

Visão desfocada
Luiz Eduardo Rocha Paiva


O acordo para a utilização de bases na Colômbia pelos EUA ganhou espaço nas últimas semanas, pela repercussão nas relações internacionais no continente. Em termos de ameaça ao Brasil, o governo incomodou-se com a visão apenas da ponta do iceberg. Um acordo que estabelece o limite de 800 militares e 600 civis para a presença norte-americana em sete bases colombianas, distantes da fronteira com o Brasil, seria uma real ameaça? Ou apenas parte dela? Existem campos de pouso em outros vizinhos, inclusive no Paraguai, onde os EUA têm condições de montar bases de operações em poucos dias.

Por que o governo não vê ameaça na existência de dezenas de imensas terras indígenas na faixa de fronteiras, criadas pelo Brasil sob pressão internacional e onde o índio é liderado por ONGs estrangeiras financiadas por potências alienígenas, inclusive os EUA? Organismos internacionais, ONGs e líderes mundiais não veem o índio como cidadão brasileiro e defendem a autonomia de suas terras com base na Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas, aprovada pela ONU com voto favorável do Brasil.

A pressão internacional no âmbito político, econômico e psicossocial é que concretiza a verdadeira ameaça que, aos poucos, vai nos impondo a soberania limitada na Amazônia. A Nação e suas lideranças assistem passivamente a esse processo, demonstrando não estar à altura das gerações que nos legaram, com inteligência e sacrifício, o país-continente que herdamos. A soberania limitada será exercida pela imposição de diretrizes e pelo uso privilegiado dos recursos da Amazônia, deixando-nos o ônus da administração sob fiscalização estrangeira. Não implica a conquista militar de toda a região, basta controlar uma área de capital importância, em qualquer parte do Brasil, e usá-la como moeda de troca caso o País desperte e passe a resistir àquela pressão.

Segurança nacional não é calcada apenas no poder militar, como ficou provado na desintegração da URSS. Se o Brasil insistir em suas equivocadas políticas e estratégias de ocupação, desenvolvimento, preservação e integração da Amazônia, não adiantará dispor de Forças Armadas potentes, pois as condições objetivas para a imposição da soberania limitada estarão concretizadas em alguns anos. Quem analisar a perda do Acre pela Bolívia e a comparar com a evolução da questão indígena no Brasil, desde o início dos anos 90, perceberá a analogia entre os dois históricos. A China, ao contrário da Bolívia no Acre e do Brasil nas terras indígenas, neutralizou o separatismo da etnia uigur, na província Xinjiang, mediante sua ocupação com a etnia han (chinesa), hoje predominante na região.

Quanto às bases, do ponto de vista militar, as direções estratégicas que partem da Colômbia não são tão favoráveis quanto as oriundas do Atlântico que incidem na Amazônia brasileira através da região guianense. Em termos geográficos, as últimas evitam os Andes, são apoiadas por mar, não dependem tanto do apoio aéreo e estão diretamente orientadas para regiões de capital importância, como a foz do Rio Amazonas, Belém, Boa Vista e Manaus. Em termos políticos, há vínculos atuais e históricos das Guianas com as antigas metrópoles europeias, não ibéricas, interessadas nos recursos da Amazônia, grandes financiadoras de ONGs e aliadas dos EUA na Otan.

A reação brasileira no episódio das bases, ainda que impedisse a concretização do acordo entre a Colômbia e os EUA, pouco contribuiria para a segurança da Amazônia. Nas relações internacionais, o poder do mais forte é empregado sempre que estão em jogo interesses importantes ou vitais. Se a opção militar for necessária para resolver o conflito, uma potência empregará suas Forças Armadas desde que o oponente e seus possíveis aliados não tenham capacidade de dissuasão. Assim foi com os EUA nos Bálcãs e está sendo no Oriente Médio e na Ásia Central.

A visão dos governos brasileiros tem sido desfocada do essencial em termos de segurança nacional, levando-os a graves erros estratégicos por não perceberem que diplomacia e defesa têm por obrigação antever e se preparar para enfrentar uma ameaça quando ela ainda está no horizonte do "possível", pois se esperarem que se torne "provável" será tarde demais para neutralizá-la; e que política externa é diplomacia e defesa. Por isso, o setor militar deve ocupar um espaço no núcleo decisório do Estado, no mesmo nível da diplomacia, como foi no passado. O Barão do Rio Branco, um dos maiores diplomatas e estadistas brasileiros, disse: "Não se pode ser pacífico sem ser forte."

O desequilíbrio entre os campos do poder nacional, com perigosa indigência militar e científico-tecnológica, e, no campo psicossocial, a lamentável decadência moral da Nação tornam o País vulnerável, ainda que se projete como potência econômica. Os recursos nacionais, num mundo ávido por energia, ganham importância para os EUA por estarem em sua área de influência, na medida em que sua obtenção fica mais dispendiosa e incerta em outras regiões do globo.

Por tudo isso, manifestar preocupação com a soberania na Amazônia por causa das bases colombianas é supervalorizar o periférico em detrimento do fundamental. Revela a falta de percepção do que é nossa real ameaça e passa uma imagem de ator terceiro-mundista a reboque do líder bolivariano e de seus aliados - Equador e Bolívia -, três grandes óbices à integração regional. O governo não se manifestou quando o presidente Hugo Chávez propôs à Rússia instalar bases na Venezuela, em sua recente visita àquela potência, como noticiou a imprensa nacional. A política externa brasileira caracteriza-se pelos "dois pesos e duas medidas" e pelo alinhamento a projetos socialistas radicais do Foro de São Paulo para a América Latina.

Ao Brasil faltaram foco e independência ideológica no episódio das bases. E faltam civismo, educação e estadistas para liderar o bloco regional.

Luiz Eduardo Rocha Paiva, general da reserva, foi comandante e é professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do EXÉRCITO




Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: GEOPOLÍTICA

#701 Mensagem por jauro » Qui Ago 27, 2009 3:38 pm

Um acordo que estabelece o limite de 800 militares e 600 civis para a presença norte-americana em sete bases colombianas, distantes da fronteira com o Brasil, seria uma real ameaça? Ou apenas parte dela? Existem campos de pouso em outros vizinhos, inclusive no Paraguai, onde os EUA têm condições de montar bases de operações em poucos dias.
Por que o governo não vê ameaça na existência de dezenas de imensas terras indígenas na faixa de fronteiras, criadas pelo Brasil sob pressão internacional e onde o índio é liderado por ONGs estrangeiras financiadas por potências alienígenas, inclusive os EUA? Organismos internacionais, ONGs e líderes mundiais não veem o índio como cidadão brasileiro e defendem a autonomia de suas terras com base na Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas, aprovada pela ONU com voto favorável do Brasil.
A Nação e suas lideranças assistem passivamente a esse processo, demonstrando não estar à altura das gerações que nos legaram, com inteligência e sacrifício, o país-continente que herdamos. A soberania limitada será exercida pela imposição de diretrizes e pelo uso privilegiado dos recursos da Amazônia, deixando-nos o ônus da administração sob fiscalização estrangeira. Não implica a conquista militar de toda a região, basta controlar uma área de capital importância, em qualquer parte do Brasil, e usá-la como moeda de troca caso o País desperte e passe a resistir àquela pressão.
Isso mesmo a concessão de terras aos índios em faixa de fronteira é muito mais grave que o estabelecimento das BASES




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Re: GEOPOLÍTICA

#702 Mensagem por jauro » Qui Ago 27, 2009 3:54 pm

Quanto às bases, do ponto de vista militar, as direções estratégicas que partem da Colômbia não são tão favoráveis quanto as oriundas do Atlântico que incidem na Amazônia brasileira através da região guianense. Em termos geográficos, as últimas evitam os Andes, são apoiadas por mar, não dependem tanto do apoio aéreo e estão diretamente orientadas para regiões de capital importância, como a foz do Rio Amazonas, Belém, Boa Vista e Manaus. Em termos políticos, há vínculos atuais e históricos das Guianas com as antigas metrópoles europeias, não ibéricas, interessadas nos recursos da Amazônia, grandes financiadoras de ONGs e aliadas dos EUA na Otan.

BOA VISTA, Leia-se "partindo da VENEZUELA, Cháves"......!
Por tudo isso, manifestar preocupação com a soberania na Amazônia por causa das bases colombianas é supervalorizar o periférico em detrimento do fundamental. Revela a falta de percepção do que é nossa real ameaça e passa uma imagem de ator terceiro-mundista a reboque do líder bolivariano e de seus aliados - Equador e Bolívia -, três grandes óbices à integração regional. O governo não se manifestou quando o presidente Hugo Chávez propôs à Rússia instalar bases na Venezuela, em sua recente visita àquela potência, como noticiou a imprensa nacional. A política externa brasileira caracteriza-se pelos "dois pesos e duas medidas" e pelo alinhamento a projetos socialistas radicais do Foro de São Paulo para a América Latina.

Ao Brasil faltaram foco e independência ideológica no episódio das bases. E faltam civismo, educação e estadistas para liderar o bloco regional.
Cacetada das boas.
Mas a turma do Gov é orientada a nem ler jornal.
O Gen Mattos disse o que disse num jornal de Manaus e ficou tudo por isso mesmo.
Mas o negócio é não desistir nunca.




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Re: GEOPOLÍTICA

#703 Mensagem por DELTA22 » Sex Ago 28, 2009 2:51 pm

UNASUR (Ao Vivo), Uribe falando: http://envivo.terra.com.ar/min/videos/234-ar/




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Re: GEOPOLÍTICA

#704 Mensagem por Marino » Ter Set 01, 2009 11:47 am

FÓRUM IBAS
Triângulo emergente
Índia, Brasil e África do Sul costuram afinidades, trocam experiências e multiplicam o comércio.
Ministro Celso Amorim recebe os colegas dos dois parceiros para preparar a próxima reunião
entre os presidentes do grupo, no início de outubro
Isabel Fleck
Em junho de 2003, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, recebeu no
Itamaraty os colegas Yashwant Sinha (Índia) e Nkosazana Dlamini-Zuma (África do Sul) para formalizar a
criação do Fórum de Diálogo Ibas. Seis anos depois, Brasília novamente sediará o encontro entre
chanceleres dos três países, para consolidar os avanços e traçar novas metas para o fórum que é,
atualmente, a menina dos olhos da diplomacia multilateral do governo Lula. A evidente predileção pelo
Ibas é explicada pelo fato de ter sido o primeiro — e o mais bem-sucedido — projeto da política Sul-Sul
do Itamaraty. Entretanto, apesar de ter se tornado um fórum trilateral relativamente importante, seu
alcance no cenário internacional ainda não vai muito além dos programas sociais financiados pelo Fundo
Ibas.
Desde que foi lançada, a articulação conseguiu encaminhar diversos projetos internos que
preveem troca de experiência sobre problemas comuns, como pobreza, evasão fiscal e falsificação de
medicamentos. O interesse é por soluções consideradas bem-sucedidas em cada um dos países, como
o Bolsa Família, cujo modelo os governos indiano e sul-africano já consideram copiar. No caso brasileiro,
a busca é por conhecer mais, por exemplo, o modelo de administração pública “herdado dos ingleses e
aplicado em países em desenvolvimento”.
“Conseguimos atingir uma intensidade boa de encontros nos grupos de trabalho, fomos juntos
desenvolver parcerias até na Antártida. Mas há plataformas para projetos cada vez mais ousados”,
afirma o diretor do Departamento de Mecanismos Regionais do Itamaraty, embaixador Gilberto Moura.
Uma das iniciativas que podem ser enquadradas como “ousadas” é a criação de um fundo de Ciência e
Tecnologia, que terá investimento de US$ 1 milhão de cada país para o desenvolvimento de pesquisas
conjuntas.
Na reunião de hoje, Amorim, o indiano S. M. Krishna e a sul-africana Maite Nkoana-Mashabane
não só devem confirmar os avanços conseguidos nesses projetos “internos” do fórum, como vão pedir
celeridade nos três programas tocados, hoje, com recursos do Fundo Ibas: a construção de um centro
esportivo em Ramallah e a reconstrução de uma escola na Faixa de Gaza (ambos na Palestina) e a
criação de um centro de referência no combate à Aids em Burundi (África). Os chanceleres também
debaterão temas da agenda global, a fim de identificar semelhanças de posição entre os três governos, e
preparar o terreno para a cúpula dos chefes de Estado do grupo, que se reunirá em Brasília, em 8 de
outubro. “O Ibas tem a característica de lutar por posições no cenário internacional. Para isso, temos
procurado, cada vez mais, constituir uma voz uníssona, mostrar que os Ibas falam juntos”, explica Moura.
Fluidez
Para o governo Lula, o fórum Índia-Brasil-África do Sul é um encontro feliz de “democracias
vibrantes, com um estágio de desenvolvimento econômico semelhante e posições regionais muito
parecidas”. “É muito fácil de trabalhar com o Ibas, porque os três países têm visões de mundo muito
próximas. O diálogo flui muito bem”, disse ao Correio uma fonte do Itamaraty. Uma das provas da
“sintonia”, para a diplomacia brasileira, é que o fórum tem se mostrado resistente a mudanças de
governo na África do Sul e na Índia — a última teve quatro diferentes chanceleres nesse período.
Para o professor da Universidade de Brasília José Flávio Sombra Saraiva, no entanto, o Ibas tem
“muito pouco a dar” daqui para frente. “É um fórum importante, mas que chegou no seu limite. Eles têm
em comum o fato de terem algumas visões convergentes sobre o sistema internacional e serem gigantes
regionais. Mas as políticas exteriores desses três países já têm agendas muito complexas, inclusive em
suas regiões, que movem energia para o seu próprio entorno”, afirma.
Inversão de rumo
A atenção prioritária às relações com outros países emergentes e, em geral, com o mundo em
desenvolvimento foi uma das marcas registradas do governo Lula em relação aos antecessores. Além do
Fórum Ibas, essa orientação produziu a Cúpula América do Sul - Países Árabes, reunida em Brasília
(2005) e Dubai (2009). Também se expressou no empenho do Planalto e do Itamaraty com o Mercosul,
na criação da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e na realização, no fim de 2008, da Cúpula da
América Latina e Caribe, primeiro encontro de líderes da região sem a presença de potências externas.

Relações desiguais
Se há uma sintonia evidente entre as três economias emergentes, que somam um PIB nominal
superior a US$ 3,2 trilhões, é também verdade que os interesses de cada país nem sempre permitirão a
Brasil, Índia e África do Sul ter uma “voz uníssona”. Os dois primeiros, por exemplo, apesar de
coincidirem na defesa da reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, pleiteam, cada um, o
apoio de outros países para ocupar um assento permanente no órgão. Importantes produtoras de etanol
de cana-de-açúcar, as duas nações em expansão disputam parceiros e mercados consumidores.
“O primeiro-ministro indiano chegou a sublinhar, no primeiro encontro do Ibas, que os três países
eram mais concorrentes do propriamente vocacionados à cooperação. Além disso, eles competem nos
organismos internacionais, por ocupação de espaço”, observa o professor da Universidade de Brasília
(UnB) José Flávio Sombra Saraiva. O especialista, que dirige o Instituto Brasileiro de Relações
Internacionais (Ibri), lembra ainda que, no comércio, a Índia é parceira preferencial dos Estados Unidos,
o que, por vezes, se choca com os interesses brasileiros.
“A Índia também é uma potência nuclear, o que torna seu status muito superior ao do Brasil e da
África do Sul no que tange aos temas estratégicos globais”, acrescenta. O próprio Itamaraty admite que
há barreiras que o Ibas não pode transpor, mas argumenta que essa não é a intenção do bloco, que tem
por fio condutor o diálogo. “Esse é um fórum de convergência. O que incomoda a um, nós não
colocamos em discussão”, afirma o embaixador Gilberto Moura.
Bilaterais
Em um grupo de três importantes países, também é impossível desconsiderar o peso das
relações bilaterais. No campo econômico, por exemplo, a disparidade é enorme: a balança comercial
entre Índia e África do Sul, de cerca de US$ 7 bilhões, é equivalente a todo o volume de exportações e
importações do Brasil com os dois países. “Índia e África do Sul têm uma relação histórica muito grande,
um passado de migrações. Hoje, dos quase 48 milhões de habitantes da África do Sul, há quase 3
milhões de indianos. Portanto, é evidente que essa relação bilateral tende a prosperar mais”, avalia. (IF)




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Marino
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Re: GEOPOLÍTICA

#705 Mensagem por Marino » Sáb Set 05, 2009 7:49 pm

Independência

A miopia estratégica e a indigência militar são as maiores ameaças à soberania do Brasil'

Artigo do leitor Luiz Eduardo Rocha Paiva



O Brasil se deixou levar pela histeria populista dos líderes bolivarianos contra o acordo para a utilização de bases na Colômbia pelos EUA. Qual foi, até hoje, a alternativa apresentada pelo Brasil e vizinhos ao governo colombiano, eleito democraticamente, para apoiá-lo contra a narcoguerrilha que busca tomar o poder pela força? Ao contrário, o governo brasileiro, veladamente, tem simpatia pelas FARC, enquanto o Equador e a Venezuela já não conseguem esconder o apoio ostensivo àquela organização criminosa. A quem a Colômbia poderia recorrer?

Mais uma vez, nossa política exterior usou de "dois pesos e duas medidas", deixando a Nação em dúvida sobre quem dá o tom nos assuntos de América Latina. O profissional Misnistério das Relações Exteriores ou o ideológico "assessor especial de assuntos internacionais"? O governo omitiu-se quando o presidente Chávez propôs à Rússia instalar bases na Venezuela, em sua recente visita àquela potência. O Brasil passa a imagem de ator terceiro-mundista, agindo constantemente a reboque do presidente venezuelano e de seus aliados - Evo e Correa - todos os três peões do Foro de São Paulo e grandes óbices à integração regional. Esse perfil não credencia o Brasil como líder capaz de conduzir a integração latino-americana.

Há, nitidamente, o fator ideológico na posição adotada pelo País. Existem duas linhas de pensamento no governo, uma social democrata e outra socialista radical, que segue as estratégias do Foro de São Paulo para a tomada do poder e implantação de regimes totalitários e internacionalistas na América do Sul. O segmento socialista ocupa a Casa Civil, o Ministério da Justiça, a Secretaria de Comunicação de Governo, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a Assessoria Especial de Assuntos Internacionais, além de outras instâncias do Executivo. Esse setor não tem lideranças nacionais expressivas e precisa contar com o presidente da República, que parece observar a evolução dos acontecimentos para adotar, no futuro, a linha com maiores chances de prevalecer.

As bases colombianas, mesmo usadas pelos EUA, não seriam um problema se o Brasil dispusesse de poder militar à altura da posição que pretende ocupar no cenário internacional. O que nos ameaça é a nossa fraqueza, pois "entre outros males, estar desarmado significa ser desprezível" (Maquiavel).

Nas relações internacionais, o poder do mais forte é aplicado sempre que estão em jogo interesses importantes ou vitais. Se a opção militar for necessária para resolver um conflito, uma potência empregará as Forças Armadas desde que o oponente e seus possíveis aliados não tenham capacidade de dissuasão. Assim fizeram os EUA nos Balcãs, no Oriente Médio e na Ásia Central, e assim farão na Amazônia se o país não integrar a região. As Forças Armadas brasileiras estão totalmente incapacitadas para resistir à intervenção militar de potências, em face do absoluto e indesculpável desprezo de sucessivos governos pela defesa nacional. Em que pese o admirável valor moral e profissional do militar e da tropa, que mantêm o compromisso com a Nação, a crença em seus ideais e o amor às Instituições, a despeito de toda adversidade, as exigências do campo de batalha atual estão, e continuarão por muito tempo, bem acima do nível de preparo e equipamento de nossas Forças.

As sociedades das potências ocidentais atingiram um elevado nível de vida e consomem imensa quantidade de recursos, que seus países não podem prover a partir dos próprios territórios ou precisam tê-los como reserva estratégica. É interesse vital garantir o acesso privilegiado a matérias primas e, para isso, projetam poder político-militar sobre áreas detentoras de tais recursos. Assim, precisam manter o status de potências dominantes para controlar regiões de alto valor geopolítico ou negá-las a seus rivais.

Na Amazônia, as potências ocidentais aplicam uma estratégia tácita e velada, desde o início dos anos 90, para impor-nos a soberania compartilhada na região. São ações sucessivas exitosas, pois os governos a elas se dobram voluntariamente, negociando soberania por interesses menores e tornando efetiva e interna uma ameaça antes latente e distante. É incoerência preocupar-se com as bases em tela e não ver ameaça na demarcação de dezenas de imensas terras indígenas (TI) na faixa de fronteiras, onde o índio é liderado por ONGs estrangeiras financiadas por potências alienígenas, inclusive os EUA. Nessas terras, haverá grandes populações indígenas em algumas décadas, que não se sentirão brasileiras por não estarem integradas à Nação. Há 18 anos, quando foi demarcada a TI Ianomâmi, quem alertava para o risco à soberania nacional era ridicularizado. Hoje, ONU, OEA, ONGs, líderes e povos estrangeiros já não reconhecem o indígena como brasileiro e defendem a autonomia das TI com base em Declaração aprovada na ONU com voto favorável do Brasil. Essas TI desnacionalizadas estão dentro do Brasil, ao contrário das bases colombianas.

A ameaça na Amazônia só será revertida se for implantada uma estratégia soberana e corajosa de ocupação, desenvolvimento, preservação e integração da região e se for trocada a atual política indígena segregadora por uma integradora. Portanto, é o campo político o principal ator para neutralizar a ameaça antes que ela chegue ao campo militar, pois este será extremamente vulnerável por muito tempo.

A reação brasileira no episódio das bases, ainda que impedisse a concretização do acordo entre a Colômbia e os EUA, pouco contribuiria para a segurança da Amazônia. O Brasil supervalorizou o periférico em detrimento do fundamental, demonstrou falta de percepção da real ameaça e desnudou seu alinhamento ideológico. A rigor, as bases e os índios, em si, não são ameaças à soberania, mas sim a miopia estratégica, a indigência militar e a ultrapassada orientação ideológica socialista-internacionalista de nossa liderança.

Luiz Eduardo Rocha Paiva é general da reserva e professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército




"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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