A volta da ENGESA
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A volta da ENGESA
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A volta da Engesa
Acordo sigiloso com o grupo europeu EADS retoma marca histórica da indústria bélica
Claudio Dantas Sequeira
ÍCONE DE GUERRA O Urutu em ação: principal produto da empresa
No dia 7 de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu convidado, Nicolas Sarkozy, da França, terão um motivo a mais para comemorar. Além de assinarem o contrato de fornecimento dos 51 helicópteros de transporte militar EC-725, lançarão a pedra fundamental da "Engesaer", holding que tomará a frente das iniciativas de transferência de tecnologia no âmbito da Estratégia de Defesa Nacional. A marca Engesa fez história no País entre as décadas de 70 e 80, quando figurou como importante indústria de material bélico, exportando caminhões militares e blindados leves para 18 países. Espera-se reeditar o sucesso da época e levar o Brasil de volta ao seleto grupo de fabricantes de armamentos. No comando da iniciativa está o coronel reformado Oswaldo Oliva Neto, irmão do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e ex-assessor do ex-ministro Luiz Gushiken, quando esteve à frente do Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) da Presidência, depois transformado em Ministério.
Íntimo do poder e dos militares que comandam a indústria de defesa nacional, Oliva Neto vem trabalhando há quase um ano nos bastidores para a concretização do projeto. Nos últimos meses, ele manteve encontros privados com os comandantes das Forças Armadas e representantes do Ministério de Desenvolvimento, da Defesa e do BNDES. Mas o tema é coberto de sigilo, e cláusulas de confidencialidade do acordo impedem que Oliva Neto e a EADS, o detalhem.
Professor do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, o coronel reformado Geraldo Cavagnari avalia que a reedição da marca Engesa faz parte das ações para "revitalizar a indústria de defesa brasileira e ingressar em níveis tecnológicos mais elevados". Cavagnari lembra que a Engesa construiu um mercado amplo e chegou a exportar para a África e o Oriente Médio, como os casos de Angola, Líbia e Iraque. Embora seus produtos mais conhecidos sejam os blindados Urutu e Cascavel, a Engesa se transformou num poderoso grupo que produziu desde tratores agrícolas até radares. Foi à falência em 1993, vitimada por problemas financeiros que tiveram origem na má gestão da companhia, segundo Reinaldo Bacchi, ex-gerente de marketing e produtos militares da Engesa. "Tem gente que inventa história de calote iraquiano, mas isso nunca existiu. Quem ficou devendo foi a Engesa." Segundo o advogado Maicel Anésio Titto, que cuidou do espólio, há poucos anos o registro da marca caducou, permitindo sua apropriação por terceiros.
Segundo Oliva Neto, a ideia de criar a Engesaer surgiu tanto da demanda nacional pela reativação da indústria bélica como da necessidade do próprio grupo EADS de negociar a transferência de tecnologia do contrato dos helicópteros, estimado em US$ 6 bilhões. Havia desconforto dos europeus em lidar pontualmente com várias pequenas empresas, sem a garantia de que os parceiros teriam condições econômicas e tecnológicas que justificassem a desmobilização de fornecedores na Europa. Numa cadeia produtiva, com tamanho grau de integração, qualquer falha na produção pode ter consequências desastrosas. "Com a holding, as desconfianças são dissipadas, uma vez que os investidores europeus terão a oportunidade de acompanhar o dia a dia das companhias que receberão a nova tecnologia", afirma Oliva Neto. "Além de profissionalizar o setor, o desenvolvimento de massa crítica e a instalação de capacidade produtiva, ampliam as possibilidades da Engesaer muito além do projeto dos helicópteros." A EADS já está enviando especialistas da unidade de negócios e engenheiros para visitar as empresas brasileiras e avaliar a capacidade de produção de bens e serviços. O objetivo é estimar como o Brasil participará na escala mundial do grupo.
A Engesaer representa a criação no Brasil de uma plataforma segura para a nova estratégia de negócios do grupo europeu, que prevê levar para fora da zona do euro até 40% de toda sua produção, a fim de reduzir custos com a obtenção de isenções fiscais e mão de obra mais barata. Essa lógica já vem sendo adotada no contrato dos helicópteros, que prevê a nacionalização de 50% da produção. É possível que o EC-725 seja produzido integralmente na fábrica da Helibrás, com vistas à exportação. Pensando nisso, a EADS adquiriu recentemente, por meio do consórcio Eurocopter, 70% da companhia brasileira. No caso da Engesaer, a participação acionária do grupo europeu estará limitada a 20%, para evitar que o negócio seja visto como "invasão estrangeira". O restante será aberto a investidores nacionais, como fundos de pensão. O governo federal, por sua vez, terá uma golden share, como ocorre com a Embraer, a fim de exercer o controle estratégico das operações.
Inicialmente, a Engesaer aproveitará a capacidade instalada de, ao menos, cinco empresas do setor de defesa: Imbra Aerospace e Mectron Engenharia, Akaer, Atmos e Gigacom, cujos presidentes coordenarão diferentes núcleos de negócios, como engenharia, aeroestrutura, sistema de armas e comunicação. Com esse modelo de produção, uma empresa torna-se fornecedora da outra, eliminando a verticalização do imposto.
Além de helicópteros, a holding também construirá satélites de controle de tráfego aéreo e sistemas para a área de segurança pública. Para o consultor em segurança nacional Salvador GhelfiRaza, do Centro de Estudos Hemisféricos de Defesa, braço acadêmico do Pentágono, a estratégia da EADS segue a tendência internacional. "O modelo de negócio é correto, mas o Brasil não está preparado", afirma Raza. Segundo ele, há barreiras tecnológicas, financeiras e de legislação que podem dificultar o sucesso do negócio.
fonte: revista "IstoÉ" 19 ago 2009
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Professor do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, o coronel reformado Geraldo Cavagnari avalia que a reedição da marca Engesa faz parte das ações para "revitalizar a indústria de defesa brasileira e ingressar em níveis tecnológicos mais elevados". Cavagnari lembra que a Engesa construiu um mercado amplo e chegou a exportar para a África e o Oriente Médio, como os casos de Angola, Líbia e Iraque. Embora seus produtos mais conhecidos sejam os blindados Urutu e Cascavel, a Engesa se transformou num poderoso grupo que produziu desde tratores agrícolas até radares. Foi à falência em 1993, vitimada por problemas financeiros que tiveram origem na má gestão da companhia, segundo Reinaldo Bacchi, ex-gerente de marketing e produtos militares da Engesa. "Tem gente que inventa história de calote iraquiano, mas isso nunca existiu. Quem ficou devendo foi a Engesa." Segundo o advogado Maicel Anésio Titto, que cuidou do espólio, há poucos anos o registro da marca caducou, permitindo sua apropriação por terceiros.
Segundo Oliva Neto, a ideia de criar a Engesaer surgiu tanto da demanda nacional pela reativação da indústria bélica como da necessidade do próprio grupo EADS de negociar a transferência de tecnologia do contrato dos helicópteros, estimado em US$ 6 bilhões. Havia desconforto dos europeus em lidar pontualmente com várias pequenas empresas, sem a garantia de que os parceiros teriam condições econômicas e tecnológicas que justificassem a desmobilização de fornecedores na Europa. Numa cadeia produtiva, com tamanho grau de integração, qualquer falha na produção pode ter consequências desastrosas. "Com a holding, as desconfianças são dissipadas, uma vez que os investidores europeus terão a oportunidade de acompanhar o dia a dia das companhias que receberão a nova tecnologia", afirma Oliva Neto. "Além de profissionalizar o setor, o desenvolvimento de massa crítica e a instalação de capacidade produtiva, ampliam as possibilidades da Engesaer muito além do projeto dos helicópteros." A EADS já está enviando especialistas da unidade de negócios e engenheiros para visitar as empresas brasileiras e avaliar a capacidade de produção de bens e serviços. O objetivo é estimar como o Brasil participará na escala mundial do grupo.
A Engesaer representa a criação no Brasil de uma plataforma segura para a nova estratégia de negócios do grupo europeu, que prevê levar para fora da zona do euro até 40% de toda sua produção, a fim de reduzir custos com a obtenção de isenções fiscais e mão de obra mais barata. Essa lógica já vem sendo adotada no contrato dos helicópteros, que prevê a nacionalização de 50% da produção. É possível que o EC-725 seja produzido integralmente na fábrica da Helibrás, com vistas à exportação. Pensando nisso, a EADS adquiriu recentemente, por meio do consórcio Eurocopter, 70% da companhia brasileira. No caso da Engesaer, a participação acionária do grupo europeu estará limitada a 20%, para evitar que o negócio seja visto como "invasão estrangeira". O restante será aberto a investidores nacionais, como fundos de pensão. O governo federal, por sua vez, terá uma golden share, como ocorre com a Embraer, a fim de exercer o controle estratégico das operações.
Inicialmente, a Engesaer aproveitará a capacidade instalada de, ao menos, cinco empresas do setor de defesa: Imbra Aerospace e Mectron Engenharia, Akaer, Atmos e Gigacom, cujos presidentes coordenarão diferentes núcleos de negócios, como engenharia, aeroestrutura, sistema de armas e comunicação. Com esse modelo de produção, uma empresa torna-se fornecedora da outra, eliminando a verticalização do imposto.
Além de helicópteros, a holding também construirá satélites de controle de tráfego aéreo e sistemas para a área de segurança pública. Para o consultor em segurança nacional Salvador GhelfiRaza, do Centro de Estudos Hemisféricos de Defesa, braço acadêmico do Pentágono, a estratégia da EADS segue a tendência internacional. "O modelo de negócio é correto, mas o Brasil não está preparado", afirma Raza. Segundo ele, há barreiras tecnológicas, financeiras e de legislação que podem dificultar o sucesso do negócio.
fonte: revista "IstoÉ" 19 ago 2009
Editado pela última vez por jambockrs em Dom Ago 16, 2009 5:20 pm, em um total de 1 vez.
Re: A volta da ENGESA
O Lula é um senhor danado de incongruente, de um lado se vê que ele genuinamente se encontra interessado em reviver a indústria de defesa brasileira, haja visto que ele publicamente fala disso constantemente e pessoalmente procura realizar acordos nessa área, mas por outro lado fica contingenciando o orçamento de ministério da defesa. É contraditória tal postura, pode se contingenciar qualquer área, mas se tem uma na qual o orçamento deve ser mantido intocado é a área da defesa.
O pior dos infernos é reservado àqueles que, em tempos de crise moral, escolheram por permanecerem neutros. Escolha o seu lado.
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Re: A volta da ENGESA
Só o nome Engesa. A área de atuação e gama de produtos oferecidos é outro. Resumindo, marketing.
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Re: A volta da ENGESA
eu disse que era só ouvirem o som do dindin voltariam
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
- Bolovo
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Re: A volta da ENGESA
Hahaha é verdadeJunker escreveu:A bandeira do Líbano como se fosse da Líbia...
Não acredito muito nessa história "a volta da Engesa", me parece que querem usar o poder que o nome da antiga empresa tinha, nada mais.
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
- FOXTROT
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Re: A volta da ENGESA
Espero que essa Engesaer capacite o Brasil a ser novamente um grande produtor de equipamento militar.
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
- eligioep
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Re: A volta da ENGESA
Nada mais que aproveitar um nome de respeito.... Nada a ver com a legítima ENGESA!!!
- FCarvalho
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Re: A volta da ENGESA
Se esse anacronismo de nome "ENGESAER" não fizer os clientes fugirem, pensando qe é a alma penada da Engesa que voltou para assobrá-los até que pode dar certo.
abraços
abraços
Carpe Diem
- joao fernando
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Re: A volta da ENGESA
Pensei nisso tambem. Vai que o povo pensa ser uma empresa bamba, fabricando ainda Urutu e cascavel?
Pra mim, mais um golpe pra sumir com $$$ do governo.
Pra mim, mais um golpe pra sumir com $$$ do governo.
FCarvalho escreveu:Se esse anacronismo de nome "ENGESAER" não fizer os clientes fugirem, pensando qe é a alma penada da Engesa que voltou para assobrá-los até que pode dar certo.
abraços
Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
Re: A volta da ENGESA
Alo amigos, sou novo aqui no Defesa Brasil e tambem gostaria de deixar meu comentario.
Quantos dos antigos engenheiros estarao nessa "nova" empresa?
20% de participacao estrangeira, quando a ENGESA era 100% nacional?
Acho que nao tem nada da antiga ENGESA, atê o nome tem "sotaque frances"!, (ENGESAER).
Quantos dos antigos engenheiros estarao nessa "nova" empresa?
20% de participacao estrangeira, quando a ENGESA era 100% nacional?
Acho que nao tem nada da antiga ENGESA, atê o nome tem "sotaque frances"!, (ENGESAER).
Re: A volta da ENGESA
Isso ai é ENGESA pra "inglês (ou melhor, pra francês) ver".
Mas espero que seja mais do que um marketing barato e sim um verdadeiro incentivo a nossa industria bélica.
Mas espero que seja mais do que um marketing barato e sim um verdadeiro incentivo a nossa industria bélica.
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Re: A volta da ENGESA
Já postei isso em outro tópico.
E mais gostaria de ver a opinião do companheiro de DB citado no artigo acima.jauro escreveu:Muito assunto para as Aéreas e Navais. Para o nosso EB.....não sei, acho que por enquanto o Osório RIP, pelo que eu deduzi da notícia, vão criar uma holding englobando as empresas que já existem como a Mectrom, Imbra, Akaer, Atmos e Gigacom que serão fornecedoras da Helibras EADS para a fabricação dos Hclpt. Isso para facilitar e dar segurança à negociação e ao controle da EADS Eurocopter, que juntas terão mais força e dinheiro para investimentos.O nome ENGESAER tem peso e é uma rubrica reconhecida mundialmente.eligioep escreveu:Cel Jauro, o que podemos realmente esperar desta joint-venture?E que fique por aí, para que não venha a virar cabide, nem tenha decisões secretas."O governo federal, por sua vez, terá uma golden share, como ocorre com a Embraer, a fim de exercer o controle estratégico das operações".
"A disciplina militar prestante não se aprende senhor, sonhando e na fantasia, mas labutando e pelejando." (CAMÕES)
Jauro.
Jauro.