Existe ainda um outro detalhe que complica a própria produção do avião após o desenvolvimento estar concluído.Vitor escreveu:O F-22 tem clientes em potenciais, Japão já expressou diversas vezes a vontade de obter F-22s, a Austrália deu algumas indiretas. Os EUA que não querem vender mesmo.
Os parceiros internacionais dificilmente vão por ordem na bagunça, o desenvolvimento do caça é praticamente todo por parte dos americanos. O que os parceiros fizeram foi mesmo se comprometerem a comprar o F-35 na empolgação de ter "algo próximo ao F-22". Como as vendas do F-35 são dadas como garantidas, a Lockheed tem pouco estímulo de fazer algo competitivo e dentro do prazo.
Ambos os caças refletem um grave problema no sistema de procuração militar americano atual. Antigamente o Pentágono pedia algo, as empresas faziam o R&D (Research and Design) com seus próprios recursos e apresentavam o produto. Isso funcionava muito bem, tanto que o F-15, bastante inovador para a época, foi todo feito em menos de 5 anos, e vale ressaltar que na época não existia Auto CAD da vida, tudo era desenhado na prancheta.
O que aconteceu foi que alguém teve a seguinte idéia "E se o Pentágono patrocinar o R&D com a quantidade absurda de grana que tem, poderá surgir coisas incríveis". Só que o tiro meio que entrou pela culatra, já que as empresas começaram a lucrarem já na fase de pesquisa e desenvolvimento, logo elas não precisam ser agéis e entregar um produto rápido para não falirem já que recebem a grana desde que prometam alguma tecnologia incrível, não importando se é pouco viável na vida real.
Foi basicamente isso que ocorreu com o F-22 e 35, a Lockheed já recebeu bilhões apenas para desenvolver, não tinha pra que ter pressa em entregar o produto final.
Isso que falei foi basicamente um resumo de várias postagens que li de um engenheiro aeronático americano a alguns anos atrás.
Em uma tentativa de evitar custos excessivos e controlar o quanto a empresa iria lucrar após ter recebido tanta ajuda para P&D, o governo americano criou uma regra que exige do fabricante a abertura dos custos de produção, e o governo paga uma proporção destes custos como margem de lucro para a empresa. O resultado é que quanto maior for o custo de produção, mais dinheiro a empresa ganha em termos absolutos, portanto a pressão é sempre por aumentar os custos ao máximo, e toda e qualquer justificativa para isso é apenas desculpa, incluindo aí eventuais avanços tecnológicos.
Por isso as empresas americanas estão sempre procurando agregar o máximo de novas tecnologias aos seus aviões, não porque elas sejam realmente eficazes ou mesmo úteis, mas porque isto justifica maiores custos e portanto um ganho final maior. Se o produto final ficar bom ótimo, porém não é esta a preocupação que move as empresas. O resto é propaganda para que os custos astronômicos resultantes não sejam questionados depois no legislativo americano.
De fato neste caso está sendo usada uma combinação de planejamento centralizado pelo governo e produção distribuída na iniciativa privada (e nem tão distribuída assim!) que não está dando certo.
Leandro G. Card