GEOPOLÍTICA
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Re: GEOPOLÍTICA
terra.com.br
Governos dos EUA e da Colômbia negociam acordo militar
Os governos da Colômbia e dos Estados Unidos estão negociando um acordo que poderia transformar o país latino-americano no reduto das operações militares americanas na América do Sul.
O acordo prevê a entrega das instalações de pelo menos três bases aéreas na Colômbia ao Exército dos EUA, o que facilitaria as operações contra o terrorismo e a produção de drogas.
A Colômbia já é um dos principais beneficiários da ajuda militar dos EUA na região. As negociações para o novo acordo foram iniciadas depois que o Exército americano devolveu as instalações da base militar de Manta ao governo do Equador. A base servia como o centro das operações dos EUA na região há pelo menos uma década.
Detalhes
Os detalhes finais do acordo ainda estão sendo definidos, mas a previsão é que as três bases sejam usadas por 800 militares e 600 funcionários de defesa. Segundo o correspondente da BBC em Medelín Jeremy McDermott, parte do trabalho nas bases colombianas envolverá operar os aviões americanos que fazem a vigilância da região durante 24 horas, além de coordenar satélites espiões para proteger os interesses dos Estados Unidos.
Ele afirma ainda que a missão americana deve ser de natureza antinarcótica, mas também terá um elemento de combate ao terrorismo, já que alguns grupos rebeldes da Colômbia estão na lista das organizações consideradas terroristas pelo governo americano.
Mesmo antes de ser assinado, o novo acordo já causa polêmica na região, inclusive entre os conservadores. O candidato presidencial Rafael Pardo, do Partido Liberal, afirmou estar preocupado com o efeito do acordo na relação da Colômbia com os países vizinhos.
Governos dos EUA e da Colômbia negociam acordo militar
Os governos da Colômbia e dos Estados Unidos estão negociando um acordo que poderia transformar o país latino-americano no reduto das operações militares americanas na América do Sul.
O acordo prevê a entrega das instalações de pelo menos três bases aéreas na Colômbia ao Exército dos EUA, o que facilitaria as operações contra o terrorismo e a produção de drogas.
A Colômbia já é um dos principais beneficiários da ajuda militar dos EUA na região. As negociações para o novo acordo foram iniciadas depois que o Exército americano devolveu as instalações da base militar de Manta ao governo do Equador. A base servia como o centro das operações dos EUA na região há pelo menos uma década.
Detalhes
Os detalhes finais do acordo ainda estão sendo definidos, mas a previsão é que as três bases sejam usadas por 800 militares e 600 funcionários de defesa. Segundo o correspondente da BBC em Medelín Jeremy McDermott, parte do trabalho nas bases colombianas envolverá operar os aviões americanos que fazem a vigilância da região durante 24 horas, além de coordenar satélites espiões para proteger os interesses dos Estados Unidos.
Ele afirma ainda que a missão americana deve ser de natureza antinarcótica, mas também terá um elemento de combate ao terrorismo, já que alguns grupos rebeldes da Colômbia estão na lista das organizações consideradas terroristas pelo governo americano.
Mesmo antes de ser assinado, o novo acordo já causa polêmica na região, inclusive entre os conservadores. O candidato presidencial Rafael Pardo, do Partido Liberal, afirmou estar preocupado com o efeito do acordo na relação da Colômbia com os países vizinhos.
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: GEOPOLÍTICA
terra.com.br
Ex-líderes europeus lançam alerta a Obama sobre Rússia
Um grupo de 22 ex-líderes europeus publicou nesta quinta-feira uma carta aberta ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, mostrando ansiedade com aproximação entre Estados Unidos e Rússia e pedindo para que o presidente americano reafirme seu engajamento com o continente.
O grupo inclui ex-chefes de Estado do leste e centro da Europa como o polonês Lech Walesa e o checo Vaclav Havel. Eles pediram para que Obama não abandone os planos de construção de um escudo antimísseis, planejado para a Polônia e República Checa, dizendo que ainda se sentem ameaçados pela Rússia, cerca de 20 anos depois do fim da Guerra Fria.
"Abandonar totalmente o programa ou envolver demais a Rússia (nessa iniciativa) sem consultar a Polônia ou a República Checa pode prejudicar a credibilidade dos Estados Unidos na região" disse a carta.
No ano passado, o governo do presidente americano George W. Bush firmou acordos para a construção das bases para o escudo de interceptação de mísseis na Polônia e República Checa, mas a Rússia expressou forte oposição aos planos.
Otan
A carta foi publicada após a visita de Obama à Rússia, onde o presidente americano procurou melhorar as tensas relações entre os dois países.
"Nossas esperanças de que as relações com a Rússia iriam melhorar e que Moscou iria finalmente aceitar plenamente nossa independência e soberanias totais depois que ingressamos na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a União Europeia não se cumpriram", diz a carta.
"Ao contrário, a Rússia volta como uma potência revisionista perseguindo uma agenda do século XIX com táticas do século XXI."
Como exemplo de como a Rússia supostamente procura impor seus interesses, eles citam a pressão econômica de Moscou, como os recentes cortes no fornecimento de gás à Ucrânia e outros países europeus.
O documento pede para que Obama trabalhe em conjunto com a União Europeia para tentar diminuir a dominância energética russa. O grupo pede também pelo fortalecimento da Otan, organização que dizem estar muito mais enfraquecida do que quando eles a ingressaram.
As relações entre a Otan e a Rússia foram restabelecidas em março depois de terem sido suspensas por causa da invasão russa da Geórgia em 2008.
Ex-líderes europeus lançam alerta a Obama sobre Rússia
Um grupo de 22 ex-líderes europeus publicou nesta quinta-feira uma carta aberta ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, mostrando ansiedade com aproximação entre Estados Unidos e Rússia e pedindo para que o presidente americano reafirme seu engajamento com o continente.
O grupo inclui ex-chefes de Estado do leste e centro da Europa como o polonês Lech Walesa e o checo Vaclav Havel. Eles pediram para que Obama não abandone os planos de construção de um escudo antimísseis, planejado para a Polônia e República Checa, dizendo que ainda se sentem ameaçados pela Rússia, cerca de 20 anos depois do fim da Guerra Fria.
"Abandonar totalmente o programa ou envolver demais a Rússia (nessa iniciativa) sem consultar a Polônia ou a República Checa pode prejudicar a credibilidade dos Estados Unidos na região" disse a carta.
No ano passado, o governo do presidente americano George W. Bush firmou acordos para a construção das bases para o escudo de interceptação de mísseis na Polônia e República Checa, mas a Rússia expressou forte oposição aos planos.
Otan
A carta foi publicada após a visita de Obama à Rússia, onde o presidente americano procurou melhorar as tensas relações entre os dois países.
"Nossas esperanças de que as relações com a Rússia iriam melhorar e que Moscou iria finalmente aceitar plenamente nossa independência e soberanias totais depois que ingressamos na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a União Europeia não se cumpriram", diz a carta.
"Ao contrário, a Rússia volta como uma potência revisionista perseguindo uma agenda do século XIX com táticas do século XXI."
Como exemplo de como a Rússia supostamente procura impor seus interesses, eles citam a pressão econômica de Moscou, como os recentes cortes no fornecimento de gás à Ucrânia e outros países europeus.
O documento pede para que Obama trabalhe em conjunto com a União Europeia para tentar diminuir a dominância energética russa. O grupo pede também pelo fortalecimento da Otan, organização que dizem estar muito mais enfraquecida do que quando eles a ingressaram.
As relações entre a Otan e a Rússia foram restabelecidas em março depois de terem sido suspensas por causa da invasão russa da Geórgia em 2008.
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Re: GEOPOLÍTICA
Chicar, Giscard, Tatcher, Felipe González, Mário Soares ? Nem o Berlusconi ?
Naaaaaah ...........
Naaaaaah ...........
"Em geral, as instituições políticas nascem empiricamente na Inglaterra, são sistematizadas na França, aplicadas pragmaticamente nos Estados Unidos e esculhambadas no Brasil"
Re: GEOPOLÍTICA
Péra aí!
Se os mísseis são uma defesa contra o Irã e semelhantes, porque os vizinhos da Rússia os querem tanto?
Ou será que na verdade esse escudo é contra a Rússia mesmo?
Ou ainda, alguém acreditou que era uma defesa contra o Irã?
Se os mísseis são uma defesa contra o Irã e semelhantes, porque os vizinhos da Rússia os querem tanto?
Ou será que na verdade esse escudo é contra a Rússia mesmo?
Ou ainda, alguém acreditou que era uma defesa contra o Irã?
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Re: GEOPOLÍTICA
Qualquer defesa contra o Irã, seria instalada na Turquia, Grécia, sul da Itália, mas não na Polônia (sempre a Polônia) e na R. Tcheca.
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Re: GEOPOLÍTICA
Estava mais do que na cara que isso não era uma defesa contra o Irã.
É para bloquear, pelo menos um pouco, o poder balístico/dissuasório do gigante transcontinental. Que em contrapartida responde com a venda de modernos armamentos e sistemas de defesa para países vizinhos de Israel, não tão pacíficos. No começo desse ano até acusaram sobre uma possível triangulação de material bélico russo para a Síria e Líbano através do Irã, eu não duvido.
Morar ao lado de um gigante deve ser horrível, embora eu ache a união européia sairia vitoriosa em um combate contra a Rússia.
É para bloquear, pelo menos um pouco, o poder balístico/dissuasório do gigante transcontinental. Que em contrapartida responde com a venda de modernos armamentos e sistemas de defesa para países vizinhos de Israel, não tão pacíficos. No começo desse ano até acusaram sobre uma possível triangulação de material bélico russo para a Síria e Líbano através do Irã, eu não duvido.
Morar ao lado de um gigante deve ser horrível, embora eu ache a união européia sairia vitoriosa em um combate contra a Rússia.
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Re: GEOPOLÍTICA
Folha de São Paulo OPINIÃO
Argentina x Brasil?
Cesar Maia
OS JORNAIS argentinos -"Clarín" e "La Nación"- publicaram, em dois dias, artigos questionando as relações entre os EUA e a América do Sul, pró-Brasil, e contra a Argentina.
Dia 8 de julho, no "Clarín", ("Brasil, um aliado sui generis"), o professor Fabian Calle diz que a política externa interamericana EUA/ Brasil é apenas o desdobramento da estratégia do general Golbery do Couto e Silva durante o regime militar. Cita o recente informe "A Second Chance. US policy in the Americas" e afirma que os EUA, como potência mundial, têm o Brasil como "primus interpares" sulamericano. Lembra a reunião Obama-Lula em que ficou clara a imagem transmitida de Brasília como um poder brando.
"A visão de Golbery era o destino do Brasil como uma potência ocidental com estreitas ligações com Washington e com graus de manobra para consolidar sua hegemonia sulamericana e garantir aos EUA um status não desestabilizador." "O ponto era reforçar a hegemonia regional do Brasil sobre a Argentina", e conclui afirmando que, "em pleno século 21, a história das grandes potências não parece convalidar visões lineares de delegação".
Dois dias depois, no "La Nación", o professor Carlos Escudé vai mais longe. Diz que o Brasil nasceu com vantagem ao ficar independente sem crise. Mas que nos anos 1890 a Argentina o superou. Um trabalhador argentino trabalhava a metade de um belga ou alemão e um terço do italiano para comprar o mesmo.
Em 1937 o PIB per capita argentino era superior aos de Áustria e Finlândia, o dobro do italiano e o triplo do japonês. Nos dois casos, o Brasil não era sequer listado. No plano militar, em 1920, a Argentina mobilizaria imediatamente 379 mil homens e o Brasil, 136 mil. Isso valeria para toda a década de 30.
Escudé afirma que o ponto de inflexão foi a Segunda Guerra. Os EUA privilegiaram o Brasil. A neutralidade Argentina teria aberto uma política de sanções dos EUA. A Argentina teria sido privada dos insumos necessários a seu desenvolvimento industrial (departamento de Estado 1945: "essencial não permitir a expansão da indústria pesada na Argentina").
Cita Roosevelt em 1944: "Estou totalmente de acordo que deveríamos proceder duramente com a Argentina. Ao mesmo tempo, é essencial fortalecer o Brasil. Isso deve incluir armas e munições. "Por isso o Brasil emergiu como potencia regional." No final do artigo, Escudé alivia e diz que hoje as relações com o Brasil são de cooperação comercial, e não geopolíticas.
Artigos como esses, em meio à crise política argentina, devem prevenir os canais político-diplomáticos de forma a que nossa imprevisível América Latina não acorde surpreendida, mais uma vez.
CESAR MAIA escreve aos sábados nesta coluna.
Argentina x Brasil?
Cesar Maia
OS JORNAIS argentinos -"Clarín" e "La Nación"- publicaram, em dois dias, artigos questionando as relações entre os EUA e a América do Sul, pró-Brasil, e contra a Argentina.
Dia 8 de julho, no "Clarín", ("Brasil, um aliado sui generis"), o professor Fabian Calle diz que a política externa interamericana EUA/ Brasil é apenas o desdobramento da estratégia do general Golbery do Couto e Silva durante o regime militar. Cita o recente informe "A Second Chance. US policy in the Americas" e afirma que os EUA, como potência mundial, têm o Brasil como "primus interpares" sulamericano. Lembra a reunião Obama-Lula em que ficou clara a imagem transmitida de Brasília como um poder brando.
"A visão de Golbery era o destino do Brasil como uma potência ocidental com estreitas ligações com Washington e com graus de manobra para consolidar sua hegemonia sulamericana e garantir aos EUA um status não desestabilizador." "O ponto era reforçar a hegemonia regional do Brasil sobre a Argentina", e conclui afirmando que, "em pleno século 21, a história das grandes potências não parece convalidar visões lineares de delegação".
Dois dias depois, no "La Nación", o professor Carlos Escudé vai mais longe. Diz que o Brasil nasceu com vantagem ao ficar independente sem crise. Mas que nos anos 1890 a Argentina o superou. Um trabalhador argentino trabalhava a metade de um belga ou alemão e um terço do italiano para comprar o mesmo.
Em 1937 o PIB per capita argentino era superior aos de Áustria e Finlândia, o dobro do italiano e o triplo do japonês. Nos dois casos, o Brasil não era sequer listado. No plano militar, em 1920, a Argentina mobilizaria imediatamente 379 mil homens e o Brasil, 136 mil. Isso valeria para toda a década de 30.
Escudé afirma que o ponto de inflexão foi a Segunda Guerra. Os EUA privilegiaram o Brasil. A neutralidade Argentina teria aberto uma política de sanções dos EUA. A Argentina teria sido privada dos insumos necessários a seu desenvolvimento industrial (departamento de Estado 1945: "essencial não permitir a expansão da indústria pesada na Argentina").
Cita Roosevelt em 1944: "Estou totalmente de acordo que deveríamos proceder duramente com a Argentina. Ao mesmo tempo, é essencial fortalecer o Brasil. Isso deve incluir armas e munições. "Por isso o Brasil emergiu como potencia regional." No final do artigo, Escudé alivia e diz que hoje as relações com o Brasil são de cooperação comercial, e não geopolíticas.
Artigos como esses, em meio à crise política argentina, devem prevenir os canais político-diplomáticos de forma a que nossa imprevisível América Latina não acorde surpreendida, mais uma vez.
CESAR MAIA escreve aos sábados nesta coluna.
"A disciplina militar prestante não se aprende senhor, sonhando e na fantasia, mas labutando e pelejando." (CAMÕES)
Jauro.
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Re: GEOPOLÍTICA
Folha de São Paulo OPINIÃO
Argentina x Brasil?
Cesar Maia
OS JORNAIS argentinos -"Clarín" e "La Nación"- publicaram, em dois dias, artigos questionando as relações entre os EUA e a América do Sul, pró-Brasil, e contra a Argentina.
Dia 8 de julho, no "Clarín", ("Brasil, um aliado sui generis"), o professor Fabian Calle diz que a política externa interamericana EUA/ Brasil é apenas o desdobramento da estratégia do general Golbery do Couto e Silva durante o regime militar. Cita o recente informe "A Second Chance. US policy in the Americas" e afirma que os EUA, como potência mundial, têm o Brasil como "primus interpares" sulamericano. Lembra a reunião Obama-Lula em que ficou clara a imagem transmitida de Brasília como um poder brando.
"A visão de Golbery era o destino do Brasil como uma potência ocidental com estreitas ligações com Washington e com graus de manobra para consolidar sua hegemonia sulamericana e garantir aos EUA um status não desestabilizador." "O ponto era reforçar a hegemonia regional do Brasil sobre a Argentina", e conclui afirmando que, "em pleno século 21, a história das grandes potências não parece convalidar visões lineares de delegação".
Dois dias depois, no "La Nación", o professor Carlos Escudé vai mais longe. Diz que o Brasil nasceu com vantagem ao ficar independente sem crise. Mas que nos anos 1890 a Argentina o superou. Um trabalhador argentino trabalhava a metade de um belga ou alemão e um terço do italiano para comprar o mesmo.
Em 1937 o PIB per capita argentino era superior aos de Áustria e Finlândia, o dobro do italiano e o triplo do japonês. Nos dois casos, o Brasil não era sequer listado. No plano militar, em 1920, a Argentina mobilizaria imediatamente 379 mil homens e o Brasil, 136 mil. Isso valeria para toda a década de 30.
Escudé afirma que o ponto de inflexão foi a Segunda Guerra. Os EUA privilegiaram o Brasil. A neutralidade Argentina teria aberto uma política de sanções dos EUA. A Argentina teria sido privada dos insumos necessários a seu desenvolvimento industrial (departamento de Estado 1945: "essencial não permitir a expansão da indústria pesada na Argentina").
Cita Roosevelt em 1944: "Estou totalmente de acordo que deveríamos proceder duramente com a Argentina. Ao mesmo tempo, é essencial fortalecer o Brasil. Isso deve incluir armas e munições. "Por isso o Brasil emergiu como potencia regional." No final do artigo, Escudé alivia e diz que hoje as relações com o Brasil são de cooperação comercial, e não geopolíticas.
Artigos como esses, em meio à crise política argentina, devem prevenir os canais político-diplomáticos de forma a que nossa imprevisível América Latina não acorde surpreendida, mais uma vez.
CESAR MAIA escreve aos sábados nesta coluna.
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Dia 8 de julho, no "Clarín", ("Brasil, um aliado sui generis"), o professor Fabian Calle diz que a política externa interamericana EUA/ Brasil é apenas o desdobramento da estratégia do general Golbery do Couto e Silva durante o regime militar. Cita o recente informe "A Second Chance. US policy in the Americas" e afirma que os EUA, como potência mundial, têm o Brasil como "primus interpares" sulamericano. Lembra a reunião Obama-Lula em que ficou clara a imagem transmitida de Brasília como um poder brando.
"A visão de Golbery era o destino do Brasil como uma potência ocidental com estreitas ligações com Washington e com graus de manobra para consolidar sua hegemonia sulamericana e garantir aos EUA um status não desestabilizador." "O ponto era reforçar a hegemonia regional do Brasil sobre a Argentina", e conclui afirmando que, "em pleno século 21, a história das grandes potências não parece convalidar visões lineares de delegação".
Dois dias depois, no "La Nación", o professor Carlos Escudé vai mais longe. Diz que o Brasil nasceu com vantagem ao ficar independente sem crise. Mas que nos anos 1890 a Argentina o superou. Um trabalhador argentino trabalhava a metade de um belga ou alemão e um terço do italiano para comprar o mesmo.
Em 1937 o PIB per capita argentino era superior aos de Áustria e Finlândia, o dobro do italiano e o triplo do japonês. Nos dois casos, o Brasil não era sequer listado. No plano militar, em 1920, a Argentina mobilizaria imediatamente 379 mil homens e o Brasil, 136 mil. Isso valeria para toda a década de 30.
Escudé afirma que o ponto de inflexão foi a Segunda Guerra. Os EUA privilegiaram o Brasil. A neutralidade Argentina teria aberto uma política de sanções dos EUA. A Argentina teria sido privada dos insumos necessários a seu desenvolvimento industrial (departamento de Estado 1945: "essencial não permitir a expansão da indústria pesada na Argentina").
Cita Roosevelt em 1944: "Estou totalmente de acordo que deveríamos proceder duramente com a Argentina. Ao mesmo tempo, é essencial fortalecer o Brasil. Isso deve incluir armas e munições. "Por isso o Brasil emergiu como potencia regional." No final do artigo, Escudé alivia e diz que hoje as relações com o Brasil são de cooperação comercial, e não geopolíticas.
Artigos como esses, em meio à crise política argentina, devem prevenir os canais político-diplomáticos de forma a que nossa imprevisível América Latina não acorde surpreendida, mais uma vez.
CESAR MAIA escreve aos sábados nesta coluna.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA
Uma constatação que creio já existir nos planos do MD. Nenhuma das unidades militares do Rio Grande do Sul deve ser transferida ou desativada. Por precaução é bom que continuem por aqui. Como dizia o velho Geisel " o futuro a Deus pertence" e digo eu "é melhor prevenir que remediar". Basta manter, melhorando um pouco, o que já temos no sul do país. É o suficiente.Marino escreveu:Folha de São Paulo OPINIÃO
Argentina x Brasil?
Cesar Maia
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Dia 8 de julho, no "Clarín", ("Brasil, um aliado sui generis"), o professor Fabian Calle diz que a política externa interamericana EUA/ Brasil é apenas o desdobramento da estratégia do general Golbery do Couto e Silva durante o regime militar. Cita o recente informe "A Second Chance. US policy in the Americas" e afirma que os EUA, como potência mundial, têm o Brasil como "primus interpares" sulamericano. Lembra a reunião Obama-Lula em que ficou clara a imagem transmitida de Brasília como um poder brando.
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CESAR MAIA escreve aos sábados nesta coluna.
saudações
Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
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Re: GEOPOLÍTICA
O problema é que o Brasil está cercado, é fronteira que não acaba mais.delmar escreveu:Uma constatação que creio já existir nos planos do MD. Nenhuma das unidades militares do Rio Grande do Sul deve ser transferida ou desativada. Por precaução é bom que continuem por aqui. Como dizia o velho Geisel " o futuro a Deus pertence" e digo eu "é melhor prevenir que remediar". Basta manter, melhorando um pouco, o que já temos no sul do país. É o suficiente.Marino escreveu:Folha de São Paulo OPINIÃO
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CESAR MAIA escreve aos sábados nesta coluna.
saudações
Temos que transferir alguns militares do sul/sudeste para outras regiões também, existem lugares aqui extremamente militarizados e não sofrem quase nenhuma ameaça.
Obviamente que a fronteira com a argentina deve ser bem vigiada, até porque HOJE é o país que depois da Venezuela representaria maior perigo ao Brasil em caso de confronto.
Obvio que eles não nos atacariam, nós temos nossas complicações eles possuem ainda mais. Sem falar que é mais fácil uma cobra fumar que o Brasil entrar em guerra
Falando sério, os dois países possuem alguns dos melhores diplomatas do planeta o que faz ser bem improvável um conflito militar,porém, como já dizia Oscar Wilde "O homem pode acreditar no impossível, mas nunca pode acreditar no improvável", assim seja.
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Re: GEOPOLÍTICA
Achei por bem colocar o texto deste carlos escudé.
Se alguém se dignar a comentar, por favor o faça.
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La Argentina y Brasil, cara a cara
Carlos Escudé
Para LA NACION
La cercanía del Bicentenario exige un examen crítico de nuestros éxitos y fracasos. En ese tren, las comparaciones entre nuestro país y su vecino lusohablante pueden parecer odiosas, pero son necesarias. En verdad, quizás uno de los mejores indicios de cómo le fue a la Argentina a lo largo de las diferentes etapas de su historia resida en cómo se comparaba con Brasil en cada una de ellas.
Nuestro vecino nació con ventaja. El Imperio que, como resultado de un pacto de familia, se desgajó pacíficamente de su mãe pátria , no atravesó una crisis de independencia y era mucho más fuerte que las nacientes Provincias Unidas.
No obstante, los éxitos cosechados por nuestra Generación del 80, ya visibles en los tiempos del Centenario, revirtieron esa ventaja. Durante varias décadas tuvimos la primacía. Una comparación realizada por el industrial Torcuato Di Tella, en 1941, publicada en la emblemática
Revista de Economía Argentina , indicaba que por esos tiempos un trabajador argentino podía comprar un overol con diez horas de trabajo, mientras un belga o un alemán requerían el doble de tiempo y un italiano tanto como treinta y dos horas.
Brasil ni figuraba en la lista. Y las cifras de aquel patriarca de nuestra industria coinciden con las del conocido economista británico Alfred Maizels, quien en una obra de 1963 mostró que, hacia 1937, el producto per cápita argentino era superior a los de Austria y Finlandia, y llegaba al doble del italiano y casi al triple del japonés. Otra vez, Brasil ni figuraba. Económicamente, la Argentina y Brasil estaban más allá de toda comparación.
Increíblemente, la misma ventaja se registraba en el plano militar. Según las cuidadosas investigaciones de archivo de Stanley Hilton, un estudio del estado mayor brasileño de la década de 1920, estimaba que la Argentina podía movilizar 379.000 hombres casi inmediatamente, mientras que Brasil demoraría mucho más para movilizar 136.000. También se explayaba con lujo de detalle sobre cuánto más abundante y avanzado era el armamento argentino.
Las evaluaciones de la Misión Militar Francesa al Brasil coincidían. En un informe confidencial, el general Maurice Gamelin observaba que, en Rio Grande do Sul, el Brasil se encontraba " en infériorité flagrante ". Los británicos comentaban que convertir los soldados brasileños en algo parecido a un ejército era " a lost cause ". Y las conclusiones del agregado militar norteamericano, en 1925, eran similares. Hilton, Frank McCann y Gary Frank, los principales estudiosos de la dimensión militar de esta materia, coinciden en que esta situación se mantuvo durante toda la década de 1930.
El punto de inflexión fue la Segunda Guerra Mundial. A partir de esa instancia crucial, Estados Unidos, la gran potencia en ascenso, se desempeñó como un árbitro que proporcionaba al país que le resultaba más confiable todo lo que le quitaba al que le parecía sospechoso.
Este arbitraje tendencioso, favorable a Brasil, comenzó antes del ingreso de Washington en la contienda, pero después de la caída de Francia, cuando ya estaba claro que habría que defenderse de Alemania. El favoritismo fue el fruto de una vieja relación especial entre Estados Unidos y Brasil, cultivada con inteligencia por Itamaraty desde los tiempos del barón de Rio Branco.
La hora de la verdad llegó en septiembre de 1940, cuando ambos países firmaron un acuerdo por el establecimiento de un polo siderúrgico en Volta Redonda, con financiación norteamericana. A su vez, el oportuno pacto terminó con el juego pendular de Brasil frente a Washington y a Berlín. Según documentos desenterrados por McCann, Estados Unidos adjudicó a la naciente industria del acero brasileña la misma prioridad que a proyectos similares en Estados Unidos. Como consecuencia, un agradecido presidente Getulio Vargas escribió al subsecretario Sumner Welles: "No olvidaré cuánto les debemos a usted y al Departamento de Estado por este feliz resultado".
En cuanto Estados Unidos ingresó en la guerra, el apoyo a Brasil fue acompañado por una comprensible animadversión militante contra la Argentina, que el historiador Joseph Tulchin llamó "persecución". En las medidas palabras de mi respetado colega Mario Rapoport, nuestra neutralidad descerrajó una política de sanciones por parte de esa potencia.
Este auténtico boicot, que se documentó por vez primera en mi libro de 1983, Gran Bretaña, Estados Unidos y la declinación argentina, 1942-49 , significó privar a la Argentina de todos los insumos necesarios para su desarrollo industrial. Se nos cercó para que no pudiéramos importar combustibles, a la vez que, según documentó Hilton, se otorgó a Brasil la misma prioridad que a Gran Bretaña en materia de importaciones de petróleo.
A partir de ese momento la actitud favorable a nuestro vecino, que se había jugado con las democracias en la guerra, se acentuó de manera radical. Los documentos norteamericanos exhumados por Hilton permiten aseverar que, en abril de 1945, se decidió en Washington que Brasil debía potenciarse para que "tuviera la misma relación con el continente sudamericano que Estados Unidos tiene con el norteamericano, y reducir a la Argentina al poder relativo de México o Canadá".
La contracara de esta decisión, que puede consultarse en los documentos publicados por el Departamento de Estado (FRUS 1945, vol. 9), fue la Export Policy I de Estados Unidos hacia nuestro país, del 3 de febrero de 1945, que disponía: "La exportación de bienes de capital debe mantenerse en los mínimos actuales. Es esencial no permitir la expansión de la industria pesada en la Argentina".
En el ámbito militar, el árbitro obró con la misma decisión. La liberalidad de la legislación norteamericana en materia de apertura de secretos nos permite saber que, hacia principios de 1944, el objetivo de alterar el equilibrio militar entre la Argentina y Brasil se convirtió en una política oficial de Estados Unidos, por razones que no estaban relacionadas con el esfuerzo bélico.
Por cierto, un memorial del presidente Franklin D. Roosevelt del 12 de enero de ese año es elocuente. Dice: "Estoy totalmente de acuerdo [?] en que deberíamos proceder duramente con la Argentina. Al mismo tiempo, creo que es esencial que nos movamos inmediatamente para fortalecer al Brasil. Esto debe incluir armas y municiones norteamericanas [?] como para darle una fuerza de combate efectiva cerca de la frontera argentina, del orden de dos o tres regimientos motorizados".
A esas alturas, la suerte estaba echada. Brasil emergería de la Segunda Guerra Mundial como la potencia regional en ciernes de la América del Sur. Y la Argentina surgiría con un conjunto de problemas políticos crónicos que aún no ha conseguido resolver.
Eventualmente, Brasil se convertiría en una potencia por completo fuera de nuestro alcance. Hechos y procesos posteriores, tanto o más importantes que los que transcurrieron durante el período descripto, acentuarían nuestra declinación. Pero de todos los factores que influyeron en nuestro deterioro relativo, el que he presentado aquí es el que mejor puede documentarse. No es el producto de teorías ni el resultado de conjeturas opinables.
No obstante, no hemos perdido en todos los planos. Por el contrario, y a diferencia de aquellos tiempos que no deben añorarse, desde hace un cuarto de siglo nuestras relaciones con Brasil se caracterizan más por la cooperación que por la competencia. Hemos superado las hipótesis de conflicto de antaño. Nuestras desavenencias ya no son geopolíticas, sino comerciales, como las que caracterizan a Estados Unidos y Canadá.
Por cierto, Brasil es una potencia emergente benigna y una de las menos agresivas del orbe. Su presencia en el corazón geográfico de nuestra región ha contribuido a su paz y estabilidad, que es un ejemplo para el mundo.
Por eso, hoy podemos compararnos con ánimo erudito, sin temor a herir sensibilidades que ya están añejadas. Estas sólo agregan sabor al placer de conocer mejor el valor estratégico de las alianzas.
unanimidade só existe no cemitério
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Re: GEOPOLÍTICA
La hora del rearme: el nuevo escenario de la defensa regional
Impulsados por las compras de Hugo Chávez a Rusia y España, el rearme de Chile y las adquisiciones de Colombia, los gastos militares en la región aumentaron un 21 por ciento en la última década. A esto se suman ahora los acuerdos de Brasil con Francia, que incluyen el desarrollo de un submarino nuclear y la transferencia tecnológica que hará de nuestro vecino mayor un polo de industria militar en los próximos años. Por qué la región con menos guerras del planeta invierte en armas. Cómo son las alianzas que se tejen en el interior del continente y cómo juegan en el gran tablero internacional.
Todos los gobiernos de América del Sur minimizan las compras militares que hacen sus vecinos y más aún las propias. No hay enemigos a la vista, pero los nuevos sistemas de armas que llegan a la región son más de ataque que de defensa, como una forma de disuasión agresiva. Por decisiones estratégicas que apuntan a disputar un liderazgo internacional, como forma de acompañar pretensiones regionales, por exceso de divisas -como en los casos del fondo del cobre en Chile o las regalías petroleras en Venezuela- o por simples necesidades de renovación de material obsoleto, empezó a cambiar el tablero de la defensa regional.
También aparecen nuevas alianzas estratégicas. La Rusia de Vladimir Putin -principal proveedor de la Venezuela chavista- combina con las ambiciones de Hugo Chávez. Lula da Silva lleva a Brasil a un fuerte abrazo militar con Francia. Chile diversifica sus amistades entre norteamericanos, británicos, españoles, holandeses y alemanes, pero siempre compra la línea de armas de la OTAN. Los actores más fuertes del vecindario mueven el tablero castrense. La Argentina mira, desea, busca y discute. Sin conflictos concretos a la vista, Latinoámerica renueva sus aparatos castrenses. Las hipótesis de guerra quedaron de lado. Pero ahora se habla de defensa de intereses.
Cada día se conoce una compra o una oferta, como en una incipiente carrera hacia la supremacía militar. Pero, más allá del dinero que se está invirtiendo (un estudio del Instituto Internacional de Estocolmo de Investigaciones para la Paz señala que, entre 1997 y 2006, América del Sur aumentó un 21 por ciento su gasto en defensa), lo que llama la atención de los observadores especializados son las últimas compras en sistemas de armas de alta tecnología.
A fines del año pasado, Brasil hizo público un proyecto de modernización que llega hasta 2011, con un gasto estimado de 3200 millones de dólares para compras y desarrollo de equipos. Pero la reunión de Lula el martes pasado con el presidente de Francia, Nicolas Sarkozy -en la que sellaron un compromiso estratégico militar cuyo eje más resonante pasa por la transferencia de tecnología para que Brasil construya los hipermodernos cazas Rafale y desarrolle un submarino nuclear-, marcó un punto de inflexión. Un paso del gigante del Sur retumba siempre más fuerte.
¿Avanza la región hacia una carrera armamentista? Aunque esa hipótesis circuló en papers y medios de comunicación, los especialistas consultados para esta nota analizan los indiscutibles números del aumento en las compras de armas desde una perspectiva más compleja, que incluye motivaciones políticas diversas, a veces encontradas.
Desde la ambición de Brasil de ocupar una silla en el Consejo de Seguridad de la ONU (para lo que necesita mostrar que tiene con qué apoyar las decisiones de ese organismo en los distintos escenarios de conflicto), hasta la decisión de Venezuela de respaldar, llegado el caso, a sus amigos bolivarianos y el fortalecimiento de Chile en sus fronteras difíciles con Bolivia y Perú, distintas líneas -incluidas las del juego más amplio de la política internacional- explican los nuevos escenarios.
Escenarios en los que, por supuesto, no cuentan solamente los intereses latinoamericanos sino también los del resto del mundo. "Francia cambió el concepto de vender por el de fabricar en el país comprador. Eso le interesa mucho a Brasil para desarrollar su industria. Por otra parte, Francia buscaba hace tiempo meterse en Latinoamérica, y hacer pie en Brasil es fuerte", explica Angel Tello, especialista en cuestiones de defensa internacional y fogueado no sólo en la teoría sino también en la práctica (fue vicedecano de la Universidad de La Plata y secretario de Asuntos Militares en los gobiernos de Raúl Alfonsín y Fernando de la Rúa).
Con Estados Unidos ocupado en otros conflictos y otros escenarios, dice este experto formado en Francia, hay mejores posibilidades para la vieja aspiración francesa de estrechar los lazos con América latina. Por lo pronto, dice Tello, Francia ya significa para Brasil una espada importante en su lucha por ser miembro permanente del Consejo de Seguridad.
Para llegar al verdadero juego internacional, Brasil prepara su emblema: un submarino a propulsión nuclear. Serán 540 millones de dólares los destinados a su producción y se estima que navegará en 2015. Nadie en la región tiene un proyecto tan ambicioso. Sólo nuestro país hubiera podido igualarlo. Hace años. Brasil ofreció en 2000 a la Argentina trabajar en conjunto para llegar al submarino nuclear. No se dio respuesta entonces y Lula finalmente concretó la idea con Francia. Hasta el 2015, Brasil cuenta con un portaaviones -el único en Sudámerica- como fuerza que puede actuar en distintos escenarios del mundo.
¿Lula imita a Chávez en el gasto militar? ¿Se preocupa por los pasos que da el líder bolivariano? Tello niega que haya un efecto de espejo: "Brasil se mueve por Brasil. En el 2000 ya anunciaban su plan de modernización. No está en una carrera armamentista con Venezuela, a lo sumo toma a Chávez como un moscardón molesto. Brasil tiene problemas con la ocupación de la Amazonia y usa su ejército para eso, pero se ve a sí mismo como una gran potencia, como un factor de estabilización regional, y por eso se refuerza militarmente".
Un poco de ruido
En el Ministerio de Defensa argentino, el crecimiento militar brasileño es entendido como el esfuerzo de Itamaraty -la cancillería de Brasil- de ganar espacio internacional. No habrá allí declaraciones públicas, pero desde finales del año pasado se escuchan comentarios off the record sobre los anuncios de compras brasileñas. Se las toma como la membresía que debe pagar Brasil para ingresar de manera permanente al Consejo de Seguridad. Es que una de las reglas no escritas para los integrantes del club más selecto, ése que tiene poder de veto en todas las resoluciones de la ONU, es contar con la capacidad de resolver los conflictos que se produzcan en su zona de influencia. Para eso se necesita una buena diplomacia, poder económico y un extensible brazo militar.
El embajador argentino en Haití, el sociólogo Ernesto López, a cargo (en licencia) del Programa de Investigación Fuerzas Armadas, Seguridad y Sociedad de la Universidad de Quilmes, fue jefe del gabinete de asesores del Ministerio de Defensa durante la gestión de José Pampuro. Desde la capital haitiana, analiza la situación regional en un período de compras de armas: "Estratégicamente hay dos grandes avenidas en la seguridad de la subregión. Una que pasa por lo que se conoce como nuevas amenazas, como el narcotráfico, el terrorismo y sus delitos conexos con organizaciones internacionales. La segunda avenida se refiere a los temas más tradicionales, como la situación de Bolivia, las amenazas de fractura allí, o la permanencia de la actividad de las FARC y esta mediación de Venezuela que hace un poco de ruido en la relación de este país con Colombia. Hay una convivencia civilizada, pero es verdad que se activó el gasto en armamento.
López recuerda que Venezuela, apoyada en el petróleo, dio un paso muy grande en la subregión, tomó un lugar de referencia y buscó apoyar esa posición con las fuerzas armadas; para eso tuvo que aumentar el gasto militar. En su opinión, Brasil empezó a mirar con cierta atención a Venezuela y por eso empezó a preocuparse en actualizar sus sistemas de armas.
Chile y Venezuela
En los rubros de compra fue Chile el país que ingresó primero a boxes, cambió su equipo y ya tiene casi en funciones 28 cazabombarderos F16 (diez comprados nuevos a los Estados Unidos y 18 usados adquiridos en Holanda), dos submarinos clase Scorpone construidos en astilleros españoles, tres fragatas misilísticas llegadas de Gran Bretaña y 118 tanques alemanes Leopard II. Chile derivó 1400 millones de dólares para reforzarse, con un recurso que no es medido por quienes comparan presupuestos militares: los fondos de la ley del cobre. Se trata de unos 200 millones de dólares al año que Chile deriva, por una norma promulgada en el gobierno de Augusto Pinochet, de la ganancias de su commodity exclusivamente a compras de sistemas de armas.
En el contexto de un ambiente de fraternidad con la Argentina, hasta tal punto que se constituyó una inédita fuerza combinada para misiones de paz, el poderío militar chileno se ubica en la región norte, donde es centenario el reclamo territorial de Perú y Bolivia. Tamaña fuerza de disuasión chilena es un freno a toda aventura. Bolivia, sin comprar armas, realizó una alianza que generó polémicas con todos sus vecinos. Evo Morales firmó un acuerdo con Chávez para permitir la defensa del suelo boliviano con tropas venezolanas. En la práctica, Bolivia contrató a un custodio.
El presidente venezolano tiene la billetera fácil con sus petrodólares y los usa mucho en el campo militar. Rusia se transformó en su dealer de armas. A diferencia de otras naciones, Chávez no tiene problemas en proclamar sus inversiones bélicas. Los contratos con Moscú suman más de 5000 millones de dólares para obtener 24 importantes cazabombarderos Sukhoi 24 y arreglar condiciones para tener los modernos Sukhoi 35, que ni siquiera están aún desplegados en servicio en Rusia. Con ver el folleto Chávez compró. Sumó el pedido por 60 helicópteros de ataque MI35 y encargó tres submarinos clase Varhavianka, con capacidades de lanzar misiles crucero. La excusa para armar a la revolución bolivariana es el riesgo supuesto de un ataque norteamericano. Así Chávez compró 100 mil fusiles Kalashnikov AK 103 para sostener a milicias populares. El concepto que utiliza es el de guerra asimétrica, tal como lo afirma el propio Chávez.
"En el plano de adquisición de armamento hay una paradoja: por una parte se habla de una doctrina de defensa popular, de milicias, de reservas para el hipotético caso de un ataque norteamericano, pero se compran sistemas complejos y avanzados, submarinos, helicópteros y artillería. Eso no sirve para una situación de guerra popular, no sirve para enfrentar a los Estados Unidos, es armamento convencional como para enfrentar a Colombia", dice Aníbal Romero, profesor de posgrado de ciencia política de la Universidad Simón Bolívar y autor de varios libros sobre las relaciones cívico-militares en Venezuela. Sumamente crítico del presidente, asegura además que "Chávez no está preparado para ninguna guerra, ha desmoralizado a los militares venezolanos, que en términos latinoamericanos eran de los más profesionales. No van a pelear en alianza con las FARC como pretende Chávez. Las llamadas milicias son organizaciones de clientelismo que no van a morir por él. Estas compras de armas es dinero botado de los venezolanos".
Y Colombia, ¿ve con preocupación la confrontación con Chávez? "Sólo es una escalada verbal, la intensidad de las relaciones entre los países es tan grande que nadie imagina una ruptura comercial o diplomática y menos una guerra; Chávez tomó a Colombia como pretexto para sostener su figuración pública internacional y también como una forma de distraer a la opinión interna de su país", afirma Alfredo Rangel, director de la fundación colombiana Seguridad & Democracia.
Su fundación mira con detalle los presupuestos militares latinoamericanos y determina que Colombia, pese a ser un país con un promedio de 4500 millones de dólares destinados al esfuerzo bélico, no deriva recursos significativos a compras, sino a sostener el esfuerzo de guerra contra las FARC. En diez años, el ejército colombiano pasó de 150.000 a 250.000 hombres. Sólo este año se anunció la compra de veteranos aviones de combate Kfir a Israel.
Para Rangel, "el término carrera armamentista involucra situaciones de conflicto; debe detonarse por un problema político que empieza a derivarse hacia un enfrentamiento militar. No se da eso en la región. Sí hay una intención significativa de Chile, Venezuela y Brasil de renovar sus equipos, pero no hacia un escalamiento del poder. No se ven intenciones hostiles. Los países latinoamericanos deberían examinar nuevas iniciativas de seguridad común. Es más viable la integración de defensa que la económica".
Y en ese aspecto se cruzan otra vez Lula y Chávez. El venezolano propuso una alianza militar a Nicaragua, Bolivia, Ecuador y Cuba. El presidente de Brasil teje en estos días un acuerdo con los países sudamericanos para conformar un dispositivo de defensa colectiva que deje a un lado el viejo Tratado Interamericano de Asistencia Recíproca (TIAR) creado por Washington en años de Guerra Fría. Los brasileños rechazaron hacer una red solidaria de defensa cuando esa propuesta la llevó la Argentina a Itamaraty (al menos cinco veces desde 2000). El tiempo cambia. Brasil se mueve como líder. No gasta, invierte para tener la voz más fuerte en la reunión del consorcio sudamericano.
Demasiado caro para la Argentina
La Argentina no es ajena al interés por renovar la tecnología de combate que hoy atraviesa a la región. Sin el alarde venezolano, la convicción chilena o la determinación brasileña, las autoridades argentinas también preguntan precios, en voz baja. Pero no se deciden. Todo les parece caro.
Los proyectos más serios -y costosos- se dirigen a los aviones caza. La familia Mirage argentina pasará a retiro en 2011, tal como quedó determinado por la Fuerza Aérea y el Ministerio de Defensa. Para ese año deberá estar operativo como sistema de armas su reemplazo. Entre el proceso de licitación, la adjudicación y el entrenamiento de los pilotos no queda mucho margen temporal de maniobra. Dos son los candidatos: el Mirage 2000 francés y el F16 norteamericano. Francia ofreció esa aeronave a la ministra de Defensa, Nilda Garré, a un costo de 90 millones de euros por doce unidades. Quienes participaron en negociaciones con los franceses aseguran que no fue ése el primer ofrecimiento en los últimos cinco años. Ya se había propuesto la llegada del Mirage F1, modelo anterior al Mirage 2000. Francia se quedó sin una respuesta argentina, por sí o por no, decisión que debe tomarse en la Casa Rosada. Entre tanto, se negoció en paralelo con EE.UU. para comprar los cazabombarderos F16. Pero no se hacen anuncios, al estilo de los de Venezuela, Brasil o Chile. Todo es discreto. El clima de época no es favorable en la Argentina para las compras militares.
En el despacho de Garré, hace tiempo que hay un informe reservado sobre la situación operativa de las Fuerzas Armadas. No es un secreto de Estado que la conclusión es negativa. El Ejército expuso que se requieren 770 millones de pesos para comprar municiones. Pero, ¿cómo explicar un gasto en el área militar? Esa duda se ve reflejada en el presupuesto. El Ministerio de Defensa consiguió introducir un artículo en el mensaje del proyecto de ley para sumar recursos que el Ministerio de Economía negaba en las planillas. Se faculta así al jefe de Gabinete a desviar partidas por más de 700 millones de pesos en favor de Defensa. La reparación del rompehielos Irízar se llevará 136 millones. El resto se distribuirá en adiestramiento y equipos. Pero como el texto "faculta" pero no "obliga", ese traspaso de dinero queda a voluntad de la Casa Rosada.
Las compras en la región provocaron, al menos, cierta reactivación local. En los últimos dos años se consiguieron fondos para recuperar algunas aeronaves. Se había llegado al límite de tener un solo avión de transporte Hércules en servicio. Son cuatro los que ahora pueden volar. El Ejército puso además en el aire 26 helicópteros Bell UH 1H y Huey II en el festejo de su grupo aéreo. Tantos aparatos en vuelo es casi un milagro argentino. O bien inversión positiva. Ese día de noviembre último también se presentó un prototipo de helicóptero de ataque de fabricación nacional. Las autoridades de la Fuerza Aérea se enteraron del proyecto por TV. Esa falta de coordinación también ocasionó una competencia entre las tres fuerzas por ser la primera en lanzar un avión no tripulado de reconocimiento. Cada una hizo su propio desarrollo.
Otras iniciativas quedaron en el camino. Se firmó un acuerdo de transferencia militar con Rusia, pero no hubo después hechos concretos. Se rechazaron los dos buques de desembarco casi donados por Francia porque se consideró un gasto excesivo quitar el revestimiento de amianto, supuestamente contaminante. Se probó un helicóptero de China, pero el plan quedó congelado. Se trabó la licitación de radares móviles militares por objeciones de las compañías participantes; de ahora en más se tomaría la decisión de hacer compras directas de país a país. Un operativo de radarización de la frontera norte con sistemas ociosos del Ejército se canceló, con los aparatos desplegados en Formosa y Salta, porque el Ministerio del Interior no transfirió una partida prometida...
Sí llegó el dinero para revisar los cascos de los buques de la Armada. También para desarrollar lanchas patrulleras. Poco en comparación con los anuncios de Venezuela, Brasil y Chile. A precio simbólico fueron entregados por EE.UU. cuatro helicópteros Sea King para reemplazar los perdidos en el Irízar; llegarán en los próximos días. Antes de la cumbre de Mar del Plata, el Pentágono había vendido misiles aire-aire Sidewinder de última generación. Y compró la mitad de la patente de un software de seguridad infomática desarrollado por militares argentinos. La línea militar con Washington parece ser la única que da resultados visibles.
Por Daniel Gallo
http://www.nuestromar.org
Impulsados por las compras de Hugo Chávez a Rusia y España, el rearme de Chile y las adquisiciones de Colombia, los gastos militares en la región aumentaron un 21 por ciento en la última década. A esto se suman ahora los acuerdos de Brasil con Francia, que incluyen el desarrollo de un submarino nuclear y la transferencia tecnológica que hará de nuestro vecino mayor un polo de industria militar en los próximos años. Por qué la región con menos guerras del planeta invierte en armas. Cómo son las alianzas que se tejen en el interior del continente y cómo juegan en el gran tablero internacional.
Todos los gobiernos de América del Sur minimizan las compras militares que hacen sus vecinos y más aún las propias. No hay enemigos a la vista, pero los nuevos sistemas de armas que llegan a la región son más de ataque que de defensa, como una forma de disuasión agresiva. Por decisiones estratégicas que apuntan a disputar un liderazgo internacional, como forma de acompañar pretensiones regionales, por exceso de divisas -como en los casos del fondo del cobre en Chile o las regalías petroleras en Venezuela- o por simples necesidades de renovación de material obsoleto, empezó a cambiar el tablero de la defensa regional.
También aparecen nuevas alianzas estratégicas. La Rusia de Vladimir Putin -principal proveedor de la Venezuela chavista- combina con las ambiciones de Hugo Chávez. Lula da Silva lleva a Brasil a un fuerte abrazo militar con Francia. Chile diversifica sus amistades entre norteamericanos, británicos, españoles, holandeses y alemanes, pero siempre compra la línea de armas de la OTAN. Los actores más fuertes del vecindario mueven el tablero castrense. La Argentina mira, desea, busca y discute. Sin conflictos concretos a la vista, Latinoámerica renueva sus aparatos castrenses. Las hipótesis de guerra quedaron de lado. Pero ahora se habla de defensa de intereses.
Cada día se conoce una compra o una oferta, como en una incipiente carrera hacia la supremacía militar. Pero, más allá del dinero que se está invirtiendo (un estudio del Instituto Internacional de Estocolmo de Investigaciones para la Paz señala que, entre 1997 y 2006, América del Sur aumentó un 21 por ciento su gasto en defensa), lo que llama la atención de los observadores especializados son las últimas compras en sistemas de armas de alta tecnología.
A fines del año pasado, Brasil hizo público un proyecto de modernización que llega hasta 2011, con un gasto estimado de 3200 millones de dólares para compras y desarrollo de equipos. Pero la reunión de Lula el martes pasado con el presidente de Francia, Nicolas Sarkozy -en la que sellaron un compromiso estratégico militar cuyo eje más resonante pasa por la transferencia de tecnología para que Brasil construya los hipermodernos cazas Rafale y desarrolle un submarino nuclear-, marcó un punto de inflexión. Un paso del gigante del Sur retumba siempre más fuerte.
¿Avanza la región hacia una carrera armamentista? Aunque esa hipótesis circuló en papers y medios de comunicación, los especialistas consultados para esta nota analizan los indiscutibles números del aumento en las compras de armas desde una perspectiva más compleja, que incluye motivaciones políticas diversas, a veces encontradas.
Desde la ambición de Brasil de ocupar una silla en el Consejo de Seguridad de la ONU (para lo que necesita mostrar que tiene con qué apoyar las decisiones de ese organismo en los distintos escenarios de conflicto), hasta la decisión de Venezuela de respaldar, llegado el caso, a sus amigos bolivarianos y el fortalecimiento de Chile en sus fronteras difíciles con Bolivia y Perú, distintas líneas -incluidas las del juego más amplio de la política internacional- explican los nuevos escenarios.
Escenarios en los que, por supuesto, no cuentan solamente los intereses latinoamericanos sino también los del resto del mundo. "Francia cambió el concepto de vender por el de fabricar en el país comprador. Eso le interesa mucho a Brasil para desarrollar su industria. Por otra parte, Francia buscaba hace tiempo meterse en Latinoamérica, y hacer pie en Brasil es fuerte", explica Angel Tello, especialista en cuestiones de defensa internacional y fogueado no sólo en la teoría sino también en la práctica (fue vicedecano de la Universidad de La Plata y secretario de Asuntos Militares en los gobiernos de Raúl Alfonsín y Fernando de la Rúa).
Con Estados Unidos ocupado en otros conflictos y otros escenarios, dice este experto formado en Francia, hay mejores posibilidades para la vieja aspiración francesa de estrechar los lazos con América latina. Por lo pronto, dice Tello, Francia ya significa para Brasil una espada importante en su lucha por ser miembro permanente del Consejo de Seguridad.
Para llegar al verdadero juego internacional, Brasil prepara su emblema: un submarino a propulsión nuclear. Serán 540 millones de dólares los destinados a su producción y se estima que navegará en 2015. Nadie en la región tiene un proyecto tan ambicioso. Sólo nuestro país hubiera podido igualarlo. Hace años. Brasil ofreció en 2000 a la Argentina trabajar en conjunto para llegar al submarino nuclear. No se dio respuesta entonces y Lula finalmente concretó la idea con Francia. Hasta el 2015, Brasil cuenta con un portaaviones -el único en Sudámerica- como fuerza que puede actuar en distintos escenarios del mundo.
¿Lula imita a Chávez en el gasto militar? ¿Se preocupa por los pasos que da el líder bolivariano? Tello niega que haya un efecto de espejo: "Brasil se mueve por Brasil. En el 2000 ya anunciaban su plan de modernización. No está en una carrera armamentista con Venezuela, a lo sumo toma a Chávez como un moscardón molesto. Brasil tiene problemas con la ocupación de la Amazonia y usa su ejército para eso, pero se ve a sí mismo como una gran potencia, como un factor de estabilización regional, y por eso se refuerza militarmente".
Un poco de ruido
En el Ministerio de Defensa argentino, el crecimiento militar brasileño es entendido como el esfuerzo de Itamaraty -la cancillería de Brasil- de ganar espacio internacional. No habrá allí declaraciones públicas, pero desde finales del año pasado se escuchan comentarios off the record sobre los anuncios de compras brasileñas. Se las toma como la membresía que debe pagar Brasil para ingresar de manera permanente al Consejo de Seguridad. Es que una de las reglas no escritas para los integrantes del club más selecto, ése que tiene poder de veto en todas las resoluciones de la ONU, es contar con la capacidad de resolver los conflictos que se produzcan en su zona de influencia. Para eso se necesita una buena diplomacia, poder económico y un extensible brazo militar.
El embajador argentino en Haití, el sociólogo Ernesto López, a cargo (en licencia) del Programa de Investigación Fuerzas Armadas, Seguridad y Sociedad de la Universidad de Quilmes, fue jefe del gabinete de asesores del Ministerio de Defensa durante la gestión de José Pampuro. Desde la capital haitiana, analiza la situación regional en un período de compras de armas: "Estratégicamente hay dos grandes avenidas en la seguridad de la subregión. Una que pasa por lo que se conoce como nuevas amenazas, como el narcotráfico, el terrorismo y sus delitos conexos con organizaciones internacionales. La segunda avenida se refiere a los temas más tradicionales, como la situación de Bolivia, las amenazas de fractura allí, o la permanencia de la actividad de las FARC y esta mediación de Venezuela que hace un poco de ruido en la relación de este país con Colombia. Hay una convivencia civilizada, pero es verdad que se activó el gasto en armamento.
López recuerda que Venezuela, apoyada en el petróleo, dio un paso muy grande en la subregión, tomó un lugar de referencia y buscó apoyar esa posición con las fuerzas armadas; para eso tuvo que aumentar el gasto militar. En su opinión, Brasil empezó a mirar con cierta atención a Venezuela y por eso empezó a preocuparse en actualizar sus sistemas de armas.
Chile y Venezuela
En los rubros de compra fue Chile el país que ingresó primero a boxes, cambió su equipo y ya tiene casi en funciones 28 cazabombarderos F16 (diez comprados nuevos a los Estados Unidos y 18 usados adquiridos en Holanda), dos submarinos clase Scorpone construidos en astilleros españoles, tres fragatas misilísticas llegadas de Gran Bretaña y 118 tanques alemanes Leopard II. Chile derivó 1400 millones de dólares para reforzarse, con un recurso que no es medido por quienes comparan presupuestos militares: los fondos de la ley del cobre. Se trata de unos 200 millones de dólares al año que Chile deriva, por una norma promulgada en el gobierno de Augusto Pinochet, de la ganancias de su commodity exclusivamente a compras de sistemas de armas.
En el contexto de un ambiente de fraternidad con la Argentina, hasta tal punto que se constituyó una inédita fuerza combinada para misiones de paz, el poderío militar chileno se ubica en la región norte, donde es centenario el reclamo territorial de Perú y Bolivia. Tamaña fuerza de disuasión chilena es un freno a toda aventura. Bolivia, sin comprar armas, realizó una alianza que generó polémicas con todos sus vecinos. Evo Morales firmó un acuerdo con Chávez para permitir la defensa del suelo boliviano con tropas venezolanas. En la práctica, Bolivia contrató a un custodio.
El presidente venezolano tiene la billetera fácil con sus petrodólares y los usa mucho en el campo militar. Rusia se transformó en su dealer de armas. A diferencia de otras naciones, Chávez no tiene problemas en proclamar sus inversiones bélicas. Los contratos con Moscú suman más de 5000 millones de dólares para obtener 24 importantes cazabombarderos Sukhoi 24 y arreglar condiciones para tener los modernos Sukhoi 35, que ni siquiera están aún desplegados en servicio en Rusia. Con ver el folleto Chávez compró. Sumó el pedido por 60 helicópteros de ataque MI35 y encargó tres submarinos clase Varhavianka, con capacidades de lanzar misiles crucero. La excusa para armar a la revolución bolivariana es el riesgo supuesto de un ataque norteamericano. Así Chávez compró 100 mil fusiles Kalashnikov AK 103 para sostener a milicias populares. El concepto que utiliza es el de guerra asimétrica, tal como lo afirma el propio Chávez.
"En el plano de adquisición de armamento hay una paradoja: por una parte se habla de una doctrina de defensa popular, de milicias, de reservas para el hipotético caso de un ataque norteamericano, pero se compran sistemas complejos y avanzados, submarinos, helicópteros y artillería. Eso no sirve para una situación de guerra popular, no sirve para enfrentar a los Estados Unidos, es armamento convencional como para enfrentar a Colombia", dice Aníbal Romero, profesor de posgrado de ciencia política de la Universidad Simón Bolívar y autor de varios libros sobre las relaciones cívico-militares en Venezuela. Sumamente crítico del presidente, asegura además que "Chávez no está preparado para ninguna guerra, ha desmoralizado a los militares venezolanos, que en términos latinoamericanos eran de los más profesionales. No van a pelear en alianza con las FARC como pretende Chávez. Las llamadas milicias son organizaciones de clientelismo que no van a morir por él. Estas compras de armas es dinero botado de los venezolanos".
Y Colombia, ¿ve con preocupación la confrontación con Chávez? "Sólo es una escalada verbal, la intensidad de las relaciones entre los países es tan grande que nadie imagina una ruptura comercial o diplomática y menos una guerra; Chávez tomó a Colombia como pretexto para sostener su figuración pública internacional y también como una forma de distraer a la opinión interna de su país", afirma Alfredo Rangel, director de la fundación colombiana Seguridad & Democracia.
Su fundación mira con detalle los presupuestos militares latinoamericanos y determina que Colombia, pese a ser un país con un promedio de 4500 millones de dólares destinados al esfuerzo bélico, no deriva recursos significativos a compras, sino a sostener el esfuerzo de guerra contra las FARC. En diez años, el ejército colombiano pasó de 150.000 a 250.000 hombres. Sólo este año se anunció la compra de veteranos aviones de combate Kfir a Israel.
Para Rangel, "el término carrera armamentista involucra situaciones de conflicto; debe detonarse por un problema político que empieza a derivarse hacia un enfrentamiento militar. No se da eso en la región. Sí hay una intención significativa de Chile, Venezuela y Brasil de renovar sus equipos, pero no hacia un escalamiento del poder. No se ven intenciones hostiles. Los países latinoamericanos deberían examinar nuevas iniciativas de seguridad común. Es más viable la integración de defensa que la económica".
Y en ese aspecto se cruzan otra vez Lula y Chávez. El venezolano propuso una alianza militar a Nicaragua, Bolivia, Ecuador y Cuba. El presidente de Brasil teje en estos días un acuerdo con los países sudamericanos para conformar un dispositivo de defensa colectiva que deje a un lado el viejo Tratado Interamericano de Asistencia Recíproca (TIAR) creado por Washington en años de Guerra Fría. Los brasileños rechazaron hacer una red solidaria de defensa cuando esa propuesta la llevó la Argentina a Itamaraty (al menos cinco veces desde 2000). El tiempo cambia. Brasil se mueve como líder. No gasta, invierte para tener la voz más fuerte en la reunión del consorcio sudamericano.
Demasiado caro para la Argentina
La Argentina no es ajena al interés por renovar la tecnología de combate que hoy atraviesa a la región. Sin el alarde venezolano, la convicción chilena o la determinación brasileña, las autoridades argentinas también preguntan precios, en voz baja. Pero no se deciden. Todo les parece caro.
Los proyectos más serios -y costosos- se dirigen a los aviones caza. La familia Mirage argentina pasará a retiro en 2011, tal como quedó determinado por la Fuerza Aérea y el Ministerio de Defensa. Para ese año deberá estar operativo como sistema de armas su reemplazo. Entre el proceso de licitación, la adjudicación y el entrenamiento de los pilotos no queda mucho margen temporal de maniobra. Dos son los candidatos: el Mirage 2000 francés y el F16 norteamericano. Francia ofreció esa aeronave a la ministra de Defensa, Nilda Garré, a un costo de 90 millones de euros por doce unidades. Quienes participaron en negociaciones con los franceses aseguran que no fue ése el primer ofrecimiento en los últimos cinco años. Ya se había propuesto la llegada del Mirage F1, modelo anterior al Mirage 2000. Francia se quedó sin una respuesta argentina, por sí o por no, decisión que debe tomarse en la Casa Rosada. Entre tanto, se negoció en paralelo con EE.UU. para comprar los cazabombarderos F16. Pero no se hacen anuncios, al estilo de los de Venezuela, Brasil o Chile. Todo es discreto. El clima de época no es favorable en la Argentina para las compras militares.
En el despacho de Garré, hace tiempo que hay un informe reservado sobre la situación operativa de las Fuerzas Armadas. No es un secreto de Estado que la conclusión es negativa. El Ejército expuso que se requieren 770 millones de pesos para comprar municiones. Pero, ¿cómo explicar un gasto en el área militar? Esa duda se ve reflejada en el presupuesto. El Ministerio de Defensa consiguió introducir un artículo en el mensaje del proyecto de ley para sumar recursos que el Ministerio de Economía negaba en las planillas. Se faculta así al jefe de Gabinete a desviar partidas por más de 700 millones de pesos en favor de Defensa. La reparación del rompehielos Irízar se llevará 136 millones. El resto se distribuirá en adiestramiento y equipos. Pero como el texto "faculta" pero no "obliga", ese traspaso de dinero queda a voluntad de la Casa Rosada.
Las compras en la región provocaron, al menos, cierta reactivación local. En los últimos dos años se consiguieron fondos para recuperar algunas aeronaves. Se había llegado al límite de tener un solo avión de transporte Hércules en servicio. Son cuatro los que ahora pueden volar. El Ejército puso además en el aire 26 helicópteros Bell UH 1H y Huey II en el festejo de su grupo aéreo. Tantos aparatos en vuelo es casi un milagro argentino. O bien inversión positiva. Ese día de noviembre último también se presentó un prototipo de helicóptero de ataque de fabricación nacional. Las autoridades de la Fuerza Aérea se enteraron del proyecto por TV. Esa falta de coordinación también ocasionó una competencia entre las tres fuerzas por ser la primera en lanzar un avión no tripulado de reconocimiento. Cada una hizo su propio desarrollo.
Otras iniciativas quedaron en el camino. Se firmó un acuerdo de transferencia militar con Rusia, pero no hubo después hechos concretos. Se rechazaron los dos buques de desembarco casi donados por Francia porque se consideró un gasto excesivo quitar el revestimiento de amianto, supuestamente contaminante. Se probó un helicóptero de China, pero el plan quedó congelado. Se trabó la licitación de radares móviles militares por objeciones de las compañías participantes; de ahora en más se tomaría la decisión de hacer compras directas de país a país. Un operativo de radarización de la frontera norte con sistemas ociosos del Ejército se canceló, con los aparatos desplegados en Formosa y Salta, porque el Ministerio del Interior no transfirió una partida prometida...
Sí llegó el dinero para revisar los cascos de los buques de la Armada. También para desarrollar lanchas patrulleras. Poco en comparación con los anuncios de Venezuela, Brasil y Chile. A precio simbólico fueron entregados por EE.UU. cuatro helicópteros Sea King para reemplazar los perdidos en el Irízar; llegarán en los próximos días. Antes de la cumbre de Mar del Plata, el Pentágono había vendido misiles aire-aire Sidewinder de última generación. Y compró la mitad de la patente de un software de seguridad infomática desarrollado por militares argentinos. La línea militar con Washington parece ser la única que da resultados visibles.
Por Daniel Gallo
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Re: GEOPOLÍTICA
Gostaria de ouvir a opinião de nosso colega historiador Nukualofa77 sobre este artigos!
A morte do homem começa no instante em que ele desiste de aprender. (Albino Teixeira)
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Re: GEOPOLÍTICA
21/07/2009 - 13h25
Governo do Peru diz que gastos militares do Chile são preocupantes
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colaboração para a Folha Online
O ministro de Relações Exteriores do Peru, José Antonio García Belaunde, declarou nesta terça-feira que os gastos militares do Chile são preocupantes, pois podem levar a uma corrida armamentista na região.
"Não diria que existe um Guerra Fria na região, porém é uma incitação a uma corrida armamentista", declarou Belaunde a um jornal peruano.
Ele também disse que "o Conselho de Defesa da Unasur [União de Nações Sul-Americanas] deveria tratar de temas como este. Realmente chama a atenção e preocupa os gastos com armamentos do Chile".
"Creio que o problema é a liberdade que as Forças Armadas chilenas têm para gastar, o que é bastante preocupante", comentou o chanceler, que já discutiu com o governo chileno a situação.
O Chile conta com grandes recursos para a compra de material bélico graças a uma lei especial que destina 10% dos lucros da estatal Codelco, a maior produtora mundial de cobre, para as Forças Armadas --o que significa cerca de US$ 1 bilhão (R$ 2 bilhões) em gastos anuais militares.
Nos últimos anos, o país iniciou um processo de renovação de seus armamentos, incluindo aviões, tanques, helicópteros, barcos e submarinos.
As preocupações do Peru vêm de uma disputa territorial. No ano passado o país apresentou uma petição a Corte Internacional de Haia para reconhecimento dos direitos sobre 67 mil quilômetros quadrados no oceano Pacífico, dos quais o Chile exerce domínio.
Governo do Peru diz que gastos militares do Chile são preocupantes
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O ministro de Relações Exteriores do Peru, José Antonio García Belaunde, declarou nesta terça-feira que os gastos militares do Chile são preocupantes, pois podem levar a uma corrida armamentista na região.
"Não diria que existe um Guerra Fria na região, porém é uma incitação a uma corrida armamentista", declarou Belaunde a um jornal peruano.
Ele também disse que "o Conselho de Defesa da Unasur [União de Nações Sul-Americanas] deveria tratar de temas como este. Realmente chama a atenção e preocupa os gastos com armamentos do Chile".
"Creio que o problema é a liberdade que as Forças Armadas chilenas têm para gastar, o que é bastante preocupante", comentou o chanceler, que já discutiu com o governo chileno a situação.
O Chile conta com grandes recursos para a compra de material bélico graças a uma lei especial que destina 10% dos lucros da estatal Codelco, a maior produtora mundial de cobre, para as Forças Armadas --o que significa cerca de US$ 1 bilhão (R$ 2 bilhões) em gastos anuais militares.
Nos últimos anos, o país iniciou um processo de renovação de seus armamentos, incluindo aviões, tanques, helicópteros, barcos e submarinos.
As preocupações do Peru vêm de uma disputa territorial. No ano passado o país apresentou uma petição a Corte Internacional de Haia para reconhecimento dos direitos sobre 67 mil quilômetros quadrados no oceano Pacífico, dos quais o Chile exerce domínio.
- Marino
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Re: GEOPOLÍTICA
Além do Atlântico Norte
Abram Szajman
Presidente da Federação e Centro do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), do Sebrae (SP) e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac
Ao lado dos aspectos puramente econômicos da crise mundial, os contornos geopolíticos de suas consequências apontam cada vez mais para um processo de transformação das relações entre povos e nações. O fenômeno poderá levar a uma ruptura com o padrão de dominação estabelecido desde a revolução mercantil dos séculos 15 e 16.
Depois da ascensão e queda do Império Britânico, a hegemonia dos Estados Unidos — superpotência que restou após o colapso da União Soviética — dá sinais de esgotamento ante problemas internos e externos. Por mais simpatia que desperte o presidente Barack Obama, parece estar além de suas forças evitar o declínio de uma nação imersa no desemprego, com grandes empresas e bancos à beira da falência e que ainda por cima se dá ao luxo de sustentar duas guerras simultâneas para as quais não se enxerga desfecho próximo.
A fragilidade atual dos Estados Unidos está exposta a olho nu. O mesmo país que há 40 anos despertou admiração ao levar o homem à lua, até hoje não foi capaz de criar um sistema público de saúde para os 47 milhões de americanos que não podem arcar com os custos da assistência médico-hospitalar privada. Em seus déficits cada vez mais crônicos, que o mundo se organiza para deixar de financiar, figura um rombo superior a US$ 600 bilhões em 2008 apenas com gastos militares — 10 vezes mais do que a China, seu concorrente mais próximo nesse quesito.
Como a também rica e outrora agressiva Europa — matriz dos modelos colonialistas e imperialistas que se espalharam pelo planeta nos últimos cinco séculos — encontra-se igualmente prostrada pelo furacão originado em Wall Street, nada mais natural que os grandes países de outros continentes constatassem ser chegada a hora de agir em prol da condução autônoma de seus destinos.
Cansadas de ver as decisões políticas, econômicas, financeiras e militares, que impactam todos os países, serem tomadas apenas por alguns em círculos restritos como o G8, o FMI, o BIRD ou o Conselho de Segurança da ONU, as nações emergentes uniram-se para criar foros internacionais mais amplos, o que explica o surgimento do G-20 e, mais recentemente, do Bric.
No caso do G-20, após duas reuniões de seus chefes de Estado, o grupo formado por países de todos os continentes e regiões qualificou-se para ser o eixo das medidas coordenadas de enfrentamento da crise. Nele pode ser gestado um sistema de governança global, que supra as lacunas das instituições legadas por Bretton Woods, para o controle das atividades financeiras, estabelecendo a regulação dos mercados na direção do sonho de Lord Keynes da moeda única, administrada por um banco central global.
Já o Bric, bloco novo e sui generis por agrupar países de continentes, regimes políticos e tradições culturais distintas, mas que representam 40% da população e 15% do PIB mundiais, tem tarefas mais imediatas como a substituição do dólar como moeda de referência do comércio internacional, o que dever ser feito com cautela, pois Brasil, Rússia, Índia e China possuem 70% de suas reservas em títulos do governo norte-americano.
Ainda é cedo para dizer se o G8 está vivo ou morto, mas o certo é que as decisões tomadas exclusivamente nas duas margens do Atlântico Norte — que, no século 20, produziram duas guerras mundiais, a degradação ambiental sem precedentes e um fosso entre países ricos e pobres — estão com os dias contados. Os povos norte-americano e europeu legaram ao mundo, além da sociedade industrial, os ideais de liberdade, fraternidade, progresso e independência, dos quais se afastaram, e que devem ser preservados. Mas, ao adotarem um modelo de acumulação desigual e injusto, deixaram também para dois terços da humanidade um atraso econômico e social que só reverterá pela ação coordenada dos povos eslavos, asiáticos, africanos e latino-americanos em busca de novos paradigmas nas relações econômicas internacionais.
O Brasil, um dos principais articuladores do G-20 e que se revelou catalisador apto a fazer as demais nações do Bric superarem suas desconfianças mútuas, encontra-se hoje numa situação favorável, não apenas perante a crise econômica, mas, também, como protagonista da nova ordem política mundial em gestação. Possui a matriz energética mais limpa entre todas e evolui socialmente ao incorporar milhões de pessoas aos mercados de trabalho e de consumo. Por tudo isso, pode e deve ser uma voz crescente na arquitetura financeira e no comércio internacional.
Abram Szajman
Presidente da Federação e Centro do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), do Sebrae (SP) e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac
Ao lado dos aspectos puramente econômicos da crise mundial, os contornos geopolíticos de suas consequências apontam cada vez mais para um processo de transformação das relações entre povos e nações. O fenômeno poderá levar a uma ruptura com o padrão de dominação estabelecido desde a revolução mercantil dos séculos 15 e 16.
Depois da ascensão e queda do Império Britânico, a hegemonia dos Estados Unidos — superpotência que restou após o colapso da União Soviética — dá sinais de esgotamento ante problemas internos e externos. Por mais simpatia que desperte o presidente Barack Obama, parece estar além de suas forças evitar o declínio de uma nação imersa no desemprego, com grandes empresas e bancos à beira da falência e que ainda por cima se dá ao luxo de sustentar duas guerras simultâneas para as quais não se enxerga desfecho próximo.
A fragilidade atual dos Estados Unidos está exposta a olho nu. O mesmo país que há 40 anos despertou admiração ao levar o homem à lua, até hoje não foi capaz de criar um sistema público de saúde para os 47 milhões de americanos que não podem arcar com os custos da assistência médico-hospitalar privada. Em seus déficits cada vez mais crônicos, que o mundo se organiza para deixar de financiar, figura um rombo superior a US$ 600 bilhões em 2008 apenas com gastos militares — 10 vezes mais do que a China, seu concorrente mais próximo nesse quesito.
Como a também rica e outrora agressiva Europa — matriz dos modelos colonialistas e imperialistas que se espalharam pelo planeta nos últimos cinco séculos — encontra-se igualmente prostrada pelo furacão originado em Wall Street, nada mais natural que os grandes países de outros continentes constatassem ser chegada a hora de agir em prol da condução autônoma de seus destinos.
Cansadas de ver as decisões políticas, econômicas, financeiras e militares, que impactam todos os países, serem tomadas apenas por alguns em círculos restritos como o G8, o FMI, o BIRD ou o Conselho de Segurança da ONU, as nações emergentes uniram-se para criar foros internacionais mais amplos, o que explica o surgimento do G-20 e, mais recentemente, do Bric.
No caso do G-20, após duas reuniões de seus chefes de Estado, o grupo formado por países de todos os continentes e regiões qualificou-se para ser o eixo das medidas coordenadas de enfrentamento da crise. Nele pode ser gestado um sistema de governança global, que supra as lacunas das instituições legadas por Bretton Woods, para o controle das atividades financeiras, estabelecendo a regulação dos mercados na direção do sonho de Lord Keynes da moeda única, administrada por um banco central global.
Já o Bric, bloco novo e sui generis por agrupar países de continentes, regimes políticos e tradições culturais distintas, mas que representam 40% da população e 15% do PIB mundiais, tem tarefas mais imediatas como a substituição do dólar como moeda de referência do comércio internacional, o que dever ser feito com cautela, pois Brasil, Rússia, Índia e China possuem 70% de suas reservas em títulos do governo norte-americano.
Ainda é cedo para dizer se o G8 está vivo ou morto, mas o certo é que as decisões tomadas exclusivamente nas duas margens do Atlântico Norte — que, no século 20, produziram duas guerras mundiais, a degradação ambiental sem precedentes e um fosso entre países ricos e pobres — estão com os dias contados. Os povos norte-americano e europeu legaram ao mundo, além da sociedade industrial, os ideais de liberdade, fraternidade, progresso e independência, dos quais se afastaram, e que devem ser preservados. Mas, ao adotarem um modelo de acumulação desigual e injusto, deixaram também para dois terços da humanidade um atraso econômico e social que só reverterá pela ação coordenada dos povos eslavos, asiáticos, africanos e latino-americanos em busca de novos paradigmas nas relações econômicas internacionais.
O Brasil, um dos principais articuladores do G-20 e que se revelou catalisador apto a fazer as demais nações do Bric superarem suas desconfianças mútuas, encontra-se hoje numa situação favorável, não apenas perante a crise econômica, mas, também, como protagonista da nova ordem política mundial em gestação. Possui a matriz energética mais limpa entre todas e evolui socialmente ao incorporar milhões de pessoas aos mercados de trabalho e de consumo. Por tudo isso, pode e deve ser uma voz crescente na arquitetura financeira e no comércio internacional.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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