Irã tem como se defender de Israel?

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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#946 Mensagem por Sterrius » Ter Jun 23, 2009 12:28 pm

Em busca de uma solução iraniana

A notícia publicada aqui, ontem, de que Akbar Rafsanjani teria em mãos um documento pedindo a anulação das eleições e assinado por 40 membros da Assembléia dos Especialistas não saiu em nenhum outro veículo iraniano. A fonte original é o site PeikNet, que pertence a gente que, nos tempos do xá, era do Tudeh, o Partido Comunista do Irã. O PeikNet arranja documentos inéditos com alguma frequência e, neste caso, eles apresentaram o documento inteiro. Mas também é verdade que o PeikNet publica tudo o que tem em mãos, sem se dar ao trabalho de checar.

A essas alturas, acho que a notícia é falsa. Desculpem.

Roger Cohen, do New York Times, esteve com Mehdi Rafsanjani, filho do aiatolá Rafsanjani. O filho informa que seu pai está trabalhando nos bastidores para conseguir a anulação das eleições perante o Conselho dos Guardiães. Cohen reconhece que o Conselho é leal a Khamenei, mas o fato de que já reconheceu que há discrepâncias nos resultados de 50 cidades que afetam 3 milhões de votos num universo total de 40 milhões é um grande passo.

Ali Larijani, presidente da Majlis, o Parlamento, criticou o Conselho dos Guardiães na IRIB, a tevê do governo. “A maioria do povo está certa de que o resultado das eleições é diferente do que foi anunciado oficialmente.” Larijani é leal ao aiatolá Khamenei – e isto faz diferença. Ex-presidente da IRIB, ele também criticou a tevê estatal por não noticiar aquilo que o povo vê na rua: que a maioria dos protestos foram pacíficos.

Que fique claro: não foram críticas veementes. As fissuras aparentes no regime são discretas.

Um dos rumores que não cedem é o de que o comandante da Guarda Revolucionária em Teerã, Ali Fazli, se recusou a cumprir ordens de partir contra os manifestantes e, dependendo da fonte, foi afastado do cargo ou preso.

O governo está preocupado, evidentemente. Mas a opressão de sábado certamente conteve o ímpeto dos manifestantes. Há relatos – alguns confiáveis – de levantes por parte de minorias étnicas. Há preocupação, muita preocupação, com a história da menina Neda. Dentro do país, chamam-na de ‘Joana D’Arc do Irã’. Na tradição muçulmana, um morto deve ser lembrado em cerimônias religiosas no terceiro, nono e trigésimo dia. Segunda-feira, o governo proibiu a família de Neda de celebrá-la publicamente.

É uma proibição quase ofensiva. Para quem tiver interesse, não custa indicar a entrevista da BBC com o noivo de Neda.

Mas o que realmente está acontecendo no Irã? Segue aqui a tirada de Gary Sick, um dos analistas que mais citei nesta última semana e meia, com algumas décadas estudando o país:

Não esperem um vencedor e um perdedor claros num período curto de tempo. A Revolução Iraniana teve início em janeiro de 1978 e o xá só deixou o país em janeiro de 1979. E esta é considerada uma das mais rápidas derrubadas de um regime com estrutura estável da história. Ao longo daquele ano, houve longas pausas e períodos de calma que, muitos imaginaram, indicava que a revolta popular havia morrido. Isto não é 100 metros rasos. É uma maratona. Resistência é no mínimo tão importante quanto velocidade.

Provavelmente não haverá vencedor ou perdedor claros. Os políticos iranianos são espertos. Preferem xadrez a futebol e uma ‘vitória’ pode ser, na verdade, uma solução negociada na qual todos saiam aparentemente bem. A atual liderança provavelmente cometeu um erro ao partir para a demonstração de força, mas se ela concluir que não há como vencer, vai partir para uma saída negociada. Que acordo seria esse, neste momento, é impossível dizer. Mas provavelmente significará concessões disfarçadas por uma aparência pública de que o regime está unido.

Sick estava dentro da Casa Branca quando acompanhou a Revolução que o aiatolá Khomeini liderou.

O Weblog, evidentemente, continuará a acompanhar atento e diariamente o Irã. Mas, ao menos por enquanto, vou diminuir o ritmo dos vários updates por dia.




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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#947 Mensagem por FOXTROT » Ter Jun 23, 2009 4:06 pm

terra.com.br

Premiê de Israel saúda protestos e critica violência no Irã


O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, elogiou nesta terça-feira os iranianos que protestam nas ruas contra o resultado das eleições presidenciais e disse que o comportamento "agressivo e violento" do governo do Irã tornou o país a maior ameaça à paz mundial.

"Eu acho que nós temos que reconhecer que a maior ameaça é o tipo de comportamento agressivo e violento que nós vemos vindo do Irã", disse Netanyahu em uma coletiva de imprensa em Roma.

"O Irã não somente está apoiando seus representantes terroristas que se opõem à paz - Hezbollah e Hamas ¿, como também está reprimindo seu próprio povo", disse.

"Eu acredito que a coragem demonstrada pelo povo do Irã de enfrentar as balas nas ruas em nome da liberdade é algo que merece uma saudação dos homens e mulheres livrea de toda parte", disse o primeiro-ministro israelense.

Manifestantes se reúnem quase diariamente em Teerã desde que as autoridades afirmaram que o atual presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, havia derrotado facilmente seu principal opositor na eleição, Mirhossein Mousavi.

Mousavi diz que a votação foi fraudada, acusação negada pelas autoridades.

A TV estatal iraniana informou que dez pessoas foram mortas em confrontos no sábado e a Guarda Revolucionária prometeu na segunda-feira enfrentar a resistência dos "agitadores".

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Só faltava isso, "agressivo e violento" ... "Eu acredito que a coragem demonstrada pelo povo do Irã de enfrentar as balas nas ruas em nome da liberdade", E o povo da Palestina que enfrenta diariamente a agressão sionista, esse NÃO TEM DIREITO A LIBERDADE?




"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#948 Mensagem por LeandroGCard » Ter Jun 23, 2009 5:19 pm

FOXTROT escreveu:Só faltava isso, "agressivo e violento" ... "Eu acredito que a coragem demonstrada pelo povo do Irã de enfrentar as balas nas ruas em nome da liberdade", E o povo da Palestina que enfrenta diariamente a agressão sionista, esse NÃO TEM DIREITO A LIBERDADE?
No ponto de vista de Israel eles já são livres.

Livres para ir embora daquela terra.

Leandro G. Card




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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#949 Mensagem por Clermont » Qua Jun 24, 2009 10:14 am

O DRAMA DA ELEIÇÃO DO IRÃ, MAIS ELABORADO DO QUE VOCÊ IMAGINA.

Por Muhammad Sahimi – 24 de junho de 2009.

O mundo tem estado mesmerizado pelos eventos no Irã, nas últimas semanas. Primeiro, uma feroz campanha presiencial que viu Mir Hossein Mousavi, o principal candidato reformista, crescer nas pesquisas. Enormes reuniões foram mantidas por todo o Irã para apoiar sua candidatura. Pela primeira vez, desde a Revolução de 1979, os iranianos, em casa e no estrangeiro, pareciam unidos em sua busca pela derrubada do presidente Mahmoud Ahmadinejad.

Uma hora depois do término da votação, em 12 de junho, o ministro do interior do Irã contatou o comando de Mousavi para informá-lo de que venceria, e de que devia preparar seu discurso de vitória, sem se vangloriar demais, de modo a não irritar os apoiadores de Ahmadinejad. Mas, repentinamente, tudo mudou. Vários comandantes da Guarda Revolucionária do Irã (Sepah Pasdarán), apareceram no comando de Mousavi e disseram-lhe que sua campanha era igual a uma “revolução de veludo”, que eles não permitiriam ter sucesso. Então, os resultados da eleição fraudada foram anunciados, o que iniciou os protestos que continuam, até hoje.

Mas, quem é o poder real por trás da fraude da eleição presidencial, que foi chamada de um “golpe eleitoral” por um porta-voz de Mousavi? Se acredita, amplamente, de que na qualidade de comandante-chefe das forças armadas do Irã, o Líder Supremo aiatolá Ali Khameney é o líder do golpe. Mas a questão é mais complexa.

Desde que foi nomeado como principal comandante da GRI, três anos atrás, o major-general Ali Jafari tem falado sobre a “ameaça interna” para a Revolução Islâmica. Ele, até mesmo, reorganizou os Guardas, para deixá-los melhor preparados para qualquer levante. E mais, uns poucos dias antes das eleições de 12 de junho, o chefe do diretorado político da GRI, brigadeiro-general Yadollah Javani, acusou Mousavi e outros reformistas de tentarem dar início a uma revolução colorida (já que Mousavi tinha utilizado o verde como símbolo de sua campanha), e preveniu de que os Guardas “a sufocarão, antes que ela nasça”. Portanto, os líderes do golpe são, de fato, os altos-comandantes da GRI. Eles representam a ala direita da segunda geração dos revolucionários iranianos.

A segunda geração de revolucionários estava nos seus vinte anos, na época da revolução iraniana de 1978-79. Eles ingressaram na GRI, quase imediatamente, após a Revolução e lutaram em duas ferozes guerras nos anos 1980: contra as forças de Saddam Hussein, que invadiram o Irã em setembro de 1980, e contra as forças da organização Mujahideen-e Khalq (MEK), um grupo armado de esquerda islâmico, que se opunha ao xá. Após o MEK começar a assassinar os líderes do Irã, em junho de 1981, os jovens revolucionários travaram uma sangrenta batalha contra ele, matando milhares e forçando o MEK ao exílio no Iraque, onde colaborou com Saddam Hussein. O MEK está, agora, na lista do Departamento de Estado como organização terrorista.

Utilizando a guerra com o Iraque como desculpa, os jovens revolucionários islâmicos, também, usaram seus líderes clericais – aiatolá Ruhollah Khomeini, Akbar Hashemi Rafsanjani (que foi eleito presidente do Irã por dois termos, entre 1989-1997 e ainda é um político poderoso), aiatolá Khamenei (que foi presidente do Irã nos anos 1980), e outros – para impor extrema repressão política no Irã, daí resultando na efetiva eliminação de todos os grupos políticos seculares do cenário político do Irã, um golpe terrível para o desenvolvimento político iraniano.

A guerra com o Iraque acabou em julho de 1988. Muitos dos jovens revolucionários islâmicos ou apoiaram a execução de milhares de prisioneiros políticos em julho-setembro de 1988, ou ficaram em silêncio e não protestaram contra isto. Então, o aiatolá Khomeini faleceu em junho de 1989. Isto dividiu os jovens revolucionários em dois campos.

Em um campo estavam os esquerdistas islâmicos que acreditavam que o Irã necessitava de uma abertura política para acabar com a extrema repressão dos anos 1980. Muitos neste grupo eram membros do aparato da inteligência e, portanto, estavam plenamente conscientes do que se passava na sociedade e sentiam o perigo de uma explosão social e contra-revolução. Eles, agora, são os líderes do movimento de reforma.

Os jovens revolucionários no segundo campo eram conservadores. Alguns permaneceram na GRI, após a guerra, gente como o general Jafari e o general Javani. Outros, como o presidente Ahmadinejad, o ministro do interior Sadegh Mahsouli e seu principal auxiliar Kamran Daneshjou (todos servindo na GRI), que supervisionou as eleições, entraram para a burocracia.

A morte do aiatolá Khomeini teve outro conseqüência de longo prazo, cujo efeito é sentido, hoje. Ela tornou possível para um grupo reacionário islâmico reemergir. O grupo, chamado a Sociedade Hojjatiyeh, foi fundado nos anos 1950 e era, ferozmente, oposto à fé Bahai e à seita sunita do Islam, e, até mesmo, trabalhou com o serviço secreto do xá para conter a difusão do comunismo no Irã. Ele também se opôs à Revolução de 1979 e ao conceito do aiatolá Khomeini de Valaayat-e Faghih (governo da jurisprudência islâmica), o fundamento do sistema constitucional e político do Irã. O aiatolá Khomeini baniu a Hojjatiyeh em 1983 e, disse que “eles não podem administrar nem mesmo uma padaria, muito menos um país.”

Após sua reemergência, no início dos anos 1990, o nome Hojjatiyeh nunca foi utilizado. Seus membros começaram a advogar um governo islâmico liderado por um líder supremo não-eleito, antes do que uma República Islâmica. Seu atual líder é o aiatolá Mohammad Taghi Mesbah Yazdi, um clérigo reacionário e linha-dura, que se opõe, abertamente, a quaisquer eleições significativas e é o líder espiritual de Ahmadinejad.

O aiatolá Mesbah, como ele é chamado no Irã, certa vez disse, “não importa o que as pessoas pensem. Elas são ovelhas ignorantes.” Ele acredita que o líder supremo é selecionado por Deus, e a tarefa dos aiatolás, que são membros da Assembléia dos Especialistas do Irã (um corpo constitucional que escolhe o líder supremo) é descobri-lo. O antigo presidente reformista Mohammad Khatami se referiu aos seguidores do aiatolá Mesbah como “tradicionalistas ocos com um atraso da Idade da Pedra”.

Os discípulos do aiatolá Mesbah incluem o ministro da inteligência Gholamhossein Mohseni Ejehei, Mojtaba Hashemi Samareh (um auxiliar superior de Ahmadinejad), e o próprio Ahmadinejad. De fato, todos os ministros de inteligência do Irã, desde a Revoluão, foram estudantes do aiatolá Mesbah, em seu seminário, a Escola Haghani em Qom. Muitos dos altos-comandantes da GRI são seus seguidores. A milícia Basj, um grupo paramilitar controlado pela GRI, também foi, profundamente, penetrada por seus discípulos, como foi o judiciário. Desde que foi eleito presidente em 2005, Ahmadinejad tem utilizado, repetidamente, o termo do aiatolá Mesbah, “governo islâmico do Irã”, antes do que “República Islâmica do Irã”.

Portanto, os homens por trás do golpe eleitoral são os revolucionários de segunda geração, cujo líder espiritual é o aiatolá Mesbah. Duas semanas antes das eleições, Mesbah emitiu uma fatwa – que foi vazada por alguém no Ministério do Interior – autorizando a utilização de quaisquer meios para reeleger Ahmadinejad, portanto, dando luz verde para fraudar as eleições.

Mas, quais são os objetivos do golpe? Parecem ser três.

Um é purgar os velhos líderes da primeira geração revolucionária, incluindo o mais importante deles, o ex-presidente e poderoso político Rafsanjani. Desde que Ahmadinejad o derrotou na disputada eleição presidencial de 2005, este e seus apoiadores tem sido amargos adversários de Rafsanjani e seus apoiadores. Rafsanjani não esconde que acredita que Ahmadinejad está prejudicando os interesses nacionais do Irã com sua política externa, a retórica contra Israel e as inflamadas declarações sobre o Holocausto.

Mas, o antagonismo para com Rafsanjani tem uma dimensão econômica, também. Ele e sua família são, fabulosamente, ricos e favorecem uma economia moderna. E, da mesma forma que Ahmadinejad tem consolidado o controle da GRI sobre o Irã, ao nomear membros do gabinete, governadores-gerais provinciais e prefeitos de cidades, oriundos das fileiras da GRI, ele também quer consolidar o controle da GRI sobre a economia do Irã. Sob ele, a GRI tem ganhado mais de 10 bilhões de dólares em contratos nos últimos quatro anos. A GRI, agora, quer eliminar a competição de Rafsanjani e seus apoiadores. *

Em seu discurso de “vitória”, domingo 14 de junho, Ahmadinejad não mencionou, uma vez sequer, o aiatolá Khomeini ou a República Islâmica. Assim, da mesma forma como Deng Xiaoping e seus sucessores mantiveram as imagens de Mao-Tsé-Tung, por toda parte, e Joseph Stalin manteve as imagens de Lênin por toda parte, enquanto agiam contra aquilo que Mao e Lênin advogaram, os revolucionários de segunda geração do Irã, manterão as imagens do aiatolá Khomeini por toda parte (tanto quanto os de Khamenei) enquanto atuam contra seus ensinamentos, incluindo, seu mais famoso dito, “A medida [para a aceitação de um político] é o voto do povo.”

O segundo objetivo do golpe é mover o país na direção de um governo islâmico, ao tornar as eleições um processo sem significação, que pode ser, facilmente, fraudado ou manipulado, que destruirá o aspecto republicano do sistema político do Irã. Isto é reconhecido pelos reformistas, e, na verdade, pela maioria do povo iraniano, eis por quê eles estão resistindo às eleições fraudadas. Sua resistência não era esperada pelos líderes do golpe.

O terceiro objetivo é iniciar a preparação para a eventual substituição do aiatolá Khamenei, que se sabe estar doente, por alguém confiável. Rafsanjani preside a Assembléia dos Especialistas, que escolhe o líder supremo. Dado seu importante papel na Revolução e sua influência, Rafsanjani desempenhará um papel crucial no processo sucessório. Portanto, se ele puder ser eliminado, isto pavimentará o caminho para o aiatolá Mesbah Yazdi, ou um de seus discípulos, tornar-se o líder supremo.

Portanto, este é um momento pivotal na história contemporânea do Irã e, na verdade, do Oriente Médio. Se os revolucionários de segunda geração tiverem sucesso, o Irã entrará num período de extrema repressão política, que tornará mais fácil para o Partido de Guerra e para o “lobby” de Israel tentar convencer o público de que o programa nuclear do Irã precisa ser tratado com ataques militares.

Se, por outro lado, as manifestações tiverem sucesso em rechaçarem as eleições fraudulentas, os reformistas e grupos democráticos terão uma oportunidade de ouro para mover o Irã, muito mais rapidamente, na direção de um sistema político democrático, que será crucial para a estabilidade do Oriente Médio.


_______________________________________

Muhammad Sahimi é professor de engenharia química e ciência de materiais e professor de engenharia petrolífera na Universidade do Sul da Califórnia, tem publicado, extensamente, sobre o programa nuclear do Irã e seus desenvolvimentos políticos.


* : Seria a Guarda Revolucionária do Irã, as SS que deram certo?




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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#950 Mensagem por mau_geografia » Qua Jun 24, 2009 3:06 pm

Gaza, Teerã e a intifada iraniana
24/06/2009 - 00:45 - Caio Blinder, de Nova York


NOVA YORK - Ironia não é o forte do brutal, corrupto e paranóico regime islâmico. Mas há muitas ironias na realidade cruel e kafkiana por estes dias em Teerã. Na narrativa oficial, não houve fraude eleitoral e os manifestantes nas ruas estão sendo manipulados por potências estrangeiras e submetidos à guerra psicológica da BBC, de Londres. Manifestantes são terroristas e culpados por suas próprias mortes. Onde está a ironia nesta lorota?

Robert Fisk, o veterano repórter britânico, hoje no jornal "The Independent", é um ferrenho crítico da ocupação israelense dos territórios palestinos e da ocupação de Teerã por forças de segurança e paramilitares. Ele lembra que esta versão oficial iraniana é uma cópia da reação pública do Exército israelense à insurreição palestina (intifada). Aliás, Fisk descreve os protestos nas cidades iranianas como uma intifada.

Se manifestantes palestinos jogam pedras nos soldados e são baleados, a culpa é deles, de acordo com Israel. Violaram a lei e estavam sendo manipulados por organizações e países estrangeiros (entre eles, ironicamente, o Irã). O lobby judaico não se cansa de acusar a BBC (aquela alvejada pelo regime islâmico) de ser porta-voz da causa palestina. Hoje, as autoridades iranianas acusam os EUA, Grã-Bretanha e Israel pelas ações dos arruaceiros nas cidades do país. Para elas, existem legítimas e espontâneas aspirações do povo palestino. Por que o mesmo não vale para o povo iraniano?

As autoridades israelenses têm horror das Nações Unidas e suas resoluções de condenação da ocupação e repressão dos palestinos, religiosamente endossadas pelo regime de Teerã. Mas lá está a chancelaria iraniana acusando o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon por ter exigido o fim imediato das "prisões, ameaças e uso de força"' contra os manifestantes no Irã.

E aqui vai uma ironia suprema para o líder supremo da revolução islâmica, o aiatolá Khamenei. A imagem de um homem palestino fatalmente baleado por forças isralenses, em 2000, em Gaza, ao lado do seu filho de 12 anos, é constante na propaganda iraniana para destacar a "brutalidade do regime sionista". Mas agora é a vez do regime islâmico enfrentar as acusações internacionais de brutalidade com as imagens icônicas na Internet de Neda Agha Soltan, a estudante de 27 anos, sangrando até a morte após ser baleada nos protestos em Teerã, provavelmente por um membro da milícia pró-governamental Basij. O martírio palestino vale mais do que o martírio de iranianos para o falido regime do aiatolá Khamenei. Este regime que desumaniza Israel, desumaniza o seu próprio povo.

É ainda irônico que tantos furiosos manifestantes em várias partes do mundo que bradavam meses atrás, durante a invasão israelense, que Gaza era o novo gueto de Varsóvia hoje não estão tão exaltados para denunciar o que acontece em Teerã. Desta vez não condeno Mahmoud Ahmadinejad. Ele nunca fez estas analogias entre Varsóvia e Gaza. Não conta votos propriamente e acha que esta história do Holocausto é um conto. Kafka! Praga é aqui, em Teerã.




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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#951 Mensagem por Vitor » Qua Jun 24, 2009 7:06 pm

FOXTROT escreveu:terra.com.br

Premiê de Israel saúda protestos e critica violência no Irã


O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, elogiou nesta terça-feira os iranianos que protestam nas ruas contra o resultado das eleições presidenciais e disse que o comportamento "agressivo e violento" do governo do Irã tornou o país a maior ameaça à paz mundial.

"Eu acho que nós temos que reconhecer que a maior ameaça é o tipo de comportamento agressivo e violento que nós vemos vindo do Irã", disse Netanyahu em uma coletiva de imprensa em Roma.

"O Irã não somente está apoiando seus representantes terroristas que se opõem à paz - Hezbollah e Hamas ¿, como também está reprimindo seu próprio povo", disse.

"Eu acredito que a coragem demonstrada pelo povo do Irã de enfrentar as balas nas ruas em nome da liberdade é algo que merece uma saudação dos homens e mulheres livrea de toda parte", disse o primeiro-ministro israelense.

Manifestantes se reúnem quase diariamente em Teerã desde que as autoridades afirmaram que o atual presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, havia derrotado facilmente seu principal opositor na eleição, Mirhossein Mousavi.

Mousavi diz que a votação foi fraudada, acusação negada pelas autoridades.

A TV estatal iraniana informou que dez pessoas foram mortas em confrontos no sábado e a Guarda Revolucionária prometeu na segunda-feira enfrentar a resistência dos "agitadores".

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Só faltava isso, "agressivo e violento" ... "Eu acredito que a coragem demonstrada pelo povo do Irã de enfrentar as balas nas ruas em nome da liberdade", E o povo da Palestina que enfrenta diariamente a agressão sionista, esse NÃO TEM DIREITO A LIBERDADE?
Israel poderia facilmente bombardear/fuzilar qualquer passeata palestina, mas, estranhamente, eles não fazem isso.

Não que Israel seja santa, mas se tivesse 1/3 da malícia que tem os governos muçulmanos, palestino seria um povo extinto.

E bem, imagine se os iranianos atirassem pedra, aí que a bala comia.




NÃO À DROGA! NÃO AO CRIME LEGALIZADO! HOJE ÁLCOOL, AMANHÃ COGUMELO, DEPOIS NECROFILIA! QUANDO E ONDE IREMOS PARAR?
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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#952 Mensagem por Sterrius » Qua Jun 24, 2009 7:59 pm

Israel poderia facilmente bombardear/fuzilar qualquer passeata palestina, mas, estranhamente, eles não fazem isso.


Não é que israel não faça! Mas eles ja tem 40 anos de experiencia em dispersar multidões, isso obviamente melhorou bastante sua experiencia em dispersar aglomerados com o minimo de baixas para evitar a ira internacional!

leia sobre a primeira intifada! Os feridos e Mortos deste acontecimento discordam de sua frase! (Obviamente nao fuzilaram/bombardearam, mas deram ordens para quebrar ossos por exemplo, se vc procurar na net vc achará varios videos tirados dos 4 anos de protestos e revoltas).

http://en.wikipedia.org/wiki/First_Intifada

Infelizmente so a wikipedia em ingles tem informações boas. A que tem em portugues é bem incompleta.

Vale lembrar que a primeira intifada foi muito mais movida pelo propio povo, apenas algum tempo depois que a PLO percebeu o poder do movimento e ajudou a mante-lo vivo!

A fagulha no barril de polvora foi o atropelamento por um tanque de varios palestinos onde 4 morreram e 7 ficaram feridos. (Muitos Palestinos acharam que não foi acidental).

Não é que israel não faça! Mas eles ja tem 40 anos de experiencia em dispersar multidões!




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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#953 Mensagem por FOXTROT » Qui Jun 25, 2009 10:05 am

Vitor escreveu:
FOXTROT escreveu:terra.com.br

Premiê de Israel saúda protestos e critica violência no Irã


O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, elogiou nesta terça-feira os iranianos que protestam nas ruas contra o resultado das eleições presidenciais e disse que o comportamento "agressivo e violento" do governo do Irã tornou o país a maior ameaça à paz mundial.

"Eu acho que nós temos que reconhecer que a maior ameaça é o tipo de comportamento agressivo e violento que nós vemos vindo do Irã", disse Netanyahu em uma coletiva de imprensa em Roma.

"O Irã não somente está apoiando seus representantes terroristas que se opõem à paz - Hezbollah e Hamas ¿, como também está reprimindo seu próprio povo", disse.

"Eu acredito que a coragem demonstrada pelo povo do Irã de enfrentar as balas nas ruas em nome da liberdade é algo que merece uma saudação dos homens e mulheres livrea de toda parte", disse o primeiro-ministro israelense.

Manifestantes se reúnem quase diariamente em Teerã desde que as autoridades afirmaram que o atual presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, havia derrotado facilmente seu principal opositor na eleição, Mirhossein Mousavi.

Mousavi diz que a votação foi fraudada, acusação negada pelas autoridades.

A TV estatal iraniana informou que dez pessoas foram mortas em confrontos no sábado e a Guarda Revolucionária prometeu na segunda-feira enfrentar a resistência dos "agitadores".

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Israel poderia facilmente bombardear/fuzilar qualquer passeata palestina, mas, estranhamente, eles não fazem isso.

Não que Israel seja santa, mas se tivesse 1/3 da malícia que tem os governos muçulmanos, palestino seria um povo extinto.

E bem, imagine se os iranianos atirassem pedra, aí que a bala comia.
Israel,é um país pacífico! :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: , so rindo mesmo....




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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#954 Mensagem por felipexion » Qui Jun 25, 2009 11:30 am

Israel,é um país pacífico! :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: , so rindo mesmo....


É mais pacífico que muito país árabe por aí.

Eu me pergunto se Israel fosse radical, se ainda teria algum palestino vivo...




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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#955 Mensagem por FOXTROT » Qui Jun 25, 2009 1:24 pm

felipexion escreveu:
Israel,é um país pacífico! :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: , so rindo mesmo....


É mais pacífico que muito país árabe por aí.

Eu me pergunto se Israel fosse radical, se ainda teria algum palestino vivo...
Isso não significa que Israel é um país pacífico porque não é, talvez Israel não extermine todos os palestinos, porque sabe que a opinião pública mundial se voltaria contra ele.




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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#956 Mensagem por rodrigo » Qui Jun 25, 2009 3:31 pm

A eleição é entre os candidatos permitidos, e mesmo assim tem que ser fraudada! A população vai às ruas e é reprimida à bala. Os correspondente estrangeiros são expulsos para evitar a divulgação dessa salada toda. Realmente, é igualzinho à Israel.




"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

João Guimarães Rosa
Enlil
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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#957 Mensagem por Enlil » Qui Jun 25, 2009 3:53 pm

felipexion escreveu:
Israel,é um país pacífico! :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: , so rindo mesmo....


É mais pacífico que muito país árabe por aí.

Eu me pergunto se Israel fosse radical, se ainda teria algum palestino vivo...
Engraçado, quando se fala em Palestina, Líbano ou Irã, alguns dizem: OS palestinos, OS libaneses, OS iranianos, são radicais... Como se em Israel também não existissem radicais... mas dizer isso não significa falar q OS israelenses sejam radicais, mas alguns deles. O mesmo vale para os países citados... e é justamente esses ALGUNS q fazem a diferença na hora de acirrar os animos q inviabilizam qualquer possibilidade de pacificação...

Agora, se aquele bando de judeus ortodoxos nas colônias dos territórios ocupados, q estão lá por motivo religiosos e são apoiados pela exterma-direita israelense, não são radicais então é melhor reverem o conceito de radical ou de fundamentalistas...

Eu gostaria de saber se os grandes defensores da causa israelense aqui do DB tem algum argumento para legitimar a expansão dos assentamentos israelenses nos territórios palestinos?

Gostaria de saber também o q eles fariam se um exército estrangeiro invadisse os Brasil e implantasse colônias em nosso território em uma ação condenada por toda comunidade internacional (com exceção de uma superpotência q age de acordo com seus interesses e conveniências), pela ONU e 'n' organizações civis e de direitos humanos?

Gostaria de saber o q eles acham se qualquer forma de resistência (com exceção do atentados contra civis, q são indefensáveis) fosse taxada de radicalismo?

Gostaria de saber o q eles fariam de fossem cercados por muros e barreiras de um Estado estrangeiro dentro do seus próprio território?

O q fariam se, com com a justificativa de cabar com alguns de nossos radicais, segregassem e punissem coletivamente milhões de brasileiros? e matassem milhares de civis?

O q fariam para se defender de caças, MBT's e helicópteros de ataque?

O dia em q Israel desocupar os territórios ilegalmente expropriado dos árabes aí deixará de ser um Estado hipócrita q só quer impor a paz q lhe é conveniente, um Estado sem legitimidade para exigir uma contraparte palestina ... Eles têm muito mais opções do q os palestinos, aliás os países árabes já lhe propuseram um acordo de paz, mas...

O dia q eles fizerem isso não vou admitir q alguém fale qualquer coisa contra Israel...




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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#958 Mensagem por Enlil » Qui Jun 25, 2009 3:59 pm

rodrigo escreveu:A eleição é entre os candidatos permitidos, e mesmo assim tem que ser fraudada! A população vai às ruas e é reprimida à bala. Os correspondente estrangeiros são expulsos para evitar a divulgação dessa salada toda. Realmente, é igualzinho à Israel.
As eleições Israelenses não são fraudadas mas e o q está destaca em azul não acontece por lá?
Por acaso nunca morrem palestinos nos protestos em territórios ocupados? Por acaso Israel não proibiu e expulsou vários jornalistas e ativistas de organizações de direitos humanos na ofensiva de Gaza em dez-jan-2009?

Para oposição iraniana valem direitos humanos, mas para os civis palestinos não?

E aì? como é q fica? será q não temos uma contradição aqui?




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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#959 Mensagem por Vitor » Qui Jun 25, 2009 4:40 pm

A diferença que um judeu pode criticar Israel e muitos o fazem sem serem ameaçados de morte ou chamados de "traidores da pátria", enquanto qualquer iraniano que critique o governo já é acusado de estar trabalhando a favor da CIA.

Os judeus são um povo extremamente intelectual e crítico (a etnia com maior número de prêmios Nobel), por isso que Israel sempre está sempre um passo a frente dos vizinhos, pq eles se criticam, acreditam que há sempre o que melhorar. O melhor modo de corrigir fraquezas é por reconhecê-las.




NÃO À DROGA! NÃO AO CRIME LEGALIZADO! HOJE ÁLCOOL, AMANHÃ COGUMELO, DEPOIS NECROFILIA! QUANDO E ONDE IREMOS PARAR?
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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#960 Mensagem por Enlil » Qui Jun 25, 2009 4:43 pm

Os falando dos judeus ortodoxos q estão nos territórios ocupados e da extrema-direita israelense...




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