GEOPOLÍTICA
Moderador: Conselho de Moderação
Re: GEOPOLÍTICA
O melhor equilíbrio e usar os recursos gerados por um que terá fim um dia para investir em alternativas de recursos que se não substituírem o primeiro pelo menos diminuam o impacto da sua interrupção. Ou seja, recursos auto sustentáveis como indústrias de alta tecnologia e combustíveis alternativos, com investimentos iniciais em infra-estrutura.
Os americanos da era Obama já perceberam isso bem como os árabes que por falta do que investir estão apostando no turismo e serviços como fonte de renda!
Comparado com o primeiro já estamos adiantados na área dos combustíveis alternativos, é em relação ao segundo temos uma matriz energética e econômica maior e mais diversificada. Por sinal foi isso que diminuiu o impacto da crise no Brasil e olha que estamos meio que atrapalhando a nossa indústria e comercio com entraves burocráticos e impostos exorbitante.
Ai se não tivéssemos esse problemas........
Os americanos da era Obama já perceberam isso bem como os árabes que por falta do que investir estão apostando no turismo e serviços como fonte de renda!
Comparado com o primeiro já estamos adiantados na área dos combustíveis alternativos, é em relação ao segundo temos uma matriz energética e econômica maior e mais diversificada. Por sinal foi isso que diminuiu o impacto da crise no Brasil e olha que estamos meio que atrapalhando a nossa indústria e comercio com entraves burocráticos e impostos exorbitante.
Ai se não tivéssemos esse problemas........
- Luiz Bastos
- Sênior
- Mensagens: 1842
- Registrado em: Qui Out 06, 2005 12:40 pm
- Localização: Rio de Janeiro
- Agradeceu: 1 vez
- Agradeceram: 25 vezes
- Contato:
Re: GEOPOLÍTICA
Poder nuclear: e o Enéas estava certo....
Publicado em 25/05/2009 pelo(a) wiki repórter Cesar, São Paulo-SP
Teste nuclear. Os EUA possuem 2.000 armas nucleares, sem contar seus aliados. Eles se dão ao direito de poderem destruir o País e povo que quiserem. Para eles, seus alvos não podem ter o mesmo direito. Ou não? - Foto: web
A Coréia do Norte assumiu nessa segunda-feira que realizou um segundo teste nuclear subterrâneo "com sucesso" e com "um nível superior em termos de poder explosivo e tecnologia" ao teste realizado no dia 9 de outubro de 2006, segundo a agência estatal KCNA. Energia por volta de 30 a 40 quilotons, superior portanto, à bomba de Hiroshima.
Pergunto: quem invadirá a Coréia do Norte de agora em diante? Eles conquistaram a sua real soberania sobre seu território e riquezas. São esses dois aspectos que movem intensamente os EUA, Inglaterra e os demais, do clube "dos que podem" ter armas nucleares, contra os que poderão desenvolvê-las a curto e médio prazos.
Ao possuirem armas nucleares os detentores das mesmas passam a ter total soberania sobre seus territórios e suas cobiçadas riquezas naturais, sem as quais, os EUA e países do G7 não poderiam sobreviver como potências de primeiro nível. O temor de uma guerra nuclear descontrolada existe, mas não é o foco principal de preocupação.
O Brasil se as tivesse "oficialmente", como ocorreria na década de 80, bem como forças armadas bem equipadas e civis decentes e patriotas na Presidência da República, jamais temeria hoje por sua soberania na Amazônia, e nem teria entregue aos EUA e Inglaterra suas imensas riquezas minerais dali, sob a fachada de "reservas indígenas".
O Irã já está sendo considerado quase como que inatacável por Israel e EUA, alterando toda a geopolítica no Oriente Médio, e reduzindo o poder de ambos naquela região.
Hoje fica cada vez mais claro o erro de FHC, por ter assinado o Tratado de Não Proliferação Nuclear de Tlatellolco, em acordo com os USA, prejudicando de fato a soberania brasileira. Sarney e Collor são igualmente responsáveis.
Aos Estados Unidos não interessam que outros países disponham de armas nucleares. Não pela manutenção da paz mundial, mas porque se as principais nações do planeta as detiverem, a sua força militar e hegemonia global serão anuladas pelo simples motivo:
NÃO SE INVADEM PAÍSES QUE POSSUEM ARMAS NUCLEARES. OS RISCOS SÃO ENORMES PARA AMBOS OS LADOS.
E se não é possível invadir, atacar e vencer, para que serve a sua potência militar? Seria o caos para sua indústria bélica e sua política imperial arrogante. A desgraça do Iraque foi justamente por não possuí-las. Caso contrário, jamais teriam sido invadidos pelos EUA e aliados; e a prova é evidente:
O Paquistão é um centro formador e distribuidor de terroristas islâmicos para o mundo todo, Bin Laden pode estar lá; e por quê os EUA não o invade?
É simples: ele dispõe de artefatos nucleares.
Mas os EUA invadiram o Afeganistão ao lado, sabidamente desarmado e indefeso. Entenderam?
Hoje, nove países detêm declaradamente armamentos nucleares. Se o Irã tornar-se oficialmente o décimo país, abrirá um precedente às potências medianas (cerca de 25 países), e entre elas o Brasil. O qual já iria detonar ogivas nucleares na década de 80, na Base Militar da Serra do Cachimbo-PA, caso não tivéssemos sido sabotados pela incompetência útil de Sarney, e depois por Collor e FHC, em possível troca por benesses pessoais junto aos USA.
Nossos militares estavam e estão certos em sua visão voltada à soberania nacional. Basta olharmos o tamanho territorial e as riquezas do Brasil para entendermos essa preocupação.
Países naturalmente ricos e desarmados como o nosso, apenas administram suas riquezas temporariamente, para o desfrute futuro das mesmas pelas potências dominantes.
E se nossos militares não tivessem sido impedidos pelos últimos presidentes (agentes?) pró-USA, hoje o Brasil já estaria de longa data assentado no Conselho de Segurança da ONU; como certamente o fará a Índia. E nem estaríamos sendo forçados hoje, a gastar muito dinheiro em nosso rearmamento, para fazer frente ao armamentismo da Venezuela, e ao poderio militar crescente do Chile e do Peru, como exemplo.
A arma nuclear em suas diversas versões e vetores, no caso do Brasil eliminaria a necessidade de grandes gastos em equipamentos militares convencionais; sendo necessário apenas que se mantivessem núcleos de excelência nas FFAA, dotando-os todos com equipamentos de última geração, tais como aviões de caça, radares, mísseis e armamento individual, além do treinamento intensivo e da elevação dos padrões de remuneração geral e de profissionalização das tropas.
O desarmamento nuclear TOTAL é o ideal para o mundo; mas se realmente TODOS se desarmarem.
Em permanecendo países renitentes e que se privilegiam; os demais ficam na realidade indefesos e com soberania do tipo "PARA INGLÊS VER".
Se os principais paises estiverem armados com artefatos nucleares, todos se igualam, e os EUA passarão a ser apenas mais um. Nasceria então uma nova ONU, composta por paises com real soberania e, portanto, com posições mais firmes em prol da paz mundial.
Possuir armamentos nucleares e forças armadas fortes e bem equipadas, garantem a paz e elevam a imagem de qualquer país no cenário internacional. Aumentando o respeito para com a Nação, a auto-estima de seu povo e ampliando as possibilidades em mesas de negociações.
Não há ilusões: Só a força das armas mantém a paz e o respeito real entre as nações. Ainda mais atualmente, quando as forças armadas dos USA não são mais há muito tempo, voltadas à guarda de suas fronteiras e de sua preservação territorial, como as da maioria dos países; mas, sendo concebidas para invadir a outras nações, esmagar suas soberanias em função dos interesses norte-americanos, da manutenção de sua hegemonia como potência global e na conquista de recursos naturais que os sustentem.
A diplomacia diante disso, é só um disfarce mais civilizado, propiciando negociações que talvez previnam contra o uso do poder que realmente decide. A ameaça por parte de grupos e Estados terroristas, infelizmente sempre existirá. E como sempre, caberá às nações detentoras do poder nuclear, a manutenção da segurança quanto ao acesso indevido a esses recursos.
Mas infelizmente, a maioria dos políticos brasileiros não têm nível e nem instrução sobre tão importante tema, e de outros assuntos estratégicos ao Brasil, e muito menos a nossa população, alienada diariamente e de forma proposital, por novelas e programas de TV abaixo de qualquer crítica.
De onde desapareceram há tempos e de forma intencional, os documentários de interesse público, e os que apresentavam as ações e diversos serviços prestados à Nação, pelos diferentes setores das forças armadas brasileiras, destacando a sua visão pró-soberania do Brasil.
Um erro que os países desenvolvidos nunca cometeram.
Publicado em 25/05/2009 pelo(a) wiki repórter Cesar, São Paulo-SP
Teste nuclear. Os EUA possuem 2.000 armas nucleares, sem contar seus aliados. Eles se dão ao direito de poderem destruir o País e povo que quiserem. Para eles, seus alvos não podem ter o mesmo direito. Ou não? - Foto: web
A Coréia do Norte assumiu nessa segunda-feira que realizou um segundo teste nuclear subterrâneo "com sucesso" e com "um nível superior em termos de poder explosivo e tecnologia" ao teste realizado no dia 9 de outubro de 2006, segundo a agência estatal KCNA. Energia por volta de 30 a 40 quilotons, superior portanto, à bomba de Hiroshima.
Pergunto: quem invadirá a Coréia do Norte de agora em diante? Eles conquistaram a sua real soberania sobre seu território e riquezas. São esses dois aspectos que movem intensamente os EUA, Inglaterra e os demais, do clube "dos que podem" ter armas nucleares, contra os que poderão desenvolvê-las a curto e médio prazos.
Ao possuirem armas nucleares os detentores das mesmas passam a ter total soberania sobre seus territórios e suas cobiçadas riquezas naturais, sem as quais, os EUA e países do G7 não poderiam sobreviver como potências de primeiro nível. O temor de uma guerra nuclear descontrolada existe, mas não é o foco principal de preocupação.
O Brasil se as tivesse "oficialmente", como ocorreria na década de 80, bem como forças armadas bem equipadas e civis decentes e patriotas na Presidência da República, jamais temeria hoje por sua soberania na Amazônia, e nem teria entregue aos EUA e Inglaterra suas imensas riquezas minerais dali, sob a fachada de "reservas indígenas".
O Irã já está sendo considerado quase como que inatacável por Israel e EUA, alterando toda a geopolítica no Oriente Médio, e reduzindo o poder de ambos naquela região.
Hoje fica cada vez mais claro o erro de FHC, por ter assinado o Tratado de Não Proliferação Nuclear de Tlatellolco, em acordo com os USA, prejudicando de fato a soberania brasileira. Sarney e Collor são igualmente responsáveis.
Aos Estados Unidos não interessam que outros países disponham de armas nucleares. Não pela manutenção da paz mundial, mas porque se as principais nações do planeta as detiverem, a sua força militar e hegemonia global serão anuladas pelo simples motivo:
NÃO SE INVADEM PAÍSES QUE POSSUEM ARMAS NUCLEARES. OS RISCOS SÃO ENORMES PARA AMBOS OS LADOS.
E se não é possível invadir, atacar e vencer, para que serve a sua potência militar? Seria o caos para sua indústria bélica e sua política imperial arrogante. A desgraça do Iraque foi justamente por não possuí-las. Caso contrário, jamais teriam sido invadidos pelos EUA e aliados; e a prova é evidente:
O Paquistão é um centro formador e distribuidor de terroristas islâmicos para o mundo todo, Bin Laden pode estar lá; e por quê os EUA não o invade?
É simples: ele dispõe de artefatos nucleares.
Mas os EUA invadiram o Afeganistão ao lado, sabidamente desarmado e indefeso. Entenderam?
Hoje, nove países detêm declaradamente armamentos nucleares. Se o Irã tornar-se oficialmente o décimo país, abrirá um precedente às potências medianas (cerca de 25 países), e entre elas o Brasil. O qual já iria detonar ogivas nucleares na década de 80, na Base Militar da Serra do Cachimbo-PA, caso não tivéssemos sido sabotados pela incompetência útil de Sarney, e depois por Collor e FHC, em possível troca por benesses pessoais junto aos USA.
Nossos militares estavam e estão certos em sua visão voltada à soberania nacional. Basta olharmos o tamanho territorial e as riquezas do Brasil para entendermos essa preocupação.
Países naturalmente ricos e desarmados como o nosso, apenas administram suas riquezas temporariamente, para o desfrute futuro das mesmas pelas potências dominantes.
E se nossos militares não tivessem sido impedidos pelos últimos presidentes (agentes?) pró-USA, hoje o Brasil já estaria de longa data assentado no Conselho de Segurança da ONU; como certamente o fará a Índia. E nem estaríamos sendo forçados hoje, a gastar muito dinheiro em nosso rearmamento, para fazer frente ao armamentismo da Venezuela, e ao poderio militar crescente do Chile e do Peru, como exemplo.
A arma nuclear em suas diversas versões e vetores, no caso do Brasil eliminaria a necessidade de grandes gastos em equipamentos militares convencionais; sendo necessário apenas que se mantivessem núcleos de excelência nas FFAA, dotando-os todos com equipamentos de última geração, tais como aviões de caça, radares, mísseis e armamento individual, além do treinamento intensivo e da elevação dos padrões de remuneração geral e de profissionalização das tropas.
O desarmamento nuclear TOTAL é o ideal para o mundo; mas se realmente TODOS se desarmarem.
Em permanecendo países renitentes e que se privilegiam; os demais ficam na realidade indefesos e com soberania do tipo "PARA INGLÊS VER".
Se os principais paises estiverem armados com artefatos nucleares, todos se igualam, e os EUA passarão a ser apenas mais um. Nasceria então uma nova ONU, composta por paises com real soberania e, portanto, com posições mais firmes em prol da paz mundial.
Possuir armamentos nucleares e forças armadas fortes e bem equipadas, garantem a paz e elevam a imagem de qualquer país no cenário internacional. Aumentando o respeito para com a Nação, a auto-estima de seu povo e ampliando as possibilidades em mesas de negociações.
Não há ilusões: Só a força das armas mantém a paz e o respeito real entre as nações. Ainda mais atualmente, quando as forças armadas dos USA não são mais há muito tempo, voltadas à guarda de suas fronteiras e de sua preservação territorial, como as da maioria dos países; mas, sendo concebidas para invadir a outras nações, esmagar suas soberanias em função dos interesses norte-americanos, da manutenção de sua hegemonia como potência global e na conquista de recursos naturais que os sustentem.
A diplomacia diante disso, é só um disfarce mais civilizado, propiciando negociações que talvez previnam contra o uso do poder que realmente decide. A ameaça por parte de grupos e Estados terroristas, infelizmente sempre existirá. E como sempre, caberá às nações detentoras do poder nuclear, a manutenção da segurança quanto ao acesso indevido a esses recursos.
Mas infelizmente, a maioria dos políticos brasileiros não têm nível e nem instrução sobre tão importante tema, e de outros assuntos estratégicos ao Brasil, e muito menos a nossa população, alienada diariamente e de forma proposital, por novelas e programas de TV abaixo de qualquer crítica.
De onde desapareceram há tempos e de forma intencional, os documentários de interesse público, e os que apresentavam as ações e diversos serviços prestados à Nação, pelos diferentes setores das forças armadas brasileiras, destacando a sua visão pró-soberania do Brasil.
Um erro que os países desenvolvidos nunca cometeram.
Re: GEOPOLÍTICA
Outro belo texto publicado na 'Proceedings Magazine' do US Naval Institute (USNI), em maio passado:
http://www.usni.org/magazines/proceedin ... RY_ID=1857Our Waning Influence to the South
By Commander Pat Paterson, U.S. Navy
We urgently need a new foreign policy to reestablish goodwill and trust in Latin America.
Decades of foreign-policy hypocrisy and economic double standards have resulted in a pervasive resistance to and suspicion of U.S. involvement in Latin America. The animosity manifests itself in ways that are direct threats to our national security: U.S. diplomats have been expelled, narcotics trafficking has reached record heights, and our military is being ousted from strategically important bases in the region. The United States is losing access and influence in Latin American and Caribbean nations like never before. Unless we act quickly, we may be unable to regain our standing in this vital area.
U.S. Intervention and Leftist Reemergence
Since 1800, Latin America has endured almost 100 U.S. military or intelligence interventions. Concerned about communist expansion during the 1970s and 1980s, the United States supported a number of autocrats and military juntas fighting against insurgents. These internal conflicts led to prevailing governments' brutal suppression of leftist groups and civilians caught in the middle, often at the cost of civil liberties and human rights. The "dirty wars" revealed a hypocrisy in U.S. foreign policy: publicly we promoted democracy and individual freedoms while privately providing support for abusive dictators.
The United States moved from passive to active intervention with the CIA-engineered coups of democratically elected governments in Guatemala in 1954 and Chile in 1973, causes célèbres for those who today oppose U.S. involvement in the region. In the 1980s in Central America, U.S.-supported right-wing governments resulted in nearly 400,000 deaths. In Guatemala, a 36-year civil war left nearly 200,000 killed, most poor indigenous farmers, making it one of Latin America's most violent wars in modern history. In 1982, an Amnesty International report estimated that over 10,000 indigenous Guatemalans and farmers were killed in a four-month period, most by government death squads. The Nicaraguan civil war (1950-79) left 50,000 dead, 600,000 homeless, and $1.6 billion in debt. The Sandinista Revolution that followed (1979-90) left another 50,000 dead. In the El Salvadoran civil war between 1979 and 1989, the combined death toll for civilians and combatants was 75,000.
While no U.S. military interventions have occurred since Grenada in 1983 ("Urgent Fury") and Panama in 1989 ("Just Cause"), deep-seated suspicions of the United States hinder modern-day goodwill efforts.
Fortunately, the dark years of mass violence and dictatorial military rule in Latin America appear to be over. Since the 1990s, a wave of democratization has brought liberal and enlightened ideas to the area, forcing hard-line military governments and conservative forces to cede power.
All Latin American countries today have democratic processes, with the exception of Cuba. In recent years, progressive and populist policies have taken root in the region. This is as much a backlash to the conservative military governments as it is a public cry for assistance against poverty, which averages 40 percent in Latin America. Leftist governments now head 12 of the 16 South and Central American nations (or 75 percent), a complete shift from just 20 years ago. At that time, 75 percent were led by right-wing governments. Since 2000, populist-leftist leaders like Hugo Chavez of Venezuela, Daniel Ortega of Nicaragua, Evo Morales of Bolivia, and Rafael Correa of Ecuador have been elected to office.
They rose to power, in part, on a wave of anti-Americanism. Angered by decades of U.S. economic hegemony and military unilateralism, most Latin Americans hold strongly negative views of U.S. policies. In Zogby International's 2006 poll, 86 percent of Latin American elites rated U.S. relations in the area as negative, with only 13 percent as positive.1 One witness testifying before Congress quantified the problems as, "We've never seen numbers this low."2 As a result, our strategic interests there are in jeopardy.
Foreign Policy Blowback
This overarching anti-American sentiment presents a danger to our national security interests. In Bolivia, President Morales ordered U.S. Ambassador Philip Goldberg to leave the country in September 2008. Venezuela's President Chavez followed suit by ejecting Ambassador Peter Duddy later the same day. This marks a first in U.S. history; never before have two ambassadors been expelled from their assignments simultaneously. It also demonstrates how the leadership of these countries works closely together, in this case against our interests.
Some of the most important U.S. initiatives in Latin America have been recently blocked or replaced. Venezuela and Brazil have convinced some countries to establish a collective security agreement (called the Union of South American Countries, or UNASUR) that would exclude the United States. The U.S.-led Free Trade of the Americas initiative, an attempt to establish a hemisphere-wide economic-cooperation zone, has been stalled by resistance from Venezuela and others. Ecuador has refused to renew our lease on the airbase at Manta, forcing the shutdown of a strategically vital forward operating location. Venezuela, one of the wealthiest countries on the continent because of its vast oil reserves, is emerging as a powerful and alarming regional leader at the hands of Hugo Chavez, a loud, charismatic leader who has rewritten the constitution to allow himself to stay in power.
Countering Venezuela
We must rapidly answer Chavez and his petroleum-fueled anti-U.S. rhetoric. Venezuela is the fifth-largest oil exporter in the world and has the ninth-largest oil reserves. With these rich coffers, Chavez has been providing five times more financial assistance to Latin America than has the United States—and has been gaining influence and power. Chavez has been vehemently critical, referring to former President George W. Bush as the "Devil" and asserting that "the hegemonic pretension of U.S. imperialism . . . puts at risk the very survival of the human species."3
In 2007, John Negroponte, then-director of National Intelligence, said that President Chavez was "among the most stridently anti-American leaders anywhere in the world, and will continue to try to undercut U.S. influence in Venezuela, in the rest of Latin America, and elsewhere internationally."4
Evidence indicates that Chavez is in cahoots with drug traffickers and terrorists. On 14 May 2007, the State Department determined that Venezuela was a major trafficker of narcotics to the United States and was friendly with quasi-terrorist organizations like the Armed Forces of Colombia (Fuerzas Armadas de la Republica de Colombia, or FARC).
The 2006 International Narcotics Control Strategy Report stated:
Rampant corruption and a weak judicial system are the main reasons for the prominent role Venezuela is now playing as a key transit point for drugs leaving Colombia for the United States. Colombian guerrillas such as the FARC, National Liberation Army [Ejercitos de Liberacion Nacional, ELN], and the Self-Defense Forces of Colombia [Auto Defensas de Colombia] move freely through Venezuela, unchallenged by the authorities.5
Venezuela also presents a threat to other regional countries that oppose Chavez or support us. During the past four years, he has been on a $4 billion shopping spree for weapons in Russia, Spain, and elsewhere. Using its oil wealth to modernize and expand its military, Venezuela has been trying to buy state-of-the-art fighter aircraft, attack helicopters, and submarines. Strong U.S. allies like Colombia are rightfully worried. The Colombian government watched as Chavez first aligned himself with the FARC (a group trying to topple the Colombian government) and then mobilized Venezuelan troops on the Colombian border following a March 2008 dispute with Ecuador.
A U.S. Defeat in the War on Drugs?
The growing resentment of the United States is reflected in new challenges for the war on drugs. A congressional report in October 2008 revealed that despite a $6 billion effort designed to reduce Latin American cocaine cultivation and distribution by 50 percent over the past six years, we have not stemmed the influx of drugs. Despite U.S.-led military successes against leftist insurgents in Colombia that have decimated the top FARC leadership and reduced the number of guerillas by 50 percent, coca cultivation has skyrocketed by 27 percent. Drug czar John Walsh of the Office of National Drug Control Policy said that the trafficking has increased by as much as 40 percent.
No longer receptive to Washington's requests for cooperation, countries that are the most opposed to our policies are also the source of many of the narcotics. Air trafficking of cocaine from Venezuela has increased 400 percent in the past three years. In September 2008, the U.S. Treasury announced sanctions against two of the heads of Venezuelan intelligence agencies for their role in trafficking.
Upon entering office in Bolivia in 2006, former coca grower President Evo Morales nearly doubled the amount of authorized land available for its cultivation. According to UN figures, Bolivia coca cultivation has risen 5 percent since 2000. In November 2008, Morales expelled U.S. drug-enforcement agents working in the country.
In Ecuador, the forced closure of the U.S. airbase denies us an important airfield from which to patrol the eastern Pacific Ocean, a transit zone for nearly 70 percent of the cocaine that reaches the United States. Coast Guard Rear Admiral Joseph Nimmich, head of the interagency counterdrug headquarters in Key West, Florida, acknowledged the scope of the challenge his group faces. "We're lucky we get 5 percent," he said, referring to the amount of drugs intercepted.6
This growing problem has always represented a national security threat, but never more so than now. Colombian traffickers have used their profits to create a new and dangerous vessel. In the past, drugs were transported on fishing vessels and speedboats, both susceptible to U.S. Navy and Coast Guard search-and-seizure efforts. But now smugglers have begun to use small self-propelled semi-submersibles (SPSS).
In 2008 alone, an estimated 60-80 of these craft sailed from Colombia toward Central American and Mexican destinations. Each SPSS carried an average of 3-5 tons of cocaine; some had a capacity of 8-10 tons of cargo. In a time of proliferating weapons of mass destruction, the idea of 80 to 100 enemy vessels steaming undetected toward the California or Florida coastline represents a major national security threat.
Mexico in Flames
The threat comes from land as well as sea. The flow of cocaine surging northward from South American regimes has pulled Mexico into an increasingly dangerous war. The drug-related murder rate there resulted in nearly 5,400 deaths in 2008, more than double the 2007 rate of 2,500. Many U.S. government officials worry that the conflict has taken a turn toward so-called Colombianization. In the late 1980s and throughout the 1990s, cartels responded to a federal crackdown with a violent and unlimited war against the government and military officials. Both the head of the federal police and the national drug czar were recent victims of these cartels.
An estimated 90 percent of the coke entering the United States travels through Mexico.7 The conflict threatens to spill over our southern border. More than 60 Americans have been kidnapped or murdered so far. In 2005, U.S. Ambassador Tony Garza closed the U.S. consulate in Nuevo Laredo due to threats against personnel in that border city. In October 2008, men with rifles and grenades attacked the U.S. consulate in Monterrey.
The problems in Mexico threaten the very existence of that country, and some strategists have warned that it could become a failed state. This would be a very worrisome development in a country that shares a 1,700-mile border with us and is our second-biggest trade partner. A December 2008 U.S. Joint Forces Command report on worldwide securty threats predicted that Mexico could experience a "rapid and sudden collapse."8
But we do not have the resources to prevent this from occurring. The Merida Initiative, a $400 million package provided in 2008 to Mexico to combat trafficking, is only a fraction of the estimated $23 billion that Mexican cartels earn for the drugs flowing across our border. Additionally, in 2007 the Pentagon reduced funding for anti-drug efforts in Mexico by more than 60 percent, to free up $8-10 billion needed monthly for the war in Iraq.
A New Good Neighbor Policy
President Barack Obama's election offers an opportunity to extend an olive branch to our southern neighbors. His election was well received in Latin America; a worldwide BBC poll showed a preference for Obama to McCain in every single country surveyed, by a four-to-one overall margin.
Evo Morales seemed to share these hopes when he said: "The entire world is hoping there will be changes. We Bolivians want to improve diplomatic relations."9 Brazilian leader President Luiz Lula da Silva echoed the same cautiously optimistic sentiment.
The timing is right. According to an influential new report on emerging global multilateralism, U.S. influence is expected to wane as China and Russia come online, and globalization further distributes economic opportunities for developing nations in Latin America. A new U.S. foreign policy focused on the Western Hemisphere makes sense, considering our ties here economically and demographically. By 2050, more than 30 percent of our population will be Latino, making it the country's largest minority. That represents a tripling of the current Hispanic population here. Already we are the second most populous Spanish-speaking country in the world, after Mexico.
The April 2009 Summit of the Americas Conference in Trinidad and Tobago was the perfect venue for President Obama's message of equality and partnering in our region. Obama's ascendancy provides the opportunity to finally overhaul foreign policy—including lifting the Cuban embargo. Easing travel restrictions was a good first step in this direction.
The trade embargo against Cuba has become representative of U.S. economic and diplomatic bullying, the type of foreign-policy tool that has proved counterproductive to our interests. Opposition to the embargo is nearly universal. In October 2007, the UN General Assembly voted overwhelmingly for the United States to end this 46-year-old embargo. It was the 16th straight year that the 192-member world body approved a resolution calling for this to be repealed "as soon as possible." The vote in favor of the resolution—184 to 4—was a one-vote improvement over the previous year's vote of 183 to 5. Only the United States, Israel, Palau, and the Marshall Islands voted against it.
The next step should be to befriend Brazil, which is quickly expected to reach the economic levels of China, India, and Russia. In August 2008, Brazil discovered the largest oil fields in the Western Hemisphere in more than 30 years. Last December, it announced the intention to join the ranks of the Oil Producing Economic Countries, an honor that only two other countries in the region previously shared: Venezuela and Ecuador.
President Lula da Silva takes a measured and pragmatic approach to relations with the United States, causing many here to recognize a chance to align ourselves with an emerging global powerhouse in our own hemisphere. A friendly Brazil would provide an economic engine that few countries in this part of the world could resist.
But there is not a moment to lose. Brazil is already starting to distance itself. In May 2008, it convened the inaugural meeting of the Union of South American Nations, which included all continental nations but did not offer an observer position to the United States. Additionally, Brazil proposed the establishment of a new South American military alliance. Both initiatives would have the effect of replacing the U.S.-dominated Organization of American States and Inter-American Defense Board and further elevating Brazil's status as a leader.
Brazil's foreign minister from 1995 to 2001, Luiz Lampreia, said of his country's newfound position and declining U.S. influence: "Countries in the region are more aware than ever that they live in a globalized, post-American world."10
Time Is of the Essence
We are still respected as the world's most powerful military, but the economic motor that drives the global economy and U.S. cooperation with Latin America is in bad shape. Leftist governments are proliferating—and are opposed to U.S. policies. Counter-drug efforts are barely maintaining status quo.
Our interference in the internal politics and sovereign issues of Latin American countries has left a resentment and suspicion of our activities. The Free Trade of the Americas has basically collapsed. Our unilateralism in Iraq and Afghanistan has alienated what few friends we had to the south. Foreign powers like Venezuela, Brazil, China, and Iran are filling the vacuum that U.S. hegemony has left behind.
Open communication, honesty, and awareness of suspicions about U.S. action will help to repair relations with those who should be our natural allies. This will also help to avoid further damage by those hostile to us. But the remedy for long-damaged relations will not be quick. We need a strategic patience to achieve the long-term investment in our regional partners.
Secretary of Defense Robert Gates understands the long-term effort necessary. "The solution is not to be found in some slick campaign or by trying to out-propagandize [American opponents]," he says, "but through a steady accumulation of actions and results that build trust and credibility over time."11 For now, U.S. policy in the area should be humble, not arrogant; modest, not boastful; multilateral, not unilateral; compassionate, not belligerent; honest, not hypocritical. Unlike our past behavior in Latin America, now is the time to speak quietly and put down our big stick.
_________________________
1. Peter Hakim, "Is Washington Losing Latin America?" Foreign Affairs magazine, 1 February 2006.
2. U.S. Congress House Committee on Foreign Affairs, "The Decline in America's Reputation: Why?" Washington, D.C.: U.S. Government Printing Office, 11 June 2008.
3. David Stout, "Chavez Calls Bush 'the Devil' in UN Speech," New York Times, 20 September 2006.
4. U.S. Senate Armed Services Committee, "Annual Threat Assessment of the Director of National Intelligence," 27 February 2007.
5. U.S. Department of State, International Narcotics Control Strategy Report, March 2006.
6. Ben Fox, "U.S. Hunts Caribbean Drugs But Odds Favor Smugglers," Miami Herald, 17 December 2008.
7. Daniel Kurtz-Phelan, "The Long War of General Garcia Luna," New York Times Magazine, 13 July 2008, p. 33. Melanie Hanson, "Mexico's Drug War," Council on Foreign Relations, 20 November 2008. Mark Lacey, "Rice Visits Mexico for a Meeting About Its Drug War," New York Times, 23 October 2008, p. A11.
8. Joint Forces Command, Joint Operating Environment Report, December 2008, p. 5.
9. Bradley Brooks, "Latin American Summit Focus Is Lack of U.S. Presence," Associated Press, 16 December 2008.
10. Joshua Goodman, "Bush Excluded by Latin Summit As China, Russia Loom," Bloomberg News Group, 15 December 2008.
11. Peter Spiegel, "Defense Chief Gates Wants to Spend More on U.S. Diplomacy," Los Angeles Times, 16 July 2008.
Commander Paterson is a U.S. Navy foreign area officer who has worked in Latin America since 1997. He has contributed to Proceedings several times.
- Marino
- Sênior
- Mensagens: 15667
- Registrado em: Dom Nov 26, 2006 4:04 pm
- Agradeceu: 134 vezes
- Agradeceram: 630 vezes
Re: GEOPOLÍTICA
Monitor Mercantil:
OPINIÃO
Preocupações com a nova ordem mundial
Marcos Coimbra
Conselheiro diretor do Cebres, professor de Economia e autor do livro Brasil Soberano.
Há alguns anos, quando era senador, o insuspeito Saturnino Braga (PT-RJ) declarou: "Se o
argumento é só a força, se não vale mais o direito, se não vale a lei internacional, se não valem os
organismos internacionais, se valem a força e o poder militar, então todos os países terão obrigação de
se armar, melhorar sua posição militar, em relação aos demais países do mundo."
"Se passa a imperar a força bruta cínica, é bom que adquiramos também, como nação, uma
força que, pelo menos, tenha um caráter dissuasório, fabricando o que já podemos fabricar. Não há por
que ficarmos respeitando um tratado de não proliferação quando o que prolifera é a força das armas, da
força bruta."
"Se os parâmetros agora são outros, não há porque ficarmos presos a um compromisso que
tinha outros pressupostos da legitimidade, do respeito à ONU, do respeito aos tratados internacionais. Se
isso não vale, teremos que repensar nossa posição". Referia-se à agressão ao Iraque perpetrada pelos
anglo-americanos, bem como a outras intervenções do tipo.
Depois da tragédia ocorrida em 11 de setembro de 2001 nos EUA, surgiu uma reação natural dos
governantes norte-americanos, em resposta aos atos que chegaram a extrapolar o âmbito do terrorismo
até então praticado. Mas o mais importante, no momento, é dimensionar a atitude da potência
hegemônica mundial.
Sua ação tem sido preocupante. No campo interno, apesar de amenizadas pela atual
administração Obama, ainda persistem limitações drásticas dos direitos constitucionais do povo
americano e outros problemas, do que é cabal exemplo a dificuldade em fechar a base de Guantánamo.
No âmbito externo, continua uma ofensiva diplomática para agir como uma administração
interventora, a pretexto de combate ao terrorismo mundial. A movimentação das forças de combate
sugere muito mais do que o ataque ao Afeganistão e a Bin Laden.
A desenvoltura demonstrada pelos exércitos de mercenários como os da Blackwater, agindo sem
controle em diversos países do mundo, preocupam os estrategistas de vários países. Isto porque existe
claramente em ação a estratégia imposta pelos "donos do mundo", os detentores do capital
transnacional, líderes do sistema financeiro internacional, para progressivamente implementar um
governo mundial.
As etapas do processo estão claramente delimitadas, em linhas gerais. De início, a adoção da
"globalização", nova denominação do "neocolonialismo", partindo dos países centrais para a periferia,
com o domínio da expressão econômica do Poder Nacional, através da imposição dos ditames dos
organismos internacionais: FMI, OMC, Banco Mundial, BID e outros.
Abertura da economia, com eliminação de barreiras protecionistas, adoção da lei de patentes,
inclusive com efeito retroativo, privatização selvagem, para transferir o patrimônio real das nações menos
desenvolvidas para os detentores do "papel pintado", meta de inflação para garantia do retorno das suas
aplicações de capital e outras.
A seguir, o total controle dos meios de comunicação , seja através da colocação de pessoas de
confiança, os "testas-de-ferro", até a participação via indireta no comando das empresas de jornalismo,
ou emprestando-lhes moeda para mantê-los dependentes ou simplesmente remunerando regiamente os
principais formadores de opinião e jornalistas famosos, montando a chamada "mídia amestrada".
Em paralelo, atuam através da criação de inúmeras ONGs, financiadas pelo exterior, sem
qualquer controle, com dirigentes percebendo salários invejáveis, sem prestar contas a ninguém e com
recursos vultosos para criar a chamada "opinião publicada".
Falam em nome do povo, sem procuração. Trabalham incansavelmente para destruir as
Instituições Nacionais. Procuram demolir o Estado Nacional Soberano, minimizar a importância da Igreja,
desmoralizar os princípios e valores fundamentais da Família, da Escola e da Empresa.
Sucateam as Forças Armadas, procurando subtrair-lhes quaisquer possibilidades de cumprir
suas missões constitucionais. Tudo é feito em vários países simultaneamente, no mundo inteiro. Para
isto criam organizações para cooptar lideranças existentes, propiciando-lhes meios de assumir o poder
constitucionalmente e administrar segundo as suas determinações.
Nas Américas, foi criado em 1982 o Diálogo Interamericano, cujo sítio pode ser acessado por
qualquer interessado (www.iadialog.org). Os inocentes úteis, que persistem em tentar ridicularizar o fato
dizendo que "isto é bobagem", podem assim conhecer seus integrantes e financiadores. O Consenso de
Washington, de 1988, é apenas uma derivação do Diálogo.
Não é coincidência que a mesma política neoliberal seja adotada por países diversos das
Américas. Em todos foi imposta a criação do Ministério da Defesa, para o "controle civil dos militares",
por exemplo, bem como a privatização, em benefício dos "donos do mundo" de setores estratégicos
como comunicações, energia, água, vitais para a sobrevivência no terceiro milênio.
Agora, com o colapso mundial havido, cresce a necessidade pelo domínio dos recursos naturais
abundantes das nações mais vulneráveis. A conclusão lógica é a de que o Brasil, como os demais
países na alça de mira, deve fortalecer sua expressão militar, inclusive com o domínio da tecnologia
nuclear, bem como da espacial, a fim de ter poder dissuasório capaz de evitar problemas sérios em
futuro próximo. A Amazônia precisa ser resgatada!
OPINIÃO
Preocupações com a nova ordem mundial
Marcos Coimbra
Conselheiro diretor do Cebres, professor de Economia e autor do livro Brasil Soberano.
Há alguns anos, quando era senador, o insuspeito Saturnino Braga (PT-RJ) declarou: "Se o
argumento é só a força, se não vale mais o direito, se não vale a lei internacional, se não valem os
organismos internacionais, se valem a força e o poder militar, então todos os países terão obrigação de
se armar, melhorar sua posição militar, em relação aos demais países do mundo."
"Se passa a imperar a força bruta cínica, é bom que adquiramos também, como nação, uma
força que, pelo menos, tenha um caráter dissuasório, fabricando o que já podemos fabricar. Não há por
que ficarmos respeitando um tratado de não proliferação quando o que prolifera é a força das armas, da
força bruta."
"Se os parâmetros agora são outros, não há porque ficarmos presos a um compromisso que
tinha outros pressupostos da legitimidade, do respeito à ONU, do respeito aos tratados internacionais. Se
isso não vale, teremos que repensar nossa posição". Referia-se à agressão ao Iraque perpetrada pelos
anglo-americanos, bem como a outras intervenções do tipo.
Depois da tragédia ocorrida em 11 de setembro de 2001 nos EUA, surgiu uma reação natural dos
governantes norte-americanos, em resposta aos atos que chegaram a extrapolar o âmbito do terrorismo
até então praticado. Mas o mais importante, no momento, é dimensionar a atitude da potência
hegemônica mundial.
Sua ação tem sido preocupante. No campo interno, apesar de amenizadas pela atual
administração Obama, ainda persistem limitações drásticas dos direitos constitucionais do povo
americano e outros problemas, do que é cabal exemplo a dificuldade em fechar a base de Guantánamo.
No âmbito externo, continua uma ofensiva diplomática para agir como uma administração
interventora, a pretexto de combate ao terrorismo mundial. A movimentação das forças de combate
sugere muito mais do que o ataque ao Afeganistão e a Bin Laden.
A desenvoltura demonstrada pelos exércitos de mercenários como os da Blackwater, agindo sem
controle em diversos países do mundo, preocupam os estrategistas de vários países. Isto porque existe
claramente em ação a estratégia imposta pelos "donos do mundo", os detentores do capital
transnacional, líderes do sistema financeiro internacional, para progressivamente implementar um
governo mundial.
As etapas do processo estão claramente delimitadas, em linhas gerais. De início, a adoção da
"globalização", nova denominação do "neocolonialismo", partindo dos países centrais para a periferia,
com o domínio da expressão econômica do Poder Nacional, através da imposição dos ditames dos
organismos internacionais: FMI, OMC, Banco Mundial, BID e outros.
Abertura da economia, com eliminação de barreiras protecionistas, adoção da lei de patentes,
inclusive com efeito retroativo, privatização selvagem, para transferir o patrimônio real das nações menos
desenvolvidas para os detentores do "papel pintado", meta de inflação para garantia do retorno das suas
aplicações de capital e outras.
A seguir, o total controle dos meios de comunicação , seja através da colocação de pessoas de
confiança, os "testas-de-ferro", até a participação via indireta no comando das empresas de jornalismo,
ou emprestando-lhes moeda para mantê-los dependentes ou simplesmente remunerando regiamente os
principais formadores de opinião e jornalistas famosos, montando a chamada "mídia amestrada".
Em paralelo, atuam através da criação de inúmeras ONGs, financiadas pelo exterior, sem
qualquer controle, com dirigentes percebendo salários invejáveis, sem prestar contas a ninguém e com
recursos vultosos para criar a chamada "opinião publicada".
Falam em nome do povo, sem procuração. Trabalham incansavelmente para destruir as
Instituições Nacionais. Procuram demolir o Estado Nacional Soberano, minimizar a importância da Igreja,
desmoralizar os princípios e valores fundamentais da Família, da Escola e da Empresa.
Sucateam as Forças Armadas, procurando subtrair-lhes quaisquer possibilidades de cumprir
suas missões constitucionais. Tudo é feito em vários países simultaneamente, no mundo inteiro. Para
isto criam organizações para cooptar lideranças existentes, propiciando-lhes meios de assumir o poder
constitucionalmente e administrar segundo as suas determinações.
Nas Américas, foi criado em 1982 o Diálogo Interamericano, cujo sítio pode ser acessado por
qualquer interessado (www.iadialog.org). Os inocentes úteis, que persistem em tentar ridicularizar o fato
dizendo que "isto é bobagem", podem assim conhecer seus integrantes e financiadores. O Consenso de
Washington, de 1988, é apenas uma derivação do Diálogo.
Não é coincidência que a mesma política neoliberal seja adotada por países diversos das
Américas. Em todos foi imposta a criação do Ministério da Defesa, para o "controle civil dos militares",
por exemplo, bem como a privatização, em benefício dos "donos do mundo" de setores estratégicos
como comunicações, energia, água, vitais para a sobrevivência no terceiro milênio.
Agora, com o colapso mundial havido, cresce a necessidade pelo domínio dos recursos naturais
abundantes das nações mais vulneráveis. A conclusão lógica é a de que o Brasil, como os demais
países na alça de mira, deve fortalecer sua expressão militar, inclusive com o domínio da tecnologia
nuclear, bem como da espacial, a fim de ter poder dissuasório capaz de evitar problemas sérios em
futuro próximo. A Amazônia precisa ser resgatada!
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
-
- Sênior
- Mensagens: 922
- Registrado em: Sáb Abr 15, 2006 4:45 pm
- Localização: Minas Gerais - Brasil
Re: GEOPOLÍTICA
Muito bom o texto.
Me faz lembrar que curiosamente, nós que temos mas tempo de janela. Conseguimos perceber todos estes passos do neocolonialismo e o uso dissimulado para o enfraquecimento de nosso ESTADO NACIONAL.
E por outro lado vemos diuturnamente agentes da 5th coluna, minando as nossas instituições.
E quando nos pronunciamos ou bradamos. Somos retrucados, como xenofobos, atrasados, facistas, comunistas ou qualquer que seja o rótulo conveniente para desclassificar nossos reclames.
Me faz lembrar que curiosamente, nós que temos mas tempo de janela. Conseguimos perceber todos estes passos do neocolonialismo e o uso dissimulado para o enfraquecimento de nosso ESTADO NACIONAL.
E por outro lado vemos diuturnamente agentes da 5th coluna, minando as nossas instituições.
E quando nos pronunciamos ou bradamos. Somos retrucados, como xenofobos, atrasados, facistas, comunistas ou qualquer que seja o rótulo conveniente para desclassificar nossos reclames.
Se na batalha de Passo do Rosário houve controvérsias. As Vitórias em Lara-Quilmes e Monte Santiago, não deixam duvidas de quem às venceu!
- Marino
- Sênior
- Mensagens: 15667
- Registrado em: Dom Nov 26, 2006 4:04 pm
- Agradeceu: 134 vezes
- Agradeceram: 630 vezes
Re: GEOPOLÍTICA
El crecimiento del ALBA
Jun-24-09 - por Rosendo Fraga
La ampliación del ALBA confirma que la influencia regional de Chávez está aumentando. Hace cinco años, este grupo regional impulsado por Venezuela como alternativa al ALCA no existía, y hoy ya reúne casi un tercio de los países de América Latina y el Caribe. Chávez convocó una cumbre extraordinaria del grupo en Campo de Carabobo (Venezuela), con motivo de la incorporación de tres países más, uno de América el Sur (Ecuador), y otros dos del Caribe: Antigua y Barbuda, y San Vicente y las Granadinas. El grupo se constituyó a fines de 2004 en base a un eje La Habana-Caracas, adhiriéndose luego La Paz. Posteriormente sumó a Nicaragua, al ganar Ortega las elecciones, y luego a Honduras. En el Caribe, el primer país en sumarse fue Dominica. Con los nuevos ingresos el grupo pasa así a estar integrado por 3 países de América del Sur, 2 de América Central y 4 del Caribe. Es decir son 9 países sobre un total de 34. Paraguay ya se ha sumado como observador y Chávez espera que se integre formalmente antes de finalizar el año. El presidente venezolano, va aumentando así su influencia en la región, aunque el precio del petróleo está a la mitad del que registraba en su máximo el año pasado, y a que ha aumentado su impopularidad dentro del país.
Que el ALBA siga sumando países implica que los EEUU no tienen por ahora una política efectiva para contener a Chávez y que Brasil, pese a su influencia regional, prefiere no confrontar por ahora. La Administración Obama no ha podido dar prioridad a la región, dado el cúmulo de problemas que enfrenta derivados de los desafíos estratégicos mundiales (Corea del Norte, Irán, Irak, Afganistán, Pakistán, etc.) y las urgencias derivadas de la crisis económica global. Además, la política hacia la región se encuentra en transición, habiendo dejado el cargo el subsecretario para América Latina (Shannon) de la Administración Bush -quien prolongó sus funciones- y no habiendo asumido todavía el de Obama (Valenzuela), cuya nominación debe ser aprobada por el Senado. Por su parte Brasil, que ha formalizado su rol de potencia mundial en la primera Cumbre del Grupo BRIC realizada en Rusia, mantiene su diplomacia tradicional de evitar confrontar y opta por dilatar los problemas. En función de este estilo tradicional de Brasil, Lula mantiene buenas relaciones con Chávez aunque limita algunos de sus movimientos, siendo en los hechos más un factor de equilibrio regional, antes que un líder efectivo. Es así como las actitudes de EEUU y Brasil en el corto plazo permiten al líder venezolano seguir ampliando su influencia regional.
El conflicto indígena que se ha desatado en Perú muestra que la influencia regional del chavismo no es una realidad teórica. El presidente Alan García enfrenta el momento más difícil de su gestión, al registrarse 35 muertos al reprimir la policía -que tuvo casi un tercio de los muertos- una protesta de indígenas de la Amazonía peruana, que se oponen a la explotación de hidrocarburos en la zona, la que había sido autorizada por ley del Congreso. Los incidentes hicieron caer la popularidad de Alan García del 30 al 21% y el Congreso dio marcha atrás con su decisión. El líder de la insurgencia indígena se asiló en Nicaragua, uno de los países del ALBA. Una ministra de Chávez calificó de genocidio la represión peruana y también lo mismo hizo el propio Evo Morales, generándose un incidente diplomático por el cual Perú retiro su embajador de la capital boliviana. A su vez la UN, tras investigar el incidente, rechazó la posibilidad de que existiera un genocidio. La intervención regional en este conflicto muestra que el ALBA es una realidad política en la región que busca influir más allá de los países que lo integran.
Pero en una visión global, los países más importantes de la región se mantienen en posiciones moderadas y no se suman al ALBA. Brasil tiene el 34% de la población de América Latina y el Caribe y mantiene una postura pragmática tanto en lo político como en lo económico, jugando un discreto rol moderado en la región. México tiene el 19% de los habitantes de la región y está gobernado por un presidente de centro-derecha próximo a los EEUU. Entre ambos países suman más de la mitad de los habitantes de la región. Colombia es el tercero en población, con el 8%, gobernada también por un Presidente de centro-derecha que busca coincidir con Washington y lograr la aprobación en el Congreso de Obama del TLC, negociado durante la administración Bush. Perú es el quinto país en población, con el 5%, y su Presidente, Alan García, hoy está en una posición de centro-derecha tanto en política internacional como en economía y política interna. Chile es el séptimo por cantidad de habitantes, con el 3%, y tiene un gobierno social-demócrata, pero claramente identificado con las políticas económicas de libre mercado. Entre estos 5 países, está casi el 70% de la población de la región y un porcentaje algo mayor en PBI y territorio. El cuarto país en población es Argentina, con el 7%, cuya posición en la administración Kirchner no se puede asimilar al ALBA -que no integra ni pretende integrar-, pero que tampoco asume las posiciones moderadas de los cinco países mencionados. De los seis países más poblados de la región, sólo sobre Argentina Chávez ejerce cierta influencia. Es que de los 9 países que integran el ALBA, Venezuela no sólo es el que tiene mayor población, siendo el sexto -con el 5%- sino que por lejos tiene el mayor PBI y ello también concurre a explicar esta influencia regional creciente que se da sobre los países de menor dimensión.
Jun-24-09 - por Rosendo Fraga
La ampliación del ALBA confirma que la influencia regional de Chávez está aumentando. Hace cinco años, este grupo regional impulsado por Venezuela como alternativa al ALCA no existía, y hoy ya reúne casi un tercio de los países de América Latina y el Caribe. Chávez convocó una cumbre extraordinaria del grupo en Campo de Carabobo (Venezuela), con motivo de la incorporación de tres países más, uno de América el Sur (Ecuador), y otros dos del Caribe: Antigua y Barbuda, y San Vicente y las Granadinas. El grupo se constituyó a fines de 2004 en base a un eje La Habana-Caracas, adhiriéndose luego La Paz. Posteriormente sumó a Nicaragua, al ganar Ortega las elecciones, y luego a Honduras. En el Caribe, el primer país en sumarse fue Dominica. Con los nuevos ingresos el grupo pasa así a estar integrado por 3 países de América del Sur, 2 de América Central y 4 del Caribe. Es decir son 9 países sobre un total de 34. Paraguay ya se ha sumado como observador y Chávez espera que se integre formalmente antes de finalizar el año. El presidente venezolano, va aumentando así su influencia en la región, aunque el precio del petróleo está a la mitad del que registraba en su máximo el año pasado, y a que ha aumentado su impopularidad dentro del país.
Que el ALBA siga sumando países implica que los EEUU no tienen por ahora una política efectiva para contener a Chávez y que Brasil, pese a su influencia regional, prefiere no confrontar por ahora. La Administración Obama no ha podido dar prioridad a la región, dado el cúmulo de problemas que enfrenta derivados de los desafíos estratégicos mundiales (Corea del Norte, Irán, Irak, Afganistán, Pakistán, etc.) y las urgencias derivadas de la crisis económica global. Además, la política hacia la región se encuentra en transición, habiendo dejado el cargo el subsecretario para América Latina (Shannon) de la Administración Bush -quien prolongó sus funciones- y no habiendo asumido todavía el de Obama (Valenzuela), cuya nominación debe ser aprobada por el Senado. Por su parte Brasil, que ha formalizado su rol de potencia mundial en la primera Cumbre del Grupo BRIC realizada en Rusia, mantiene su diplomacia tradicional de evitar confrontar y opta por dilatar los problemas. En función de este estilo tradicional de Brasil, Lula mantiene buenas relaciones con Chávez aunque limita algunos de sus movimientos, siendo en los hechos más un factor de equilibrio regional, antes que un líder efectivo. Es así como las actitudes de EEUU y Brasil en el corto plazo permiten al líder venezolano seguir ampliando su influencia regional.
El conflicto indígena que se ha desatado en Perú muestra que la influencia regional del chavismo no es una realidad teórica. El presidente Alan García enfrenta el momento más difícil de su gestión, al registrarse 35 muertos al reprimir la policía -que tuvo casi un tercio de los muertos- una protesta de indígenas de la Amazonía peruana, que se oponen a la explotación de hidrocarburos en la zona, la que había sido autorizada por ley del Congreso. Los incidentes hicieron caer la popularidad de Alan García del 30 al 21% y el Congreso dio marcha atrás con su decisión. El líder de la insurgencia indígena se asiló en Nicaragua, uno de los países del ALBA. Una ministra de Chávez calificó de genocidio la represión peruana y también lo mismo hizo el propio Evo Morales, generándose un incidente diplomático por el cual Perú retiro su embajador de la capital boliviana. A su vez la UN, tras investigar el incidente, rechazó la posibilidad de que existiera un genocidio. La intervención regional en este conflicto muestra que el ALBA es una realidad política en la región que busca influir más allá de los países que lo integran.
Pero en una visión global, los países más importantes de la región se mantienen en posiciones moderadas y no se suman al ALBA. Brasil tiene el 34% de la población de América Latina y el Caribe y mantiene una postura pragmática tanto en lo político como en lo económico, jugando un discreto rol moderado en la región. México tiene el 19% de los habitantes de la región y está gobernado por un presidente de centro-derecha próximo a los EEUU. Entre ambos países suman más de la mitad de los habitantes de la región. Colombia es el tercero en población, con el 8%, gobernada también por un Presidente de centro-derecha que busca coincidir con Washington y lograr la aprobación en el Congreso de Obama del TLC, negociado durante la administración Bush. Perú es el quinto país en población, con el 5%, y su Presidente, Alan García, hoy está en una posición de centro-derecha tanto en política internacional como en economía y política interna. Chile es el séptimo por cantidad de habitantes, con el 3%, y tiene un gobierno social-demócrata, pero claramente identificado con las políticas económicas de libre mercado. Entre estos 5 países, está casi el 70% de la población de la región y un porcentaje algo mayor en PBI y territorio. El cuarto país en población es Argentina, con el 7%, cuya posición en la administración Kirchner no se puede asimilar al ALBA -que no integra ni pretende integrar-, pero que tampoco asume las posiciones moderadas de los cinco países mencionados. De los seis países más poblados de la región, sólo sobre Argentina Chávez ejerce cierta influencia. Es que de los 9 países que integran el ALBA, Venezuela no sólo es el que tiene mayor población, siendo el sexto -con el 5%- sino que por lejos tiene el mayor PBI y ello también concurre a explicar esta influencia regional creciente que se da sobre los países de menor dimensión.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
- FOXTROT
- Sênior
- Mensagens: 7693
- Registrado em: Ter Set 16, 2008 1:53 pm
- Localização: Caçapava do Sul/RS.
- Agradeceu: 264 vezes
- Agradeceram: 106 vezes
Re: GEOPOLÍTICA
terra.com.br
Síria diz que Israel é "inexistente" no processo de paz no O.Médio
O presidente sírio, Bashar al-Assad, qualificou hoje Israel de "parceiro inexistente" no processo de paz do Oriente Médio e disse que deveria abrir mão dos territórios ocupados, caso realmente procure um acordo com a Síria.
"A conquista da paz requer um parceiro israelense e um compromisso com a lei internacional, as resoluções da ONU e o princípio de paz em troca de territórios. Este parceiro israelense não existe atualmente", afirmou Assad em coletiva de imprensa após uma reunião com o presidente grego, Carolos Papoulias.
A Síria suspendeu de forma indefinida as negociações de paz indiretas que mantinha com Israel desde maio de 2008 pela ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, cujo principal líder, Khaled Meshaal, vive exilado em Damasco.
Síria diz que Israel é "inexistente" no processo de paz no O.Médio
O presidente sírio, Bashar al-Assad, qualificou hoje Israel de "parceiro inexistente" no processo de paz do Oriente Médio e disse que deveria abrir mão dos territórios ocupados, caso realmente procure um acordo com a Síria.
"A conquista da paz requer um parceiro israelense e um compromisso com a lei internacional, as resoluções da ONU e o princípio de paz em troca de territórios. Este parceiro israelense não existe atualmente", afirmou Assad em coletiva de imprensa após uma reunião com o presidente grego, Carolos Papoulias.
A Síria suspendeu de forma indefinida as negociações de paz indiretas que mantinha com Israel desde maio de 2008 pela ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, cujo principal líder, Khaled Meshaal, vive exilado em Damasco.
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
- Izaias Maia
- Sênior
- Mensagens: 843
- Registrado em: Seg Fev 12, 2007 5:51 am
- Localização: Eusébio -CE
- Agradeceu: 9 vezes
Re: GEOPOLÍTICA
Equador adere à Alba e defende "projeto socialista" do grupo
A Alternativa Bolivariana para as Américas firmou hoje a adesão do Equador, cujo presidente, Rafael Correa, definiu o grupo como "um projeto socialista", assim como de São Vicente e Granadinas e Antígua e Barbuda, na 6ª Cúpula Extraordinária da Alba, realizada na Venezuela.
Após lembrar que o grupo é acusado de ser político, o presidente equatoriano afirmou: "Certamente que é político" e, mais especificamente, "é um projeto socialista".
No discurso que fez na reunião, realizada em Maracay, cerca de 120 quilômetros ao oeste de Caracas, Correa destacou a busca do "desenvolvimento equitativo", através de um "diálogo simétrico e franco" o qual buscam os nove países agora associados na entidade regional, o que, ressaltou, passa por "anular o neoliberalismo".
Trata-se, manifestou, de avançar em direção ao desenho de "um novo modelo" que deve ter como "eixo central o indivíduo social e solidário", dirigido a "tomar a vida de assalto" e que contenha, para isso, "uma nova arquitetura financeira" e um compromisso adicional de "harmonia com a natureza".
Após assinar formalmente a adesão equatoriana, Correa afirmou que a entrada do Equador na Alba foi uma decisão "reflexiva e madura" do Governo, que identificou uma "empatia ideológica" com esse projeto regional de "solidariedade e integração".
O líder equatoriano disse também que mecanismos políticos como a Alba fortalecem a posição comum da região nas relações internacionais, "para evitar que excessos do capitalismo do norte" vulnerem ainda mais os países latino-americanos.
"Não podemos ir mais devagar que o resto... a Revolução é agora, não é amanhã, é agora", afirmou Correa, ao pedir rapidez no cumprimento dos projetos de integração política, social e econômica propostos pela Alba.
O presidente anfitrião da cúpula, Hugo Chávez, anunciou que o grupo aprovou a criação de novos mecanismos econômicos, como o "fundo de compensação comercial", sobre o qual não deu detalhes, assim como dar maior impulso à área política, com reuniões trimestrais dos presidentes dos países-membros.
Nesse sentido, propôs que a próxima cúpula da Alba aconteça na Bolívia, "um dos países mais antigos" do bloco, e deixou a ideia no ar.
Nos discursos que fizeram após formalizar a integração, os primeiros-ministros de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, e Antígua e Barbuda, Baldwin Spencer, coincidiram em que a inclusão dos países é "uma grande honra".
Com essas novas incorporações, a Alba, até hoje integrada por Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua, Honduras e Dominica, passa a contar com nove membros, o que constitui, segundo os promotores da iniciativa, uma nova fortaleza deste sistema, que nasceu há quase cinco anos.
Assistiram a adesão do Equador e das duas nações caribenhas os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e da Nicarágua, Daniel Ortega, assim como o vice-presidente cubano, José Ramón Machado, que representou o líder cubano, Raúl Castro, cuja presença tinha sido anunciada por Chávez, mas que acabou não comparecendo à cúpula.
Também estiveram presentes na reunião a chanceler de Honduras, Patricia Rodas, o primeiro-ministro de Dominica, Roosevelt Skerrit, assim como o chanceler de Granada, Peter David, e o do Paraguai, Héctor Lacognata, estes dois últimos como representantes de países observadores.
Nos diversos discursos que fez ao longo do dia, Chávez insistiu em que os povos dos países da Alba e de outros da América Latina travam atualmente uma segunda "grande batalha" por sua "plena independência".
"Só a união nos libertará", repetiu na cúpula, que se estendeu pelo anoitecer em um hotel de Maracay, depois de feito a mesma afirmação no início do dia, com um desfile cívico-militar no histórico Campo de Carabobo, onde, há 188 anos, aconteceu a batalha que selou a independência venezuelana da Espanha.
No local, os presidentes e demais líderes dos países do grupo regional assistiram ao desfile, no qual participaram junto com os venezuelanos militares de Cuba, Honduras, Nicarágua e Bolívia.
EFE - Agência EFE
http://noticias.terra.com.br/interna/0, ... 88,00.html
A Alternativa Bolivariana para as Américas firmou hoje a adesão do Equador, cujo presidente, Rafael Correa, definiu o grupo como "um projeto socialista", assim como de São Vicente e Granadinas e Antígua e Barbuda, na 6ª Cúpula Extraordinária da Alba, realizada na Venezuela.
Após lembrar que o grupo é acusado de ser político, o presidente equatoriano afirmou: "Certamente que é político" e, mais especificamente, "é um projeto socialista".
No discurso que fez na reunião, realizada em Maracay, cerca de 120 quilômetros ao oeste de Caracas, Correa destacou a busca do "desenvolvimento equitativo", através de um "diálogo simétrico e franco" o qual buscam os nove países agora associados na entidade regional, o que, ressaltou, passa por "anular o neoliberalismo".
Trata-se, manifestou, de avançar em direção ao desenho de "um novo modelo" que deve ter como "eixo central o indivíduo social e solidário", dirigido a "tomar a vida de assalto" e que contenha, para isso, "uma nova arquitetura financeira" e um compromisso adicional de "harmonia com a natureza".
Após assinar formalmente a adesão equatoriana, Correa afirmou que a entrada do Equador na Alba foi uma decisão "reflexiva e madura" do Governo, que identificou uma "empatia ideológica" com esse projeto regional de "solidariedade e integração".
O líder equatoriano disse também que mecanismos políticos como a Alba fortalecem a posição comum da região nas relações internacionais, "para evitar que excessos do capitalismo do norte" vulnerem ainda mais os países latino-americanos.
"Não podemos ir mais devagar que o resto... a Revolução é agora, não é amanhã, é agora", afirmou Correa, ao pedir rapidez no cumprimento dos projetos de integração política, social e econômica propostos pela Alba.
O presidente anfitrião da cúpula, Hugo Chávez, anunciou que o grupo aprovou a criação de novos mecanismos econômicos, como o "fundo de compensação comercial", sobre o qual não deu detalhes, assim como dar maior impulso à área política, com reuniões trimestrais dos presidentes dos países-membros.
Nesse sentido, propôs que a próxima cúpula da Alba aconteça na Bolívia, "um dos países mais antigos" do bloco, e deixou a ideia no ar.
Nos discursos que fizeram após formalizar a integração, os primeiros-ministros de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, e Antígua e Barbuda, Baldwin Spencer, coincidiram em que a inclusão dos países é "uma grande honra".
Com essas novas incorporações, a Alba, até hoje integrada por Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua, Honduras e Dominica, passa a contar com nove membros, o que constitui, segundo os promotores da iniciativa, uma nova fortaleza deste sistema, que nasceu há quase cinco anos.
Assistiram a adesão do Equador e das duas nações caribenhas os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e da Nicarágua, Daniel Ortega, assim como o vice-presidente cubano, José Ramón Machado, que representou o líder cubano, Raúl Castro, cuja presença tinha sido anunciada por Chávez, mas que acabou não comparecendo à cúpula.
Também estiveram presentes na reunião a chanceler de Honduras, Patricia Rodas, o primeiro-ministro de Dominica, Roosevelt Skerrit, assim como o chanceler de Granada, Peter David, e o do Paraguai, Héctor Lacognata, estes dois últimos como representantes de países observadores.
Nos diversos discursos que fez ao longo do dia, Chávez insistiu em que os povos dos países da Alba e de outros da América Latina travam atualmente uma segunda "grande batalha" por sua "plena independência".
"Só a união nos libertará", repetiu na cúpula, que se estendeu pelo anoitecer em um hotel de Maracay, depois de feito a mesma afirmação no início do dia, com um desfile cívico-militar no histórico Campo de Carabobo, onde, há 188 anos, aconteceu a batalha que selou a independência venezuelana da Espanha.
No local, os presidentes e demais líderes dos países do grupo regional assistiram ao desfile, no qual participaram junto com os venezuelanos militares de Cuba, Honduras, Nicarágua e Bolívia.
EFE - Agência EFE
http://noticias.terra.com.br/interna/0, ... 88,00.html
- Izaias Maia
- Sênior
- Mensagens: 843
- Registrado em: Seg Fev 12, 2007 5:51 am
- Localização: Eusébio -CE
- Agradeceu: 9 vezes
Re: GEOPOLÍTICA
Paraguai anuncia intenção de se integrar à Alba
O Paraguai pretende se tornar "em pouco tempo" um membro pleno da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), em razão das coincidências de "princípios e fundamentos" entre o grupo e o Governo de Fernando Lugo, afirmou hoje o chanceler paraguaio, Héctor Lacognata.
"Acreditamos que estamos amadurecendo o processo para que, eventualmente, nossa condição (na Alba) passe a um nível superior em pouco tempo e, de fato, nos sentimos cômodos dentro do organismo", disse Lacognata durante sua intervenção cúpula extraordinária do grupo, realizada em Maracay, na Venezuela.
A reunião de hoje concretizou a adesão de Equador, São Vicente e Granadinas, e Antígua e Barbuda à Alba, já integrada por Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua, Dominica e Honduras.
Lacognata participa do encontro em representação ao presidente do Paraguai, país observador da Alba.
"O Paraguai quer seguir junto à Alba, caminhando por este caminho de mudanças que iniciamos (...), porque coincidimos com os princípios e fundamentos já estabelecidos, de uma integração baseada na solidariedade e complementaridade", disse o chanceler.
EFE - Agência EFE
Agora falta quem???
O Paraguai pretende se tornar "em pouco tempo" um membro pleno da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), em razão das coincidências de "princípios e fundamentos" entre o grupo e o Governo de Fernando Lugo, afirmou hoje o chanceler paraguaio, Héctor Lacognata.
"Acreditamos que estamos amadurecendo o processo para que, eventualmente, nossa condição (na Alba) passe a um nível superior em pouco tempo e, de fato, nos sentimos cômodos dentro do organismo", disse Lacognata durante sua intervenção cúpula extraordinária do grupo, realizada em Maracay, na Venezuela.
A reunião de hoje concretizou a adesão de Equador, São Vicente e Granadinas, e Antígua e Barbuda à Alba, já integrada por Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua, Dominica e Honduras.
Lacognata participa do encontro em representação ao presidente do Paraguai, país observador da Alba.
"O Paraguai quer seguir junto à Alba, caminhando por este caminho de mudanças que iniciamos (...), porque coincidimos com os princípios e fundamentos já estabelecidos, de uma integração baseada na solidariedade e complementaridade", disse o chanceler.
EFE - Agência EFE
Agora falta quem???
- Marino
- Sênior
- Mensagens: 15667
- Registrado em: Dom Nov 26, 2006 4:04 pm
- Agradeceu: 134 vezes
- Agradeceram: 630 vezes
Re: GEOPOLÍTICA
Estilo de potência
Exército brasileiro vence competição militar com 20 países das Américas, em Goiânia, e se firma como realidade para atuar em conflitos regionais
Isabel Fleck
Por seis dias, os sete militares mais bem preparados das forças especiais de 21 países das Américas deram, em Goiânia, uma pequena demonstração do que cada Exército é capaz. Com diferentes táticas, armas e equipamentos, eles passaram pelas mesmas provas e enfrentaram os mesmos obstáculos. A equipe brasileira foi a que melhor combinou capacidade física com habilidades militares, e conquistou o primeiro lugar. Mais do que a vitória, no entanto, o Brasil comemora a projeção do seu Exército, depois dos bons resultados na competição, realizada pela primeira vez no país.
Para o governo brasileiro, vencer Exércitos como os dos Estados Unidos e da própria Colômbia (1)— campeã invicta nas últimas três competições e que tem sido patrocinada nos últimos nove anos por Washington — representa muito mais do que ter uma equipe bem preparada. Mostra à grande potência militar do continente que o Brasil tem propriedade não só para atuar, mas também para liderar esforços conjuntos em situações de conflito na região.
Do lado norte-americano, o interesse foi confirmado pela grande presença militar do país, representado pelo Comandante de Operações Especiais dos EUA, Eric Olson, e por uma delegação de quase 60 pessoas. “Esse tipo de encontro nos permite dividir ideias de como melhor trabalhar juntos, em um nível estratégico. E nós queremos trabalhar com outros países, queremos dialogar e aprender com cada um”, confirmou o porta-voz do Comando Sul do Exército norte-americano, Armando Hernandez.
Mas se o encontro militar serviu como “vitrine” para as forças especiais brasileiras, também foi útil para ajudar a integrar os exércitos de países da região que fazem parte do Conselho de Defesa Sul-Americano, idealizado pelo Brasil. Das 12 nações que compõem a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), oito participaram da competição — com exceção de Venezuela, Bolívia, Guiana e Suriname. “Essa troca de experiências que ocorre aqui é muito importante, pois favorece o aumento da confiança entre os exércitos. No caso de uma operação conjugada (no futuro), as equipes já se conhecem, o que facilita muito o trabalho”, observou o porta-voz da Brigada de Operações Especiais, Luís Gustavo Stumpf.
O capitão da equipe chilena, tenente Raul Saez, concorda que o encontro ajuda a criar um clima de confiança na “base”. “O melhor de tudo é a interação com outras equipes, outras culturas. E dessa interação acaba surgindo um grupo de amigos que, ano a ano, se encontra nessa competição”, disse Saez. Já o líder do time da Nicarágua, capitão Rodolfo González, destaca a possibilidade de reavaliar técnicas militares como um dos pontos positivos do encontro. “Do ponto de vista tático, a competição é muito importante, porque se aprendem técnicas de outro Exército que podem ser aplicadas ao nosso”, revelou.
TÁTICAS
Enquanto os 147 militares que formavam as 21 equipes suavam a farda nas provas de resistência e de habilidades técnicas, comandantes das forças especiais de cada país participavam de um seminário sobre táticas antiterror e metodologias usadas em ambientes de conflito, como o Iraque e o Haiti. Para os participantes, a oportunidade é de aprender com os acertos dos outros países, que são revelados a portas fechadas. “Aqui, tiramos muitos ensinamentos que vão nos ajudar a melhorar nossa doutrina e a preparar nosso soldado”, admite o general Ricardo de Matos Cunha, 1º subchefe do Comando de Operações Terrestres.
O militar afirma que a experiência brasileira no Haiti também vem sendo acompanhada com atenção pelos outros países. “Não é de hoje que o Brasil tem se projetado internacionalmente, principalmente na parte militar. As nossas atuações em operações de paz, desde a década de 1950, quando fomos para o Canal de Suez, e depois na América Central, na África e, principalmente, no Haiti, nos garantem uma posição de destaque no concerto dos exércitos internacionais”, destacou.
(1) PLANO COLÔMBIA
Desde 2000, os EUA ajudam o combater o narcotráfico e os grupos armados por meio do Plano Colômbia. Nesse período, Washington já investiu US$ 5 bilhões no Exército do país sul-americano, se tornando o maior destino de ajuda militar dos EUA fora do Oriente Médio. O Plano Colômbia foi decisivo para capacitar as Forças Armadas colombianas: os efetivos aumentaram 50%, o setor de inteligência se refinou e a aquisição de modernos helicópteros e aviões, inclusive Supertucanos brasileiros, deu mobilidade às tropas. Os EUA tiveram papel decisivo nos recentes resgates de reféns das Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia (Farc).
Sem moleza
Como são algumas das provas realizadas pelas forças especiais
Assalto combinado
A equipe é dividida em dois grupos. Logo após o primeiro “varrer o local” com um tiro, o outro simula a entrada em uma casa dominada por sequestradores ou terroristas. São avaliadas a agilidade e a pontaria dos militares, que devem ter atenção com os reféns.
Pista de obstáculos
O tempo é o principal adversário nessa pista onde os militares precisam escalar paredões, rastejar sobre a areia, sair de um fosso de mais de 2m de profundidade e atravessar trechos com cordas.
Natação
De farda, os militares caem na água para nadar 300m com obstáculos.
Marcha orientada
Os participantes levam cerca de três horas para completar a prova. A meta é marchar 20km carregando uma mochila de 15kg e armamento.
Evento aquático
Uma das provas mais difíceis, já que intercala trechos terrestres e aquáticos. Os militares devem carregar o bote no qual vão remar por toda a extensão de um lago, carregar um ferido, nadar com uma mochila de 20kg e atirar em alvos a diferentes distâncias.
Tiro de campo
A equipe de caçadores tem 10 cartuchos para acertar cinco alvos pré-posicionados a distâncias desconhecidas.
Exército brasileiro vence competição militar com 20 países das Américas, em Goiânia, e se firma como realidade para atuar em conflitos regionais
Isabel Fleck
Por seis dias, os sete militares mais bem preparados das forças especiais de 21 países das Américas deram, em Goiânia, uma pequena demonstração do que cada Exército é capaz. Com diferentes táticas, armas e equipamentos, eles passaram pelas mesmas provas e enfrentaram os mesmos obstáculos. A equipe brasileira foi a que melhor combinou capacidade física com habilidades militares, e conquistou o primeiro lugar. Mais do que a vitória, no entanto, o Brasil comemora a projeção do seu Exército, depois dos bons resultados na competição, realizada pela primeira vez no país.
Para o governo brasileiro, vencer Exércitos como os dos Estados Unidos e da própria Colômbia (1)— campeã invicta nas últimas três competições e que tem sido patrocinada nos últimos nove anos por Washington — representa muito mais do que ter uma equipe bem preparada. Mostra à grande potência militar do continente que o Brasil tem propriedade não só para atuar, mas também para liderar esforços conjuntos em situações de conflito na região.
Do lado norte-americano, o interesse foi confirmado pela grande presença militar do país, representado pelo Comandante de Operações Especiais dos EUA, Eric Olson, e por uma delegação de quase 60 pessoas. “Esse tipo de encontro nos permite dividir ideias de como melhor trabalhar juntos, em um nível estratégico. E nós queremos trabalhar com outros países, queremos dialogar e aprender com cada um”, confirmou o porta-voz do Comando Sul do Exército norte-americano, Armando Hernandez.
Mas se o encontro militar serviu como “vitrine” para as forças especiais brasileiras, também foi útil para ajudar a integrar os exércitos de países da região que fazem parte do Conselho de Defesa Sul-Americano, idealizado pelo Brasil. Das 12 nações que compõem a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), oito participaram da competição — com exceção de Venezuela, Bolívia, Guiana e Suriname. “Essa troca de experiências que ocorre aqui é muito importante, pois favorece o aumento da confiança entre os exércitos. No caso de uma operação conjugada (no futuro), as equipes já se conhecem, o que facilita muito o trabalho”, observou o porta-voz da Brigada de Operações Especiais, Luís Gustavo Stumpf.
O capitão da equipe chilena, tenente Raul Saez, concorda que o encontro ajuda a criar um clima de confiança na “base”. “O melhor de tudo é a interação com outras equipes, outras culturas. E dessa interação acaba surgindo um grupo de amigos que, ano a ano, se encontra nessa competição”, disse Saez. Já o líder do time da Nicarágua, capitão Rodolfo González, destaca a possibilidade de reavaliar técnicas militares como um dos pontos positivos do encontro. “Do ponto de vista tático, a competição é muito importante, porque se aprendem técnicas de outro Exército que podem ser aplicadas ao nosso”, revelou.
TÁTICAS
Enquanto os 147 militares que formavam as 21 equipes suavam a farda nas provas de resistência e de habilidades técnicas, comandantes das forças especiais de cada país participavam de um seminário sobre táticas antiterror e metodologias usadas em ambientes de conflito, como o Iraque e o Haiti. Para os participantes, a oportunidade é de aprender com os acertos dos outros países, que são revelados a portas fechadas. “Aqui, tiramos muitos ensinamentos que vão nos ajudar a melhorar nossa doutrina e a preparar nosso soldado”, admite o general Ricardo de Matos Cunha, 1º subchefe do Comando de Operações Terrestres.
O militar afirma que a experiência brasileira no Haiti também vem sendo acompanhada com atenção pelos outros países. “Não é de hoje que o Brasil tem se projetado internacionalmente, principalmente na parte militar. As nossas atuações em operações de paz, desde a década de 1950, quando fomos para o Canal de Suez, e depois na América Central, na África e, principalmente, no Haiti, nos garantem uma posição de destaque no concerto dos exércitos internacionais”, destacou.
(1) PLANO COLÔMBIA
Desde 2000, os EUA ajudam o combater o narcotráfico e os grupos armados por meio do Plano Colômbia. Nesse período, Washington já investiu US$ 5 bilhões no Exército do país sul-americano, se tornando o maior destino de ajuda militar dos EUA fora do Oriente Médio. O Plano Colômbia foi decisivo para capacitar as Forças Armadas colombianas: os efetivos aumentaram 50%, o setor de inteligência se refinou e a aquisição de modernos helicópteros e aviões, inclusive Supertucanos brasileiros, deu mobilidade às tropas. Os EUA tiveram papel decisivo nos recentes resgates de reféns das Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia (Farc).
Sem moleza
Como são algumas das provas realizadas pelas forças especiais
Assalto combinado
A equipe é dividida em dois grupos. Logo após o primeiro “varrer o local” com um tiro, o outro simula a entrada em uma casa dominada por sequestradores ou terroristas. São avaliadas a agilidade e a pontaria dos militares, que devem ter atenção com os reféns.
Pista de obstáculos
O tempo é o principal adversário nessa pista onde os militares precisam escalar paredões, rastejar sobre a areia, sair de um fosso de mais de 2m de profundidade e atravessar trechos com cordas.
Natação
De farda, os militares caem na água para nadar 300m com obstáculos.
Marcha orientada
Os participantes levam cerca de três horas para completar a prova. A meta é marchar 20km carregando uma mochila de 15kg e armamento.
Evento aquático
Uma das provas mais difíceis, já que intercala trechos terrestres e aquáticos. Os militares devem carregar o bote no qual vão remar por toda a extensão de um lago, carregar um ferido, nadar com uma mochila de 20kg e atirar em alvos a diferentes distâncias.
Tiro de campo
A equipe de caçadores tem 10 cartuchos para acertar cinco alvos pré-posicionados a distâncias desconhecidas.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
- Marino
- Sênior
- Mensagens: 15667
- Registrado em: Dom Nov 26, 2006 4:04 pm
- Agradeceu: 134 vezes
- Agradeceram: 630 vezes
Re: GEOPOLÍTICA
Guerra Fria iminente pelo controle do Oceano Ártico
Atividades militares na região petrolífera se intensificam
Alister Doyle
REUTERS
Os países do Ártico estão prometendo evitar uma nova Guerra Fria por causa das mudanças climáticas, mas atividades militares se intensificam numa região polar onde um degelo pode permitir exploração de petróleo e gás ou novas rotas marítimas.
Os seis países ao redor do Oceano Ártico prometem cooperar em questões como fiscalizar novos possíveis locais para pesca ou rotas marítimas numa área muito remota, fria e sombria para despertar interesse durante toda a História.
O aquecimento global está gerando, contudo, divergências há muito tempo irrelevantes, como a disputa entre Rússia e Dinamarca em relação a quem detém o fundo do mar sob o Pólo Norte ou até aonde o Canadá controla a Passagem Noroeste que os EUA chamam de um canal internacional.
– Será um novo oceano numa área estratégica crítica – diz Lee Willett, diretor do Programa de Estudos Marinhos Instituto Real de Serviços Unidos para Estudos de Defesa e Segurança em Londres, prevendo ampla competição na área ártica. – A principal forma de projetar influência e salvaguardar interesses lá será por meio do uso de forças navais.
Forças por terra teriam pouco a defender ao redor de linhas costeiras remotas embaixo de centenas de quilômetros de tundra. Muitos especialistas em clima agora dizem que o Oceano Ártico poderia ficar livre do gelo até 2050 no verão, talvez até antes, depois de o gelo chegar a um nível baixo recorde em setembro de 2007 devido ao aquecimento que, segundo o Painel do Clima da ONU, é culpa da queima de combustíveis fósseis pelos humanos.
Nanook
Previsões anteriores diziam que a região ficaria livre de gelo nos verões até o fim do século. Um documento do Kremlin sobre segurança no meio de maio disse que a Rússia deve enfrentar guerras em suas fronteiras num futuro próximo por causa de controle dos recursos energéticos – do Oriente Médio até o Ártico.
A Rússia, que está se reafirmando depois do colapso da União Soviética, enviou um submarino nuclear em 2008 pelo Ártico sob o gelo para o Pacífico. A nova classe de submarinos russos é chamada de Borei – "Vento Ártico".
O Canadá promove um exercício militar, Nanook, todo ano para reforçar a soberania sobre seus territórios do norte. A Rússia enfrenta cinco membros da Otan – EUA, Canadá, Noruega, Islândia e Dinamarca via Groenlândia - no Ártico.
Atalho
Em fevereiro, o primeiro ministro canadense Stephen Harper criticou as ações "cada vez mais agressivas" da Rússia depois de uma avião de bombardeiro ter voado perto do Canadá antes de uma visita do presidente Barack Obama.
E no ano passado o governo da Noruega decidiu comprar 48 jatos Lockheed Martin F-35 a um custo de 18 bilhões de coroas (US$ 2,81 bilhões). Muito deve estar em jogo. A pesquisa geológica americana estimou, ano passado, que o Ártico tem petróleo, ainda não descoberto, suficiente para gerar 90 bilhões de barris – o que atenderia a demanda mundial por três anos.
E as rotas marítimas do Ártico poderiam ser atalhos entre o Pacífico e o Atlântico no verão mesmo que incertezas em relação a fatores como icebergs, custos de seguro ou uma necessidade de navios mais resistentes pudessem afastar muitas empresas. Outros especialistas dizem que os países podem facilmente ter um bom relacionamento no Norte.
– O Ártico atrairia interesse em 50 ou 100 anos, não agora – explica Lars Kullerud, presidente da Universidade do Ártico. – É um exagero falar em Guerra Fria.
Ele diz que uma área disputada pela Rússia e a Dinamarca no Pólo Norte não é maior do que a área cinzenta no Mar de Barents.
Governos negam tensões mas submarinos devem ser feitos
Apesar dos indícios de maior militarização da área, os governos dizem que o degelo não é um prenúncio de tensões.
- Vamos buscar estratégias cooperativas - disse à Reuters o secretário de Estado substituto americano Jim Steinberg durante uma reunião de ministros estrangeiros do Conselho do Ártico em Tromsoe, Noruega.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia Sergei Lavrov disse que o país não planeja aumentar as forças armadas do país no Ártico e destacou a cooperação.
- Qualquer um pode fazer previsões dizendo que quando há recursos e a necessidade por recursos haverá conflito e disputas - disse o ministro de Relações Exteriores norueguês Jonas Stoere. - Não precisa ser dessa forma.
Niklas Granholm da Agência de Pesquisa de Defesa sueca concorda que falar em Guerra Fria é um exagero, mas disse que tudo leva a crer que a militarização do Ártico vai aumentar.
Isso vai gerar medidas voltadas para a segurança. Muitas medidas devem ser inofensivas - garantir a segurança das embarcações, ou o emprego de engrenagem em caso de derramamento de óleo como o acidente com o petroleiro Exxon Valdez em 1989 no Alasca.
Submarinos
Possibilidades mais amplas incluem uma possível corrida entre a Rússia e os Estados Unidos pela produção de submarinos nucleares mais silenciosos.
Os submarinos, que podem lançar mísseis nucleares de longo alcance, por muito tempo tiveram refúgio sob o gelo do Ártico onde ondas constantes e quebras de gelos mascaravam o barulho do motor.
- Isso deve levar a uma nova geração de submarinos ultra-silenciosos ou outras novas tecnologias - diz Granholm.
A Passagem Noroeste passando pelo Canadá reduz a distância entre a Europa e extremo oriente de 12.600 milhas náuticas para 7.900 via Canal do Panamá. Economias semelhantes podem ser feitas numa rota ao norte da Rússia.
Um prazo da ONU para estados costeiros submeterem reivindicações sobre a região passou no dia 13 de maio e em 2007 a Rússia fincou uma bandeira no fundo do mar a quatro mil metros sob o Pólo para apoiar sua reivindicação.
Atividades militares na região petrolífera se intensificam
Alister Doyle
REUTERS
Os países do Ártico estão prometendo evitar uma nova Guerra Fria por causa das mudanças climáticas, mas atividades militares se intensificam numa região polar onde um degelo pode permitir exploração de petróleo e gás ou novas rotas marítimas.
Os seis países ao redor do Oceano Ártico prometem cooperar em questões como fiscalizar novos possíveis locais para pesca ou rotas marítimas numa área muito remota, fria e sombria para despertar interesse durante toda a História.
O aquecimento global está gerando, contudo, divergências há muito tempo irrelevantes, como a disputa entre Rússia e Dinamarca em relação a quem detém o fundo do mar sob o Pólo Norte ou até aonde o Canadá controla a Passagem Noroeste que os EUA chamam de um canal internacional.
– Será um novo oceano numa área estratégica crítica – diz Lee Willett, diretor do Programa de Estudos Marinhos Instituto Real de Serviços Unidos para Estudos de Defesa e Segurança em Londres, prevendo ampla competição na área ártica. – A principal forma de projetar influência e salvaguardar interesses lá será por meio do uso de forças navais.
Forças por terra teriam pouco a defender ao redor de linhas costeiras remotas embaixo de centenas de quilômetros de tundra. Muitos especialistas em clima agora dizem que o Oceano Ártico poderia ficar livre do gelo até 2050 no verão, talvez até antes, depois de o gelo chegar a um nível baixo recorde em setembro de 2007 devido ao aquecimento que, segundo o Painel do Clima da ONU, é culpa da queima de combustíveis fósseis pelos humanos.
Nanook
Previsões anteriores diziam que a região ficaria livre de gelo nos verões até o fim do século. Um documento do Kremlin sobre segurança no meio de maio disse que a Rússia deve enfrentar guerras em suas fronteiras num futuro próximo por causa de controle dos recursos energéticos – do Oriente Médio até o Ártico.
A Rússia, que está se reafirmando depois do colapso da União Soviética, enviou um submarino nuclear em 2008 pelo Ártico sob o gelo para o Pacífico. A nova classe de submarinos russos é chamada de Borei – "Vento Ártico".
O Canadá promove um exercício militar, Nanook, todo ano para reforçar a soberania sobre seus territórios do norte. A Rússia enfrenta cinco membros da Otan – EUA, Canadá, Noruega, Islândia e Dinamarca via Groenlândia - no Ártico.
Atalho
Em fevereiro, o primeiro ministro canadense Stephen Harper criticou as ações "cada vez mais agressivas" da Rússia depois de uma avião de bombardeiro ter voado perto do Canadá antes de uma visita do presidente Barack Obama.
E no ano passado o governo da Noruega decidiu comprar 48 jatos Lockheed Martin F-35 a um custo de 18 bilhões de coroas (US$ 2,81 bilhões). Muito deve estar em jogo. A pesquisa geológica americana estimou, ano passado, que o Ártico tem petróleo, ainda não descoberto, suficiente para gerar 90 bilhões de barris – o que atenderia a demanda mundial por três anos.
E as rotas marítimas do Ártico poderiam ser atalhos entre o Pacífico e o Atlântico no verão mesmo que incertezas em relação a fatores como icebergs, custos de seguro ou uma necessidade de navios mais resistentes pudessem afastar muitas empresas. Outros especialistas dizem que os países podem facilmente ter um bom relacionamento no Norte.
– O Ártico atrairia interesse em 50 ou 100 anos, não agora – explica Lars Kullerud, presidente da Universidade do Ártico. – É um exagero falar em Guerra Fria.
Ele diz que uma área disputada pela Rússia e a Dinamarca no Pólo Norte não é maior do que a área cinzenta no Mar de Barents.
Governos negam tensões mas submarinos devem ser feitos
Apesar dos indícios de maior militarização da área, os governos dizem que o degelo não é um prenúncio de tensões.
- Vamos buscar estratégias cooperativas - disse à Reuters o secretário de Estado substituto americano Jim Steinberg durante uma reunião de ministros estrangeiros do Conselho do Ártico em Tromsoe, Noruega.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia Sergei Lavrov disse que o país não planeja aumentar as forças armadas do país no Ártico e destacou a cooperação.
- Qualquer um pode fazer previsões dizendo que quando há recursos e a necessidade por recursos haverá conflito e disputas - disse o ministro de Relações Exteriores norueguês Jonas Stoere. - Não precisa ser dessa forma.
Niklas Granholm da Agência de Pesquisa de Defesa sueca concorda que falar em Guerra Fria é um exagero, mas disse que tudo leva a crer que a militarização do Ártico vai aumentar.
Isso vai gerar medidas voltadas para a segurança. Muitas medidas devem ser inofensivas - garantir a segurança das embarcações, ou o emprego de engrenagem em caso de derramamento de óleo como o acidente com o petroleiro Exxon Valdez em 1989 no Alasca.
Submarinos
Possibilidades mais amplas incluem uma possível corrida entre a Rússia e os Estados Unidos pela produção de submarinos nucleares mais silenciosos.
Os submarinos, que podem lançar mísseis nucleares de longo alcance, por muito tempo tiveram refúgio sob o gelo do Ártico onde ondas constantes e quebras de gelos mascaravam o barulho do motor.
- Isso deve levar a uma nova geração de submarinos ultra-silenciosos ou outras novas tecnologias - diz Granholm.
A Passagem Noroeste passando pelo Canadá reduz a distância entre a Europa e extremo oriente de 12.600 milhas náuticas para 7.900 via Canal do Panamá. Economias semelhantes podem ser feitas numa rota ao norte da Rússia.
Um prazo da ONU para estados costeiros submeterem reivindicações sobre a região passou no dia 13 de maio e em 2007 a Rússia fincou uma bandeira no fundo do mar a quatro mil metros sob o Pólo para apoiar sua reivindicação.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
- Marino
- Sênior
- Mensagens: 15667
- Registrado em: Dom Nov 26, 2006 4:04 pm
- Agradeceu: 134 vezes
- Agradeceram: 630 vezes
Re: GEOPOLÍTICA
Brasileiros lucram com chavismo
Bem-vistas por Chávez, empresas nacionais investem na Venezuela mesmo em meio a onda de nacionalizações
Ruth Costas
"Estamos numa fase de nacionalização de empresas. Menos das brasileiras", disse o presidente venezuelano, Hugo Chávez, em maio. A declaração causou indignação em Buenos Aires um mês depois de Chávez nacionalizar a Sidor, empresa do grupo argentino Techint. "As brasileiras são diferentes, elas se aproximam da sociedade, das comunidades. As argentinas não se acoplaram ao socialismo", explicou o embaixador da Venezuela na Argentina, Arévalo Méndez.
A pergunta, porém, é inevitável: se até a aliada Cristina Kirchner foi afetada pelas nacionalizações, há garantias para os brasileiros?
Um fenômeno que causa surpresa é que, enquanto as nacionalizações afastam da Venezuela empresas americanas e europeias, o Brasil é um dos países que mais lucram com o chavismo. Desde 1999, quando Hugo Chávez assumiu, as vendas do País para a Venezuela aumentaram 860% e os venezuelanos passaram do 18º para o 7º lugar entre os principais destinos das exportações brasileiras.
Com uma produção interna pífia, a Venezuela hoje compra do Brasil de celulares a bois vivos. E graças à assimetria dessa parceria comercial - ela importa dez vezes mais do que exporta -, respondeu por quase 20% do superávit brasileiro em 2008, sendo o país que mais contribuiu para esse saldo depois da Holanda, porto de entrada de produtos para a Europa.
As empresas brasileiras também tomaram nos últimos anos a contramão das de outros países. Até 2006, poucas se arriscavam na Venezuela. Hoje, os investimentos no país somam US$ 15 bilhões. Em 2007, a Gerdau comprou a terceira maior produtora de aço venezuelana, o Grupo Ultra adquiriu uma fábrica de produtos químicos, a Braskem anunciou projetos de mais de US$ 4 bilhões e a Alcicla associou-se a uma empresa venezuelana de reciclagem de alumínio.
A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial abriu um escritório em Caracas, em 2008, e ainda neste mês levará à Venezuela 25 empresários dispostos a fornecer matéria-prima, serviços e investir no país.
Isso sem falar nas empreiteiras (prestadoras de serviço). Em setembro, a Andrade Gutierrez firmou um acordo para erguer uma siderúrgica de US$ 1,8 bilhão. Entre os projetos da Odebrecht estão a gigantesca Hidrelétrica de Tocoma, a ampliação do Metrô de Caracas e uma associação com a PDVSA Engenharia e Construções.
Para garantir as parcerias em tempos de crise, o BNDES liberará US$ 4,3 bilhões em créditos para Chávez importar bens e serviços do Brasil. Desde que ele firmou o acordo com o BNDES, em 1997, havia recebido US$ 500 milhões.
O Estado entrevistou acadêmicos, diplomatas e empresários nos dois países para entender o que levou o Brasil a aumentar sua presença econômica na Venezuela. A conclusão é que dois fatores contribuíram para esse processo.
O primeiro diz respeito à importância estratégica do Brasil para Chávez. "As importações brasileiras cresceram porque Chávez ordenou: comprem do Brasil", disse um diplomata. "O comércio exterior na Venezuela segue critérios políticos, não há como negar."
Ao declarar guerra ao setor privado nacional e aos EUA, Chávez teve de buscar novas parcerias. "Pelo seu peso econômico e político, o Brasil é o único na região capaz de dar a Chávez apoio necessário para ele tocar seu projeto", disse Pedro Silva Barros, professor de economia da PUC-SP, especialista em Venezuela. "Hoje, as relações com o Brasil são essenciais para a estabilidade política do governo venezuelano."
O leite e o frango do Brasil vão parar nos Mercais, os mercados estatais, ajudando a frear a escassez de produtos básicos para os mais pobres, base eleitoral de Chávez. A Hidrelétrica de Tocoma, de US$ 3 bilhões, é um dos eixos da estratégia para combater os apagões. E Chávez ainda tem planos de erguer 200 indústrias com ajuda brasileira. "Não dá para brigar com os EUA e o Brasil ao mesmo tempo", disse um exportador.
Já a segunda causa do aumento da presença brasileira está relacionada ao fato de as empresas se sentirem seguras por estar, em geral, fazendo negócio com o próprio Chávez, não com o setor privado. Elas ganham contratos milionários, associam-se a estatais ou fazem delas seu principal cliente.
"O governo compra 85% dos alimentos brasileiros exportados para a Venezuela", afirmou Fernando Portela, da Câmara de Comércio e Indústria Venezuelano-Brasileira (Cavenbra). Às vezes, o produto brasileiro é embalado e processado, chegando às prateleiras como "produto venezuelano". "Tinha uma época em que até a foto do Chávez eles punham na embalagem", disse Portela.
Os empresários são pragmáticos e evitam o tema político. Tudo por um bom negócio. E o bom negócio, no caso, é garantido pela abundância de algumas matérias-primas e a existência de um mercado forte, cuja demanda não é suprida internamente, como explica Sergio Thiesen, diretor da Braskem. Muitas grandes empresas e empreiteiras estão acostumadas a atuar em lugares instáveis da África, Ásia e Oriente Médio. "Na Venezuela, há a vantagem da proximidade física e cultural", disse Thiesen.
Chávez costuma se reunir com empresários do Brasil para pedir investimentos. O diretor da Odebrecht na Venezuela, Euzenando Azevedo, é tido como seu "homem de confiança". Em 2008, quando o Equador expulsou a Odebrecht, Chávez saiu em sua defesa. "Na Venezuela, essa empresa tem se comportado bem", disse, lembrando que ela não participou da greve geral em 2002.
OPORTUNIDADES
O "tratamento preferencial", segundo analistas, também cria oportunidades para os empresários brasileiros, que podem comprar a preços baixos ativos de empresas apressadas para deixar a Venezuela. Por sua fábrica em Zulia, com um faturamento estimado em US$ 30 milhões, o Grupo Ultra pagou à americana Arch US$ 7,6 milhões. "O problema, mesmo para os brasileiros, é que Chávez é instável e, na Venezuela, não há instituições que garantam os contratos", disse o analista venezuelano Maxim Ross.
"Acho difícil que as brasileiras sejam nacionalizadas no médio prazo porque elas são bem-vistas por Chávez e há uma parceria estratégica, mas é impossível prever o que aconteceria com uma mudança de governo no Brasil, por exemplo", afirmou Francine Jácome, do Instituto Venezuelano de Estudos Sociais e Políticos
Há dois anos, quando Chávez mudou as regras para a exploração de petróleo, o lucro da Petrobrás no país caiu 42,7%. "Se decidir nacionalizar, ele nacionaliza. Não há o que fazer", disse um executivo. "Chávez tem um projeto socialista e o risco existe. Enquanto isso, trabalhamos e fazemos negócio."
Bem-vistas por Chávez, empresas nacionais investem na Venezuela mesmo em meio a onda de nacionalizações
Ruth Costas
"Estamos numa fase de nacionalização de empresas. Menos das brasileiras", disse o presidente venezuelano, Hugo Chávez, em maio. A declaração causou indignação em Buenos Aires um mês depois de Chávez nacionalizar a Sidor, empresa do grupo argentino Techint. "As brasileiras são diferentes, elas se aproximam da sociedade, das comunidades. As argentinas não se acoplaram ao socialismo", explicou o embaixador da Venezuela na Argentina, Arévalo Méndez.
A pergunta, porém, é inevitável: se até a aliada Cristina Kirchner foi afetada pelas nacionalizações, há garantias para os brasileiros?
Um fenômeno que causa surpresa é que, enquanto as nacionalizações afastam da Venezuela empresas americanas e europeias, o Brasil é um dos países que mais lucram com o chavismo. Desde 1999, quando Hugo Chávez assumiu, as vendas do País para a Venezuela aumentaram 860% e os venezuelanos passaram do 18º para o 7º lugar entre os principais destinos das exportações brasileiras.
Com uma produção interna pífia, a Venezuela hoje compra do Brasil de celulares a bois vivos. E graças à assimetria dessa parceria comercial - ela importa dez vezes mais do que exporta -, respondeu por quase 20% do superávit brasileiro em 2008, sendo o país que mais contribuiu para esse saldo depois da Holanda, porto de entrada de produtos para a Europa.
As empresas brasileiras também tomaram nos últimos anos a contramão das de outros países. Até 2006, poucas se arriscavam na Venezuela. Hoje, os investimentos no país somam US$ 15 bilhões. Em 2007, a Gerdau comprou a terceira maior produtora de aço venezuelana, o Grupo Ultra adquiriu uma fábrica de produtos químicos, a Braskem anunciou projetos de mais de US$ 4 bilhões e a Alcicla associou-se a uma empresa venezuelana de reciclagem de alumínio.
A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial abriu um escritório em Caracas, em 2008, e ainda neste mês levará à Venezuela 25 empresários dispostos a fornecer matéria-prima, serviços e investir no país.
Isso sem falar nas empreiteiras (prestadoras de serviço). Em setembro, a Andrade Gutierrez firmou um acordo para erguer uma siderúrgica de US$ 1,8 bilhão. Entre os projetos da Odebrecht estão a gigantesca Hidrelétrica de Tocoma, a ampliação do Metrô de Caracas e uma associação com a PDVSA Engenharia e Construções.
Para garantir as parcerias em tempos de crise, o BNDES liberará US$ 4,3 bilhões em créditos para Chávez importar bens e serviços do Brasil. Desde que ele firmou o acordo com o BNDES, em 1997, havia recebido US$ 500 milhões.
O Estado entrevistou acadêmicos, diplomatas e empresários nos dois países para entender o que levou o Brasil a aumentar sua presença econômica na Venezuela. A conclusão é que dois fatores contribuíram para esse processo.
O primeiro diz respeito à importância estratégica do Brasil para Chávez. "As importações brasileiras cresceram porque Chávez ordenou: comprem do Brasil", disse um diplomata. "O comércio exterior na Venezuela segue critérios políticos, não há como negar."
Ao declarar guerra ao setor privado nacional e aos EUA, Chávez teve de buscar novas parcerias. "Pelo seu peso econômico e político, o Brasil é o único na região capaz de dar a Chávez apoio necessário para ele tocar seu projeto", disse Pedro Silva Barros, professor de economia da PUC-SP, especialista em Venezuela. "Hoje, as relações com o Brasil são essenciais para a estabilidade política do governo venezuelano."
O leite e o frango do Brasil vão parar nos Mercais, os mercados estatais, ajudando a frear a escassez de produtos básicos para os mais pobres, base eleitoral de Chávez. A Hidrelétrica de Tocoma, de US$ 3 bilhões, é um dos eixos da estratégia para combater os apagões. E Chávez ainda tem planos de erguer 200 indústrias com ajuda brasileira. "Não dá para brigar com os EUA e o Brasil ao mesmo tempo", disse um exportador.
Já a segunda causa do aumento da presença brasileira está relacionada ao fato de as empresas se sentirem seguras por estar, em geral, fazendo negócio com o próprio Chávez, não com o setor privado. Elas ganham contratos milionários, associam-se a estatais ou fazem delas seu principal cliente.
"O governo compra 85% dos alimentos brasileiros exportados para a Venezuela", afirmou Fernando Portela, da Câmara de Comércio e Indústria Venezuelano-Brasileira (Cavenbra). Às vezes, o produto brasileiro é embalado e processado, chegando às prateleiras como "produto venezuelano". "Tinha uma época em que até a foto do Chávez eles punham na embalagem", disse Portela.
Os empresários são pragmáticos e evitam o tema político. Tudo por um bom negócio. E o bom negócio, no caso, é garantido pela abundância de algumas matérias-primas e a existência de um mercado forte, cuja demanda não é suprida internamente, como explica Sergio Thiesen, diretor da Braskem. Muitas grandes empresas e empreiteiras estão acostumadas a atuar em lugares instáveis da África, Ásia e Oriente Médio. "Na Venezuela, há a vantagem da proximidade física e cultural", disse Thiesen.
Chávez costuma se reunir com empresários do Brasil para pedir investimentos. O diretor da Odebrecht na Venezuela, Euzenando Azevedo, é tido como seu "homem de confiança". Em 2008, quando o Equador expulsou a Odebrecht, Chávez saiu em sua defesa. "Na Venezuela, essa empresa tem se comportado bem", disse, lembrando que ela não participou da greve geral em 2002.
OPORTUNIDADES
O "tratamento preferencial", segundo analistas, também cria oportunidades para os empresários brasileiros, que podem comprar a preços baixos ativos de empresas apressadas para deixar a Venezuela. Por sua fábrica em Zulia, com um faturamento estimado em US$ 30 milhões, o Grupo Ultra pagou à americana Arch US$ 7,6 milhões. "O problema, mesmo para os brasileiros, é que Chávez é instável e, na Venezuela, não há instituições que garantam os contratos", disse o analista venezuelano Maxim Ross.
"Acho difícil que as brasileiras sejam nacionalizadas no médio prazo porque elas são bem-vistas por Chávez e há uma parceria estratégica, mas é impossível prever o que aconteceria com uma mudança de governo no Brasil, por exemplo", afirmou Francine Jácome, do Instituto Venezuelano de Estudos Sociais e Políticos
Há dois anos, quando Chávez mudou as regras para a exploração de petróleo, o lucro da Petrobrás no país caiu 42,7%. "Se decidir nacionalizar, ele nacionaliza. Não há o que fazer", disse um executivo. "Chávez tem um projeto socialista e o risco existe. Enquanto isso, trabalhamos e fazemos negócio."
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
- Izaias Maia
- Sênior
- Mensagens: 843
- Registrado em: Seg Fev 12, 2007 5:51 am
- Localização: Eusébio -CE
- Agradeceu: 9 vezes
Re: GEOPOLÍTICA
Defesa@Net 05 Julho 2009
OESP 05 Julho 2009
A justa medida do jogo diplomático
Entrevista com Celso Lafer ex-ministro das Relações Exteriores
Luara Greenhalgh e Flávia Tavares
Em um capítulo de seu livro "A Identidade Internacional do Brasil e a Política Externa Brasileira", lançado este ano pela editora Perspectiva, o jurista e ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer reflete sobre o tempo voraz das comunicações online, onde o foco reside nos fatos, não nos processos. Talvez gostasse de inverter os polos, mas não se propõe essa missão heróica. Ao contrário, tenta trafegar pelos altos e baixos da globalização, descobre que os países hoje "internalizam" o mundo e, por isso, a diplomacia tende a ser uma "obra aberta". Mas não menos bela, não menos completa, não menos desafiadora.
O ministro pode passar horas refletindo sobre relações internacionais, como o fez na última quarta-feira, ao conceder esta entrevista ao Aliás no seu escritório de advocacia em São Paulo. O clima estava ameno na metrópole, mas andava quente acima, abaixo e na zona do Equador. O presidente de Honduras, Manuel Zelaya, deposto por um golpe militar dias antes, colhia apoios internacionais para sua volta ao país. Obama não tratou a questão como mais um golpe numa republiqueta latino-americana. A ONU reagiu em tom forte. E a OEA convocou reunião extraordinária, para a qual foi despachado o "número 2" do Itamaraty, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães. Enquanto isso, tropas americanas atacavam o Afeganistão, a comunidade internacional ainda não sabia do novo experimento balístico da Coreia do Norte e, na Argentina, o casal Kirchner tentava se reanimar da sova eleitoral.
Esses e muitos outros elementos desfilam pelo raciocínio diplomático do ex-chanceler do governo Fernando Henrique Cardoso. Recém-chegado da Itália, onde participou de um encontro preparatório da reunião do G-8 - que começa nesta quarta, na cidade italiana de - Áquila -, Celso Lafer mantém-se atento às complexidades mundiais, diante das quais, diz ele, o Brasil não pode se subestimar, nem se superestimar. Avalia que a reunião dos países ricos, acrescida de cinco "emergentes" - China, índia, México, África do Sul e Brasil -, é um evento aguardado. "Pela primeira vez esse grupo vai se pronunciar em relação à crise financeira. Além disso, o G-8 terá que preservar sua relevância no cenário atual", calcula, levando em conta os dividendos midiáticos da reunião do G-20, em abril passado, em Londres.
Não se furta a comentar os erros e acertos na condução da atual política externa brasileira. Reconhece que os vizinhos do Brasil hoje dão mais trabalho ao presidente Lula do que deram ao presidente Fernando Henrique, porém não entende como o País tergiversa em questões relacionadas a direitos humanos e meio ambiente, mas oferece palpites nos intrincados conflitos de países como Irã, Paquistão, Afeganistão. Nascido em São Paulo em 1941, Lafer é professor titular da Faculdade de Direito da USP, integrante da Corte Permanente de Arbitragem Internacional de Haia, membro da Academia Brasileira de Letras, presidente do conselho da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, a Fapesp, e articulista do Estado. E autor de vários livros, entre eles "Desafios - Ética e Política" e "Mudam-se os Tempos - A diplomacia brasileira".
0 senhor acaba de voltar de uma reunião preparatória do G-8, na Itália. O que esperar do encontro da próxima semana?
Para pensar essa reunião, assim como a posição do Brasil como convidado, é preciso equacionar a complexidade da agenda internacional, identificando alguns clusters de temas. O primeiro tema ver com a intensidade atual das políticas de identidade e reconhecimento. São muitas as demandas nesse campo. Há o problema dos curdos, dos bascos, dos tibetanos, dos indígenas bolivianos. Octávio Paz, pensando o pós-Guerra Fria, chamou esse campo de a "sublevação dos particularismos". Outra ordem de temas é a das ambições normativas do sistema internacional, onde se incluem os direitos humanos, campo difícil, até pela heterogeneidade de valores entre os países. Há um terceiro cluster relacionado aos conflitos do mundo pós-Guerra Fria. Inclua-se nele o terrorismo, as armas de destruição em massa, a ameaça nuclear, vide Coreia do Norte e Irã. Um quarto cluster é o da economia globalizada, interdependente, desigual, que coloca em discussão a legitimidade e a eficácia de instituições como o FMI, a OMC, o Banco Mundial.
Inclui o discurso antiglobalização?
Sem dúvida. É componente importante, expresso na postura do presidente venezuelano, Hugo Chávez, ao defender sua alternativa boiivariana para as Américas. Um dos problemas da agenda internacional atual é a possibilidade de entrada da Venezuela no Mercosul.
Porquê?
Chávez tem uma concepção de integração que não se coaduna com a concepção do Mercosul. Este nasceu numa plataforma de inserção competitiva, ao longo do processo de desnuclearização militar na Argentina e no Brasil, nos marcos da defesa da democracia e dos direitos humanos, na promoção da justiça e do desenvolvimento. Ora, isso está distante da leitura que Chávez faz desse processo. Há conflito de concepções.
O Brasil se apresenta no G-8 numa posição mais confortável?
Uma das vantagens do Brasil é que ele sempre esteve longe dos focos de tensão do mundo. Isso lhe garante certa autonomia e liberdade. Está entre os chamados monster countries, pela dimensão continental, pelo tamanho de sua população, pela escala de sua economia, por seus recursos naturais, pela unidade linguística, mas um monster country do tipo benigno quando contrastado, por exemplo, com Rússia, China, Índia e mesmo EUA. Também se destaca pela capacidade de coexistência cooperativa com a vizinhança. Esse é sempre o primeiro tópico da agenda externa de um país: como "eu" me relaciono com os vizinhos? Hoje as fronteiras estão mais porosas, portanto esse fenômeno impacta o Brasil.
Impacta como?
Pelo tamanho do "monstro". Vejamos: o Rio Grande do Sul está mais vinculado ao que se passa na Argentina e no Uruguai. Ao Paraná interessa o que se passa no Paraguai, onde vivem tantos "brasiguaios". O centro-oeste brasileiro olha para a Bolívia; os Estados do norte olham para os países do norte, como a Venezuela. Então, o problema da porosidade de fronteiras tem relevância para o Brasil. Andrew Hurrell, autor de On Global Order, um dos livros recentes mais interessantes sobre relações internacionais, analisa essa complexidade e conclui que a governança mundial passa por três grandes desafios: 1. como captar interesses comuns e compartilhá-los?, 2. como administrar as desigualdade do poder?, 3. como mediar o conflito de valores e a diversidade cultural?
O G-8 mantém sua importância? Ou perde espaço para o G20?
O G-7 (Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália), depois G-8 com o ingresso da Rússia, é a expressão da diplomacia de cúpula, feita no plano presidencial, visão que se firmou após a 2ª Guerra. É a diplomacia presidencial de cúpula que ajuda a pautar, através dos meios comunicação, a agenda internacional. Inicialmente, o G-7 colocava em foco a gestão econômica internacional. Havia acabado o sistema de Bretton Woods como fim da paridade do ouro com o dólar, houve aquela alta do preço do petróleo, então a economia mundial estava desbordando das instituições multilaterais oficiais. Assim nasceu o G-7, depois G-8, ampliando a agenda para temas além da economia, como clima, narcotráfico, etc.
E como ele vira G-8+5?
Na reunião da Alemanha, em 2007, o país-sede tentou fazer um outreach ao propor a presença de outros cinco países no âmbito do G-8 - Brasil, México, África do Sul, China e Índia. Foi o reconhecimento de que certos temas passam a exigir uma interlocução maior. Em 2008 e 2009, houve reuniões do G-20, criado em 1999, reunindo países-membros do G-8 e economias emergentes - África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Brasil, Chile, Coreia do Sul, Turquia... Quando veio a grande crise financeira no ano passado, aconteceu uma reunião do G-20 ainda na gestão Bush, que esboçou a magnitude do problema.
Mas num clima de fim de governo...
Sim, mas daí veio a vitória de Barack Obama. Há momentos na história em que uma eleição presidencial americana não envolve maiores desafios externos, mas há momentos em que envolve, sim, como a eleição do Roosevelt, quando o mundo também atravessava uma grande crise. Agora, além dos desastres herdados do governo Bush, há a percepção de que vários problemas americanos não serão solucionados sem um entendimento com as economias emergentes. Isso explica a repercussão do encontro do G-20 em Londres. O desafio colocado agora para a reunião do G-8 é grande. É a primeira vez que esses países se reúnem depois da grande crise. Portanto, o grupo tentará assegurar sua relevância no processo global.
Como o governo italiano, que sedia a reunião, vem trabalhando?
Ele busca exatamente caminhos para comprovar a relevância do formato G-8, no plano da governança mundial.
Mas o governo italiano não anda desacreditado demais para isso?
Isso pode ser um ativo ou um passivo. O governo tenta fazer uma grande reunião também para recuperar o próprio prestígio. O encontro do qual participei, promovido pelo Ministério das Relações Exteriores da Itália, demonstrou claramente isso. E o chanceler é uma pessoa não atingida pelas situações atuais. Quanto ao primeiro-ministro Silvio Berlusconí, ele ainda retém certo peso político, tanto que obteve vitória na recente eleição do Parlamento Europeu. Seu futuro tende a ficar mais complicado porque a Igreja Católica, com o peso político e cultural que tem na Itália, passou a cobrar publicamente a recapitalização do prestígio do governo. Por fim, não nos esqueçamos de que a agenda a enfrentar no encontro será bem complicada. Como o grupo vai lidar com a situação do Irã, especialmente agora, com o país dividido depois das eleições
Resta ainda tratar da crise econômica, como o senhor salientou, que afetou os países diferentemente.
A crise, com suas várias facetas, é fruto da desregulamentação das instituições financeiras. O Bank of International Settlements (BIS), que é o banco central dos bancos, tem padrões de alavancagem e endividamento. Mas são padrões, não são compromissos obrigatórios. Alguns países seguiram tais critérios, entre eles o Brasil, que já os vinha adotando desde os tempos do Proer e da consolidação do sistema financeiro nacional. Resultado: o País não foi afetado pela crise como os EUA e países europeus.
Mas foi afetado de alguma forma?
Foi, mas não porque tivesse subprime ou grandes securitizações. Foi afetado pelo canal de propagação de problemas que vem de fora. Ainda temos que passar pela grande discussão sobre a necessidade de uma maior regulamentação do sistema financeiro. Há disposição no governo Obama para isso e até o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, já olha nessa direção. Acredito que o sistema financeiro ganharia sendo mais transparente. Citando o filósofo Norberto Bobbio, a transparência é uma das características da democracia, o exercício público do interesse coletivo. Por falta de transparência, criam-se esses "sotto governos" da economia, que levam a gestões temerárias.
Nos anos 90, houve encontros de líderes mundiais, um deles na Itália, outro na Alemanha, em que se discutiu governança global. Participaram governantes como Clinton, Blair, D'Alema, Schroeder, Jospin e Fernando Henrique. Falou-se ali em globalização solidária, dilemas da inserção assimétrica das economias emergentes e até regulamentação de mercados. Essa agenda foi esquecida nos anos seguintes?
Aquele foi um momento interessante, por reunir líderes em tor no de uma centro-esquerda preocupada com valores, bem como com a arquitetura financeira internacional. Essa articulação foi afetada pelo fim dos mandatos desses governantes. Clinton, Schroeder, D'Alema, Jospin, Fernando Henrique, Blair, todos se foram. Eles tentaram fixar a agenda pós-Guerra Fria, tomando como marco inaugural desse novo tempo a queda do Muro de Berlim. Havia a expectativa de que era preciso construir uma ordem mundial mais kantiana, mais cosmopolita, mais humana. Isso tudo foi posto em xeque após 11 de setembro de 2001. Ali o mundo mudou. Passamos a lidar com a guerra contra o terror, o Estado de exceção, o Patriotic Act.
A crise pode ser um momento de maior coesão internacional?
Sim, e com a ajuda de Obama, que tenta fazer uma recapitalização do soft power americano, em substituição à presidência solipsista de Bush. Mas Obama está se dando conta das suas dificuldades. Ele enfrenta uma crise que está longe de ser equacionada, além dos desafios no campo "guerra e paz": Coreia do Norte, Irã, Paquistão, Afeganistão, Israel e palestinos, problemas de alta envergadura.
A maior potência mundial está mergulhada numa crise profunda, como um gigante enfraquecido. Isso não lhe soa contraditório?
Acreditem: essa potência está procurando, por todos os meios, dar a volta por cima. E tem grande chance de conseguir. Primeiro, porque Obama logrou apoios relevantes, que lhe dão alento e efeito de irradiação. O poder, diria Hanna Arendt, é a capacidade de propiciar iniciativas de ação conjunta. Obama, pela liderança que tem, pode se sair bem.
Hoje qual é a posição do Brasil no cenário mundial?
O Brasil deve evitar dois riscos. Primeiro, subestimar-se. Segundo, superestimar-se. No primeiro caso, o País cai na inércia, no segundo, torna-se inconsequente. Um dos problemas da atual política externa brasileira é não saber dosar bem isso. Dou um exemplo; o Brasil é, por definição, uma potência no item ambiental. Nenhum dos grandes desafios desse campo pode ser equacionado sem a presença do Brasil, certo? Pois o País tem estado aquém do seu potencial de liderança. Uma liderança que já se insinuara no passado, começando pela conferência Rio-92. Ali o Brasil fez uma inflexão importante, levando em conta que a sensibilidade com a questão ambiental havia sido contemplada na Constituição de 1988. Diga-se também da sensibilidade que teve o presidente Collor, no início dos anos 90, ao reformular a agenda ambiental brasileira, afastando aquela visão excessivamente voltada para dentro. Depois veio a mobilização em torno do Protocolo de Kyoto, já no governo Fernando Henrique, e o País teve um papel relevante. O Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, no governo FHC, era presidido pelo próprio presidente, o que dava ao encontro importância grande. Hoje acompanhamos esses conflitos domésticos entre o Ministério do Meio Ambiente e o da Agricultura, que representam m tremendo desgaste, ao mesmo tempo que a condução da agenda ambiental pelo Itamaraty, na pessoa do ministro-chanceler, do secretário-geral e do consultor especial da Presidência em relações internacionais, não atribui à área a relevância que tem. Eis um exemplo em que o Brasil se subestima.
E quando se superestima?
O chanceler foi ao Oriente Médio, falou no potencial que o Brasil tem para ajudar na resolução de conflitos, disse que o País se preocupa com o Paquistão, o Afeganistão, etc, etc. O Brasil é um país que sempre teve interesses gerais, e não somente específicos. Aliás, esse é um ponto que discuto no livro "A Identidade Internacional do Brasil". Um conceito que sai da Conferência de Paz de Paris, em 1919, é o de que, para ser potência, o país tem que ter e sustentar interesses gerais no ordenamento mundial. Já os países médios e pequenos têm interesses específicos. Meio ambiente: deve ser tema geral do Brasil. Paz mundial: também, claro. Há áreas onde de fato temos maior capacidade de atuação, como a América do Sul. No recente conflito entre Colômbia e Equador, o Brasil desempenhou seu papel muito bem. Atuou no Grupo do Rio, depois na OEA, perfeito. Agora, no capítulo do Oriente Médio, fazemos parte daqueles "terceiros" a favor da paz. Ponto. O protagonismo lá vem dos países da região, com suas variações, que não são pequenas.
Por que o governo brasileiro desejaria ter algum protagonismo aí?
Porque, na cabeça de alguns que hoje conduzem a política externa brasileira, complexas situações internacionais são temas de high politics. Acham que podem ter real influência. E sentem-se felizes ao pensar assim.
Como está vendo a atuação brasileira diante do golpe em Honduras?
É cedo para dizer, porque a situação está se desenrolando. O governo brasileiro agiu bem ao condenar o golpismo. Mas é inaceitável o tratamento que dispensa ao Irã de Ahmadinejad. Regionalmente, para ser justo, o contorno sul-americano que o governo Lula enfrenta ficou mais complicado do que o contorno com o qual o presidente Fernando Henrique teve de lidar. Havia, lá atrás, maior afinidade entre os governos desses países. Isso mudou. Considerem todo o trabalho feito com a Bolívia na área energética, cujas origens remontam aos anos 30, baseado na concepção do gás como um instrumento de cooperação. Com a chegada ao poder do presidente Morales, a sifuação se complicou. Outro exemplo: a Usina de Itaipu, importante capítulo no processo de integração energética, liderado pelo Brasil, hoje tornou-se complexo porque temos agora um Paraguai com outras leituras da realidade. Sem falar na problemática dos brasiguaios. Há também a influência do professor Marco Aurélio Garcia, assessor especial do presidente Lula, que sempre esteve ligado à condução da política externa do PT. Mas a política externa de partido é uma coisa e a política externa de um Estado, outra. Quando você faz política de partido, conversa com outros partidos, agremiações, pode tratar com as Farc... No jogo entre a política de Estado e a política de partido, o governo se atrapalha.
Qual o peso do chavismo no contexto regional?
Hugo Chávez faz uma leitura da realidade internacional na base do "amigo versus inimigo". Ele se coloca como opção ao processo de globalização, sente-se herdeiro daquilo que foi a Cuba de Fidel Castro. Mas está se vendo afetado pela queda dos preços do petróleo e, consequentemente, pela diminuição de recursos. Chávez obedece à lógica daquela ideia reformulada por Bobbio: em vez do "penso, logo existo", seu mote é "agitamos, logo somos". Ele também vem promovendo uma aproximação com a Rússia e o Irã, com interesses em energia e armas. Na cabeça dele, seria possível juntar Bolívia e Rússia e criar uma Opep do gás. Enfim, é um fator de desestabilização e disputa a liderança regional com o Brasil.
Chávez é um líder a ser imitado?
A pergunta tema ver com esses movimentos de presidentes querendo se perpetuar no poder. A democracia tem nas eleições um componente importante, mas não o único. Suas regras básicas incluem a possibilidade de alternância; de que os direitos das minorias devem ser respeitados; de que deve ser mantido o equilíbrio entre os poderes e não um predomínio do Executivo sobre os outros; e de que deve haver espaço para a atuação da sociedade civil. Na Venezuela, há uma autocracia eletiva, em que são feitos permanentes empenhos para reforçar o Executivo e afirmar o "poder do chefe", em detrimento do pluralismo da sociedade. Volto a Bobbio. Ele disse que a democracia tem uma grande vantagem; conta cabeças, não corta cabeças.
Os presidentes Lula e Obama declararam que o golpe em Honduras abre um "precedente perigoso". Há espaço para outros golpismos na região?
Eles estão empenhados em evitar isso. E a OEA, neste momento, tem um grande trunfo, que é a sua Carta Democrática. Ela foi evocada agora, como foi para evitar a consolidação do golpe contra Chávez, em 2002. Outro ponto forte da OEA são seus esforços na área de direitos humanos. Por isso ela não entra na avaliação positiva do chavismo. E há pessoas dentro do Itamaraty e do governo brasileiro - não são todas, o próprio Paulo Vannuchi, secretário de Direitos Humanos, é exceção - que olham para a OEA e não ficariam infelizes se toda essa temática de direitos humanos não entrasse na agenda da organização. Aliás, esse é um assunto que vem merecendo do governo brasileiro menos atenção do que deveria. O discurso do presidente Lula no Conselho dos Direitos Humanos da ONU foi prova disso.
Mas a resolução da OEA com relação a Cuba foi desacreditada pelo próprio governo cubano e por Hugo Chávez.
Eles acham que a OEA afirma o poder dos EUA, e hoje ela não tem mais esse papel. Além disso, é uma instituição, tem um secretariado, uma estrutura. Quando houve o conflito entre Colômbia e Equador, em 2008, por mais importante que tenha sido a atuação do Grupo do Rio, quem fez o acompanhamento do caso foi a OEA. Há virtudes na institucionalização. A resolução sobre Cuba é importante, porque interrompe um pedaço da Guerra Fria. Cuba entrará na OEA no momento em que achar conveniente. Mas, se entrar, terá de levar em conta o acervo normativo da organização.
Rio Branco acreditava na fórmula ABC, segundo a qual a liderança regional seria de Argentina, Brasil e Chile. Isso se perdeu?
Não se perdeu, mudou. Quando ele pensou nesse formato, Argentina e Chile eram mais poderosos do que são hoje. Então, aquilo tinha um sentido claro. Mas a ideia central do Rio Branco era construir um mecanismo de organização e consenso na América do Sul. Ideia em torno da qual continuamos trabalhando.
O senhor desenvolveu o conceito de "nacionalismo de fins", um tipo particular de nacionalismo brasileiro, Como ele funciona?
Minha teoria vem de comentários antigos do sociólogo Hélio Jaguaribe. O nacionalismo de fins significa ampliar o poder de controle da sociedade sobre seu próprio destino, usando meios apropriados que podem mudar no correr dos anos. Por exemplo, o processo de substituição de importações foi importante para o desenvolvimento industrial do Brasil. No mundo globalizado, a noção clássica de fechar o país, crescer e depois se abrir novamente, deixou de funcionar. Penso muito nisso ao atuar na Fapesp: capacitação científica e tecnológica é um meio para alcançar o nacionalismo de fins. Mas, no plano internacional, em vez da autonomia pelo isolamento, é hora da autonomia pela participação.
http://www.defesanet.com.br/pensamento1/lafer.htm
OESP 05 Julho 2009
A justa medida do jogo diplomático
Entrevista com Celso Lafer ex-ministro das Relações Exteriores
Luara Greenhalgh e Flávia Tavares
Em um capítulo de seu livro "A Identidade Internacional do Brasil e a Política Externa Brasileira", lançado este ano pela editora Perspectiva, o jurista e ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer reflete sobre o tempo voraz das comunicações online, onde o foco reside nos fatos, não nos processos. Talvez gostasse de inverter os polos, mas não se propõe essa missão heróica. Ao contrário, tenta trafegar pelos altos e baixos da globalização, descobre que os países hoje "internalizam" o mundo e, por isso, a diplomacia tende a ser uma "obra aberta". Mas não menos bela, não menos completa, não menos desafiadora.
O ministro pode passar horas refletindo sobre relações internacionais, como o fez na última quarta-feira, ao conceder esta entrevista ao Aliás no seu escritório de advocacia em São Paulo. O clima estava ameno na metrópole, mas andava quente acima, abaixo e na zona do Equador. O presidente de Honduras, Manuel Zelaya, deposto por um golpe militar dias antes, colhia apoios internacionais para sua volta ao país. Obama não tratou a questão como mais um golpe numa republiqueta latino-americana. A ONU reagiu em tom forte. E a OEA convocou reunião extraordinária, para a qual foi despachado o "número 2" do Itamaraty, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães. Enquanto isso, tropas americanas atacavam o Afeganistão, a comunidade internacional ainda não sabia do novo experimento balístico da Coreia do Norte e, na Argentina, o casal Kirchner tentava se reanimar da sova eleitoral.
Esses e muitos outros elementos desfilam pelo raciocínio diplomático do ex-chanceler do governo Fernando Henrique Cardoso. Recém-chegado da Itália, onde participou de um encontro preparatório da reunião do G-8 - que começa nesta quarta, na cidade italiana de - Áquila -, Celso Lafer mantém-se atento às complexidades mundiais, diante das quais, diz ele, o Brasil não pode se subestimar, nem se superestimar. Avalia que a reunião dos países ricos, acrescida de cinco "emergentes" - China, índia, México, África do Sul e Brasil -, é um evento aguardado. "Pela primeira vez esse grupo vai se pronunciar em relação à crise financeira. Além disso, o G-8 terá que preservar sua relevância no cenário atual", calcula, levando em conta os dividendos midiáticos da reunião do G-20, em abril passado, em Londres.
Não se furta a comentar os erros e acertos na condução da atual política externa brasileira. Reconhece que os vizinhos do Brasil hoje dão mais trabalho ao presidente Lula do que deram ao presidente Fernando Henrique, porém não entende como o País tergiversa em questões relacionadas a direitos humanos e meio ambiente, mas oferece palpites nos intrincados conflitos de países como Irã, Paquistão, Afeganistão. Nascido em São Paulo em 1941, Lafer é professor titular da Faculdade de Direito da USP, integrante da Corte Permanente de Arbitragem Internacional de Haia, membro da Academia Brasileira de Letras, presidente do conselho da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, a Fapesp, e articulista do Estado. E autor de vários livros, entre eles "Desafios - Ética e Política" e "Mudam-se os Tempos - A diplomacia brasileira".
0 senhor acaba de voltar de uma reunião preparatória do G-8, na Itália. O que esperar do encontro da próxima semana?
Para pensar essa reunião, assim como a posição do Brasil como convidado, é preciso equacionar a complexidade da agenda internacional, identificando alguns clusters de temas. O primeiro tema ver com a intensidade atual das políticas de identidade e reconhecimento. São muitas as demandas nesse campo. Há o problema dos curdos, dos bascos, dos tibetanos, dos indígenas bolivianos. Octávio Paz, pensando o pós-Guerra Fria, chamou esse campo de a "sublevação dos particularismos". Outra ordem de temas é a das ambições normativas do sistema internacional, onde se incluem os direitos humanos, campo difícil, até pela heterogeneidade de valores entre os países. Há um terceiro cluster relacionado aos conflitos do mundo pós-Guerra Fria. Inclua-se nele o terrorismo, as armas de destruição em massa, a ameaça nuclear, vide Coreia do Norte e Irã. Um quarto cluster é o da economia globalizada, interdependente, desigual, que coloca em discussão a legitimidade e a eficácia de instituições como o FMI, a OMC, o Banco Mundial.
Inclui o discurso antiglobalização?
Sem dúvida. É componente importante, expresso na postura do presidente venezuelano, Hugo Chávez, ao defender sua alternativa boiivariana para as Américas. Um dos problemas da agenda internacional atual é a possibilidade de entrada da Venezuela no Mercosul.
Porquê?
Chávez tem uma concepção de integração que não se coaduna com a concepção do Mercosul. Este nasceu numa plataforma de inserção competitiva, ao longo do processo de desnuclearização militar na Argentina e no Brasil, nos marcos da defesa da democracia e dos direitos humanos, na promoção da justiça e do desenvolvimento. Ora, isso está distante da leitura que Chávez faz desse processo. Há conflito de concepções.
O Brasil se apresenta no G-8 numa posição mais confortável?
Uma das vantagens do Brasil é que ele sempre esteve longe dos focos de tensão do mundo. Isso lhe garante certa autonomia e liberdade. Está entre os chamados monster countries, pela dimensão continental, pelo tamanho de sua população, pela escala de sua economia, por seus recursos naturais, pela unidade linguística, mas um monster country do tipo benigno quando contrastado, por exemplo, com Rússia, China, Índia e mesmo EUA. Também se destaca pela capacidade de coexistência cooperativa com a vizinhança. Esse é sempre o primeiro tópico da agenda externa de um país: como "eu" me relaciono com os vizinhos? Hoje as fronteiras estão mais porosas, portanto esse fenômeno impacta o Brasil.
Impacta como?
Pelo tamanho do "monstro". Vejamos: o Rio Grande do Sul está mais vinculado ao que se passa na Argentina e no Uruguai. Ao Paraná interessa o que se passa no Paraguai, onde vivem tantos "brasiguaios". O centro-oeste brasileiro olha para a Bolívia; os Estados do norte olham para os países do norte, como a Venezuela. Então, o problema da porosidade de fronteiras tem relevância para o Brasil. Andrew Hurrell, autor de On Global Order, um dos livros recentes mais interessantes sobre relações internacionais, analisa essa complexidade e conclui que a governança mundial passa por três grandes desafios: 1. como captar interesses comuns e compartilhá-los?, 2. como administrar as desigualdade do poder?, 3. como mediar o conflito de valores e a diversidade cultural?
O G-8 mantém sua importância? Ou perde espaço para o G20?
O G-7 (Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália), depois G-8 com o ingresso da Rússia, é a expressão da diplomacia de cúpula, feita no plano presidencial, visão que se firmou após a 2ª Guerra. É a diplomacia presidencial de cúpula que ajuda a pautar, através dos meios comunicação, a agenda internacional. Inicialmente, o G-7 colocava em foco a gestão econômica internacional. Havia acabado o sistema de Bretton Woods como fim da paridade do ouro com o dólar, houve aquela alta do preço do petróleo, então a economia mundial estava desbordando das instituições multilaterais oficiais. Assim nasceu o G-7, depois G-8, ampliando a agenda para temas além da economia, como clima, narcotráfico, etc.
E como ele vira G-8+5?
Na reunião da Alemanha, em 2007, o país-sede tentou fazer um outreach ao propor a presença de outros cinco países no âmbito do G-8 - Brasil, México, África do Sul, China e Índia. Foi o reconhecimento de que certos temas passam a exigir uma interlocução maior. Em 2008 e 2009, houve reuniões do G-20, criado em 1999, reunindo países-membros do G-8 e economias emergentes - África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Brasil, Chile, Coreia do Sul, Turquia... Quando veio a grande crise financeira no ano passado, aconteceu uma reunião do G-20 ainda na gestão Bush, que esboçou a magnitude do problema.
Mas num clima de fim de governo...
Sim, mas daí veio a vitória de Barack Obama. Há momentos na história em que uma eleição presidencial americana não envolve maiores desafios externos, mas há momentos em que envolve, sim, como a eleição do Roosevelt, quando o mundo também atravessava uma grande crise. Agora, além dos desastres herdados do governo Bush, há a percepção de que vários problemas americanos não serão solucionados sem um entendimento com as economias emergentes. Isso explica a repercussão do encontro do G-20 em Londres. O desafio colocado agora para a reunião do G-8 é grande. É a primeira vez que esses países se reúnem depois da grande crise. Portanto, o grupo tentará assegurar sua relevância no processo global.
Como o governo italiano, que sedia a reunião, vem trabalhando?
Ele busca exatamente caminhos para comprovar a relevância do formato G-8, no plano da governança mundial.
Mas o governo italiano não anda desacreditado demais para isso?
Isso pode ser um ativo ou um passivo. O governo tenta fazer uma grande reunião também para recuperar o próprio prestígio. O encontro do qual participei, promovido pelo Ministério das Relações Exteriores da Itália, demonstrou claramente isso. E o chanceler é uma pessoa não atingida pelas situações atuais. Quanto ao primeiro-ministro Silvio Berlusconí, ele ainda retém certo peso político, tanto que obteve vitória na recente eleição do Parlamento Europeu. Seu futuro tende a ficar mais complicado porque a Igreja Católica, com o peso político e cultural que tem na Itália, passou a cobrar publicamente a recapitalização do prestígio do governo. Por fim, não nos esqueçamos de que a agenda a enfrentar no encontro será bem complicada. Como o grupo vai lidar com a situação do Irã, especialmente agora, com o país dividido depois das eleições
Resta ainda tratar da crise econômica, como o senhor salientou, que afetou os países diferentemente.
A crise, com suas várias facetas, é fruto da desregulamentação das instituições financeiras. O Bank of International Settlements (BIS), que é o banco central dos bancos, tem padrões de alavancagem e endividamento. Mas são padrões, não são compromissos obrigatórios. Alguns países seguiram tais critérios, entre eles o Brasil, que já os vinha adotando desde os tempos do Proer e da consolidação do sistema financeiro nacional. Resultado: o País não foi afetado pela crise como os EUA e países europeus.
Mas foi afetado de alguma forma?
Foi, mas não porque tivesse subprime ou grandes securitizações. Foi afetado pelo canal de propagação de problemas que vem de fora. Ainda temos que passar pela grande discussão sobre a necessidade de uma maior regulamentação do sistema financeiro. Há disposição no governo Obama para isso e até o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, já olha nessa direção. Acredito que o sistema financeiro ganharia sendo mais transparente. Citando o filósofo Norberto Bobbio, a transparência é uma das características da democracia, o exercício público do interesse coletivo. Por falta de transparência, criam-se esses "sotto governos" da economia, que levam a gestões temerárias.
Nos anos 90, houve encontros de líderes mundiais, um deles na Itália, outro na Alemanha, em que se discutiu governança global. Participaram governantes como Clinton, Blair, D'Alema, Schroeder, Jospin e Fernando Henrique. Falou-se ali em globalização solidária, dilemas da inserção assimétrica das economias emergentes e até regulamentação de mercados. Essa agenda foi esquecida nos anos seguintes?
Aquele foi um momento interessante, por reunir líderes em tor no de uma centro-esquerda preocupada com valores, bem como com a arquitetura financeira internacional. Essa articulação foi afetada pelo fim dos mandatos desses governantes. Clinton, Schroeder, D'Alema, Jospin, Fernando Henrique, Blair, todos se foram. Eles tentaram fixar a agenda pós-Guerra Fria, tomando como marco inaugural desse novo tempo a queda do Muro de Berlim. Havia a expectativa de que era preciso construir uma ordem mundial mais kantiana, mais cosmopolita, mais humana. Isso tudo foi posto em xeque após 11 de setembro de 2001. Ali o mundo mudou. Passamos a lidar com a guerra contra o terror, o Estado de exceção, o Patriotic Act.
A crise pode ser um momento de maior coesão internacional?
Sim, e com a ajuda de Obama, que tenta fazer uma recapitalização do soft power americano, em substituição à presidência solipsista de Bush. Mas Obama está se dando conta das suas dificuldades. Ele enfrenta uma crise que está longe de ser equacionada, além dos desafios no campo "guerra e paz": Coreia do Norte, Irã, Paquistão, Afeganistão, Israel e palestinos, problemas de alta envergadura.
A maior potência mundial está mergulhada numa crise profunda, como um gigante enfraquecido. Isso não lhe soa contraditório?
Acreditem: essa potência está procurando, por todos os meios, dar a volta por cima. E tem grande chance de conseguir. Primeiro, porque Obama logrou apoios relevantes, que lhe dão alento e efeito de irradiação. O poder, diria Hanna Arendt, é a capacidade de propiciar iniciativas de ação conjunta. Obama, pela liderança que tem, pode se sair bem.
Hoje qual é a posição do Brasil no cenário mundial?
O Brasil deve evitar dois riscos. Primeiro, subestimar-se. Segundo, superestimar-se. No primeiro caso, o País cai na inércia, no segundo, torna-se inconsequente. Um dos problemas da atual política externa brasileira é não saber dosar bem isso. Dou um exemplo; o Brasil é, por definição, uma potência no item ambiental. Nenhum dos grandes desafios desse campo pode ser equacionado sem a presença do Brasil, certo? Pois o País tem estado aquém do seu potencial de liderança. Uma liderança que já se insinuara no passado, começando pela conferência Rio-92. Ali o Brasil fez uma inflexão importante, levando em conta que a sensibilidade com a questão ambiental havia sido contemplada na Constituição de 1988. Diga-se também da sensibilidade que teve o presidente Collor, no início dos anos 90, ao reformular a agenda ambiental brasileira, afastando aquela visão excessivamente voltada para dentro. Depois veio a mobilização em torno do Protocolo de Kyoto, já no governo Fernando Henrique, e o País teve um papel relevante. O Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, no governo FHC, era presidido pelo próprio presidente, o que dava ao encontro importância grande. Hoje acompanhamos esses conflitos domésticos entre o Ministério do Meio Ambiente e o da Agricultura, que representam m tremendo desgaste, ao mesmo tempo que a condução da agenda ambiental pelo Itamaraty, na pessoa do ministro-chanceler, do secretário-geral e do consultor especial da Presidência em relações internacionais, não atribui à área a relevância que tem. Eis um exemplo em que o Brasil se subestima.
E quando se superestima?
O chanceler foi ao Oriente Médio, falou no potencial que o Brasil tem para ajudar na resolução de conflitos, disse que o País se preocupa com o Paquistão, o Afeganistão, etc, etc. O Brasil é um país que sempre teve interesses gerais, e não somente específicos. Aliás, esse é um ponto que discuto no livro "A Identidade Internacional do Brasil". Um conceito que sai da Conferência de Paz de Paris, em 1919, é o de que, para ser potência, o país tem que ter e sustentar interesses gerais no ordenamento mundial. Já os países médios e pequenos têm interesses específicos. Meio ambiente: deve ser tema geral do Brasil. Paz mundial: também, claro. Há áreas onde de fato temos maior capacidade de atuação, como a América do Sul. No recente conflito entre Colômbia e Equador, o Brasil desempenhou seu papel muito bem. Atuou no Grupo do Rio, depois na OEA, perfeito. Agora, no capítulo do Oriente Médio, fazemos parte daqueles "terceiros" a favor da paz. Ponto. O protagonismo lá vem dos países da região, com suas variações, que não são pequenas.
Por que o governo brasileiro desejaria ter algum protagonismo aí?
Porque, na cabeça de alguns que hoje conduzem a política externa brasileira, complexas situações internacionais são temas de high politics. Acham que podem ter real influência. E sentem-se felizes ao pensar assim.
Como está vendo a atuação brasileira diante do golpe em Honduras?
É cedo para dizer, porque a situação está se desenrolando. O governo brasileiro agiu bem ao condenar o golpismo. Mas é inaceitável o tratamento que dispensa ao Irã de Ahmadinejad. Regionalmente, para ser justo, o contorno sul-americano que o governo Lula enfrenta ficou mais complicado do que o contorno com o qual o presidente Fernando Henrique teve de lidar. Havia, lá atrás, maior afinidade entre os governos desses países. Isso mudou. Considerem todo o trabalho feito com a Bolívia na área energética, cujas origens remontam aos anos 30, baseado na concepção do gás como um instrumento de cooperação. Com a chegada ao poder do presidente Morales, a sifuação se complicou. Outro exemplo: a Usina de Itaipu, importante capítulo no processo de integração energética, liderado pelo Brasil, hoje tornou-se complexo porque temos agora um Paraguai com outras leituras da realidade. Sem falar na problemática dos brasiguaios. Há também a influência do professor Marco Aurélio Garcia, assessor especial do presidente Lula, que sempre esteve ligado à condução da política externa do PT. Mas a política externa de partido é uma coisa e a política externa de um Estado, outra. Quando você faz política de partido, conversa com outros partidos, agremiações, pode tratar com as Farc... No jogo entre a política de Estado e a política de partido, o governo se atrapalha.
Qual o peso do chavismo no contexto regional?
Hugo Chávez faz uma leitura da realidade internacional na base do "amigo versus inimigo". Ele se coloca como opção ao processo de globalização, sente-se herdeiro daquilo que foi a Cuba de Fidel Castro. Mas está se vendo afetado pela queda dos preços do petróleo e, consequentemente, pela diminuição de recursos. Chávez obedece à lógica daquela ideia reformulada por Bobbio: em vez do "penso, logo existo", seu mote é "agitamos, logo somos". Ele também vem promovendo uma aproximação com a Rússia e o Irã, com interesses em energia e armas. Na cabeça dele, seria possível juntar Bolívia e Rússia e criar uma Opep do gás. Enfim, é um fator de desestabilização e disputa a liderança regional com o Brasil.
Chávez é um líder a ser imitado?
A pergunta tema ver com esses movimentos de presidentes querendo se perpetuar no poder. A democracia tem nas eleições um componente importante, mas não o único. Suas regras básicas incluem a possibilidade de alternância; de que os direitos das minorias devem ser respeitados; de que deve ser mantido o equilíbrio entre os poderes e não um predomínio do Executivo sobre os outros; e de que deve haver espaço para a atuação da sociedade civil. Na Venezuela, há uma autocracia eletiva, em que são feitos permanentes empenhos para reforçar o Executivo e afirmar o "poder do chefe", em detrimento do pluralismo da sociedade. Volto a Bobbio. Ele disse que a democracia tem uma grande vantagem; conta cabeças, não corta cabeças.
Os presidentes Lula e Obama declararam que o golpe em Honduras abre um "precedente perigoso". Há espaço para outros golpismos na região?
Eles estão empenhados em evitar isso. E a OEA, neste momento, tem um grande trunfo, que é a sua Carta Democrática. Ela foi evocada agora, como foi para evitar a consolidação do golpe contra Chávez, em 2002. Outro ponto forte da OEA são seus esforços na área de direitos humanos. Por isso ela não entra na avaliação positiva do chavismo. E há pessoas dentro do Itamaraty e do governo brasileiro - não são todas, o próprio Paulo Vannuchi, secretário de Direitos Humanos, é exceção - que olham para a OEA e não ficariam infelizes se toda essa temática de direitos humanos não entrasse na agenda da organização. Aliás, esse é um assunto que vem merecendo do governo brasileiro menos atenção do que deveria. O discurso do presidente Lula no Conselho dos Direitos Humanos da ONU foi prova disso.
Mas a resolução da OEA com relação a Cuba foi desacreditada pelo próprio governo cubano e por Hugo Chávez.
Eles acham que a OEA afirma o poder dos EUA, e hoje ela não tem mais esse papel. Além disso, é uma instituição, tem um secretariado, uma estrutura. Quando houve o conflito entre Colômbia e Equador, em 2008, por mais importante que tenha sido a atuação do Grupo do Rio, quem fez o acompanhamento do caso foi a OEA. Há virtudes na institucionalização. A resolução sobre Cuba é importante, porque interrompe um pedaço da Guerra Fria. Cuba entrará na OEA no momento em que achar conveniente. Mas, se entrar, terá de levar em conta o acervo normativo da organização.
Rio Branco acreditava na fórmula ABC, segundo a qual a liderança regional seria de Argentina, Brasil e Chile. Isso se perdeu?
Não se perdeu, mudou. Quando ele pensou nesse formato, Argentina e Chile eram mais poderosos do que são hoje. Então, aquilo tinha um sentido claro. Mas a ideia central do Rio Branco era construir um mecanismo de organização e consenso na América do Sul. Ideia em torno da qual continuamos trabalhando.
O senhor desenvolveu o conceito de "nacionalismo de fins", um tipo particular de nacionalismo brasileiro, Como ele funciona?
Minha teoria vem de comentários antigos do sociólogo Hélio Jaguaribe. O nacionalismo de fins significa ampliar o poder de controle da sociedade sobre seu próprio destino, usando meios apropriados que podem mudar no correr dos anos. Por exemplo, o processo de substituição de importações foi importante para o desenvolvimento industrial do Brasil. No mundo globalizado, a noção clássica de fechar o país, crescer e depois se abrir novamente, deixou de funcionar. Penso muito nisso ao atuar na Fapesp: capacitação científica e tecnológica é um meio para alcançar o nacionalismo de fins. Mas, no plano internacional, em vez da autonomia pelo isolamento, é hora da autonomia pela participação.
http://www.defesanet.com.br/pensamento1/lafer.htm
A morte do homem começa no instante em que ele desiste de aprender. (Albino Teixeira)
- Izaias Maia
- Sênior
- Mensagens: 843
- Registrado em: Seg Fev 12, 2007 5:51 am
- Localização: Eusébio -CE
- Agradeceu: 9 vezes
Re: GEOPOLÍTICA
Defesa@Net 05 Julho 2009
JB 05 Julho 2009
Militarização do Ártico
Guerra Fria iminente pelo controle do Oceano Ártico
Atividades militares na região petrolífera se intensificam
Alister Doyle
Os países do Ártico estão prometendo evitar uma nova Guerra Fria por causa das mudanças climáticas, mas atividades militares se intensificam numa região polar onde um degelo pode permitir exploração de petróleo e gás ou novas rotas marítimas.
Os seis países ao redor do Oceano Ártico prometem cooperar em questões como fiscalizar novos possíveis locais para pesca ou rotas marítimas numa área muito remota, fria e sombria para despertar interesse durante toda a História.
O aquecimento global está gerando, contudo, divergências há muito tempo irrelevantes, como a disputa entre Rússia e Dinamarca em relação a quem detém o fundo do mar sob o Pólo Norte ou até aonde o Canadá controla a Passagem Noroeste que os EUA chamam de um canal internacional.
– Será um novo oceano numa área estratégica crítica – diz Lee Willett, diretor do Programa de Estudos Marinhos Instituto Real de Serviços Unidos para Estudos de Defesa e Segurança em Londres, prevendo ampla competição na área ártica. – A principal forma de projetar influência e salvaguardar interesses lá será por meio do uso de forças navais.
Forças por terra teriam pouco a defender ao redor de linhas costeiras remotas embaixo de centenas de quilômetros de tundra. Muitos especialistas em clima agora dizem que o Oceano Ártico poderia ficar livre do gelo até 2050 no verão, talvez até antes, depois de o gelo chegar a um nível baixo recorde em setembro de 2007 devido ao aquecimento que, segundo o Painel do Clima da ONU, é culpa da queima de combustíveis fósseis pelos humanos.
Nanook
Previsões anteriores diziam que a região ficaria livre de gelo nos verões até o fim do século. Um documento do Kremlin sobre segurança no meio de maio disse que a Rússia deve enfrentar guerras em suas fronteiras num futuro próximo por causa de controle dos recursos energéticos – do Oriente Médio até o Ártico.
A Rússia, que está se reafirmando depois do colapso da União Soviética, enviou um submarino nuclear em 2008 pelo Ártico sob o gelo para o Pacífico. A nova classe de submarinos russos é chamada de Borei – "Vento Ártico".
O Canadá promove um exercício militar, Nanook, todo ano para reforçar a soberania sobre seus territórios do norte. A Rússia enfrenta cinco membros da Otan – EUA, Canadá, Noruega, Islândia e Dinamarca via Groenlândia - no Ártico.
Atalho
Em fevereiro, o primeiro ministro canadense Stephen Harper criticou as ações "cada vez mais agressivas" da Rússia depois de uma avião de bombardeiro ter voado perto do Canadá antes de uma visita do presidente Barack Obama.
E no ano passado o governo da Noruega decidiu comprar 48 jatos Lockheed Martin F-35 a um custo de 18 bilhões de coroas (US$ 2,81 bilhões). Muito deve estar em jogo. A pesquisa geológica americana estimou, ano passado, que o Ártico tem petróleo, ainda não descoberto, suficiente para gerar 90 bilhões de barris – o que atenderia a demanda mundial por três anos.
E as rotas marítimas do Ártico poderiam ser atalhos entre o Pacífico e o Atlântico no verão mesmo que incertezas em relação a fatores como icebergs, custos de seguro ou uma necessidade de navios mais resistentes pudessem afastar muitas empresas. Outros especialistas dizem que os países podem facilmente ter um bom relacionamento no Norte.
– O Ártico atrairia interesse em 50 ou 100 anos, não agora – explica Lars Kullerud, presidente da Universidade do Ártico. – É um exagero falar em Guerra Fria.
Ele diz que uma área disputada pela Rússia e a Dinamarca no Pólo Norte não é maior do que a área cinzenta no Mar de Barents.
Governos negam tensões mas submarinos
devem ser feitos
Apesar dos indícios de maior militarização da área, os governos dizem que o degelo não é um prenúncio de tensões.
- Vamos buscar estratégias cooperativas - disse à Reuters o secretário de Estado substituto americano Jim Steinberg durante uma reunião de ministros estrangeiros do
Conselho do Ártico em Tromsoe, Noruega.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia Sergei Lavrov disse que o país não planeja aumentar as forças armadas do país no Ártico e destacou a cooperação.
- Qualquer um pode fazer previsões dizendo que quando há recursos e a necessidade por recursos haverá conflito e disputas - disse o ministro de Relações Exteriores norueguês Jonas Stoere. - Não precisa ser dessa forma.
Niklas Granholm da Agência de Pesquisa de Defesa sueca concorda que falar em Guerra Fria é um exagero, mas disse que tudo leva a crer que a militarização do Ártico vai aumentar.
Isso vai gerar medidas voltadas para a segurança. Muitas medidas devem ser inofensivas - garantir a segurança das embarcações, ou o emprego de engrenagem em caso de derramamento de óleo como o acidente com o petroleiro Exxon Valdez em 1989 no Alasca.
Submarinos
Possibilidades mais amplas incluem uma possível corrida entre a Rússia e os Estados Unidos pela produção de submarinos nucleares mais silenciosos.
Os submarinos, que podem lançar mísseis nucleares de longo alcance, por muito tempo tiveram refúgio sob o gelo do Ártico onde ondas constantes e quebras de gelos mascaravam o barulho do motor.
- Isso deve levar a uma nova geração de submarinos ultra-silenciosos ou outras novas tecnologias - diz Granholm.
A Passagem Noroeste passando pelo Canadá reduz a distância entre a Europa e extremo oriente de 12.600 milhas náuticas para 7.900 via Canal do Panamá. Economias semelhantes podem ser feitas numa rota ao norte da Rússia.
Um prazo da ONU para estados costeiros submeterem reivindicações sobre a região passou no dia 13 de maio e em 2007 a Rússia fincou uma bandeira no fundo do mar a quatro mil metros sob o Pólo para apoiar sua reivindicação.
http://www.defesanet.com.br/missao/ant_08/artico.htm
JB 05 Julho 2009
Militarização do Ártico
Guerra Fria iminente pelo controle do Oceano Ártico
Atividades militares na região petrolífera se intensificam
Alister Doyle
Os países do Ártico estão prometendo evitar uma nova Guerra Fria por causa das mudanças climáticas, mas atividades militares se intensificam numa região polar onde um degelo pode permitir exploração de petróleo e gás ou novas rotas marítimas.
Os seis países ao redor do Oceano Ártico prometem cooperar em questões como fiscalizar novos possíveis locais para pesca ou rotas marítimas numa área muito remota, fria e sombria para despertar interesse durante toda a História.
O aquecimento global está gerando, contudo, divergências há muito tempo irrelevantes, como a disputa entre Rússia e Dinamarca em relação a quem detém o fundo do mar sob o Pólo Norte ou até aonde o Canadá controla a Passagem Noroeste que os EUA chamam de um canal internacional.
– Será um novo oceano numa área estratégica crítica – diz Lee Willett, diretor do Programa de Estudos Marinhos Instituto Real de Serviços Unidos para Estudos de Defesa e Segurança em Londres, prevendo ampla competição na área ártica. – A principal forma de projetar influência e salvaguardar interesses lá será por meio do uso de forças navais.
Forças por terra teriam pouco a defender ao redor de linhas costeiras remotas embaixo de centenas de quilômetros de tundra. Muitos especialistas em clima agora dizem que o Oceano Ártico poderia ficar livre do gelo até 2050 no verão, talvez até antes, depois de o gelo chegar a um nível baixo recorde em setembro de 2007 devido ao aquecimento que, segundo o Painel do Clima da ONU, é culpa da queima de combustíveis fósseis pelos humanos.
Nanook
Previsões anteriores diziam que a região ficaria livre de gelo nos verões até o fim do século. Um documento do Kremlin sobre segurança no meio de maio disse que a Rússia deve enfrentar guerras em suas fronteiras num futuro próximo por causa de controle dos recursos energéticos – do Oriente Médio até o Ártico.
A Rússia, que está se reafirmando depois do colapso da União Soviética, enviou um submarino nuclear em 2008 pelo Ártico sob o gelo para o Pacífico. A nova classe de submarinos russos é chamada de Borei – "Vento Ártico".
O Canadá promove um exercício militar, Nanook, todo ano para reforçar a soberania sobre seus territórios do norte. A Rússia enfrenta cinco membros da Otan – EUA, Canadá, Noruega, Islândia e Dinamarca via Groenlândia - no Ártico.
Atalho
Em fevereiro, o primeiro ministro canadense Stephen Harper criticou as ações "cada vez mais agressivas" da Rússia depois de uma avião de bombardeiro ter voado perto do Canadá antes de uma visita do presidente Barack Obama.
E no ano passado o governo da Noruega decidiu comprar 48 jatos Lockheed Martin F-35 a um custo de 18 bilhões de coroas (US$ 2,81 bilhões). Muito deve estar em jogo. A pesquisa geológica americana estimou, ano passado, que o Ártico tem petróleo, ainda não descoberto, suficiente para gerar 90 bilhões de barris – o que atenderia a demanda mundial por três anos.
E as rotas marítimas do Ártico poderiam ser atalhos entre o Pacífico e o Atlântico no verão mesmo que incertezas em relação a fatores como icebergs, custos de seguro ou uma necessidade de navios mais resistentes pudessem afastar muitas empresas. Outros especialistas dizem que os países podem facilmente ter um bom relacionamento no Norte.
– O Ártico atrairia interesse em 50 ou 100 anos, não agora – explica Lars Kullerud, presidente da Universidade do Ártico. – É um exagero falar em Guerra Fria.
Ele diz que uma área disputada pela Rússia e a Dinamarca no Pólo Norte não é maior do que a área cinzenta no Mar de Barents.
Governos negam tensões mas submarinos
devem ser feitos
Apesar dos indícios de maior militarização da área, os governos dizem que o degelo não é um prenúncio de tensões.
- Vamos buscar estratégias cooperativas - disse à Reuters o secretário de Estado substituto americano Jim Steinberg durante uma reunião de ministros estrangeiros do
Conselho do Ártico em Tromsoe, Noruega.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia Sergei Lavrov disse que o país não planeja aumentar as forças armadas do país no Ártico e destacou a cooperação.
- Qualquer um pode fazer previsões dizendo que quando há recursos e a necessidade por recursos haverá conflito e disputas - disse o ministro de Relações Exteriores norueguês Jonas Stoere. - Não precisa ser dessa forma.
Niklas Granholm da Agência de Pesquisa de Defesa sueca concorda que falar em Guerra Fria é um exagero, mas disse que tudo leva a crer que a militarização do Ártico vai aumentar.
Isso vai gerar medidas voltadas para a segurança. Muitas medidas devem ser inofensivas - garantir a segurança das embarcações, ou o emprego de engrenagem em caso de derramamento de óleo como o acidente com o petroleiro Exxon Valdez em 1989 no Alasca.
Submarinos
Possibilidades mais amplas incluem uma possível corrida entre a Rússia e os Estados Unidos pela produção de submarinos nucleares mais silenciosos.
Os submarinos, que podem lançar mísseis nucleares de longo alcance, por muito tempo tiveram refúgio sob o gelo do Ártico onde ondas constantes e quebras de gelos mascaravam o barulho do motor.
- Isso deve levar a uma nova geração de submarinos ultra-silenciosos ou outras novas tecnologias - diz Granholm.
A Passagem Noroeste passando pelo Canadá reduz a distância entre a Europa e extremo oriente de 12.600 milhas náuticas para 7.900 via Canal do Panamá. Economias semelhantes podem ser feitas numa rota ao norte da Rússia.
Um prazo da ONU para estados costeiros submeterem reivindicações sobre a região passou no dia 13 de maio e em 2007 a Rússia fincou uma bandeira no fundo do mar a quatro mil metros sob o Pólo para apoiar sua reivindicação.
http://www.defesanet.com.br/missao/ant_08/artico.htm
A morte do homem começa no instante em que ele desiste de aprender. (Albino Teixeira)
-
- Sênior
- Mensagens: 8577
- Registrado em: Seg Ago 18, 2008 1:23 am
- Agradeceu: 7 vezes
- Agradeceram: 28 vezes
Re: GEOPOLÍTICA
30.06.2009 Berria
A extensão das atividades chinesas na África muda a geopolítica do continente
Joan Canela i Barrull
http://www.rebelion.org/noticia.php?id= ... a-la-geopo
“Una empresa China construirá el tercer puente de Bamako”, “Se inaugura el Fondo China-África de Desarrollo con 5.000 millones de dólares” o “Dos heridos por la policía durante la huelga en una empresa china”. Titulares como estos se pueden leer a diario en los periódicos africanos. Y es que el continente se encuentra sumido en una verdadera “fiebre amarilla”, en la que todas las esperanzas y todos los miedos parecen provenir del lejano oriente.
Pero no es para menos. En 2007 el gigante asiático invirtió 4.500 millones de dólares en infraestructura en África, más que todos los países del G8 juntos, y el comercio bilateral entre ambas regiones aumenta a un ritmo vertiginoso año tras año -entre un 30 y un 50%- hasta superar los 80.000 millones de euros el 2008. Y para poner solo otro ejemplo: el número de empresas chinas presentes en el continente se ha doblado solo en los dos últimos años y ya suman dos millares.
Además, no solo se trata de un crecimiento cuantitativo, sino también cualitativo, como destaca Ryaan Meyer, director del Proyecto China y África del Instituto Sudafricano de Relaciones Internacionales, “los bancos chinos se han centrado hasta ahora en financiar proyectos energéticos, infraestructuras y recursos primarios, pero estoy seguro que se moverán hacia otras áreas como la agricultura o la banca comercial”.
Y con la crisis financiera internacional -de la que China parece quedar un poco resguardada- “este proceso aún puede acelerarse más”, opina Jing Gu, investigadora de la Universidad de Sussex, pues “las inversiones europeas y norteamericanas se están retrayendo hacia sus países de origen”. A este paso China superará en pocos años a los países occidentales como primer socio económico en la mayoría de países africanos.
Conflicto de intereses
Pero la influencia China en el sur del Sahara no es solo comercial. También crecen los proyectos de cooperación, los intercambios culturales, la presencia militar y la influencia política. Sobre todo está última -recientemente ejemplarizada con la negativa de Sudáfrica de permitir la entrada del Dalai Lama en su territorio- empieza a crear tensiones entre China y los países occidentales, con EEUU a la cabeza.
Solo a la luz de esta competencia entre potencias -una suerte de “nueva guerra fría” en palabras del periodista estadounidense William Engdahl- pueden entenderse conflictos “locales” como el sudanés, el zimbabwense o la prolongada y sangrienta guerra del este del Congo, que ha costado más de cinco millones de víctimas mortales.
“China ofrece una alternativa política, económica y en seguridad a Occidente para muchos países africanos -explica el analista David Shinn- sobretodo para regímenes condenados al ostracismo como el de Sudán o Zimbabwe”.
Así, a diferencia de EEUU y la Unión Europea que condenan embargan ciertos países no democráticos -aunque no todos- China simplemente establece un “poder suave” -en la expresión del investigador Stephen Marks- en el que no excluye a nadie. Con una excepción: los países que reconocen Taiwán.
¿Beneficio o riesgo?
Pero la influencia China en África ¿puede ayudar al desarrollo del continente olvidado? En este punto los analistas divergen totalmente. Así, la investigadora del Grupo de Estudios Africanos Iraxis Bello destaca que “el crecimiento africano del 7% de los últimos años hubiera sido imposible sin la ayuda china” y que ahora “los africanos cuentan con nuevas infraestructuras imprescindibles como carreteras, aeropuertos o hospitales”. Mientras Stephen Muyakwa, economista y presidente de la Red Comercial de la Sociedad Civil de Zambia, advierte del “peligro del crédito barato y sin condiciones chino” que, a su parecer, puede “generar una nueva burbuja de deuda externa” y “más corrupción”.
Aún así, el hecho que los países africanos tengan una alternativa al comercio único con los países occidentales, sea China, India o Brasil, es visto como “una oportunidad” por los economistas. “Si al final este comercio resulta positivo o no dependerá de como lo aprovechen los africanos”, sentencia William Engdahl.
El FMI bloquea el acuerdo minero más caro de la historia de África
¿Puede África utilizar su potencial minero para asegurar su desarrollo? Vista la historia del primer medio siglo de independencia la respuesta sería “no”. Pero las cosas podrían cambiar. O al menos esto se deduce del que es hasta la fecha el acuerdo de desarrollo minero más caro de la historia del continente, mediante el cual dos empresas chinas se comprometen a invertir 6.600 millones de euros en Congo a cambio de los derechos de explotación de ricos yacimientos de cobre y cobalto.
La inversión no solo será en infraestructura industrial, sino que incluye la construcción de carreteras, escuelas y hospitales directamente y sin pasar por la gestión del gobierno congolés.
¿Es este trato aceptable? Es una cuestión difícil. El abogado y activista por los derechos humanos congolés Laurent Okitonembo no duda en calificar el contrato de “leonino” y destaca la incongruencia que se denuncie “la rapiña de empresas occidentales mientras se les permite a las chinas hacer lo mismo”.
De la misma opinión es el FMI, que ha congelado una condonación de deuda de miles de millones hasta que no se revise el “injusto” contrato minero. Está decisión ha causado estupor y malestar en el gobierno de Kinshasa, donde recuerdan que esta deuda fue contraída por el dictador Mobutu Sese Seko sin que el FMI le pidiera ninguna cuenta sobre su uso. “Es fácil entender los chinos cuando le dicen a los occidentales 'ustedes han estado ahí durante 50 años y ¿que han hecho? Ni tan siquiera hay una carretera entre Kinshasa y Goma” declaraba recientemente un alto cargo congoleño al Financial Times.
http://www.casadasafricas.org.br/
A extensão das atividades chinesas na África muda a geopolítica do continente
Joan Canela i Barrull
http://www.rebelion.org/noticia.php?id= ... a-la-geopo
“Una empresa China construirá el tercer puente de Bamako”, “Se inaugura el Fondo China-África de Desarrollo con 5.000 millones de dólares” o “Dos heridos por la policía durante la huelga en una empresa china”. Titulares como estos se pueden leer a diario en los periódicos africanos. Y es que el continente se encuentra sumido en una verdadera “fiebre amarilla”, en la que todas las esperanzas y todos los miedos parecen provenir del lejano oriente.
Pero no es para menos. En 2007 el gigante asiático invirtió 4.500 millones de dólares en infraestructura en África, más que todos los países del G8 juntos, y el comercio bilateral entre ambas regiones aumenta a un ritmo vertiginoso año tras año -entre un 30 y un 50%- hasta superar los 80.000 millones de euros el 2008. Y para poner solo otro ejemplo: el número de empresas chinas presentes en el continente se ha doblado solo en los dos últimos años y ya suman dos millares.
Además, no solo se trata de un crecimiento cuantitativo, sino también cualitativo, como destaca Ryaan Meyer, director del Proyecto China y África del Instituto Sudafricano de Relaciones Internacionales, “los bancos chinos se han centrado hasta ahora en financiar proyectos energéticos, infraestructuras y recursos primarios, pero estoy seguro que se moverán hacia otras áreas como la agricultura o la banca comercial”.
Y con la crisis financiera internacional -de la que China parece quedar un poco resguardada- “este proceso aún puede acelerarse más”, opina Jing Gu, investigadora de la Universidad de Sussex, pues “las inversiones europeas y norteamericanas se están retrayendo hacia sus países de origen”. A este paso China superará en pocos años a los países occidentales como primer socio económico en la mayoría de países africanos.
Conflicto de intereses
Pero la influencia China en el sur del Sahara no es solo comercial. También crecen los proyectos de cooperación, los intercambios culturales, la presencia militar y la influencia política. Sobre todo está última -recientemente ejemplarizada con la negativa de Sudáfrica de permitir la entrada del Dalai Lama en su territorio- empieza a crear tensiones entre China y los países occidentales, con EEUU a la cabeza.
Solo a la luz de esta competencia entre potencias -una suerte de “nueva guerra fría” en palabras del periodista estadounidense William Engdahl- pueden entenderse conflictos “locales” como el sudanés, el zimbabwense o la prolongada y sangrienta guerra del este del Congo, que ha costado más de cinco millones de víctimas mortales.
“China ofrece una alternativa política, económica y en seguridad a Occidente para muchos países africanos -explica el analista David Shinn- sobretodo para regímenes condenados al ostracismo como el de Sudán o Zimbabwe”.
Así, a diferencia de EEUU y la Unión Europea que condenan embargan ciertos países no democráticos -aunque no todos- China simplemente establece un “poder suave” -en la expresión del investigador Stephen Marks- en el que no excluye a nadie. Con una excepción: los países que reconocen Taiwán.
¿Beneficio o riesgo?
Pero la influencia China en África ¿puede ayudar al desarrollo del continente olvidado? En este punto los analistas divergen totalmente. Así, la investigadora del Grupo de Estudios Africanos Iraxis Bello destaca que “el crecimiento africano del 7% de los últimos años hubiera sido imposible sin la ayuda china” y que ahora “los africanos cuentan con nuevas infraestructuras imprescindibles como carreteras, aeropuertos o hospitales”. Mientras Stephen Muyakwa, economista y presidente de la Red Comercial de la Sociedad Civil de Zambia, advierte del “peligro del crédito barato y sin condiciones chino” que, a su parecer, puede “generar una nueva burbuja de deuda externa” y “más corrupción”.
Aún así, el hecho que los países africanos tengan una alternativa al comercio único con los países occidentales, sea China, India o Brasil, es visto como “una oportunidad” por los economistas. “Si al final este comercio resulta positivo o no dependerá de como lo aprovechen los africanos”, sentencia William Engdahl.
El FMI bloquea el acuerdo minero más caro de la historia de África
¿Puede África utilizar su potencial minero para asegurar su desarrollo? Vista la historia del primer medio siglo de independencia la respuesta sería “no”. Pero las cosas podrían cambiar. O al menos esto se deduce del que es hasta la fecha el acuerdo de desarrollo minero más caro de la historia del continente, mediante el cual dos empresas chinas se comprometen a invertir 6.600 millones de euros en Congo a cambio de los derechos de explotación de ricos yacimientos de cobre y cobalto.
La inversión no solo será en infraestructura industrial, sino que incluye la construcción de carreteras, escuelas y hospitales directamente y sin pasar por la gestión del gobierno congolés.
¿Es este trato aceptable? Es una cuestión difícil. El abogado y activista por los derechos humanos congolés Laurent Okitonembo no duda en calificar el contrato de “leonino” y destaca la incongruencia que se denuncie “la rapiña de empresas occidentales mientras se les permite a las chinas hacer lo mismo”.
De la misma opinión es el FMI, que ha congelado una condonación de deuda de miles de millones hasta que no se revise el “injusto” contrato minero. Está decisión ha causado estupor y malestar en el gobierno de Kinshasa, donde recuerdan que esta deuda fue contraída por el dictador Mobutu Sese Seko sin que el FMI le pidiera ninguna cuenta sobre su uso. “Es fácil entender los chinos cuando le dicen a los occidentales 'ustedes han estado ahí durante 50 años y ¿que han hecho? Ni tan siquiera hay una carretera entre Kinshasa y Goma” declaraba recientemente un alto cargo congoleño al Financial Times.
http://www.casadasafricas.org.br/