GEOPOLÍTICA

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Re: GEOPOLÍTICA

#571 Mensagem por ciclope » Dom Mai 31, 2009 4:17 pm

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Túlio
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Re: GEOPOLÍTICA

#572 Mensagem por Túlio » Seg Jun 01, 2009 12:35 am

Texto ESPETACULAR sobre a ação geopolítica do Brasil nas úlltimas décadas. Uma lasquinha, para curtirem:

Mesmo assim, como Vizentini (2006) e Lima (2005) destacam, o espaço de ação brasileiro vem crescendo gradualmente, e em mais intensidade do que no eixo Norte, o que se revela também na análise de Celso Amorim,

Pegue um economista como o Albert Fishlow (da Columbia University). Em entrevista recente ele disse que o desenvolvimento dessas relações Sul-Sul é uma das razões pelas quais o Brasil encontra-se menos vulnerável aos problemas na economia americana. Fishlow sempre defendeu a ALCA no lugar de nossas iniciativas com a China, a África, os países árabes e sobretudo com a própria América do Sul. Quando ele fala agora sobre o Brasil e a crise americana, não há a menor dúvida que optamos pelo caminho certo. Ao criarmos o G-20 acabamos por extrapolar o âmbito da Organização Mundial de Comércio (OMC). Isso nos valeu uma credibilidade enorme com os países em desenvolvimento que acaba enfim se refletindo no clima dos negócios. Entre 2003 e 2007 num contexto em que as relações comerciais do Brasil cresceram como nunca, a participação dos países em desenvolvimento no montante de nossas exportações que era de 45%, trocou de posição com a dois países desenvolvidos que correspondia a 55%. Hoje é exatamente o contrário, o que nos deu um colchão para enfrentar a crise. A maioria dos economistas está dizendo agora que a esperança de crescimento do mundo reside nos países emergentes (...) Nós tivemos a intuição- ou percepção- disso antes das coisas acontecerem. (Entrevista de AMORIM a PAIVA, 2008, J5)
Complementando este eixo horizontal com elevado grau de prioridade e como uma plataforma de relacionamento entre o Brasil, seus parceiros e o restante do mundo encontram-se os projetos de integração sul-americana. Desde os anos 1970, esta política sul-americana assumiu status de prioridade "primeira". Além das questões comerciais, iniciativas como a ALCSA, IIRSA, Casa e Unasul, possuem uma dimensão política e estratégica que visa estabelecer laços que ultrapassem a livre troca de mercadorias, concentrando-se na complementaridade das economias, sua identidade cultural e problemas sociais comuns, associando a somatória de vantagens estratégicas comparativas nos setores energético, de infra-estrutura e produção de bens (industrias, agrícolas e matérias primas)21. A ampliação dos contatos extra-regionais, capitaneados pela diplomacia brasileira simbolizados no Ibas e a Cúpula dos Países Árabes e Sul-Americanos fazem parte desta agenda. Contudo, estas propostas de unidade não eliminam a existência de projetos concorrentes ao brasileiro como os apresentados pelos EUA ou Venezuela.

O outro eixo que recebe atenção é o vertical, representado pelos tradicionais intercâmbios com países do Primeiro Mundo, EUA, nações da União Européia e Japão. Tais intercâmbios correspondem a temas econômicos, estratégicos e políticos, amparados por uma clara percepção das assimetrias de poder, potenciais e obstáculos destas relações. Consideradas as três áreas de oportunidade, os EUA mantém-se a principal e nosso mais importante parceiro individual. Avaliando com distanciamento a última década das relações bilaterais Brasil-EUA não existiram rupturas profundas. Se houve quebra, esta foi no debate doméstico e não entre interlocutores brasileiros e estadunidenses.
O texto todo está em

http://www.scielo.br/scielo.php?script= ... so&tlng=pt


(((Tem muito mais kôza buena lá...)))




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Re: GEOPOLÍTICA

#573 Mensagem por Bolovo » Seg Jun 01, 2009 12:46 am

Caramba, é a mesma coisa que meu professor de Regionalização diz. Tão parecido que enquanto lia, imaginava ele falando isso, que bizarro! [085]

Pra confirmar...

Textos em jornais de notícias/revistas
1. MARTIN, A. R. . A diplomacia Sul-Sul tem dado resultado? Sim. O Estado de São Paulo, São Paulo, p. A-8 - A-8, 15 out. 2007.



Alias, prêmio que esse meu professor tem...

Prêmios e títulos
2001 Oficial da Ordem do Rio Branco, ITAMARATI.


http://lattes.cnpq.br/2259747221236044


[009]




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Re: GEOPOLÍTICA

#574 Mensagem por Enlil » Seg Jun 01, 2009 3:20 am

É, e tem gente q acha(va) q devemos(íamos) priorizar as relações com os EUA, Grã-Bretanha e União Européia... ou seja, estaríamos no olho do furação...




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Re: GEOPOLÍTICA

#575 Mensagem por FOXTROT » Seg Jun 01, 2009 10:02 am

terra.com.br

Deputados jordanianos pedem revogação do tratado de paz com Israel

Dez deputados jordanianos governistas apresentaram um projeto de lei para pedir a revogação do tratado de paz com Israel assinado em 1994, informaram hoje fontes parlamentares do país árabe.
Esta proposta é o "ponto alto" de uma série de reações que começaram na semana passada, quando se discutia no Parlamento israelense uma proposta alternativa à criação de um Estado palestino.

Essa iniciativa, com o título de "dois Estados para dois povos nos dois lados do Rio Jordão", foi levada ao Knesset (Parlamento israelense) no mês passado pelo deputado ultradireitista Arieh Eldad, do partido União Nacional, e pedia que o Estado palestino fosse formado na Jordânia.

"A proposta israelense viola o artigo IV do tratado de paz que obriga os signatários a respeitar a soberania, independência e integridade territorial do outro", segundo o preâmbulo do projeto de lei apresentado hoje.

A proposta israelense é contra a solução que inclui a criação de um Estado palestino que coexista pacificamente com o israelense, solução que conta com o apoio da maioria dos países árabes e das potências ocidentais.

Os legisladores jordanianos pediram que seja dado urgência ao trâmite de seu projeto de lei, mas fontes parlamentares duvidam que isso seja possível, já que a Câmara baixa jordaniana está a ponto de entrar em seu período de férias.




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Re: GEOPOLÍTICA

#576 Mensagem por Marino » Seg Jun 01, 2009 10:25 am

Valor:
Preocupações com a Argentina


Sergio Leo
repórter especial e escreve às segundas-feiras

A Argentina ainda tem escritores fundamentais, como Roberto Arlt, pouco conhecidos do público brasileiro, que, um dia, quem sabe, ouvirá esse nome com a familiaridade com que escuta referências a autores como Lima Barreto. Até lá, a maior aproximação cultural entre os dois países vem se dando mesmo no pragmático terreno do turismo: nos últimos dias, frios e chuvosos, em Buenos Aires, o português é língua franca nas ruas e nos shopping centers. Para os argentinos, essa invasão de turistas, que espalha multidões em lugares como o Shopping Pacífico e a rua Florida, mostra como o mercado de câmbio anda favorável ao real.

Notável, também, é a maneira elogiosa, misto de admiração e uma ponta de inveja, com que jornalistas e acadêmicos argentinos falam do Brasil e da política brasileira. Vista de fora, das margens do rio da Prata, a independência de poderes brasileira é louvada e derramam-se adjetivos de aprovação à estabilidade econômica obtida pelo governo. Até os políticos ganham uma aura distinta. Na semana passada, em seminário promovido pela Universidade Tres de Febrero sobre as relações bilaterais, um jornalista do diário "La Nacion" lembrava à plateia, encantado, que a quantidade de votos recebida por Aloyzio Mercadante para o Senado seria o bastante para elegê-lo presidente de qualquer república sul-americana. Menos o Brasil, claro.

Há uma sensível simpatia com o Brasil em Buenos Aires - onde se recebe com perplexidade as reclamações de brasileiros contra as mazelas do Brasil e do governo em Brasília. Em breve se completarão trinta anos do processo de aproximação e superação de desconfianças entre os dois países, iniciado nos últimos anos de governo MILITAR no Brasil, com o acordo para eliminar as disputas que travavam a construção da hidrelétrica de Itapu. Aparentemente, porém, os dois países vivem uma nova etapa no relacionamento, a de construção de novas desconfianças.

Não há mais medo na Argentina de que um dia o Brasil possa abrir as comportas de Itapu e inundar parte do país; nem existem programas nucleares ou MILITARes nos dois países que apontem o outro como inimigo em potencial - pelo contrário, há acordos de cooperação nas duas áreas, e até conversas avançadas para uma polícia comum. A desconfiança viceja, porém, quando se conversa com empresários dos dois países. O estilo Kirchner, duro e centralizador nas controvérsias com o setor privado, intimida empresas brasileiras e desencoraja queixas públicas sobre problemas na Argentina, como dificuldades com o fisco e com as alfândegas.

É grande a lista de queixas do setor privado brasileiro contra a Argentina, a começar pelas barreiras de entrada ao mercado local - em detrimento de concorrentes como a China, que ganha espaço na maioria dos setores antes dominados pelos brasileiros. Embora a conjuntura mundial não seja favorável a acordos de abertura de comércio, empresários apontam a Argentina e sua política protecionista como um obstáculo a qualquer tentativa de retomada de negociações de acordos comerciais, como o tentado pela União Europeia. É recente a lembrança da recusa argentina em acompanhar o Brasil nas propostas para destravar as negociações na Organização Mundial de Comércio (OMC).

Esperava-se que a substituição de Néstor Kirchner por Cristina inaugurasse uma nova fase na política externa do vizinho, com maior abertura para acordos e maior interesse em iniciativas multilaterais para os problemas do país e da região. Essa expectativa frustrou-se, e a política externa argentina ainda é mais um reflexo das circunstâncias e conveniências da política interna. O Palácio San Martín, que sedia a diplomacia argentina, atua sob severa vigilância da Casa Rosada, que considera excessivas algumas concessões retóricas feitas nas discussões com o Brasil.

O processo de criação de desconfianças entre Brasil e Argentina tem forte componente de política interna. Ela captura as atenções do Executivo local, e costuma obrigá-lo a endurecer nas disputas externas, de olho no efeito delas sobre a composição de forças na política local. Com a aproximação de disputadas eleições para o Legislativo, que podem deixar em minoria o grupo dos Kirchner, aumenta o potencial de problemas internos para o atual governo, com reflexos negativos para sua política externa. A possível derrota dos Kirchner dificultará as ações do governo, ou criará um grave impasse político na Argentina; e muitos analistas preveem, em consequência, abalos na política cambial, com previsível corrida à compra de dólares e novas quedas na cotação do peso. Já são públicas as pressões, especialmente da União Industrial Argentina, para que o governo deixe de lado a política do Banco Central de defesa da moeda e apresse a desvalorização.

As dificuldades políticas e a desvalorização do peso podem contribuir para que a Argentina perca ainda mais importância na balança comercial brasileira. No primeiro quadrimestre de 2009, já foi bem forte a queda da Argentina no ranking de parceiros comerciais, onde a China escalou posições e ocupou o posto de maior comprador de produtos brasileiros. Os argentinos, que absorviam 10% das vendas brasileiras entre janeiro e abril de 2008, agora demandam cerca de 7% (menos que isso, em abril). A China, que era 6,5% do mercado para exportações brasileiras, hoje representa 13%.

Decresce a importância argentina para os planos dos exportadores brasileiros. Eles ainda têm no vizinho seu maior mercado para produtos como automóveis, partes e peças, mas cada vez menos. Os movimentos de arrumação na indústria automobilística multinacional trazem também riscos de gerar atritos bilaterais, caso, nos novos planos das montadoras, haja a decisão de fechar ou redimensionar fábricas na Argentina para concentrar-se no maior mercado da região.

Há discordâncias argentinas interessantes e instrutivas, como a divergência, no passado, entre grupos literários afiliados a Roberto Arlt e a Jorge Luis Borges. Mas os brasileiros podem se ver falando em breve sobre outro tipo, mais árido e desagradável de conflito, no que diz respeito ao país vizinho.




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Re: GEOPOLÍTICA

#577 Mensagem por FOXTROT » Seg Jun 01, 2009 2:45 pm

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Jordânia e Egito buscam unificar postura árabe diante da visita de Obama

A Jordânia e o Egito analisaram hoje a forma de alcançar uma "postura árabe unificada" a respeito do conflito no Oriente Médio, diante da visita em breve ao Cairo do presidente americano, Barack Obama, segundo fontes oficiais.
Com este objetivo, o ministro de Assuntos Exteriores egípcio, Ahmed Aboul Gheit, reuniu-se em Amã com o rei Abdullah II da Jordânia e com o primeiro-ministro jordaniano, Nader al-Dahabi.

Em comunicado oficial, foi informado que as conversas se concentraram na "necessidade de definir uma postura árabe unificada na próxima etapa, na qual deve haver uma intensa atividade diplomática" com os Estados Unidos.

Estas maiores relações terão o objetivo de impulsionar o reinício das negociações entre Israel e os palestinos, para chegar a uma solução baseada na criação de dois Estados, acrescentou o texto.

A nota faz especial referência à visita de Obama no próximo dia 4 ao Cairo, de onde fará um discurso ao mundo muçulmano.

Dahabi e Gheit destacaram a necessidade de "fazer frente às tentativas de algumas partes de prejudicar todos os progressos para uma solução definitiva ao conflito árabe-israelense", acrescentou o comunicado.

Esta solução deveria garantir, segundo a fonte, "a criação de um Estado palestino independente, com Jerusalém como capital, e a saída de Israel dos territórios árabes ocupados".

Durante sua reunião, Dahabi e Gheit falaram também sobre o Governo israelense do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que até agora rejeitou a fórmula de dois Estados e, no lugar, ofereceu aos palestinos uma "paz econômica".

Netanyahu reiterou hoje sua rejeição à demanda de Obama para que se freie a expansão dos assentamentos judaicos na Cisjordânia, como primeiro passo para que sejam retomadas as conversas de paz.




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Re: GEOPOLÍTICA

#578 Mensagem por FOXTROT » Seg Jun 01, 2009 5:32 pm

terra.com.br

Irã nega plano de atacar embaixada de Israel no Azerbaijão

Um responsável iraniano qualificou de "falsas" notícias recentes publicadas na imprensa americana que afirmavam que o Irã, em colaboração com o grupo xiita libanês Hezbollah, planejava cometer um atentado contra a embaixada de Israel no Azerbaijão.

Em entrevista à agência de notícias Isna, a fonte, que não foi identificada, ressaltou que se trata de "uma invenção carente de fundamento" e que Teerã jamais criaria esse problema a Baku.

Dias atrás, o jornal americano Los Angeles Times afirmou que, em 2008, a Polícia azerbaijana deteve dois membros de Hezbollah que tentavam conseguir três ou quatro automóveis par transformá-los em carro-bomba e cometer atentados contra a embaixada de Israel.

A publicação, que citava fontes de segurança, informou que a ação seria uma vingança pela morte do ex-chefe militar do grupo, Imad Mugniyah, ASSASSINADO PELOS SERVIÇOS SECRETOS ISRAELENSES. (grifei)




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Re: GEOPOLÍTICA

#579 Mensagem por Marino » Qua Jun 03, 2009 11:03 am

VALOR ECONÔMICO – 03/06/09
Pré-sal: oportunidade ou ameaça para a civilização brasileira?



O pré-sal ocupa uma área correspondente a 800 km de extensão por 200 km. É uma reserva de cerca de 90 bilhões de barris de petróleo leve, o que situa o Brasil com a provável quarta reserva mundial. Na década de 70, havia suspeita geológica. A descoberta com procedimentos de sondagem aperfeiçoados pela Petrobras, foram abertos 11 poços e todos chegaram ao petróleo do pré-sal. O primeiro custou US$ 260 milhões; hoje, se reduziu a US$ 60 milhões. Com barril acima de US$ 50, há economicidade na produção de petróleo do pré-sal.



O Brasil, em 2008, exportou 36,9% de produtos básicos e 13,7% de semimanufaturados, enquadrando-se como um país exportador de commodities. Alguém diria, entusiasmado: "O Brasil agora será um importante exportador de petróleo". Espero que isto não aconteça. Sou favorável a que o Brasil amplie continuamente sua receita de exportações, porém preferencialmente com semimanufaturados - melhor exportar diesel que petróleo - ou com manufaturados. Certamente o Brasil continuará sendo exportador de commodities. A soja em grão é um produto agropecuário no âmbito do estabelecimento agrícola; para ser produzida necessita fertilizantes e combustível para as máquinas agrícolas, ou seja, produtos de petróleo. O caminhão de transporte ao porto utiliza combustível derivado de petróleo, sendo ele mesmo composto com diversas peças - pneus, plásticos - diretamente produzidas a partir de petróleo. A soja em grão exportada "leva ao exterior" o petróleo utilizado ao longo de sua cadeia produtiva. Isto é verdadeiro para todos os produtos exportáveis. É sempre preferível, para a geração de emprego e renda no Brasil, dispor da economia de petróleo a serviço da exportação e da produção para o mercado interno.



A Indonésia foi membro da Opep, exportou a US$ 2 o barril; com o esgotamento de seus campos, passou a importá-lo, em julho de 2008, a US$ 147 dólares o barril. O México viu ¾ de suas reservas de petróleo desaparecerem, após a renegociação de sua dívida externa. Houve a exploração predatória dessas reservas e o México corre o risco de se transformar em importador de óleo. O país era autossuficiente em milho, mas viciou em importá-lo, pois dispunha de dólares gerados pelo petróleo. Os mexicanos desempregados migraram em massa, pelo Rio Grande, para os EUA. A Holanda atrofiou e deslocou suas bases industriais ao se converter em exportador de petróleo. Especialistas chamam este fenômeno de "doença holandesa". A "doença" atingiu a Grã Bretanha, cujo pico de descobertas de petróleo em campos no Mar do Norte foi em 1970. Os neoliberais ingleses exportaram petróleo a preços baixos e agora enfrentam importações crescentes a altos preços.



Petróleo não é commodity. Pode vir a ser a base adequada para o desenvolvimento das forças produtivas do país beneficiário dos depósitos. A enorme disponibilidade e o baixo custo de extração de seu petróleo no passado permitiram aos EUA construir sua economia. Optaram por desenvolver um sistema apoiado no mercado interno; plasmaram uma civilização viciada no hiperconsumo de petróleo e se converteram progressivamente em país importador. A hiperadicção por petróleo levou os EUA a brutal redução de suas reservas, hoje em 29 bilhões de barris e consumo de 10 bilhões por ano. Apesar do passado exportador, hoje importa 70% do petróleo que consome. É fácil entender porque, como superpotência militar, já invadiu duas vezes o Iraque - 3ª reserva mundial - e não há sinal de recuo de sua presença na área, apesar da rotação presidencial.



Collin Campbell, sumidade em geologia, fala do pico petrolífero, que seria um ponto de viragem para a espécie humana: "A atual produção de petróleo suporta 6,7 bilhões de pessoas e, mesmo mantendo as atuais distâncias de padrões de vida, em 2050 poderá suportar, na melhor das hipóteses, 2,5 bilhões de pessoas". A Agência Internacional de Energia reconheceu que o pico petrolífero acontecerá por volta de 2010 e lança o slogan: "Vamos deixar o petróleo antes que ele nos deixe". O petróleo é precioso pois, além dos combustíveis não-renováveis, é matéria-prima para 3 mil subprodutos.



O Brasil não deve ser exportador nem bebedor compulsivo de petróleo. Temos uma excepcional matriz energética, pois a contribuição de energia renovável é próxima a 50% de nosso consumo energético total. No mundo, a renovabilidade é de 10%; na OCDE, de 6%. Mas a disponibilidade de energia por brasileiro é inferior à média mundial e menos de ¼ dos países-líderes. Temos que ampliar a disponibilidade por brasileiro sem perder a ótima característica de nossa matriz. É inquietante apostar em termoeletricidade, quando dispomos de um enorme potencial hidrelétrico a desenvolver. O pré-sal não pode nos condenar a sermos Indonésia, México ou Iraque; tampouco devemos nos converter em bebedor alucinado de petróleo, como os EUA.



O Brasil pode reduzir a participação proporcional de petróleo na matriz logística, pois transportamos pela modalidade rodoviária a maioria de cargas e praticamente quase todo o deslocamento de pessoas nos perímetros urbanos e metropolitanos. O custo de transporte no Brasil é equivalente a 13% do PIB, em contraste com os 8,2% dos EUA (2004). É um veneno econômico usar caminhão para longa distância e um veneno social congestionar o trânsito nas cidades. É vital e estratégico reformar a matriz de transporte brasileira, aumentando rapidamente a contribuição ferro e aquaviária. A transformação da infraestrutura logística nacional permitiria reduzir custos gerais e elevar a produtividade em todas as atividades. Teria o mérito de reduzir o preço de bens e serviços no abastecimento de uma população que hoje é 80% urbana.



Os EUA necessitam de uma revolução tecnológica energética que lhes permita reduzir substantivamente sua dependência de petróleo, apesar de comandarem o sistema financeiro mundial com o dólar - que sem base metálica é a moeda de circulação global e precificadora dos ativos do mundo. Através dos títulos do Tesouro americano e da taxa de juros do Fed, os EUA conseguem ser o único país devedor que determina o valor de sua dívida. Porém, terão que modificar radicalmente sua estrutura de produção e os hábitos de sua população.



Enquanto isto, o Brasil pode dar um salto para frente, apoiado no pré-sal e na disponibilidade de novas hidrelétricas, simultaneamente à ampliação acelerada da navegação de cabotagem e fluvial, à instalação dos troncos ferroviários que integrem todo o território nacional e à massificação do transporte urbano sobre trilhos (metrô e ferrovia). A rodovia deveria ser apenas a alimentadora dos troncos de outras modalidades. O Brasil é o país-baleia que pode fazer uma revolução tecnológica a partir de tecnologias abertas e dominadas pela engenharia e pela indústria, sem ter a necessidade de sucatear e gerar obsolescência na nossa base produtiva. Melhor do que reservas internacionais em dólar é ter petróleo estocado em seus depósitos naturais. O




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Re: GEOPOLÍTICA

#580 Mensagem por Carlos Mathias » Qua Jun 03, 2009 2:25 pm

Excelente texto esse sobre o petróleo. Pode ser uma maldição mesmo, ou a redenção.




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Re: GEOPOLÍTICA

#581 Mensagem por ciclope » Qua Jun 03, 2009 2:39 pm

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Re: GEOPOLÍTICA

#582 Mensagem por Túlio » Qua Jun 03, 2009 3:45 pm

Pela segunda vez consecutiva neste tópico te expressas de modo tão 'eloqüente', Ciclope: poderias explicar melhor a pobres incultos como nós o que achas de tão enfadonho no que postamos?




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Re: GEOPOLÍTICA

#583 Mensagem por ciclope » Qua Jun 03, 2009 4:13 pm

Peço desculpas Túlio, não foi minha intenção.
Sem querer postei o smilie errado, pois estava com um pouco de pressa.
Errei na colocação do smilie errado no tópico errado também, fruto de se ler varias janelas abertas ao mesmo tempo dispondo de pouco tempo.
O que eu queria comentar sobre o tema é que estou certo que o petróleo será a redenção para o Brasil pois ao contrário dos demais países que exploram esse recurso natural estratégico. O Brasil não depende dele exclusivamente como fonte de recursos, por tanto não estamos ou estaremos tão suscetíveis as variações políticas e econômicas relacionadas ao petróleo.
Novamente peço desculpas pelo meu erro.




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Re: GEOPOLÍTICA

#584 Mensagem por Sterrius » Qua Jun 03, 2009 4:33 pm

Meu maior medo com o pretroleo não é o de ele fragilizar ou não a economia brasileira, que é muito diversificada para ficar apenas nisso.

O meu e a discussão atual por sinal é justamente sobre as regras que regem as nossas reservas estrategias e como isso sera feito no pré-sal.

È fato que não podemos vender o pré-sal como se fosse algo que vai estar pra sempre ali. Mas também não adianta deixarmos ele la embaixo intocavel sem gerar riqueza.

Tem que existir um equilibrio entre a prospecção e a manutenção. E essa discussão vai ser pesada em 2010.




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Re: GEOPOLÍTICA

#585 Mensagem por Wolfgang » Qua Jun 03, 2009 4:40 pm

FOXTROT escreveu:terra.com.br
Jordânia e Egito buscam unificar postura árabe diante da visita de Obama

A Jordânia e o Egito analisaram hoje a forma de alcançar uma "postura árabe unificada" a respeito do conflito no Oriente Médio, diante da visita em breve ao Cairo do presidente americano, Barack Obama, segundo fontes oficiais.
Com este objetivo, o ministro de Assuntos Exteriores egípcio, Ahmed Aboul Gheit, reuniu-se em Amã com o rei Abdullah II da Jordânia e com o primeiro-ministro jordaniano, Nader al-Dahabi.

Em comunicado oficial, foi informado que as conversas se concentraram na "necessidade de definir uma postura árabe unificada na próxima etapa, na qual deve haver uma intensa atividade diplomática" com os Estados Unidos.

Estas maiores relações terão o objetivo de impulsionar o reinício das negociações entre Israel e os palestinos, para chegar a uma solução baseada na criação de dois Estados, acrescentou o texto.

A nota faz especial referência à visita de Obama no próximo dia 4 ao Cairo, de onde fará um discurso ao mundo muçulmano.

Dahabi e Gheit destacaram a necessidade de "fazer frente às tentativas de algumas partes de prejudicar todos os progressos para uma solução definitiva ao conflito árabe-israelense", acrescentou o comunicado.

Esta solução deveria garantir, segundo a fonte, "a criação de um Estado palestino independente, com Jerusalém como capital, e a saída de Israel dos territórios árabes ocupados". :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: Sonha, cambada, sonha...

Durante sua reunião, Dahabi e Gheit falaram também sobre o Governo israelense do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que até agora rejeitou a fórmula de dois Estados e, no lugar, ofereceu aos palestinos uma "paz econômica".

Netanyahu reiterou hoje sua rejeição à demanda de Obama para que se freie a expansão dos assentamentos judaicos na Cisjordânia, como primeiro passo para que sejam retomadas as conversas de paz.




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