GEOPOLÍTICA

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Re: GEOPOLÍTICA

#556 Mensagem por Enlil » Ter Mai 19, 2009 7:32 pm

Sterrius escreveu:Por sinal eu estou particurlamente preocupado com a Argentina ultimamente.

Ela aparenta estar chegando em outra crise. E como um dos principais importadores do Brasil é do mais alto interesse da gente que eles saiam dessa UTI e comecem a crescer também. (e potencial não falta).
Pois é, alguns parecem q torcem q sejamos uma potência cercada de miseráveis... Querem sempre o confronto, não a negociação; não podemos ir na onda dos nanicos, isso é discurso para a platéia interna, em todos os casos não obtiveram quase nada do Brasil, quem pode mais chora menos...

Fazer demonstração de força contra Bolívia ou Paraguai, por exemplo, (como foi defendido) seria atitude uma patética... típico de uma republiqueta de bananas genérica... temos q dar o exemplo se querer ser líderes...

Como nação aspirante a líder temos q auxiliar os nossos vizinhos desestruturados, senão no futuro poderemos ter q construir barreiras nos moldes americanos em nossas fronteiras...




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Re: GEOPOLÍTICA

#557 Mensagem por Marino » Qua Mai 20, 2009 8:59 am

Ajudar, cooperar, desenvolvimento conjunto, empréstimos pelo BNDES, é uma coisa. Concordo plenamente.
O que não concordo é sermos o GBO do bairro. Todo mundo pode tirar uma lasquinha que o GBO não reage.
Aí não.




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Re: GEOPOLÍTICA

#558 Mensagem por Enlil » Qua Mai 20, 2009 9:13 pm

Concordo. Só acho q a a situação nos países vizinhos é grave e complexa o q muitas vezes torna suas ações "passionais"... heranças das políticas da década de 90... Como aspirantes a líderes temos q nos diferenciar e agir com inteligência, não com passividade, jamais... O q quiz dizer é q eles podem fazer o discurso q quiserem para as platéias internas, só q é na mesa de negociação q se resolverão as diferenças. E até agora eles não conseguiram quase nada de nós... A Petrobrás foi pagou as refinarias com dinheiro e gás e continua operando com lucro na Bolívia e Itaipu não terá seu regime de royaltes alterado... Nossos superávit's com os vizinhos são records...




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Re: GEOPOLÍTICA

#559 Mensagem por FOXTROT » Seg Mai 25, 2009 1:27 pm

terra.com.br

Síria reitera que conversa com Israel só com devolução do Golã

O ministro de Assuntos Exteriores da Síria, Walid al-Moualem, assegurou hoje que seu país não voltará a negociar com Israel até que esteja claro que o Estado Judeu abrirá mão das Colinas do Golã, que ocupa desde 1967.
Em coletiva de imprensa após o encerramento do 36º Conselho de Ministros de Assuntos Exteriores da Organização da Conferência Islâmica (OCI), Moualem disse que a Síria não voltará a ter "conversas improdutivas" com Israel.

"Quando decidirmos fazê-lo, representará que faremos de acordo com as fórmulas e princípios reconhecidos internacionalmente, sobre a base da liberação total do Golã até a fronteira de 4 de junho de 1967".

Nesse ano, durante a Guerra dos Seis Dias, Israel ocupou as Colinas do Golã sírias, junto com a Península do Sinai egípcio, que mais tarde foi devolvida a Cairo, Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental.

Moualem fez essas declarações depois que na quarta-feira passada o porta-voz israelense Mark Regeb afirmou que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu estava preparado para iniciar conversas de paz com a Síria "imediatamente", sempre que não haja "condições prévias".

A Síria suspendeu de forma indefinida as negociações de paz indiretas que mantinha com Israel desde maio de 2008 pela ofensiva contra a Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, cujo líder máximo, Khaled Meshaal, vive exilado em Damasco.

Por outro lado, no comunicado final da reunião, os 57 países participantes do encontro da OCI, que durou três dias, denunciaram as práticas israelenses "desumanas" contra o povo palestino e apoiaram seu direito a estabelecer um Estado independente com Jerusalém como capital.




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Re: GEOPOLÍTICA

#560 Mensagem por felipexion » Seg Mai 25, 2009 2:18 pm

Devolução de Golã?
Para que? Colocar a artilharia Síria para bombardear os Kibutz como era feito na década de 60???




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Re: GEOPOLÍTICA

#561 Mensagem por FOXTROT » Seg Mai 25, 2009 2:24 pm

felipexion escreveu:Devolução de Golã?
Para que? Colocar a artilharia Síria para bombardear os Kibutz como era feito na década de 60???
Espero que devolvam Golã, pois esta é território Sírio e não deve continuar ocupado se Israel pretende a paz com os Árabes.




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Re: GEOPOLÍTICA

#562 Mensagem por usskelvin » Seg Mai 25, 2009 3:16 pm

FOXTROT escreveu:
felipexion escreveu:Devolução de Golã?
Para que? Colocar a artilharia Síria para bombardear os Kibutz como era feito na década de 60???
Espero que devolvam Golã, pois esta é território Sírio e não deve continuar ocupado se Israel pretende a paz com os Árabes.
Este território é tão sirio quanto o acre é boliviano.




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Re: GEOPOLÍTICA

#563 Mensagem por felipexion » Seg Mai 25, 2009 3:29 pm

usskelvin escreveu:
FOXTROT escreveu: Espero que devolvam Golã, pois esta é território Sírio e não deve continuar ocupado se Israel pretende a paz com os Árabes.
Este território é tão sirio quanto o acre é boliviano.
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Re: GEOPOLÍTICA

#564 Mensagem por GustavoB » Qua Mai 27, 2009 2:58 pm

Enquanto tem gente se borrando de medo da reação do Tio Sam por conta da aproximação com a Marinha da China, vamos ao mundo real:


As relações Brasil-China
Coluna Econômica - 27/05/2009
Afinal, qual será a estratégia brasileira para se aliar à nova superpotência que surge, a China.
Subsecretário do Itamarati para Ásia, África, Oceania e Oriente Médio, o diplomata Roberto Jaguaribe acumulou experiências também na área de tecnologia, como presidente do INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial).
Jaguaribe observa que não apenas no campo econômico se manifestará a crescente influência da China.
Também no campo político, o país terá cada vez mais relevância. A diplomacia chinesa tem se caracterizado por enorme pragmatismo e cautela nas afirmação políticas, a fim de minimizar antagonismos internacionais.
Só não abre mão do tema da integração nacional, onde entra Taiwan e o Tibet.

Uma aproximação com a China será muito positiva para o país em todas as dimensões, diz Jaguaribe. Na política, porque consolida um mundo multipolar. Na econômico-comercial, por colocar demandas adicionais para os produtos brasileiros. A China se tornou a maior responsável individual pela nova etapa de crescimento do mundo, pela geração de nova riqueza.
Finalmente, a China tornou-se um gigante financeiro, com reservas de US$ 2 trilhões, sem contar Hong Kong, e utilizando de forma muito conservadora esses recursos - que permitiram financiamento de US$ 10 bilhões para a Petrobrás e novas linhas para o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).

Jaguaribe considera que as supostas ameaças chinesas à industrialização brasileira são uma forma de transferir para fora um problema interno.
O Brasil tem economia grande, diversificada, fez processo de industrialização extremamente efetivo, que o transformou radicalmente no maior parque industrial do mundo em desenvolvimento, diz ele. Mas há a necessidade de trabalhar mais nessa área, melhorar mais a Por isso, sugere tratar a questão da competitividade como prioritária, mas sem misturar com o assunto China.

O potencial de colaboração entre os dois países está sendo trabalhado pela Comissão Sino-brasileira de Alto Nível de Concertação e Coordenação (Consban), presidida do lado brasileiro pelo vice-presidente José Alencar e, do lado chinês, pelo vice-primeiro-ministro, que coordenam vários grupos de trabalho.
Na área de energia, o memorando prevê a exploração conjunta de petróleo no país e o fornecimento preferencial de petróleo à China, com a contrapartida de um financiamento do Banco de Desenvolvimento da China. E também a promoção de investimentos chineses no Brasil, incluindo associações com empresas brasileiras, para fornecimento de serviços e mercadorias para o setor de petróleo.
Na área de ciência e tecnologia, a montagem de redes de pesquisas temáticas com pesquisadores de ambos os países, em campos como nanotecnologia, biomassa, biodiesel derivado de algas.

Há uma larga estrada a ser percorrida. Que o Brasil possa entrar com a mesma objetividade que caracteriza a China.

(Luis Nassif Online)




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Re: GEOPOLÍTICA

#565 Mensagem por Marino » Qua Mai 27, 2009 3:02 pm

Campos econômico, político, ciência/tecnologia... e o militar?
Um diplomata NUNCA vai citar este campo. Diplomata brasileiro, bem entendido.




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Re: GEOPOLÍTICA

#566 Mensagem por Paisano » Qua Mai 27, 2009 3:08 pm

felipexion escreveu:Devolução de Golã?
Para que? Colocar a artilharia Síria para bombardear os Kibutz como era feito na década de 60???
O que acontece, é que existe muita água nas colinas de Golã e esse é o busilis e não a artilharia Síria.




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Re: GEOPOLÍTICA

#567 Mensagem por Enlil » Qua Mai 27, 2009 5:38 pm

Exato, a nascente do Jordão q irriga os Kibutz e algumas cidades do norte de Israel está nas Colinas de Golã. O desviu dessa água pelos israelenses é o motivo pelo qual está secando o Mar Morto; o resultado é uma verdadeira tempestade de sal nas orla do Mar; adivinhem quem mora lá...

Obs.: o Acre foi fruto de uma negociação entre dois países, ou seja, não é uma ocupação de território alheio... e tem gente q não entende porque a Síria arma o Hezbolah...




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Re: GEOPOLÍTICA

#568 Mensagem por Marino » Sex Mai 29, 2009 8:52 am

Globo
COLUNA

Merval Pereira

Brics abrem o jogo



Do desarmamento nuclear à substituição do dólar como moeda de reserva internacional; da reorganização dos organismos internacionais ao papel do G-20, todos esses assuntos estarão na mesa de negociação em junho, quando haverá um encontro de chefes de Estado dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) em Yekaterinburgo, na Rússia. Para prepará-la, começa hoje em Moscou uma reunião com os responsáveis pelos assuntos estratégicos dos quatro países.

Já há reuniões de chanceleres e dos ministros da Fazenda, mas esta é a primeira vez em que se reúnem os estrategistas daqueles quatro países apontados como os líderes futuros do mundo para tratar de uma agenda geopolítica muito ampla, inovadora e de longo alcance.

A Rússia será representada pelo general Nikolai Patrushev, secretário do Conselho de Segurança da Federação Russa; a Índia, por M.K. Narayanan, conselheiro de Segurança Nacional; a China, por Dao Bingguo, um dos cinco conselheiros de Estado da China e o responsável por supervisionar as relações da China com o mundo. Mangabeira Unger, ministro de Assuntos Estratégicos, representará o Brasil.



Cinco temas básicos estarão em discussão:

O que fazer com o G-20 e o G-8 + 5. Antes de qualquer coisa, segundo Mangabeira Unger, é importante decidir a forma de regulamentar estruturalmente tais uniões como o G-20, que é um fórum muito amplo, ou G-8, se reunindo com os líderes de China, Índia, México, Brasil e África do Sul. E qual deve ser a relação desses novos organismos com a ONU.

Como podemos evitar que as regras e as organizações existentes tendam a impor, em nome da abertura econômica e da estabilidade política, uma determinada fórmula institucional.

Para Unger, o regime mundial do comércio tem evoluído para um maximalismo institucional, que tende a impor aos países comerciantes, em nome do livre comércio, não só o compromisso com a economia de mercado, mas com uma determinada variante da economia de mercado.

"Tende a proibir, sob o rótulo de subsídios, todas as formas de coordenação estratégica entre governos e empresas que os países hoje ricos usaram para enriquecer", resume Mangabeira Unger.

Essa fórmula, segundo ele, provoca resistências entre os Brics, que querem cada vez menos se sujeitar a ela.

Os estrategistas dos Brics discutirão também o papel do dólar como moeda de reserva internacional. A discussão surge com a China, que tem enormes reservas de dólar e teme que seu tesouro se desvalorize, e já propôs trocar o dólar pelo Direito de Saque Especial, do FMI.

Mas o tema é mais amplo, adverte Mangabeira Unger. Ele diz que, embora seja muito comum se comparar o dólar com o padrão ouro, há uma grande diferença: o ouro não estava sob o comando de um Estado.

Ele lembra que nas transações comerciais já há uma evolução empírica e bilateral: Brasil e China organizam um sistema administrado pelos dois bancos centrais para toda noite fazer um balanço em yuan e em reais, sem passar pelo dólar. O desejo de começar a encontrar uma alternativa ao dólar deve evitar, no entanto, que se caia em uma burocracia pesada, como a do Banco Central Europeu.

Segundo Mangabeira, ninguém nos Brics quer uma nova autoridade monetária internacional: "Não queremos substituir a ditadura do dólar pela ditadura de uma burocracia internacional".

As opções mais aceitas seriam ou uma cesta de moedas, de maneira que a dependência de qualquer uma delas fosse atenuada, ou uma "quase-moeda", organizando um sistema o mais simples e mecânico possível, de maneira a reduzir os poderes discricionários das autoridades que o manejassem.

O tema mais delicado para Mangabeira Unger é como fortalecer o único sistema oficial de segurança que existe, o do Conselho de Segurança da ONU.

"Um sistema frágil e falho, um sistema defeituoso", na definição de Unger, mas que é a "única alternativa à anarquia internacional".

Quando os Estados Unidos e seus aliados se julgam ameaçados no seu interesse vital, e julgam não receber da ONU o apoio necessário, eles simplesmente saem do sistema, fazendo com que "o único sistema de segurança que temos seja como um balão, que às vezes é cheio de gás, outras vezes é esvaziado".

Segundo Mangabeira Unger, há uma convicção crescente de que são necessárias duas séries de iniciativas convergentes: reforçar o sistema oficial de segurança para que seja mais eficaz, e aumentar o preço político que uma potência teria que pagar se decidisse atuar por fora dele.

Por fim, o desarmamento nuclear, "que é do interesse especial do Brasil". O Brasil é, sob muitos aspectos, o menos poderoso dos Brics, ou pelo menos assim é percebido, embora o nosso PIB e a nossa população sejam maiores do que o da Rússia. Isso ocorre, na visão de Unger, por havermos solitariamente renunciado aos armamentos nucleares. "O Brasil renunciou duas vezes, por adesão a tratados e por mandamento constitucional. Ao reafirmar essa posição no recente tratado estratégico nacional, o país expressa sua decisão de estar na vanguarda da ciência e da tecnologia nucleares, por conta do amplo espectro do uso pacífico da energia nuclear, mas também porque queremos que a nossa renúncia seja sempre a expressão da nossa vontade política, e não a conseqüência de uma incapacidade científica ou tecnológica".

A premissa maior do tratado de não proliferação nuclear é o desarmamento progressivo, e até agora essa premissa não foi honrada, o que cria uma situação crescentemente perigosa, avalia Unger.

Temos agora o governo dos Estados Unidos disposto a retomar a agenda do desarmamento nuclear, e essa é uma oportunidade que o Brasil quer levar para a mesa dos Brics.




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Re: GEOPOLÍTICA

#569 Mensagem por Enlil » Dom Mai 31, 2009 9:30 am

31/05/2009 - 00h01

China chega à "maioridade" em 2009, diz diplomata americano

CLAUDIA ANTUNES
da sucursal da Folha de S. Paulo no Rio

Um dos principais intérpretes na primeira viagem do presidente americano Richard Nixon à China, que selou em 1972 o início da hoje simbiótica relação entre as duas potências, o embaixador aposentado Charles W. Freeman é uma das personalidades mais fortes da elite de política externa de Washington.

Franco como poucos diplomatas, adepto da realpolitik, Freeman esteve à frente das embaixadas americanas na Arábia Saudita e na China, foi secretário de Estado assistente para a África e secretário da Defesa assistente sob o democrata Bill Clinton, nos anos 90.

No início deste ano, o embaixador foi indicado para dirigir o Conselho Nacional de Inteligência, ligado à Casa Branca de Barack Obama. Acusado em blogs de ter posições anti-israelenses, acabou desistindo do posto. Hoje, diz que foi alvo de uma campanha de pessoas ligadas ao Likud, partido no poder em Israel, cujas ações, segundo acredita, são "autodestrutivas" e prejudicam a longo prazo a segurança do Estado israelense.

O embaixador é um defensor contundente de relações fortes entre China e EUA. Nesta entrevista, por e-mail, ele interpreta duas datas do calendário chinês deste ano --os 20 anos da repressão aos protestos na praça Tiananmen e os 60 da revolução comunista, em outubro-- e afirma que 2009 marca a "maioridade psicológica da China". Leia abaixo a entrevista.

FOLHA - Há 20 anos, o governo chinês ordenou a repressão dos protestos em Pequim. Quais eram os principais dilemas que opunham o então líder do PC, Zhao Ziyang, que era favorável ao diálogo com os manifestantes, e Deng Xiaoping, que era chefe da Comissão Militar do PC?

CHARLES W. FREEMAN - Esses foram eventos muito complexos, com várias facções disputando tanto na praça quanto nos círculos internos do PC. Nunca saberemos se o diálogo poderia ter dispersado os estudantes e aberto um processo de evolução pacífica para um sistema mais democrático, como desejavam muitos estudantes e o secretário-geral Zhao.

Os linha-dura dos dois lados temiam as consequências de ceder ao outro. Alguns na praça queriam uma confrontação sangrenta. Alguns no partido consideravam que a repressão violenta dos manifestantes era essencial para acabar com a oposição às políticas do partido. A escalada do problema levou os líderes chineses a verem o uso da força como única alternativa. O resultado foi a tragédia de 4 de junho.

FOLHA - A repressão manchou a imagem da China no exterior. Como é a interpretação na China desses eventos hoje e como ela difere da visão de fora?

FREEMAN - A política das grandes nações é sempre dominada pelos fatores e perspectivas domésticas. Os líderes chineses se preocupam muito mais com a segurança interna e com evitar o tipo de anarquia que o país sofreu durante a Revolução Cultural e em outras ocasiões do que com as relações exteriores. Se preocupam mais com o que seus seguidores pensam deles do que com o que os estrangeiros pensam.

O consenso na liderança chinesa é que seu maior erro foi a indecisão e a demora em dispersar a multidão na praça Tiananmen. O fracasso em pôr fim às manifestações antes que elas saíssem do controle, na visão dos dirigentes chineses, tornou inevitável o uso da força. A tragédia resultante foi ainda mais traumática porque alguns na praça eram os filhos da mesma elite que acabou mandando os militares para colocá-los para fora.

FOLHA - O senhor já disse que os eventuais resultados de uma democratização chinesa podem não ser os esperados internacionalmente, porque o nacionalismo popular poria mais pressão sobre os dirigentes para agir em questões como Taiwan. Interessa ao Ocidente que a China ponha a estabilidade antes da democracia?

FREEMAN - A China é a única grande potência cujo território permanece dividido pelos efeitos do colonialismo e da Guerra Fria, e o único com fronteiras ainda não demarcadas. O alinhamento de Taiwan com os EUA frustrou o objetivo do Partido Comunista de unificar a China sob o seu comando e remover desafios com apoio estrangeiro à autoridade central em seu território.

O Tibete continua instável por muitos fatores, incluindo as ações encobertas americanas e indianas, nos anos 50, que procuraram desestabilizar o oriente da China. A China, como outras civilizações não ocidentais como a Índia e o mundo árabe, vive com o trauma da humilhação pelo colonialismo ocidental. As memórias chinesas das dezenas de milhares de mortes infligidas durante os 14 anos de invasão japonesa continuam vívidas.

Há, então, muitos fatores que levam o ressentimento a permanecer logo abaixo do ponto de ebulição na China e que levam em algumas ocasiões a manifestações de massa. O governo chinês quer manter a paz de modo que o país possa se desenvolver e reconquistar a dignidade a posição de riqueza e poder que tinha antes de ser eclipsado pelo Ocidente. Ele compartilha o nacionalismo da maioria dos cidadãos, mas muitas vezes tem que agir para acalmar os ânimo: eles reagem fortemente ao que percebem como atos de provocação ou desrespeito com os estrangeiros.

É do interesse do Ocidente, assim como da China, que a democratização chinesa seja alcançada gradualmente, com estabilidade social e sem confrontos emocionais entre a China e outras grandes potências.

FOLHA - Qual é a sua memória mais vívida de sua primeira viagem à China, com Nixon? Como essa viagem mudou sua percepção do país?

FREEMAN - O que me deixou mais impressionado em 1972 foi ver o grau de continuidade entre a China imperial e a República Popular. Eu tinha estudado em Taiwan, que dizia ter preservado a cultura política e os hábitos sociais chineses tradicionais, mas que de fato os havia modernizado.

Eu tinha levado a sério demais o que os comunistas diziam sobre terem transformado a China continental. As famílias continuavam presas a seus lugares ancestrais, com sua cultura tradicional, a influência estrangeira era mínima e a economia continuava desconectada do resto do mundo.

Ao contrário da direção de origem mais burguesa do Partido Nacionalista em Taiwan, muito da elite dirigente de Pequim descendia das grandes famílias de estudiosos e burocratas. Ironicamente, em muitos aspectos, a República Popular preservou a "velha China", enquanto Taiwan desenvolvera uma "nova China", o que era exatamente o oposto do que cada lado dizia.

FOLHA - A linha do tempo da cerimônia que abriu a Olimpíada de Pequim, no ano passado, foi direto das dinastias do século 18 ao presente, ignorando as invasões do século 19 e a revolução de 1949. Como o senhor acha que o 60º aniversário da revolução será comemorado em outubro deste ano?

FREEMAN - Este outubro será comemorado com uma grande parada militar na praça Tiananmen destinada a demonstrar a modernização militar chinesa e a deter qualquer país que possa ser tentado a desafiá-la militarmente.

Se a Olimpíada marcou a reconquista de competência técnica e econômica, este dia nacional vai marcar sua reemergência como um Estado moderno e poderoso. 2009, o 60º aniversário da República Popular, marca então sua maioridade psicológica e a superação do apequenamento que ela experimentou de 1842 [ano do Tratado de Nanquim, que abriu os portos chineses ao comércio britânico do ópio] a 1949.

FOLHA - Hoje, muitos analistas falam em um G2, com China e EUA. O senhor concorda com esse conceito?

FREEMAN - A noção de um G20 reconhece em muitos aspectos que a China está agora se tornando, como os EUA, uma potência mundial, cujos interesses devem ser levados em consideração na resolução de questões em qualquer lugar pelo mundo. Também reconhece que um número crescente de problemas não pode ser abordado sem contribuições da China e dos EUA. Esses problemas incluem todos aqueles relacionados à administração dos recursos e do ambiente, assim como os ajustes necessários nos sistemas monetários, cambial, de reservas, questões de assistência estrangeira, as leis internacionais e os mecanismos de resolução de disputas, como os da ONU. A China e os EUA precisam conduzir um diálogo bilateral sobre essas questões para haver algum progresso.

Mas, como conceito, a noção de um G2 não é bem vinda e é inexequível. O mundo não precisa e não receberia bem a substituição da tentativa fracassada americana de unipolaridade por um condomínio sino-americano. Nem este duopólio funcionaria. Como a emergência de fóruns como o G20 ilustra, o poder e a riqueza estão crescentemente difusos e o mundo é mais bem concebido em termos de multipolaridade. A China e os Estados Unidos devem dar contribuições para a resolução dos problemas mundiais dentro de um contexto multilateral, não bilateral.

FOLHA - O senhor frequentemente menciona a parceria da China contra a ocupação soviética do Afeganistão, de que pouco se fala. O senhor pode descrever o que aconteceu? E hoje, como é o envolvimento chinês na região?

FREEMAN - A China compartilhava do alarme dos EUA e de outros países, incluindo o Paquistão e outras nações muçulmanas, com a ocupação soviética do Afeganistão, que é afinal vizinho da China. Muitas das armas que os afegãos usaram contra os ocupantes foi fornecida pela China por intermédio do Paquistão, seja diretamente ou em cooperação com os EUA. Outros países, como a Arábia Saudita, financiaram parte significativa desse esforço.

A agressão soviética criou uma coalizão improvável e alguns argumentariam que o estresse da experiência afegã causou o fim da URSS. A China continua vitalmente interessada na estabilidade e na segurança do Paquistão e em impedir que os territórios paquistanês e afegão sejam usados por terroristas, alguns dos quais são motivados pelo desejo de obter a independência da China em Xijiang, região majoritariamente muçulmana. Mas, nos últimos anos, o papel chinês se limitou à assistência econômica e ao fornecimento de armas aos militares do Paquistão.

FOLHA - Um dos lados negros da aliança sino-soviética nos anos 70 foi o apoio ao regime do Khmer Vermelho no Camboja. O intelectual de esquerda Noam Chomsky chegou a dizer que a invasão vietnamita de 1979, que derrubou o Khmer, foi talvez a única verdadeira "intervenção humanitária" do século 20. Como o senhor avalia essa política da perspectiva de hoje?

FREEMAN - Certamente houve assistência chinesa ao Khmer Vermelho, especialmente sob a Gangue dos Quatro, quando o Khmer estava no poder em Phnom Penh, e mais tarde em cooperação com a Tailândia, quando era uma guerrilha oposta à ocupação vietnamita.

Posso testemunhar a partir do meu serviço em posições diplomáticas importantes em Pequim e Bancoc que, longe de assistir o Khmer Vermelho, os EUA nunca tiveram relações com eles. Os EUA excluíram o Khmer da ajuda que davam aos grupos cambojanos opostos ao Vietnã.

As aspirações do Vietnã por um império na Indochina e a preocupação com o sofrimento dos vietnamitas étnicos no Camboja, não razões humanitárias, motivaram a invasão vietnamita, apesar de essa invasão ter tido o mérito de derrubar do poder os assassinos do Khmer Vermelho.

A subsequente invasão chinesa do Vietnã foi destinada a demonstrar a Hanói que não poderia construir um império na fronteira sul da China em aliança com o maior inimigo da China, a União Soviética. Isso, também, não foi motivado por humanitarismo.

Hoje o sul da Ásia está em paz. O Vietnã tem grande influência no Laos, mas não exerce hegemonia na Indochina. O Camboja está se recuperando de suas experiências traumáticas tanto sob o Khmer Vermelho quanto sob os vietnamitas. O Vietnã seguiu a China e conduziu reformas econômicas radicais que o integraram à economia global.

Todos os três países da Indochina têm mais problemas hoje com corrupção do que com contestação política, apesar de nenhum ter avançado muito no caminho da democracia e do Estado de Direito. Ninguém, que eu saiba, tem nenhuma saudade do Khmer Vermelho.

FOLHA - A aliança entre os EUA e a China foi, nos anos 70, baseada no interesse comum de conter a URSS. Hoje a China tem uma parceria com a Rússia na Organização de Cooperação de Xangai (SCO). Isso preocupa os EUA?

FREEMAN - Não, nem deveria. A Rússia hoje não é mais a União Soviética de antes. Nem a SCO a aliança militar ou complô antiamericano que alguns polemistas paranoicos anti-China nos EUA pintam. Há limites naturais para a relação sino-russa, a menos que os EUA os pressionem muito, como a União Soviética fez com a China e os EUA quando invadiu o Afeganistão. Não acredito que os EUA vão agir para alinhar a China com a Rússia contra eles.

Na minha opinião, os EUA devem buscar uma relação cooperativa com a SCO, com a qual compartilha o interesse de conter o terrorismo e reduzir as rivalidades entre os países da Ásia Central, que poderiam levar a formas inapropriadas de competição entre poderes externos com ligações com eles.

FOLHA - Em março passado o Pentágono divulgou relatório no qual enfatizava a falta de transparência dos gastos militares chineses. O diretor nacional de Inteligência do presidente Obama, almirante Dennis Blair, também criticou a "agressividade" da Marinha da China depois de um incidente com um navio militar americano no Mar do Sul da China. O que essas declarações significam?

FREEMAN - São duas coisas diferentes.

O relatório a que você se refere foi encomendado por congressistas que visam curar o que alguns chamam de "desordem de déficit de inimigo" _ quando alguém não tem mais um inimigo óbvio a combater ou quer justificar a encomenda de novas armas do seu complexo industrial-militar. O objetivo é promover a China à posição de "inimigo por escolha" ou "competidor interpares".


É escrito pelo Pentágono, não pela comunidade de inteligência, e reflete o viés de seus autores. A China não é tão transparente quanto gostaríamos, claro. Tradicionalmente, procurou deter seus adversários potenciais encorajando-os a superestimar sua prontidão militar. Com este fim, escondeu suas verdadeiras capacidades. Mas, à medida que a força da China cresce, ela progressivamente tem menos razões para fazer isso.

Se alguém gastar tempo lendo jornais militares chineses ou falando com pensadores militares, pode descobrir muito sobre a percepção que a China tem dos desafios militares que enfrenta e das estratégias e estruturas sobre as quais se apoia para enfrentá-los. Claro que, se você não faz isso, ou se faz uma leitura seletiva para encontrar os tipos de ameaça de que precisa para justificar maiores gastos com seus próprios militares e não os encontra, não ficará feliz. Vai então se queixar da falta de transparência de seu antagonista. Parte do relatório do Pentágono é bem fundamentada e parte reflete esse tipo de queixa.

A questão das confrontações navais no Mar do Sul da China é mais séria. Tendo sido invadidos pelo mar no passado (por portugueses, holandeses, espanhóis, britânicos, franceses, americanos, alemães, japoneses), os chineses adotaram uma estratégia marítima que veta as áreas litorâneas a estrangeiros. Recentemente, começaram a afirmar que operações militares em sua zona econômica exclusiva (ZEEs) exigem sua aprovação prévia. Essa é uma interpretação da Convenção do Mar que a Marinha dos EUA não subscreve.

O que está acontecendo entre os navios americanos fazendo pesquisas com objetivos militares na costa chinesa e a Marinha da China é tanto um esforço militar da China para manter os navios estrangeiros afastados quanto uma disputa pela interpretação correta da lei internacional. Essas confrontações têm o potencial de se transformarem num conflito naval real. Eu interpreto a crítica de Dennis Blair como um esforço para avisar os chineses dos riscos que estão correndo. No fim, os EUA e a China vão encontrar um caminho para discutir nossas diferenças e encontrar um modo de convivência.

FOLHA - Na sua visita recente à China, a secretária de Estado, Hillary Clinton, disse que deixaria de lado questões contenciosas, como direitos humanos e Tibete, para se concentrar nos temas de interesse comum. Como o senhor avalia essa abordagem e as críticas subsequentes de grupos de defesa dos direitos humanos?

FREEMAN - No primeiro mandato de Bill Clinton, as questões de direitos humanos dominaram a relação bilateral de tal modo que muitas outras formas de interação entre os dois países foram adiadas ou abandonadas. A declaração da secretária Clinton foi um sinal saudável de que nem o governo Obama nem ela acreditam que essa abordagem unidimensional é apropriada. É um reconhecimento bem vindo das complexidades da relação bilateral e do fato de que a China é um participante essencial de qualquer processo destinado a resolver os principais problemas de nosso tempo.

Eu não considero surpreendente que grupos focados em um tema apenas, como os de direitos humanos, possam se opor a políticas que tirem a primazia de sua agenda, mas é muito difícil concordar que dar absoluta prioridade a um tema faça sentido.

Minha opinião é que o ostracismo e as sanções, os meios de influência que essas organizações parecem preferir, são de fato contraprodutivas. Eu não vejo que eles tenham ajudado a melhorar a situação dos direitos humanos em parte alguma. Como muitos casos atestam, essas melhorias vêm do diálogo e do engajamento, não de diatribes, diplomacia declaratória ou desinvestimento. No tempo correto, a secretária Clinton vai abordar questões de direitos humanos junto com outras.

FOLHA - O senhor esteve recentemente envolvido numa disputa política barulhenta, depois de sua nomeação para um cargo no Conselho Nacional de Inteligência da Casa Branca. A disputa dizia respeito a antigas críticas a Israel e o senhor acabou abrindo mão da nomeação. Como o senhor definiria sua posição nessa questão?

FREEMAN - No final de janeiro, eu relutantemente aceitei a nomeação para presidir o Conselho Nacional de Inteligência, o que me obrigaria a voltar ao serviço público depois de ter servido por mais de 30 anos. Quando a notícia da minha nomeação vazou, fui imediatamente atacado por pessoas ligadas ao Likud israelense. Quando é enxovalhado, um homem decente mostra consideração pelos que se trabalhariam com ele e não tomam o lugar para o qual foram convidados.

Os homens sem princípio que lançaram uma campanha de assassinato moral contra mim acreditam que a retirada da população árabe original de toda a Palestina é vontade divina e necessária para garantir a segurança do Estado de Israel. Eu acredito que, ao contrário, essas ações ameaçam trazer um renascimento do antissemitismo e negar a Israel a aceitação de seus vizinhos, necessária para sua segurança.

Eu acredito que a segurança dos EUA é ameaçada pela falta de julgamento independente sobre as políticas autodestrutivas de Israel e a raiva contra os EUA que isso gera no mundo muçulmano. Eles querem censurar o debate sobre essas questões. Eu acredito que a discussão pública é essencial para os EUA formularem políticas fortes. Eles acreditam que silenciar os críticos de Israel é bom para Israel. Eu acredito que isso encoraja decisões contraprodutivas pelos israelenses e políticas que expõem os americanos a riscos.

Minhas visões sobre Israel não diferem das de muitos israelenses e judeus americanos.


FOLHA - Em que medida o público americano absorveu a ideia de que, com a crise econômica e as consequências das políticas de Bush, a margem de manobra dos EUA diminuiu?

FREEMAN - Eu acho que isso está no cerne dos esforços do governo Obama para reformar a política externa americana e que o povo americano sabia disso quando o elegeu contra seu oponente, que estava comprometido com uma abordagem unilateralista e militarista das relações exteriores.

FOLHA - A história da política externa americana está cheia de exemplos de consequências imprevistas de atos destinados a enfraquecer o rival da hora. O acordo nuclear com a Índia, em 2006, foi justificado como um meio de balancear o poder da China na região. Mas também foi um golpe no Paquistão, aliado desde a Guerra Fria. Qual o impacto disso quando os EUA precisam dos paquistaneses para combater a Al Qaeda e o Taleban?

FREEMAN - Os EUA realmente precisam gerenciar suas relações com a Índia com a devida atenção para seu impacto no Paquistão. Sob o general [Pervez] Musharraf [que ficou no poder entre o golpe militar de 1999 e o ano passado], o Paquistão havia começado um auspicioso processo de reaproximação com a Índia.

Depois do ataque a Mumbai por terroristas baseados no Paquistão, em 2008, essa reaproximação desabou. O conflito na Caxemira reacendeu. Se a Índia está preocupada, como deve estar, com terroristas baseados no Paquistão, o Paquistão tem um medo legítimo de uma ameaça militar convencional da Índia. Ele se sente cercado pela penetração indiana no Afeganistão, onde a Índia tem agora cinco consulados.

Essas questões são, acredito, fonte de maior preocupação para Islamabad do que o acordo nuclear EUA-Índia e têm impacto maior na habilidade de os militares paquistaneses cooperarem com as forças americanas. Elas ilustram muito bem o ato de equilíbrio delicado que os EUA devem fazer para construir relações com a Índia como uma potência emergente enquanto conduz operações militares ao norte, no Afeganistão.


http://www1.folha.uol.com.br/folha/mund ... 4046.shtml

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Obs.: o texto tem muitas reflexões importantes e esclarecedoras, no entanto, em relação ao Camboja o diplomata americano convenientemente não "lembra" q este país "recebeu" mais de 2 milhões de toneladas de bombas na Guerra do Vietnã; bombardeios q contribuiram muito para a ascenção do Khmer Vermelho...




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Re: GEOPOLÍTICA

#570 Mensagem por Túlio » Dom Mai 31, 2009 2:47 pm

Comentário da Semana de Gelio Fregapani

Assuntos: Crise, Petrobrás e manutenção da paz

O evoluir da crise
(Inevitável? O pior será quando o dólar perder o valor)

Sabemos que os financiadores do Tesouro dos EUA, como a China e a Índia perderam inteiramente a confiança na capacidade de os EUA colocarem em ordem as suas casas monetária, financeira e economica antes que as repercussões da sua política se manifestem com força total. Estão preparando ações que afastarão o dólar para as franjas da política monetária e financeira internacional. Mesmo sem isto o dólar não resistiria.

Uma das manobras dos causadores do colapso para manter seu poder é impingir de novo o FMI para reger a economia dos países afetados, mas deixando de fora os dois mais endividados, os EUA e o Reino Unido. Na verdade mantendo-os como seus controladores. Outra fazer dos direitos especiais de saque emitidos pelo FMI a nova moeda mundial. Ora, quem deseje progredir deve se manter longe do FMI e rejeitar qualquer moeda mundial, desatrelando-se das reservas em títulos dos EUA e outros em dólares, nacionalizando sua economia e governando-a soberanamente. A compra de dólares para “recompor as reservas”, quando se sabe que ele perderá o valor é uma re nomada tolice, se não for coisa pior.

Negócio da China (para os chineses)
(A China levará nosso petróleo por apenas 13 dólares o barril)

O Brasil faz papel de otário no empréstimo de US$ 10 bilhões à Petrobras, na verdade uma venda em troca de 200 mil barris/dia de petróleo por dez anos. Feitas as contas: a China pagará US$ 2.739.726,02 por 200 mil barris/dia. Cada barril sairá por US$ 13,70. O preço do barril hoje, a pior cotação dos últimos 10 anos, está em torno de US$ 35-40. E já chegou a 150!!! É claro que novamente subirá de preço.

Quanto aos 10 bilhões, quanto valerão daqui a um mês?

A falácia dos empréstimos externos
(Ninguém quer passar por ignorante reconhecendo que o rei está nu)

Quando um governo necessita de mais dinheiro (seja para construir, seja para roubar, seja para fazer assistência social) tem apenas quatro procedimentos possíveis: Aumentar os impostos, emitir moeda ou títulos do tesouro e pedir empréstimos externos.

Aumentar impostos tem um limite; a partir de certo ponto a arrecadação diminui, e se o imposto chegar a 100% a arrecadação será zero. Emitindo moeda causará inflação, pois haverá mais dinheiro do que mercadorias. Títulos do tesouro, se vendidos internamente desviarão o capital produtivo para especulação e desequilibrarão as contas do governo pelo pagamento de juros. Pior ainda para um país é pegar empréstimos externos (ou títulos vendidos no exterior, que vem a ser a mesma coisa. Dinheiro que chega de fora, sem a produção correspondente, causa inflação idêntica a emitir, e ainda tem que pagar, periodicamente os juros. A dívida, ainda por cima, gera uma dependência que conduz a perda de parcela de soberania.

Para mim era incompreensível como nossos governantes preferiam pedir empréstimos a emitir, até que um brilhante economista me contou como, no seu mestrado nos “States” fora convidado a trabalhar secretamente para eles e instado a conseguir emprego no “governo brasileiro”. Teriam alguns de nossos ministros da fazenda e presidentes do Banco Central recebido o mesmo convite? E aceito?

CPIs
(O que se pode esperar)

- Da Petrobrás - Certamente inibirá exageros nos cabides de emprego a corregilionários não eleitos. Talvez iniba também algum futuro desvio de verbas, mas não descobrirá culpados, pois dos onze escalados para investigar supostos desvios, oito respondem a processos criminais no STF ou receberam doações de campanhas de empresas ligadas à estatal. O provável relator, teve quase metade de sua campanha para o Senado, em 2002, bancada pela OPP, empresa incorporada à Braskem, da qual a Petrobras é sócia.

- Das ONGs – Se a CPI da Petrobrás tende a ser neutralizada, a das ONGs ainda é uma esperança. Ainda pode, deixando de lado as questiúnculas político-partidárias e a busca de culpados (que serão absolvidos na Justiça), entrar a fundo na atuação das ONGs para desnacionalizar a dividir o País, o que é muito mais importante. Se for a fundo descobrirá que muitas ONGs foram orientadas e até financiadas por governos estrangeiros com finalidade de dominação; Que estão envolvidos os serviços secretos mais importantes do mundo... Que falta faz uma Abin eficiente!

Quem fica com o petróleo

A busca pelo recurso mais escasso, o petróleo, é o verdadeiro rosto da economia global, cujo apetite supera os limites da sustentabilidade e da Justiça. Com a descoberta do Pré-Sal não tem sentido continuar o modelo criado no Governo FHC, que cede o petróleo às concessionárias que os produzirem. Entretanto o ministro das Minas e Energia, Edson Lobão afirmou ao Financial Times que companhias petrolíferas internacionais serão convidadas a fazer ofertas para concessões nos enormes campos "pré-sal" no Brasil já no próximo ano. Até o Lula havia dito: Todas as nações do mundo que descobriram muito petróleo mudaram o marco regulatório. Só o Brasil não o fez. Nisto ele tem razão. Verem os se são apenas palavras, como outras tantas afirmações presidenciais.

Acidente do Legacy
(acidente de trabalho no Serviço Secreto?)

Os laudos revelaram duas novas falhas: a de que os pilotos omitiram a informação de que o jato não possuía autorização para voar em uma área tida como espaço aéreo especial e a de que eles não fizeram uso do sistema anticolisão em nenhum momento durante o vôo. Os laudos concluíram também que o plano de vôo continha uma informação falsa, segundo o Ministério Público.

Em certo momento houve a suspeita que o Legacy poderia estar espionando o “poço do Caximbo”, para verificar se o Brasil estaria dando, secretamente, continuidade ao seu antigo projeto de obter armamento nuclear. A tentativa de fazê-lo sem ser identificado poderia explicar porque haviam desligado o transponder e saído da altitude prevista na área. Que falta faz uma Abin eficiente

Podemos garantir a paz?

Onde há petróleo há conflitos. Não importa em que medida a aparência de uma guerra de culturas apareça vinculada às invasões do Afeganistão e Iraque (e a ameaça ao Irã), porque a realidade era, e é, que se trata de guerras pelo petróleo

Atualmente, a segurança de um país e a defesa de seus legítimos interesses estão, na prática, vinculadas à posse de armas nucleares e à de ogivas de alcance intercontinental. No Brasil, dois presidentes foram responsáveis pela fragilização de programas de defesa militar do país: Collor, quando em 1990, mandou acabar, no sul do estado do Pará, com o "poço nuclear da Serra do Cachimbo" e Fernando Henrique ao assinar, contra a opinião dos militares, em 1997, o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.

Talvez o mais lúcido dos membros deste governo, Mangabeira Unger é de opinião que deveríamos desenvolver armas nucleares. Declarou ele: “Em primeiro lugar, por causa dos nossos interesses, os interesses nacionais brasileiros. Fica muito claro no mundo que quem ata suas próprias mãos, quem amarra suas próprias mãos é levado muito menos em conta. Veja o grande contraste dos privilégios de que desfruta a Rússia nas organizações internacionais e no relacionamento com os Estados Unidos e a posição minúscula a que continua condenado o Brasil. Mas, em segundo lugar, por conta dos interesses da humanidade, que são mais importantes do que os nossos interesses nacionais. O Brasil e seu governo estão cheios de defeitos. Mas um defeito que nunca tiveram é ser beligerante irresponsável, nesse particular, ao contrário dos Estados Unidos. Não há nenhuma razão para acreditar que o mundo ficará mais seguro com armas nas mãos de Estados Unidos e de um grupo pequeno de países como o Paquistão e a Índia, mas não nas mãos do Brasil - pelo contrário; a difusão de armamentos nucleares em potências médias até que se promova o desarmamento nuclear generalizado aumenta a segurança mundial porque cria contrapartidas à hegemonia dos Estados Unidos e inibe os Estados Unidos do que tem sido o exercício irresponsável de seu poder hegemônico”.

Coréia. - Uma guerra para solucionar a crise?

É improvável: Se a Coréia do Norte realmente tiver a bomba e mísseis que a transportem jamais será atacada. A não ser que esses artefatos possam ser destruídos antes do uso.

Até a próxima semana, se Deus quiser.

Saudações patrióticas

GF




“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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