http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/inter ... seccao=Sul50 anos do Cristo-Rei
Mais miradouro do que santuário
por ROBERTO DORES Hoje
Cerimónias que assinalam o cinquentenário do santuário, onde participará imagem de Nossa Senhora de Fátima, trarão milhares de pessoas a Lisboa e Almada no fim-de-semana. Mas poucos são os portugueses que visitam o Cristo-Rei. Em média, 90 mil por ano. E em cada mil, apenas nove sobem à capela.
Ao longo de meio século, o Cristo-Rei terá sido visitado por 20 milhões de pessoas, à ordem de 400 mil por ano. Mas apenas 6 milhões subiram até ao terraço. Dos 120 mil visitantes que anualmente utilizam o elevador para chegar mais perto da imagem, 90 mil são portugueses.
Os números, fornecidos pelo próprio Santuário, traduzem o pouco interesse nacional pelo monumento. E mostram que, por ano e em média, em cada mil portugueses, apenas nove sobe os 72 metros de elevador até à capela. Um número que a Igreja gostaria de ver aumentado para tentar saldar as dívidas do Santuário, que ascendem ao milhão de euros.
Sezinando Alberto, reitor do santuário reconhece que, para muitos portugueses, este não representa um local de devoção mas apenas um miradouro sobre a capital. É precisamente para inverter esta perspectiva e recuperar os princípios espirituais que estiveram na origem da sua construção, que o Patriarcado de Lisboa e a diocese Setúbal investiram tanto nas comemorações do seu cinquentenário que se realizam amanhã e domingo.
Milhares de pessoas deverão participar nas cerimónias que decorrerão em Lisboa e Almada e contam com uma procissão, uma missa no Terreiro do Paço, uma vigília e uma cerimónia no Cristo- -Rei, onde estará um enviado do Papa. A presença da imagem de Nossa Senhora de Fátima, que só sai da Capelinha das Aparições em ocasiões especiais, será o grande atractivo e poderá trazer 200 ou 300 mil pessoas, estima a organização.
Subir ao Cristo-Rei custa hoje quatro euros a cada adulto, sendo que às crianças são cobrados dois euros e à terceira idade 2,5. As 120 mil visitas anuais apenas permitem pagar a manutenção do elevador, que ascende aos 30 mil euros, e a electricidade, que supera os 20 mil. Pouco sobra para ir fazendo face à dívida de um milhão, contraída nas obras de restauro de 2001.
"O Santuário não dá lucro, tudo o que se ganha, aplica-se aqui", explica o reitor Sezinando Alberto, revelando que a maioria das 400 mil pessoas que anualmente visita o Cristo-Rei não sobe à capela, estimando que 70 a 75% dos visitantes - uns em peregrinação, mas a maioria por atracção turística - sejam portugueses. A esmagadora maioria dos habitantes dos arredores de Almada nunca terá visitado o monumento. "O facto de estar aqui torna--o pouco apelativo para as pessoas."
Os restantes são originários de Espanha, França, Itália e Irlanda. O reitor lamenta que a memória de quem deu corpo ao projecto e os seus princípios espirituais tenham sido traídos, na medida em que, com o passar dos anos, o monumento foi sendo entendido "como uma memória histórica pertencente ao passado". Ainda assim, não faltam "milhares de exemplos" de quem procura o santuário como simples miradouro, mas não abandona o local sem deixar uma prece na caixa das intenções. "É um gesto simples, mas que demonstra bem que Cristo-Rei é lugar de devoção", revela.
Os tempos de crise e a "preocupante dívida" tornam o orçamento das celebrações rigoroso. "Podíamos ter chegado aos 350 mil euros, mas eu fui cortando até aos 200 mil. Era um escândalo fazer umas celebrações que chocassem o País", alerta, revelando que as verbas foram totalmente obtidas junto de patrocinadores do evento.
Noticias de Portugal
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Re: Noticias de Portugal
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Re: Noticias de Portugal
O povo português não é religioso ?
Se fosse aqui no Brasil, essa dívida já estaria paga há anos.
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Re: Noticias de Portugal
Para os Portugueses o Cristo-Rei é apenas uma obra arquitectónica e não uma obra religiosa. Básicamente uma curiosidade de outros tempos. A igreja já ganha verdadeiras fortunas em Fátima, basta eles agarrarem o dinheiro de um sitio e colocarem em outro sitios. O problema é que a igreja não funciona assim. Exemplo disso é a igreja que eu estive este fim-de-semana, construido num terreno oferecido por uma pessoa, feita e paga pelos crentes. A igreja não teve que gastar um cêntimo que fosse.
Uma curiosidade, esta igreja foi constuida porque entre as duas aldeias à uma forte rivalidade (e antigamente era muito pior). A rivalidade era tanta que quando acabava a missa havia sempre porrada entre as pessoas das duas aldeias. Em Portugal é assim, as rivalidades bairristas chegam a fortes extremos, mas quando a ameaça é de fora...é um por todos e todos por um!
Uma curiosidade, esta igreja foi constuida porque entre as duas aldeias à uma forte rivalidade (e antigamente era muito pior). A rivalidade era tanta que quando acabava a missa havia sempre porrada entre as pessoas das duas aldeias. Em Portugal é assim, as rivalidades bairristas chegam a fortes extremos, mas quando a ameaça é de fora...é um por todos e todos por um!
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Re: Noticias de Portugal
Aqui não temos rivalidades bairristas, mas sim estadistas ... mas nunca tivemos problemas.
E me responde uma coisa, aqui, no Brasil, a cada ano que passa, mais igrejas evangélicas (protestante) ganham terreno, a cada semana abre uma nova na esquina, como andam as coisas aí além-mar ?
Lembrando que somos o maior país católico.
E me responde uma coisa, aqui, no Brasil, a cada ano que passa, mais igrejas evangélicas (protestante) ganham terreno, a cada semana abre uma nova na esquina, como andam as coisas aí além-mar ?
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Re: Noticias de Portugal
A Igreja Católica Apostólica Romana continua a ser a grande religião predominante, mas as igrejas protestantes começam a "roubar" crentes. Como a maior parte dos Portugueses não é praticante, o problema não está nos praticantes irem para outra igreja, mas sim naquelas pessoas que não se sentem integradas na igreja experimentarem. Uma empresa de origem Brasileira que já está estabelecida em Portugal é a IURD...não vou dizer o que penso e sinto desses "senhores" porque senão seria expulso do fórum...
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Re: Noticias de Portugal
cabeça de martelo escreveu:A Igreja Católica Apostólica Romana continua a ser a grande religião predominante, mas as igrejas protestantes começam a "roubar" crentes. Como a maior parte dos Portugueses não é praticante, o problema não está nos praticantes irem para outra igreja, mas sim naquelas pessoas que não se sentem integradas na igreja experimentarem. Uma empresa de origem Brasileira que já está estabelecida em Portugal é a IURD...não vou dizer o que penso e sinto desses "senhores" porque senão seria expulso do fórum...
Esses "Abortos" andaram,aqui pela vizinhança há uns anos,mas depois de uma "tirada de comichões",feito por mim e outros "condóminos",nunca vieram para cá mais pregar.
Foi caso para dizer foram "fudidos e Refudidos"
Para quem não sabe IURD,significa Igreja Universal do Reino de Deus.
"Socialist governments traditionally do make a financial mess. They [socialists] always run out of other people's money. It's quite a characteristic of them."
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Re: Noticias de Portugal
Na minha rua temos uma "Comunidade Cristã do Espírito Santo", à que vão extrangeiros e sinaladamente brasileiros. Também temos outra da que não conheço o nome, também vão extrangeiros. Se calhar todos os brasileiros em Espanha são evangelistas!!
No entanto, os imigrantes de Colombia ou Ecuador costuman ser católicos
Antes da chegada em massa de estrangeiros aqui quase não tinhamos evangelistas, mal algumas testemunhas de Jehová. Dizem que os ciganos espanhóis têm importantes igrejas evangélicas, mas a população geral segue fiel a sua religião principal: a agnóstica (digo... a católica)
No entanto, os imigrantes de Colombia ou Ecuador costuman ser católicos
Antes da chegada em massa de estrangeiros aqui quase não tinhamos evangelistas, mal algumas testemunhas de Jehová. Dizem que os ciganos espanhóis têm importantes igrejas evangélicas, mas a população geral segue fiel a sua religião principal: a agnóstica (digo... a católica)
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Re: Noticias de Portugal
http://diariodigital.sapo.pt/dinheiro_d ... 200&page=1segunda-feira, 18 de Maio de 2009 | 14:39
Autoeuropa «ameça» transferir produção para a Alemanha
A Autoeuropa pode vir a perder a produção para a fábrica em Emden, situada no Estado da Baixa Saxónia, uma «ameaça» feita segunda-feira nas reuniões que se realizaram entre a administração e os mil trabalhadores, segundo avança edição electrónica do Diário Económico.
Em relação a esta possibilidade de deslocalização fonte oficial da empresa disse o jornal que "há vários cenários em cima da mesa e que podem passar a ser factos. Temos que ser realistas."
"Na apresentação houve intenção de mostrar que a nossa produção poderia ser absorvida para a fábrica em Emden. Perdemos 37 mil unidades desde Outubro e o plano de produção para este ano fica-se pelas 82 mil unidades produzidas [em 2008 a produção foi de 93 mil unidades]", disse fonte ligada à empresa.
A produção e as vendas do primeiro trimestre estiveram no centro da conversa, tendo como cenário a crise económica.
A administração da fábrica da Volkswagen voltou a reafirmar a necessidade de adoptar alguma flexibilidade laboral, nomeadamente na organização dos tempos de trabalho.
Todas as propostas apresentadas até agora foram rejeitadas pela Comissão de Trabalhadores, por implicarem perda de rendimentos para os funcionários.
Em cima da mesa continua a proposta de passar a um turno entre outros cenários.
O Acordo de Empresa garante todos postos de trabalho efectivos até 2010, mas também refere que face a condições excepcionais, será necessário voltar a negociar e encontrar soluções
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Re: Noticias de Portugal
Portugal é o país mais competitivo do sul da Europa
Portugal subiu três lugares no ranking que mede a competitividade dos países a nível mundial.
O nosso país ocupa este ano o 34.º lugar numa lista de 57 países que fazem parte do World Competitiveness Yearbook, organizado pelo Institute for Mangement Development.
A subida de três posições, face a 2008, é vista pelo coordenador do Plano Tecnológico, Carlos Zorrinho, como a prova de que as medidas que este Plano, em particular, tem posto em prática estão a ter resultados positivos.
"O que este ranking mostra é que Portugal, ao contrário da União Europeia, ganha competitividade neste contexto de crise. O que significa que as medidas estruturantes, como o Plano Tecnológico, estão a dar os seus frutos", frisou Carlos Zorrinho.
Neste ranking, que analisa factores como a performance económica, as infra-estruturas tecnológicas e básicas, o enquadramento institucional, educação, etc., Portugal está no grupo de cinco países da UE que mais melhoraram a sua posição. Atrás do nosso país ficaram Espanha, Itália e Grécia, permitindo a Portugal situar-se como o país mais competitivo do Sul da Europa. À semelhança do nosso país, Alemanha e Suécia também progrediram três posições. Entre os 24 países da UE do ranking, Portugal ocupa a 16.ª posição, dois lugares acima do que em 2008.
Salientando que o World Competitiveness Yearbook analisa "tudo o que é fundamental para a competitividade", Carlos Zorrinho, defende que este resultado mais do que ajudar o país no contexto internacional deve ser um estímulo para os portugueses.
"Não há razões para que os portugueses não tenham esperança no futuro", perante as melhorias que o país está a verificar a este nível, referiu o coordenador do Plano Tecnológico.
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Re: Noticias de Portugal
Ministro da Defesa Nacional participa em reunião "5+5" na Líbia
16 e 17.05.2009 O Ministro da Defesa Nacional, Nuno Severiano Teixeira, deslocou-se à Líbia, para participar na reunião dos Ministros da Defesa, no âmbito da Iniciativa 5+5, que decorreu na cidade de Tripoli.
Neste encontro, os ministros da Defesa de Portugal, Marrocos, Espanha, Tunísia, França, Argélia, Itália, Líbia, Malta e Mauritânia abordaram questões relacionadas com a Segurança e Defesa do Mediterrâneo, visando dar continuidade aos projectos que envolvem, entre outros, a criação de um centro euro-magrebino de estudos estratégicos e a aposta na formação com um Colégio de Defesa 5+5. As últimas reuniões a este nível tiveram lugar em Cagliari, na anterior presidência Italiana da Iniciativa 5+5, e, em Évora, à margem da reunião informal de ministros da Defesa da UE, em Setembro de 2007.
16 e 17.05.2009 O Ministro da Defesa Nacional, Nuno Severiano Teixeira, deslocou-se à Líbia, para participar na reunião dos Ministros da Defesa, no âmbito da Iniciativa 5+5, que decorreu na cidade de Tripoli.
Neste encontro, os ministros da Defesa de Portugal, Marrocos, Espanha, Tunísia, França, Argélia, Itália, Líbia, Malta e Mauritânia abordaram questões relacionadas com a Segurança e Defesa do Mediterrâneo, visando dar continuidade aos projectos que envolvem, entre outros, a criação de um centro euro-magrebino de estudos estratégicos e a aposta na formação com um Colégio de Defesa 5+5. As últimas reuniões a este nível tiveram lugar em Cagliari, na anterior presidência Italiana da Iniciativa 5+5, e, em Évora, à margem da reunião informal de ministros da Defesa da UE, em Setembro de 2007.
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Re: Noticias de Portugal
Desfazendo alguns mitos que andam em muitas cabeças e em muitas páginas de jornal e da net.
Década perdida?
Os dados recentes apontam para que em 2009 Portugal deva convergir com os países da União Europeia (UE). Nada de novo! Entre 2004 e 2008 Portugal já convergiu com a UE15 e mesmo, em menor grau, com a UE27, aproximando-se...
Os dados recentes apontam para que em 2009 Portugal deva convergir com os países da União Europeia (UE). Nada de novo! Entre 2004 e 2008 Portugal já convergiu com a UE15 e mesmo, em menor grau, com a UE27, aproximando-se também do Japão e dos EUA.
Estes factos contrariam a ideia tantas vezes repetida de que Portugal está há dez anos a afastar-se cada vez mais dos países mais desenvolvidos da Europa e do Mundo. Uma ideia falsa. Na última década houve convergência entre Portugal e os países mais desenvolvidos (UE15, EUA e Japão), mesmo se esta foi muito mais moderada do que na década anterior - em especial do que no período entre 1986 e 1999.
Nos últimos quatro anos Portugal esteve até entre os cinco países da UE15 que apresentaram uma evolução mais favorável do rendimento "per capita". Considerando toda a década de 1998 a 2008 verificamos que Portugal esteve a meio da tabela da UE15, com sete países com melhor desempenho e sete com pior. Mais, o rendimento per capita de Portugal não só se aproximou da UE15 (2,6 pontos percentuais) mas também do dos EUA (3,5 pontos) e do Japonês (13,0).
Objectivamente, Portugal está hoje mais próximo da média dos países mais ricos da Europa e do Mundo do que alguma vez esteve na sua história recente (ver gráfico).
Como é que tal é possível num contexto de fraco crescimento económico? A verdade é que a última década não foi brilhante para Portugal, mas também não o foi para a generalidade dos países mais desenvolvidos. Foi a década da afirmação da China e da Índia, e na Europa, da afirmação dos países do alargamento. Mas por que é que Portugal não conseguiu ter um desempenho idêntico ao da década anterior ou ter uma performance semelhante à dos novos países que entraram para a UE?
Nos últimos 10 anos os países do alargamento tiveram um choque externo positivo semelhante ao verificado em Portugal quando o País entrou na CEE, enquanto Portugal foi afectado por dois choques externos negativos - a liberalização das trocas entre a UE e Ásia e o próprio alargamento. Choques a que se somou uma situação interna pouco favorável. Muitos já salientaram a responsabilidade do endividamento e do desequilíbrio das contas públicas para a desaceleração depois de 2000, mas eventualmente, os choques externos tiveram um efeito ainda maior no travar do crescimento da economia portuguesa.
O choque da emergência dos países asiáticos, cujas exportações para a UE cresceram exponencialmente, teve um efeito brutal nas exportações tradicionais de Portugal. O choque do alargamento desviou muito do investimento estrangeiro (IDE) que antes estava a ser direccionado para o Sul da Europa.
É importante notar que as exportações chinesas de produtos intensivos em mão-de-obra barata concorrem muito mais com as tradicionais exportações portuguesas do que com as francesas, alemãs ou suecas. Além disso, o Leste absorveu mais o tipo de investimentos que viriam para Portugal do que os destinados à Finlândia, Áustria ou à Dinamarca. Estes dois choques colocaram mais em cheque a competitividade portuguesa do que a dos países desenvolvidos (da UE-15). No entanto, Portugal aproximou-se da média da UE15 e nos últimos quatro anos mesmo da média da UE27, crescendo mais que a França, Alemanha, Áustria, Dinamarca, e muito mais que a Itália - país a que por vezes o nosso desempenho é comparado -, que na última década caiu 13 pontos face à média da UE15, enquanto Portugal avançou 2,6 - ver quadros.
O que é que estes dados nos dizem sobre a situação do País? Dizem pelo menos que as análises catastrofistas, baseadas na premissa de que o País está a andar para trás face aos países mais desenvolvidos, são no mínimo muito exageradas. O desempenho de Portugal, sendo mau, conseguiu garantir convergência.
Como? Nesta década Portugal alterou radicalmente a estrutura das exportações e evoluiu para sectores e produtos de maior sofisticação e qualidade. A qualificação dos trabalhadores também melhorou significativamente. Houve um esforço importante para melhorar a eficiência das instituições públicas e diminuir os entraves que estas colocam à actividade económica. Nestes aspectos, os últimos dez anos estiveram longe de ser uma década perdida.
Há ainda muito a fazer em qualquer destas áreas, bem como em outras. No entanto, o progresso, ainda que limitado, permitiu que o País conseguisse manter alguma convergência mesmo numa década tão difícil, que agora se tornou ainda pior. Penso que o continuar destas reformas pode também permitir que a economia portuguesa continue a convergir com a dos países mais ricos na década que se vai seguir à actual crise.
Manuel Caldeira Cabral
Professor do Departamento de Economia, Universidade do Minho
http://www.jornaldenegocios.pt/index.ph ... &id=369052
Década perdida?
Os dados recentes apontam para que em 2009 Portugal deva convergir com os países da União Europeia (UE). Nada de novo! Entre 2004 e 2008 Portugal já convergiu com a UE15 e mesmo, em menor grau, com a UE27, aproximando-se...
Os dados recentes apontam para que em 2009 Portugal deva convergir com os países da União Europeia (UE). Nada de novo! Entre 2004 e 2008 Portugal já convergiu com a UE15 e mesmo, em menor grau, com a UE27, aproximando-se também do Japão e dos EUA.
Estes factos contrariam a ideia tantas vezes repetida de que Portugal está há dez anos a afastar-se cada vez mais dos países mais desenvolvidos da Europa e do Mundo. Uma ideia falsa. Na última década houve convergência entre Portugal e os países mais desenvolvidos (UE15, EUA e Japão), mesmo se esta foi muito mais moderada do que na década anterior - em especial do que no período entre 1986 e 1999.
Nos últimos quatro anos Portugal esteve até entre os cinco países da UE15 que apresentaram uma evolução mais favorável do rendimento "per capita". Considerando toda a década de 1998 a 2008 verificamos que Portugal esteve a meio da tabela da UE15, com sete países com melhor desempenho e sete com pior. Mais, o rendimento per capita de Portugal não só se aproximou da UE15 (2,6 pontos percentuais) mas também do dos EUA (3,5 pontos) e do Japonês (13,0).
Objectivamente, Portugal está hoje mais próximo da média dos países mais ricos da Europa e do Mundo do que alguma vez esteve na sua história recente (ver gráfico).
Como é que tal é possível num contexto de fraco crescimento económico? A verdade é que a última década não foi brilhante para Portugal, mas também não o foi para a generalidade dos países mais desenvolvidos. Foi a década da afirmação da China e da Índia, e na Europa, da afirmação dos países do alargamento. Mas por que é que Portugal não conseguiu ter um desempenho idêntico ao da década anterior ou ter uma performance semelhante à dos novos países que entraram para a UE?
Nos últimos 10 anos os países do alargamento tiveram um choque externo positivo semelhante ao verificado em Portugal quando o País entrou na CEE, enquanto Portugal foi afectado por dois choques externos negativos - a liberalização das trocas entre a UE e Ásia e o próprio alargamento. Choques a que se somou uma situação interna pouco favorável. Muitos já salientaram a responsabilidade do endividamento e do desequilíbrio das contas públicas para a desaceleração depois de 2000, mas eventualmente, os choques externos tiveram um efeito ainda maior no travar do crescimento da economia portuguesa.
O choque da emergência dos países asiáticos, cujas exportações para a UE cresceram exponencialmente, teve um efeito brutal nas exportações tradicionais de Portugal. O choque do alargamento desviou muito do investimento estrangeiro (IDE) que antes estava a ser direccionado para o Sul da Europa.
É importante notar que as exportações chinesas de produtos intensivos em mão-de-obra barata concorrem muito mais com as tradicionais exportações portuguesas do que com as francesas, alemãs ou suecas. Além disso, o Leste absorveu mais o tipo de investimentos que viriam para Portugal do que os destinados à Finlândia, Áustria ou à Dinamarca. Estes dois choques colocaram mais em cheque a competitividade portuguesa do que a dos países desenvolvidos (da UE-15). No entanto, Portugal aproximou-se da média da UE15 e nos últimos quatro anos mesmo da média da UE27, crescendo mais que a França, Alemanha, Áustria, Dinamarca, e muito mais que a Itália - país a que por vezes o nosso desempenho é comparado -, que na última década caiu 13 pontos face à média da UE15, enquanto Portugal avançou 2,6 - ver quadros.
O que é que estes dados nos dizem sobre a situação do País? Dizem pelo menos que as análises catastrofistas, baseadas na premissa de que o País está a andar para trás face aos países mais desenvolvidos, são no mínimo muito exageradas. O desempenho de Portugal, sendo mau, conseguiu garantir convergência.
Como? Nesta década Portugal alterou radicalmente a estrutura das exportações e evoluiu para sectores e produtos de maior sofisticação e qualidade. A qualificação dos trabalhadores também melhorou significativamente. Houve um esforço importante para melhorar a eficiência das instituições públicas e diminuir os entraves que estas colocam à actividade económica. Nestes aspectos, os últimos dez anos estiveram longe de ser uma década perdida.
Há ainda muito a fazer em qualquer destas áreas, bem como em outras. No entanto, o progresso, ainda que limitado, permitiu que o País conseguisse manter alguma convergência mesmo numa década tão difícil, que agora se tornou ainda pior. Penso que o continuar destas reformas pode também permitir que a economia portuguesa continue a convergir com a dos países mais ricos na década que se vai seguir à actual crise.
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Re: Noticias de Portugal
E concordas com o texto Manuel? É que como estamos a falar de estatística, tu de certeza sabes melhor do que eu se os dados conferem ou não. Para mim a estatística é sempre muito susceptivel a manipulações...
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Re: Noticias de Portugal
portanto, esse senhor vem agora dizer o contrário de TODOS os estudos feitos nos últimos 10 anos?
Chama-me a propaganda socrática...esse individuo não será do PS?
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